Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

sexta-feira, março 30, 2007

nuvem numero nove

Já nao me sentia assim tao feliz há muito tempo. Hoje de madrugada, acordei às cinco da manha e fui-me juntar ao Bola, que estava na sala a ver o extreme sports channel. Ele nao conseguia dormir, porque tinha estado a dormir de tarde, eu estava ansiosa e sempre a sonhar com estradas onde eu fazia uma asneira atrás da outra. Sei que tenho sono, mas nao quero ir dormir.
Foi uma óptima semana e hoje já é de novo fim-de-semana. O Bola já ficou um bocado roxo quando eu lhe disse que hoje iamos jantar fora ao restaurante mais fixe e mais fora da cidade que eu conheco, e que quem levava o carro era eu.
- Tem de ser hoje?
NAO... MAS CLARO QUE TEM! Estes gajos sao mesmo criaturas completamente diferentes de nós, mas o que é que ele acha? É a mesma cara de ponto de interrogacao que faz quando lhe digo que é preciso levar o lixo. Tá à espera de que? Que eu me suje com o saco do lixo biológico? Eu sou uma princesa. Em maré de sorte.
Estive aqui a pensar se nao me devia fechar o resto do dia em casa, nao me vá cair um piano em cima para contradizer esta onda tao porreira. É que há bocado lembrei-me doutra coisa do meu emprego novo que ainda nao tinha contado: inclui ir ao Brasil em negócios.
Daqui a tres semanas vou a Barcelona, depois disto nao vou ter férias tao cedo. Depois de Barcelona, vou-me tornar numa Minhoca séria, que vai mostrar que está à altura do seu novo emprego. Até na indumentária. Usar fato...hmm... deve ser uma questao de hábito, imagino.
Sim, acho que hoje me vou enfiar em casa, pra nada me estragar o dia. O tal piano que pode cair a qualquer momento duma janela, ou a casca de banana onde escorrego e fico paralítica. Pois. Nao se desafia a sorte.

sun shining on my ass

Diz-se que um mal nunca vem só, o que também se deve aplicar a surtos de sorte.
Tenho um cartao igual a este desde o meio-dia de hoje. Ainda nao parei de olhar para ele.
Esta maré de sorte apanhou-me um bocado surpresa, pelo que estou a pensar em jogar amanha no totoloto!

quinta-feira, março 29, 2007

sugus de Portugal vs sugus alemaes

(Bola vai às compras sozinho)
- ...olha e nao te esquecas de trazer daqueles caramelos de fruta pequenos que eu te disse que pareciam os sugus de Portugal, mas que nem lhes chegam aos pés e sim, nao perguntes, os sugus teem pés.
- Tu queres os caramelos? disseste que tavas farta...e que sao muito ácidos... e bla bla bla
- Nao sao pra mim. Sao para uma amiga minha da net.

- Amiga da net?! A Amante Portuguesa? Ou alguem que pode nem existir ou ser amigo em vez de amiga, ou uma miúda de 9 anos a usar a net sem os pais verem...? Ve la no que te metes.
- Nao. A amante portuguesa nao é amiga da net. Esta é assim como eu, tem piada. E apostámos que se eu ficasse com o emprego novo, lhe mandava um pacote de sugus. Portanto, nao te esquecas, queres que aponte?

- Tu vais mandar sugus alemaes a uma amiga da net que nunca viste? Podias mandar antes um relogio, só pra brincar. Tic-tac e tal... ah!ah!ah!

Destas piadas ri-se ele sozinho. Digam-me lá, sinceramente, teve alguma piada? Nao. O humor do Bola só fiz rir uma sala da primeira classe. Ou um lar de idosos. Francamente...

p.s. Entretanto, descobri na Wiki que os Sugus pertencem agora à americana Wrigley. Opá. Tá mal.

amigas a quinze euros

Nao está um dia maravilhoso lá fora? Ah nao, entao deve ser porque entreguei a minha demissao e voces vao aqui ficar condenados a este trabalho miserável anos a fio, meus anormais! Ah!Ah!Ah! (riso maquiavélico)
A alegria com que vim hoje trabalhar é inexplicável. Ando com um sorriso na cara como se estivesse apaixonada, até a fome perdi. Nao me digam que pra alem de um novo emprego, deixo tambem de ser texugo? Lindo...
Apesar de contente, ando podre, há que dize-lo. E nao é dos intestinos ou doutros males que me afectem a saúde. Ando exausta, nao tenho dormido o suficiente. Depois do trabalho tenho as aulas, acordo as seis e meia para ir conduzir e quando chegam as cinco da tarde, só sonho em me atirar pra cima da cama. Ontem, dei explicacao à Eugénia, apesar de antes de ela chegar, me sentir já a dormir em pé. Gosto mesmo dela. Uma miúda com 16 anos, que me conta em ingles que se acha tímida e nao gosta de andar numa escola só pra raparigas, porque nao tem amigos rapazes e nem sabe iniciar conversa com eles, só pode mesmo ser um doce. A explicacao com ela, como é conversacao, tem tendencia a tornar-se em consultório emocional, o que parece agradar-lhe e a mim também, mas nao sei se a mae dela vai gostar de saber disto, pois a ideia é eu corrigir-lhe a gramática. Falámos, a certa altura mandei-lhe uns tres quilos de TPC, pois ela vai entrar de férias. Além disso, uma composicao para usar o condicional, dizendo o que faria se ganhasse o euromilhoes.
Antes de ela se ir embora, a minha amiga que me paga para eu conversar com ela, disse-lhe emocionada:
- Geninha, quando tiveres nos U, ésse and ei, posso ser a tua penfriend? Prometes seguir os meus conselhos no tema como conversar com rapazes?

Ela riu-se e disse-me que voltava pra semana.

quarta-feira, março 28, 2007

o prazer de se escrever a carta de demissao

- Pois é, menina Minhoca, chamei-a pra ca vir outra vez para lhe fazer umas perguntas, ora bem, diga lá qual é a tar...

- Missionário! Er....hmmm, como era mesmo a pergunta? (é da ansiedade, dá-me sempre pra falar nas missoes)

E assim comecavam os vinte minutos com o meu novo chefe, também holandes, com idade pra ser meu avo. O momento bliss total foi quando ele me apertou a mao firmemente e me disse Parabens pelo seu novo emprego, vemo-nos no dia 2 de Maio. Já nao me sinto tao só como o unico estrangeiro aqui do prédio.
O momento mais bonito da entrevista foi quando ele comecou a falar ingles comigo inesperadamente e eu só tive de vontade de dizer ao smart ass, com o meu sotaque irlandes, que podem pegar por tudo, mas no meu ingles nem pensar. Eu faco um falante nativo corar de vergonha. Eu sei explicar o que é o present perfect.

Chegada ao trabalho, a primeira coisa que fiz foi abrir uma folha em branco no Word: Exmos Senhores, pela presente dou por terminado o contrato de trabalho, com efeito a partir do dia 30 de Abril de 2007. Com os melhores cumprimentos, Minhoca del Mar Em bom portugues, nao é assim que uma pessoa se demite, mas por cá basta uma linha seca que diz mais ou menos aquilo que eu aqui pus em portugues. Se estivesse em Portugal, acrescentava a esta carta os beijinhos para a Dulcinda da secretaria que sempre me ajudou a fazer contas de somar e outro pra senhora da limpeza que é uma querida, apesar de deitar os meus pacotes de bolachas no lixo, quando ainda teem duas bolachas.

Escusado será dizer que passei o dia a levitar. Venha exame de conducao, venham colegas chatos, venha o Bola preguicoso que nem um camelo que nao arredou o rabo desde que chegou a casa. Ninguem me poe de mau humor. Nem o vizinho de baixo com o seu som surround home cinema, que faz a nossa casa vibrar e um dia destes, quem sabe, cair.

Como diz um GRANDE amigo meu, hoje sinto-me invencível.

podia ser hoje...

...E FOI!
A minha camisa da sorte é branca. E a Patsy Dear vai receber um pacote de sugus alemaes!
:)

podia ser hoje

Posso quase jurar que hoje andei a ser perseguida na aula de conducao. Sempre que parava nos semáforos, o meu retrovisor acusava um sujeito com ar de psicopata no carro atrás de mim. E nao foi pelo carro que eu o reconheci daquelas 9 vezes. Nem foi pela cara de psicopata. Foi pelo pendurelho em forma de porco que ele tinha pendurado no espelho. Epá, mas isto é estranho, este porco outra vez atrás de mim, dizia eu para o meu instrutor.
- Daqui a uns dias vais ter um porco muito mais incómodo atrás de ti, portanto nao te queixes já. E nao estás a fazer pisca, faz pisca...

Eu gosto muito do meu instrutor. Tive muita sorte. Paciente e ensina bem. Muito bem mesmo. Nao aprendi na escola de conduca em Portugal metade das coisas que aprendi com ele. Nao estamos na temática em-Portugal-é-tudo-mau-olhemos-lá-pra-fora, mas a verdade é que aqui aprendi a conduzir como gente grande. Passar ou nao passar no exame é outra história. A verdade é que já conduzo, com instrutor ao lado, é claro, mas conduzo e já ha muito tempo que ele nao precisa de tocar no carro.

Hoje acordei com o som da musica do reclame da hellmans verdadeira maionese, alguém se lembra? Antigamente as musiquinhas dos anuncios eram muito mais giras. E aquela da Mocambo? Um bom dia com Mocambo la la la la.... eu sou uma pessoa muito musical. Tao musical que há alturas em que fico com uma musica na cabeca, que nao sei donde veio. Pode ter sido dos sonhos. Só isso explica a minha habilidade para o samba.
E já que estamos a falar em samba, sambar vou eu daqui a bocado a mais uma entrevista. Isto é como as cerejas, quando se comeca, ja nao se consegue parar. Adoro esta repeticao de esticar o cabelo, sapatinho de ir à madrinha receber o folar, aquele relógio que o Bola me deu no Natal, por calcinhas de fato e camisa, ontem foi verde, hoje é branca. Um batonzinho para rematar, mas pouca coisa. Pouca cor na tromba para nao dar ar de pindérica. Qualquer dia, vou ter uma camisa da sorte para ir a entrevistas. Até podia ser hoje... eu nao me importava.

segunda-feira, março 26, 2007

de seda ou de linho?

- Bola, os teus pais vao ca voltar daqui a umas duas semanas e a tua mae vai dizer pela terceira vez que a nossa sala ficava maravilhosa se tivesse cortinas...
- Nós nao precisamos de cortinas.
- Eu sei que nao.. mas quem fica em xeque neste caso sou eu, a má fada-do-lar, que nem cortinas na sala sabe por. Oh, vamos lá tratar das cortinas... nao custa nada... desleixo sim, mas nem tanto.
- hmmm.... hoje vai dar futebol. Vamos jogar contra a República Checa.
- Anda lá, nao sejas preguicoso, à hora do jogo já cá estamos. Além disso, temos de tratar da impressora.


E lá fomos para Regensburgo no sábado, com a ideia de procurar cortinas para a sala.
Resumo: ele comprou um fato, eu uma camisa, vimos cortinas mas nao comprámos, vimos impressoras mas nao comprámos. Porque a nossa atencao foi desviada e assim, aterrámos numa steakhouse à hora do lanche e só dali saímos um pouco mais pesados, mas felizes, hora e meia depois.
Amigas que moram nas salsichas: se ainda nao conhecem a cadeia de carne argentina MAREDO, experimentem. Mesmo para quem nao adora carne. Eu só lá vou pelo buffet de saladas, que é maravilhoso. E com 84 restaurantes por este país das salsichas fora, há-de haver um perto de voces.
p.s. o grande desafio vai ser procurar cortinas hoje, na minha pausa para o almoco.

nao fui pela sanita abaixo

Depois de uns dias no isolamento, em que a minha melhor amiga foi nada mais nada menos do que a sanita, eis-me de volta. Sexta-feira já vim trabalhar, aliás, na quinta, apesar de estar de baixa, fui ao fim da tarde dar aula na mesma, pois esqueci-me de avisar a tempo. O curso de quinta deixa-me sempre podre no fim, sinto-me como um superherói quando perde as suas capacidades de super qualquer coisa. O curso de terca é menos extenuante, pois ja estao um bocadinho mais avancados, mas às quintas, faco uma ginástica mental brutal para lhes explicar coisas que nao exigem grande intelecto, tais como perguntas que se constroem com o verbo to do, que nesta frase perde o significado, estando apenas como suporte, ao verbo principal. Este suporte faz-se tambem carregando o ésse da terceira pessoa e bla bla bla bla...
Preciso de reformular isto, eles ainda nao perceberam.
Adiante. Vai ser uma semana importante, nao admira que na semana passada me tenha desfeito em mer... hmm desfeito, portanto. A nossa ansiedade tem formas maravilhosas de se fazer anunciar. Por exemplo, hoje doi-me o cotovelo. Mas vai passar depressa.
Está um dia de sol lindo, pagaram-ne hoje o ordenado, daqui a um mes estou em Barcelona para me desgracar e ontem ensinei o Bola a dobrar cuecas. E o resto é secundário. Olé!

quarta-feira, março 21, 2007

com as calcas na mao

- Oh Sr doutor, mas olhe que isto é só uma diarreia. Foi do atum (adorava dizer em alemao 'atum' à gato fedorento), só pode!
- Sim, menina Minhoca, eu sei que se está a esvair em mer... (piiiiiiii - o provedor do blog nao deixa) e nao vai pro trabalho por aquilo tudo a cheirar mal.
- Oh sr doutor, mas por-me em casa até domingo já de seguida nao é necessário. Alem disso, eu adoro fazer eu os sons iguais aos frascos de ketchup e maionese com muito ar. Deixe-me lááá... se todos os males do mundo fossem maus odores..
- Menina Minhoca, vai ficar em casa dois dias. E nao ha mais conversa. Os seus colegas merecem mais de si. Bom, neste caso, menos. Abasteca-se em papel higiénico, imodium e leitura de casa-de-banho. Vai la passar muito tempo. E nao diga que vai daqui.

Portanto estou a modos que fechada em casa num retiro com os meus intestinos. Confesso que até assoar o nariz se tornou perigoso. Foi do atum. Ou do molho de gorgonzola. Ou da manteiga de amendoim. Ou é como diz o povo, son los nervios.

terça-feira, março 20, 2007

é por-lhes um cigarro na boca, pois diz que explodem

Quando há uns anos, já deve ir em dez, comecou a dar a Ally Mcbeal na televisao, eu, na altura aspirante a estudante de Direito, ficava a pé até tarde à espera daquilo. Mas a série nao tinha nada de interessante no que toca ao mundo da lei. Giro mesmo era a cabeca vívida dela. Estamos a falar de ficcao, tudo bem, mas o facto de criarem uma personagem com a reproducao visual dos desejos dela, das maldades em que ela pensava num determinado momento, foi algo que achei sempre fantástico, porque eu também sempre tive imagens muito nítidas na minha cabeca das voltas que queria dar ao pescoco de pessoa x ou z. Depois de lhes furar as retinas com um alfinete.
Engolir sapos. É este o tema de hoje. Todos engolimos vários, às vezes, mais do que uma vez por dia. Há quem os beije. E seja feliz para sempre. Recentemente descobri através de um adolescente com idade pra ser meu filho, que há quem os lamba. Sapos. Arghh...desde que decidi mudar de emprego, aliás, desde que teoricamente desisti deste e espero sentada que chege outro, que me vejo a engolir vários sapos em non-stop. Ou é por o nosso marido trabalhar à nossa frente, em todos os sentidos. Ou por os nossos colegas incompetentes se sentirem no direito de nos dizer que é assim, porque eu é que sei. Que sapo tao grande, deixa lá dar mais uma trinquinha ali e glup... já desceu. Na semana passada, acho que engoli um sapo todos os dias. Cada um maior que o outro. No fds senti-me miserável. E com medo, pois quando abro a gavetinha da temática como-lhes-fazer-mal, como os fazer pensar que a sorte muda enquanto o diabo esfrega um olho, é tempo para esfregar os olhos com forca, dar duas estaladas e acordar. Porque os meus colegas nao sao crueis, sao só burros. E nao se pede desculpa por ser burro.
Depois dá-me para escrever num papel a lápis e colar na parede com blutack os sapos sao eles e nao os que tens engolido.

reciclando

Passei a manha inteira a mandar ficheiros para a reciclagem do computador só pra ouvir o barulhinho de quando apago o que lá está. É tao giro. (sim, detesto o meu trabalho, portanto finjo que nao é preciso trabalhar) Penso em pessoas em meu redor, a quem gostava de fazer o mesmo, mandar para a reciclagem e depois clicar em 'esvaziar' e ouvir aquele som de papel amachucado. Era tao fantastico se pudesse fazer isso com quem me desse na gana.

Hoje investi energia logo as oito da manha, a tentar explicar ao meu instrutor que é querido da parte dele mandar-me estacionar de trás, nos sítios mais impensáveis, e que apesar de ser importante para o exame, eu NUNCA estacionarei de forma tao complicada porque prefiro percorrer km até encontrar um espaco onde eu consiga estacionar de forma confiante e sem envolver a seguradora.
- Mas se fores às compras e o parque estiver quase cheio? Só com lugares difíceis?
- Nao estaciono. Vou a outro supermercado. Ou nao vou às compras de todo. Vou para casa chorar.
- E numa rua perto do trabalho, onde só tenhas um lugar difícil pra estacionar?
- Chego atrasada ao emprego, mas estaciono duas ruas abaixo.


Acho que ele percebeu a minha ideia. Mas ele nao parece gostar muito da minha lógica.
Entretanto, a neve foi tao depressa como veio. Foi surreal. Ontem nevou o dia todo, ficou tudo coberto de branco. Umas horas depois parecia que tinha sonhado. Nao dava para andar de t-shirt, mas sinais da neve, nem ve-los.

Pergunta: numa aula de conversacao, quais sao os melhores temas para debater com os alunos? A gripe das aves? A Alemanha e a segunda guerra mundial? Os alemaes comem muita Bratwurst? A cerveja alimenta? Os alemaes e a moda?

segunda-feira, março 19, 2007

paradise

O paraíso da classe média dos alemaes é Palma de Maiorca. A mesma Palma de Maiorca que a mim, no Verao, me parece seca e castanha, em vez de cheia de flores e verde. Um em cada tres alemaes, ja foi a Palma de Maiorca e quer lá voltar. O aeroporto de Palma de Maiorca é de certeza financiado por alemaes. 90% dos avioes la estacionados sao da Air Berlin. O próprio aeroporto tem tudo escrito em espanhol e alemao. (nao tenho a certeza, mas acho que sim)
Depois há aqueles alemaes que gostam de primar pela originalidade nao queremos ser como os outros e vao para Menorca. Completamente diferente.
Comecou a nevar furiosamente. Vai tudo fugir para Palma de Maiorca. Eu continuo a preferir Barcelona...

se nevar é pro meu exame de conducao

- Bola, sabes porque gosto tanto do teu rabo?
Ele nao recebeu a pergunta com um sorriso. Como eu esperava. Estávamos na caixa do supermercado, à espera da nossa vez, mas fiz questao de falar depressa pra ninguém me perceber. E com ingles da Irlanda.
- Nao. Mas podias contar-me em casa. Tem de ser agora?
- Olha, porque é pequenino, mas bem feitinho, assim espetado para fora, tipo as galinhas. Quando tu andas, com as costas direitas que só tu, lá está ele, direitinho, hirto, com as nádegas no sítio e nao escondidas, tipo as minhas.É um rabo com presenca. O meu é tímido.
- E pensar que passei tanto tempo sem saber disto. Agora... er....estamos quase na nossa vez,... importas-te de pagar e... hmmm, acima de tudo, de te calar?


E assim comecava o nosso fds. Connosco na fila da caixa para pagar a minha posta de salmao. Porque é Quaresma e tenho todo o gosto em comer peixe à sexta-feira.
A semana comecou com dois graus pela manha. Esta um frio de rachar. Falem-me do calor de Portugal Continental.

sexta-feira, março 16, 2007

quem espera é pacóvio

Good things come to those who wait, diz em ingles. Was lange währt, wird endlich gut! diz em alemao. Em portugues, quem espera sempre alcanca. Quem é a favor desta palhacada levante a mao, faxafor. Claro que ninguém levantou e ainda bem. Levantem o que quiserem, mas nao a mao. Se quarta-feira eu tiver um contrato à frente dos corninhos, é porque este provérbio nao se aplica.
Tive uma entrevista (vá, para aqueles que nao sabem e só agora aqui se chaparam) no dia 1 de Fevereiro e estava até hoje à espera de um sim ou de um nao. Como estas esperas sao morte lenta para mim, achei que nao perdia nada em dar um efeito eutanásia a esta minha esperanca de ir trabalhar para a unica multinacional existente aqui num raio de 50km. Vai daí, escrevo um mail pouco simpatico ao pessoal que me entrevistou, me serviu o cafe, etc. a dizer que achava que ja era tempo de me dizerem se estavam ou nao interessados em que eu trabalhasse para eles, porque eu estava interessadissima, mas se dali nao levo nada, entao viro-me para as outras 300 possibilidades que tenho (?) nesta aldeia que é Weiden. Eu queria com isto acelerar o processo da morte da esperanca. Saber que nao é melhor que nao saber.
Efeito: ligam-me hoje a chamar para nova entrevista. Pergunto: nao gostaram do meu mail? Tao zangados? Vou levar um tau-tau? Fico sem semanada até 2008 e sem ver televisao durante a semana?
Nao, menina Minhoca. Se fosse para lhe darmos uma nega, nem nos dávamos ao trabalho de a chamar novamente. Vá, arranje-se e traga lingerie bonita. Da última vez, as camaras de seguranca mostraram a sua cueca modelo avozinha e foi por isso que nao sabíamos bem se a menina era a pessoa indicada para tao nobre emprego.

Até pode nem dar em nada. Mas já nao saio de lá aos solucos, com vontade de me afogar no grande lago da terrinha.

Se aparecer o contrato, mando um pacote maxi de Sugus alemaes à Patsy Dear. Apostámos. E uma minhoca honra as suas apostas!

quinta-feira, março 15, 2007

Pois... corre tudo normal e tal...

Nao ter um emprego novo é chato. Mas por exemplo, eu podia ter lepra e nao tenho. Ou passar fome na Etiópia. Ou sair à noite e um amigo vomitar-me em cima de tao bebedo que ficou. Ou ter bolor na parede do quarto. Portanto, para que ser tao exigente e nao me contentar com aquelas coisas pequenas, de que toda a gente (a quem eu adorava dar um tiro) fala, que sao tao importantes?
Pois.

Entretanto, passei no exame de código e tal, mas de resto, a minha vida nao sao só tristezas. Hoje e ontem o instrutor da conducao quis-me convencer de que a cidade de Weiden está toda em perigo quando eu me sento ao volante. Tu queres mesmo que eu te inscreva para ires a exame 'assim'? Querer até queria. Parece que já está marcado, mas nao digo a ninguém. Pronto. O bola confessou-me ontem à noite que chumbou da primeira vez. Até agora nunca tinha contado. Pois... esquecimento. Portanto, nao vou ficar triste se nao passar da primeira vez.
Ontem tive a minha primeira explicacao, que invencao de palavra mais triste... A minha explicanda tem 16 anos, chama-se Eugénia, é esperta e barra a matemática. Vai em Agosto dez meses para os U ésse and Ei e quer praticar o ingles. Falámos durante duas horas animadamente e quando ela, antes de se ir embora, me deixou 30 euros em cima da mesa, nao consegui esconder o meu incómodo. Foi tao divertido e no fim ela ainda me paga? Como as notas ainda lá estao (em cima da mesa), é óbvio que preciso de passar por cima desta crise de pudor antes de a voltar a ver. É que ainda por cima, o ingles dela nao é nada mau. A gramática é que precisa de ser limada.

p.s. eu tenho mesmo bolor na parede do quarto. Grrr...

segunda-feira, março 12, 2007

afinal ela é burra, mas só à primeira

Ah pois. Exame feito e com tudo certo. Depois de passar a noite a sonhar com limites de velocidade, catalisadores e problemas que estao na causa do limpa-brisas nao funcionar, eis que me apresento para segunda tentativa do exame do código da estrada e passo com distincao. Com todas as respostas certas, portanto. Claro que antes do exame, ainda me irritei. O palhaco do gajo (nunca me dei bem com gente do mundo dos monopólios) que nos verificou a identidade, insistiu que para fazer o exame, eu precisava do passaporte. Amigo, palhaco, companheiro, entao o amigo nao sabe que no espaco da Uniao Europeia nao é necessário passaporte? Olhe que é. Olhe que nao. Olhe que é. Olhe que nao. Olhe que é. Olhe que nao. E nisto, acabei por poder fazer o exame, mas com ele a insistir que me estava a fazer um favor.
No final do exame, como o Bola demorou uma hora até me poder ir buscar, tive que esperar sentadinha à beira da estrada, pois no fm do mundo onde o exame tomou lugar, nao havia mais nada para além de fábricas e stands de automóveis. Sento-me ao sol, à beira da estrada, a preparar frases inteligentes para utilizar, caso algum carro parasse e me perguntasse o meu preco.
Ainda fiz as sobrancelhas, o buço, apontei num papel coisas das quais nao me queria esquecer, lista de compras e nisto, 45minutos depois chega o Bola. Nao há nada como ter brinquedos na carteira para me entreter em momentos destes. Bloquinhos, pinça, espelho, carteira cheia de papeis. E um pacote de mentos (the freshmaker), que marchou todo. Afinal, era uma vergonha alguem perguntar-me o meu preco e eu com mau halito, aos berros, sao 120 euros.
Queria mandar um abraco a todos os camionistas que passaram e apitaram tao alto a ponto de me causarem arritmias e me fazerem mandar um salto de cada uma das vezes. Sao emocoes que nao se teem todos os dias. Deve ser por estas que se costuma dizer por aí que o que nao nos mata torna-nos mais fortes...

sexta-feira, março 09, 2007

sobredosagem hormonal

Um dia que comeca com uma fatia de Panetone só podia comecar mal. Além de hoje alguém ter feito asneira e feito disparar o alarme da empresa, que certamente causou danos nos tímpanos de muitos de nós e alguém que trouxe legumes duvidosos para o almoco, o que deixou um odor a aragem intestinal aqui no escritório....aconteceu algo estranho, que justifica as dosagens diferentes das hormonas que ando a tomar.
Nao vi o Bola o dia todo. Até me esqueci que ele tinha vindo de fato e que estava em reunioes. Quando ele me aparece aqui de fato, lindo de morrer, o meu coracao dispara e fico ligeiramente ruborizada, de tao giro que ele estava. ELe perguntou-me o que se passava e eu gasp... sem conseguir dizer nada. EU MORO COM ELE. SOU MULHER DELE.
O que se passa comigo? Mando um mail para a revista Maria?

google rocks

Tenho estado esta manha a ver todas as ruas onde ja morei no Google maps.
Estou encantada. Parei em Göttingen, no prédio onde eu e o Bola nos conhecemos. Google, obrigada pela precisao do mapa, mas o que eu queria mesmo era que me levasses para lá em pessoa...

a ida ao ikea

Nao foi má. Agarrei em muita coisa. Mas larguei muitas mais. Mesmo assim, consegui fazer passar na caixa algumas coisas pquenas. Nao trouxe velas. Nao me chateei com o Bola. E nao tentei convence-lo a trazer coisas das quais nao precisamos. Também nao me chateei quando em determinadas zonas, ele me agarrava a mao e nao soltava durante uns metros. Comi salmao no restaurante e passei o resto da tarde a arrotar aquela porcaria. Decididamente, a comida do ikea é má. Quanto a isto nao há dúvida. Há lá umas almondegas, chamadas köttbul ou qualquer coisa aproximada, que me causam arrepios só de olhar, mas adiante...
Nao consigo adormecer no banco da frente. Portanto, fui a conversar com o Bola durante a viagem e a tentar orientá-lo, coisa que ele finge sempre nao precisar. É duma alegria imensa constatar que temos sempre assunto, ou eu tenho sempre assunto...? É mais isso. Falar é o meu forte., apesar de eu ser tímida.
Das coisas que consegui meter no carrinho, às quais o Bola nao disse que nao, temos, por exemplo caixas de lona para organizar armários e gavetas. E muito mais disto tinha trazido, pois facilita a vida de uma Minhoca como eu, que nao consegue manter cintos afastados de cachecois ou meias numa gaveta, durante mais de uma semana (após arrumacao). Caixas e caixinhas, material de escritório para organizar papelada foi coisa que nao faltou.
O Bola encarregou-se da secretária, optando por uma mesa vermelha, em forma de amendoim, ergonómica, segundo ele. Depois veio o caminho todo o praguejar porque nao conseguia fazer uso do espelho interior na auto-estrada, porque a dita mesa lhe bloqueava a parte traseira do carro toda. Mas claro, nao é preciso ajuda, aliás, ele preferia que um camiao Tir embatesse contra nós a ter alguem a orientá-lo.

A grande alegria desta visita ao ikea: devo confessar que pela primeira vez, admiti nao precisar de praticamente nada que tinha no carrinho. Tirei eu própria muitas coisas, das quais nao precisava e cujo efeito prático deixava muito a desejar. Doeu um bocado, mas estas carencias passam depressa.

panattón

Para que conste, pelo menos aqui - eu detesto panetone. Nao gosto de bolos de pacote e o panetone que vem naquelas caixas enormes de papel, lá das Itálias, é algo que nao como com prazer. Só o cheiro a fermento, argh... Pelo que nao fico muito contente quando vejo uma fatia enorme na minha secretária quando chego ao trabalho, porque como os meus pais me deram educacao, ainda nao sou capaz de agarrar naquilo e dizer à pessoa que me deu, que nao gosto. Que preferia lamber uma sanita a comer panetone. Que se eu lhes trago sempre bolo caseiro, é quase um insulto eu ter de deglutir esta porcaria. Acho que hoje me vou gregoriar na casa-de-banho.
Ando com o meu instinto maternal em alerta laranja. Anda tudo a parir ou é impressao minha? Hoje recebi umas fotografias da cria do primo do Bola, com apenas uns dias de vida, e abri as fotografias dezenas de vezes. É algo que nao sei explicar, mas voces, gajas, compreendem-me. Nao é só algo de mulheres, os machos sentem de forma diferente mas tambem sentem.
O que ainda me vai pondo o travao é saber que a partir do momento que eu tenha um flho, acabou. Comeca uma fase completamente diferente. Já nao posso ser inconsequente. Passo a viver em funcao dum bocado de meio metro que se vai borrar até ao pescoco e bolsar como se nao houvesse amanha. Nao era bem isto que eu queria dizer, ainda estou chateada com o odor que emana do panetone.
No meu caso, um filho será companhia também. Quando se está num país, especialmente numa zona assim um tanto quanto desterrada, penso que a chegada dum filho será sempre uma mudanca, um vento carregado de bonanca. Assim esperemos.

Para já, continuo parvinha e infantil. Hurrraaaa!
Acho que vou comer a porcaria do panetone, gregoriar-me e voltar à minha secretária para actualizar o link dos blogs a visitar. Trabalho? Qual trabalho? Fim-de-semana... ah pois.

Curiosidade da Wikipédia (parece mentira):
Conta a lenda...
Uma das historinhas inventadas pelas fábricas de Panetone, diz que o produto foi criado por um apaixonado padeiro, que querendo impressionar seu sogro criou um pão doce, dando-lhe o nome de Pão do Toni. Segundo a lenda, Toni era o nome do sogro, e logo fora popularizado assim com o passar do tempo Pão do Toni virou Panetone.

quinta-feira, março 08, 2007

dia internacional da ...quem?

Ó companheiros... dia internacional da Mulher?!
Reservo-me o direito de ver este dia como um dia para pensar nas mulheres de países islamicos, por exemplo, segregadas, apedrejadas na rua e sem os direitos universais das minhocas que vivem mais pra estes lados ocidentais. Um dia para rever constituicoes e tradicoes, portanto, de países, como a Índia, onde uma mulher nem pode escolher casar ouvindo o coracao, mas sim os arranjos da casa paterna.
Porque de resto, hoje ter uma cambada de idiotas a desejarem-me Feliz dia da Mulher, só me dá vontade de os mandar àquela parte, só com bilhete de ida. Haja paciencia... dia da Mulher?! Porque? E o dia do Homem? entao??
Qualquer dia temos o dia do Cao, fiel amigo. Dia de ir à fonte. Dia de mandar um chapadao no colega chato.
Quer dizer... dia da mulher....pffff... qual? Alguma em especial? Ou é M.U.L.H.E.R um acrónimo para qualquer entidade que me é (ainda) desconhecida?
Afinal diz que é dia Internacional da Mulher Trabalhadora. Mas nao me parece fazer muita diferenca.

quarta-feira, março 07, 2007

Malta que vem aqui ao estaminé,

acusem-se! Nao precisam de comentar por comentar, mas vao deixando ficar o arzinho da vossa graca para eu descobrir tambem os vossos blogs.
Há tantos blogs que se privatizam ou deixam de existir, que eu muitas vezes, gostava de ter bons blogs para seguir. Como nem sempre tenho paciencia para andar à pesca de blogs, acusem os vossos e convidem-me para lá ir cheirar. Minhoca agradece. A comecar pela Chiqui a blogar directamente dos u, ésse and ei. ;)

ikea sim - mas com moderacao

Daqui a uma hora, saio com o Bola mais cedo, para irmos dar uma volta ao Ikea em Regensburg, Ratisbona, se preferirem. Ele sai mais cedo porque é chefe e sai quando quer, eu saio mais cedo porque a minha presenca é insignificante e ninguem sente a minha falta. Isto tem tanto de engracado como de verdadeiro.
Eu acho que sou das pessoas que menos tempo aguentam uma viagem de carro de olhos abertos. Para quem nao vai a conduzir, que interesse tem uma viagem na auto-estrada? É uma seca descomunal. Desde pequena que durmo nas viagens de carro. (e vomito de enjoada, mas esquecamos isso) Ver a paisagem? Que paisagem? Por favor... gosto de dormir no carro. Alias, eu gosto de dormir em todo o lado, desde que de pra encostar a cabeca. Se no Ikea for mesmo pratica comum experimentar-se as camas, acho que me atiro pra cima de todas. Já disse ao Bola que estou farta de ter uma 'base' de cama. O meu sonho de cama é alta, que me chegue ao nível do rabo, estando eu de pé. E o meu rabo ainda anda cá por cima, isso vos garanto. Além de cama alta, quero daquelas almofadadas atrás, onde nos podemos encostar pra ler. Como veem, portanto, nao é pedir muito. Mas nao é atrás da cama que eu vou desta vez, mas sim atras duma secretária. A mesa que temos pro computador é constituída por 4 placas de madeira, cada uma com um metro. Para quem dá aulas e tem de as preparar, é preciso algo mais robusto, concluí eu e o Bola também, por arrastamento. Onde guardar os livros, os dicionários e toda a tralha inerente à profissao tao bonita de professora.
De todas as vezes que vamos ao ikea, eu e o Bola acabamos chateados, o que nao dá jeito nenhum, sendo que eu gosto sempre de parar no restaurante. E só engulo as almondegas com gosto, se as minhas endorfinas andarem a passear contentes por este corpo fora. Eu sou daquelas que nao come quando está triste. As discussoes ikeanas com o Bola geram sempre mal-entendidos e depois damos connosco a trazer coisas pra casa que nenhum dos dois queria, in the first place. Eu admito que de facto, quando ando a passear pelo meio de tantas coisas giras (atencao que eu nao disse 'boas'), é normal eu ficar possuída por uma fúria de compras inexplicável (!), com os olhos raiados e as maos descontroladas a agarrarem em tudo o que estiver em meu redor. Há coisa de tres meses, (quatro, cinco?) lembro-me de estar na caixa agarrada a dois pacotes de velas tindra, que eu nao queria largar a custo nenhum. Como tive medo que o Bola chamasse aqueles senhores vestidos de branco que trazem um fato também branco pra me prender os bracos (normalmente calados, nunca falam comigo) e de seguida me levam para uma carrinha com grades nas janelas, achei melhor largar as velas. Incorformada, vim o caminho de regresso a dizer alto que melhores velas perfumadas que as do ikea nao as há, e que estava triste por ele nao mas ter deixado trazer. Estes homens de branco sao a nova versao para idade adulta do homem do saco. E aparecem mesmo quando comemos a sopa toda. Aviso já.
E nem vale a pena falar nas almofadas. E nos utensílios de cozinha que nunca sao usados. Da última vez, obriguei o Bola a furar a cozinha da parede pra la por uma barra magnética onde se prendiam pequenas caixas (presas por energia magnetica) onde se podiam por coisas. Nunca precisei daquilo, enchi com pistachios e pevides para ele pensar que eu estava muito satisfeita com o resultado. Mas isto pra vos mostrar que eu tenho consciencia de comprar porcarias.
Portanto, hoje vamos procurar a tal secretária, mas o Bola fez-me prometer que se eu agarrar em algo que pretendo comprar, que só trago depois de o convencer, com pelo menos 4 argumentos convincentes, que tal coisa: 1) vai ter utilidade prática imediata; 2)nao conseguimos passar sem ela; 3) ainda nao temos nada parecido.

Nao vou mentir: estou nervosa. Amanha conto.

por o babete tres vezes ao dia

Desde que aderi ao Funtastic Life, que passo mais tempo com o meu rabo bolorento no sofa. Ó, já tinha dito? Perdao. Corro o risco de me tornar repetitiva, mas todas as mulheres sao repetitivas, né? Largam uma média de 30,000 palavras diárias, quando um homem, coitado, só pia metade delas. E correndo o risco de receber comentários a fazer alusao às minhas palavras sexistas, passo já para a motivacao que me arrastou para mais um post.
O babete (andei 25 anos a dizer A babete, achava que era substantivo feminino) do título é para atar ao pescoco quando estou a ver o Dr. House. Durante semanas a fio via a série em alemao na RTL e nao achava piada nenhuma. Agora que posso ver em ingles e especialmente desde que reparei na destreza com que ele fala ingles americano, sendo o espécimen very british, tornei-me fan. Passei a gostar de tudo nele, inclusivamente daquele mancar constante, que fizeram o favor de eliminar na terceira temporada. (ora saia uma estalada para quem se lembrou disso)
Nao passa de uma personagem, mas com uma personalidade viciante na qual acredito ser parcialmente real. Kilos de giro, com expressoes de cortar a respiracao e com umas tiradas brilhantes várias vezes, para nao dizer todas, ao longo de cada episódio. Passei a interessar-me muito mais por doencas infecciosas.
O Dr. House é, portanto, uma das alegrias de ter tvcabo. O politicamente incorrecto sempre exerceu um fascínio incontrolável sobre mim. Nao tem nada a ver com um corpo bem constituído, só envergando uma bata de hospital e sapatilhas.

Em oposicao às alegrias da televisao, temos as decepcoes. Uma coisa é a gente ler as receitas do Jamie Oliver. Outra é ver o programa dele e constatar que ele fala à cobrinha, sopinha massa. Nao devia ser razao pra me desiludir, mas perturbou-me. Um guru da cozinha, seja ela de que país, a falar com a língua enfiada no meio dos dentes? Oliver, fazes pratos impecáveis, cuja combinacao de ingredientes deixa um gajo de olhos esbugalhados, mas a sopinha de massa estraga tudo. Além disso, há duas semanas, vi o programa em que fizeste uma pizza de salsichas e confesso que quase me gregoriei ao ver salsichas pretas, tipo moira, a fazer de pizza. Dessa nao gostei. Portanto, vai mas é pra casa contentar-te com o sunday roast da tua mae, com ervilhas e yorkshire pudding e já que estamos numa de verdades, toma lá: a cozinha inglesa é um mito, nao existe sequer. Bah. Va-se la respeitar uma cozinha, cuja grande iguaria é o pequeno-almoco típico.

eu hoje ia ao ikea

- Allo, estou sim, estou a ligar pra casa da menina Minhoca?
- Sim, sou eu mesma.
- Menina Minhoca, foi o director do departamento de Línguas da escola que me deu o seu número.
- Sim, senhora, entao o que é pra levar e quando, temos algemas, chantilly, fato de enfer....
pois, mas pra que era mesmo?
- Er....hmmm.... eu queria saber se podia dar explicacoes de ingles à minha filha?
(digo em frances para mim mesma: merde! só digo merda em frances)
- Aahhh... explicacoes... pois. Claro! Sim, qual é o nível de bronquice da menina? E para que efeito, escola ou lazer? (profissional que só eu. Em tudo)
- É para o próximo semestre. Ela vai para os U Ésse and Ei e eu queria que ela praticasse o ingles antes de ir, sabe como é, chega la e nao sabe dizer nada e bla bla bla bla bla bla bla...... (a filha chega lá e nao diz nada, mas a Mae diz tudo e mais alguma coisa, nao fecha a matraca).. ..... menina Minhoca, nao quer passar cá em casa amanha ou passamos nós em sua casa para acertar os detalhes?
- Sim, claro, tá-se mesmo a ver que deixo de ir ao Aikia (aka ikea) só pra ir a sua casa combinar explicacoes com a ranhosa da sua filha... pfff....

Mas vou. Nao sei é se será boa ideia levar as algemas, o chantilly e o fato de hosped... pois. Desculpem. Nao era bem isto. O que eu queria mesmo saber é onde vou desencantar o preco dos honorários. Nao faco a mínima...

terça-feira, março 06, 2007

assim morrem brilhantes ideias

Para além do Bola, há ainda mais uma pessoa para quem orgulhosamente me depilo. A Ginecologista, por mim chamada carinhosamente de Gina - um termo ternurento para alguem que contacta com o mais íntimo de nós, mulheres. Esta foi aquela parte para a qual a minha Mae nao me advertiu quando fez o tal bolo para comemorar a fertilidade. Esqueceu-se de adicionar que nao eram só pensos coloridos e com desenhos, vais ter de te escarrapachar (sendo que 'pachar' fica muito bem neste contexto) regularmente numa marquesa, inclusivamente abrir as pernas, sentir corpos estranhos na zona mais sensível e mais tua e passar uns segundos constrangedores, isto várias vezes ao longo da tua vida. Ou seja, dá para medir em horas.
Tinha-me ela dito isto, eu tinha-me tornado na(o?) segunda(o?) Roberta Close mas ao contrário. Mas ninguém me disse nada. E como eu vivo permanentemente como personagem daquele filme no qual os cancros correm atrás de mim e eu fujo deles, escondo-me e faco-lhes rasteiras, mas depois ando sempre com medo que eles me apanhem... pronto, de x em x tempo, a minha consciencia nao me deixa escapar ao exame, ao qual 88% das mulheres se esquivam. Dizem os posters la do consultorio. Alias, hoje os posters tiveram a minha atencao toda. Aquelas paredes nao teem um poster engracado que seja, enfim... uma mente criativa podia criar posters bem mais giros para consultorios de ginecologia. Sao slogans sem graca nenhuma e muito pouco convincentes. Cancro do cólon: o seu carro vai regularmente à inspeccao, e voce? Quer dizer... haja paciencia, que sloganzinho tao medíocre. E velho que só ele. Repetido.
Enquanto esperava que a médica dos olhos grandes azuis me chamasse, ainda assinei uma peticao a favor do preco dos medicamentos passar para os 7% de iva e fui preparando mentalmente a aula de hoje, enquanto ouvia no leitor de cd os exercícios pirosos do cd do livro. Quando comecei a desenvolver a ideia de que eu me devia dedicar a escrever livros de aprendizagem alternativos, chamaram-me. Portanto, daí o título do post. É que a ideia tinha de nascer naquele momento, como me interromperam, foi-se. A minha inspiracao nao funciona todos os dias. É especial. Especial como o nosso primogénito, que como eu dizia à doutora dos olhos grandes vai ser concebido na Índia, no ano que vem. Só eu sei o orgulho com que digo que eu fui concebida em África. Eu nao vos disse que me tornei mística?

segunda-feira, março 05, 2007

abriu a época dos sapos

O meu fim-de-semana foi em jeito de Heidi na montanha. Fomos no sábado visitar o avo do Bola que mora a uns 200km daqui, numa zona chamada Franken. À ida pra lá, fui como já é meu hábito desde crianca, a dormir, pois levei material suficiente para, na parte de trás do carro construir a minha tenda de campismo. Viajar na auto-estrada é uma seca, nao se ve nada de jeito e alem disso, sempre passo sem as manobras perigosas do Bola que se esquece que nao tem um Porsche nas maos mas sim um carro mediano.
Chegados à terra do avo, toca de encher os pulmoes com o ar do campo, pois nao há nada como o ar do campo. Cheira a estrume, ou seja, abre o apetite. Depois de jantados, o avo agarra numa garrafa de Schnaps, (bagaco para a digestao - feito por ele) e noutra de vinho. E vao todos bebendo e falando, todos eles mais bebendo do que falando. Nestas ocasioes, parece-me sempre que sou a unica a aturar o Bola e sua família sempre um tanto quanto emborrachados. Nao é justo. Mas é a forma de confraternizarem com o Avo. Para nao o deixarem falar da guerra e emitir as suas opinioes um tanto quanto racistas, bebem com ele. Até as bochechas ficarem bem rosadas. Assim tipo um bife mal passado.
Eu, a sumo, la fui estudando o código da estrada, pois mais dia menos dia, tenho a segunda tentativa. Nao digo quando. É doloroso demais esta estalada na minha auto-estima.
Como ja criei fama de que gosto de dormir, ontem de manha deixei-me estar na sorna enquanto o Avo madrugou, arrastando os netos pra fora da cama, para verem o jardim, que stá cada dia mais belo. De manha, ou melhor dizendo, de madrugada, o Bola ainda me disse qualquer coisa, mas eu só via sinais de transito, abri um olho apenas e desisti de querer perceber o que ele me queria dizer. Domingo é domingo.
De tarde, fomos dar um passeio pela montanha, onde em tempos passados consegui ver mesmo veados e coelhos nos prados em redor. Ontem tive pouca sorte. É a época dos sapos. Pela estrada só se veem sinais de perigo com uma placa adicional a avisar pra se ter cuidado com os sapos a atravessar a estrada. Ia ser giro haver disto em Portugal.

sexta-feira, março 02, 2007

astigmatismo

A minha qualidade de vida subiu um bocadinho desde que aderi ao Fantastic Life. Sim, chamem-me mundana. Eu devia contar que o meu bem-estar melhorou consideravelmente desde que passei a fazer voluntariado ou que me tornei madrinha de um menino em África, mas nao. Conto que me sinto bem melhor, desde que tenho o meu traseiro alapado no sofá bem mais tempo do que o normal. Que triste, meu Deus... mas a minha vida ficou um pouco mais fantastic, pronto.
Nao estar dependente de canais alemaes com má programacao é algo que me deixa satisfeita e me traz um certo conforto. O Bola ficaria ainda mais satisfeito se eu assinasse a Sport Tv, mas ja lhe disse que só por cima do meu cadáver. Para futebol, ja basta o fds todo, em que ha sempre jogos da Bundesliga, resumos ou aqueles programas interessantíssimos em que se fala dos jogos, dos treinos, dos desafios, dos treinadores e do raio que os parta.
- Ja nao bastava o Nickelodeon e o National Geographic dobrados em portugues, nem à Sport Tv tenho direito.
- Estas a ser injusto. Entao, aderi ao canal Bloomberg e Parlamento a pensar em ti! Ah, e também tens a Fashion TV, pra poderes ver aquelas tuas primas todas, la da Etiópia. E antes que te esquecas, meu Amor, esta ideia da tvcabo é para melhorar (?) o teu portugues, lembradinho?

Eu queria aqui tecer uma consideracoes. Mas porque é que cada vez que ao fazer zapping, páro na Floribela ou nos morangos com acúcar, me dói a cabeca?
- Será dos penteados dos betos do colégio da Barra (ou B de bu...) ? (campanhas da Fructis?)
- Será a gíria das miúdas parvas, que além de magras, teem todas o cabelo ondulado ou muito liso?
- Será pelo Fritz dizer 'Flor' e fechar os olhos, como se estivesse a dizer 'fedor' baixinho, como que a avisar que de repente comecou a cheirar mal (a bróculos, quem sabe) ?

NAO!!!!

A verdade é que a minha dor de cabeca é pelas cores horrorosas das duas novelas. Que saudades da tv a preto e branco. A Floribela é, portanto, palhaca de profissao, isso ja sabemos. Mas e as cores da parede? Há sempre paredes vermelhas, azul turquesa e verde alface! Os meus olhos nao aguentam. E no colégio da barra, haverá alguma escola tao colorida? As casas dos ranhosos dos alunos todas com roupa de cama IKEA às flores e aos losangos. Quando os ranhosos andam pelos corredores do colégio, as betas andam todas demarcadas. A beta amarela, a azul, a verde. Nao pode haver cores repetidas.
No entanto, é bom saber que quando eu andava na escola, nao tinha de passar duas horas a ser maquilhada e a esticar o cabelo. As novelas nao se pressupoem realistas. Mas pra que andarmos a ver marmanjos de vinte e poucos anos, vestidos e maquilhados como se para uma passarele fossem, que afinal sao ainda estudantes de liceu.
Minhoca a abanar a cabeca e no seu traje de velha do restelo:
SAO ESTES OS MODELOS QUE QUEREMOS PASSAR PARA AS ESCOLAS DO NOSSO PORTUGAL?
Entao, se eu for uma miúda gorda, com caspa e borbulhas, do décimo ano, é legítimo CORTAR OS PULSOS NA CASA DE BANHO DA ESCOLA!!! Ninguém me vai amar.

amigos brasileiros


...que leem este blog!


Expliquem-me: o que é creme de leite?


Nao é leite condensado?
É que eu encontro receitas geniais (nao genitais) em sites brasileiros e quando chega a altura de ver os ingredientes, chapo-me sempre com creme de leite. Muitas vezes, com os dois, creme de leite e leite condensado.
Was ist das?

alguém apodreceu?

Ontem cheguei a casa e assim que abro a porta, sou possuída por um cheiro, bem.. um cheiro, ao qual normalmente sao associadas palavras pouco bonitas. Um cheiro com origem intestinal. Pensava eu. Sendo que a casa estava vazia e era um cheiro intenso, cujo prazer (?) já há muito as minhas narinas nao tinham, nao pude associar o cheirete a presenca humana. Menos mal. Pela casa toda. Abri as janelas e comecei a minha busca, de olhos arregalados e nariz em accao, assim inclinado para a frente, aplicando curtas snifadas no ar. Meia bolorenta esquecida atras do sofá ou do armário...? Água choca nos vasos da plantas? O Bola prefere matá-las por afogamento do que por seca. Mas mesmo assim nao havia água. Pra choca ja basto eu ultimamente. Nada. O cheiro continua pela casa fora, na sala, na outra sala, na cozinha, no corredor. Abro o frigorífico. Nao, o cheiro nao vem de lá. Fecho as janelas e espero. O fedor continua. Até que... mas o que é aquele tacho ali ao lado do micro-ondas, pequenino, esquecido...? Pronto. Dilema resolvido. Abro a tampa duma panelinha com bróculo romanesco (atencao que é do romanesco, nao é do banal) e pimentos salteados do dia anterior. Claro que depois de levantar a tampa da panela, ia perdendo os sentidos. Juro. A aragem que emanou de lá de dentro deixou-me uns segundos inconsciente, no qual nem consegui dizer asneiras, mas depois recuperei a minha consciencia a tempo de agarrar naquela porcaria e deitá-la fora. E levar, claro, o lixo atrás de mim.
Perturbadora é a intensidade do cheiro de bróculos velhos. Uma vez apodreceu um raminho de bróculos no meu frigo (va-se la saber porque) e ficou a casa toda a cheirar mal. Até eu descobrir que era aquilo passaram-se no mínimo dois dias. E eu já andava a pedir ao Bola que tomasse dois banhos por dia, coitado.
Licao deste post: desconfiem dos bróculos. Um dia destes, falamos na couve-flor, essa malandra, parte flor, parte couve.

quinta-feira, março 01, 2007

hoje fiz bolo ou o milagre da fertilidade

Há precisamente dezasseis anos atrás, a minha Mae fez um bolo. Ontem, coincidencia gira, fiz um bolo, do qual trouxe algumas fatias para o trabalho, como é meu hábito. Estava ali há pouco a olhar para a minha fatia, em cima de um bocado de papel de alumínio, quando depois de olhar para a data, 1 de Marco de 2007, me lembrei desse dia. E desse bolo. No dia 1 de Marco de 1991. Estava eu no banho, ela terá lá ido dizer-me qualquer coisa e depois de ver a minha roupa interior, me perguntar desde há quanto tempo andava eu assim.
Ela soube logo que era o meu primeiro período, eu nao. Achava que quando tal acontecesse, ia ser o dilúvio e que eu ia inundar a casa, ou desidratar, isto se nao morresse logo da hemorragia. Uns tempos depois, descobri que da hemorragia nao se morre, mas das dores quase.
Nesse dia, nao sabia se havia de ficar triste ou contente, atente-se que eu tinha 11 tenros anos de idade. Praticamente ainda brincava com Barbies. Ainda nem tinha lido o livro das Mulherzinhas. Ainda saltava na bota Botilda.
A minha Mae fez um bolo para festejar, embora até hoje ela diga que o bolo nao teve nada a ver, ela ia faze-lo de qualquer maneira. O meu Pai, nao me lembro bem que reaccao teve, mas deve-me ter dado uma palmadinha nas costas e ter dito qualquer coisa como ve la, comporta-te que ja nao és uma menina, és uma Muuuuuuulher. Estou a divagar, nao me lembro. Ou será que isto foi o que ele me disse ao atingir a maioridade?
Lembro-me de no dia seguinte, ela me ter comprado um pacote de pensos Coquette (ainda existem?), perfumados, cheios de cores e desenhos. Que me animaram!
- Tens de andar com eles para todo o lado...
Acima de tudo, quando estava há pouco a olhar para a minha fatia de bolo, pensei na sorte que tenho eu ter uma Mae carinhosa e atenta, que me tem sempre dado a mao e me explicou estas coisas de menina, licoes que muitas miúdas teem de ter do Pai, do irmao, duma prima ou dum Sven que trabalha numa dessas oficinas por aí.

16 anos de período, fora os que ainda estao pra vir. E ao longo deste tempo todo, nunca vi aquela mulherzinha de vermelho que nos reclames da Evax, aparece às miúdas na escola, a dizer eu sou o teu período!Uma visao horrenda, mas viciante.

Este post é dedicado a todas voces, companheiras, que à conta dos pensos higiénicos da tecnologia do século passado, Reglex e Serena, por exemplo, mancharam cadeiras, calcas de ganga ou estofos do carro de algum familiar. Um bem-hajam! Fatia de bolo, alguém?