Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

terça-feira, março 25, 2008

cotonete gigante

As mini-férias da Páscoa foram boas se nao contarmos com o facto de a minha cunhada, que decidimos levar connosco para a animar e a ajudar a enfrentar a maior crise de adolescente de todos os tempos, se tivesse aventurado a abrir a boca para mais do que comer, lavar os dentes ou bocejar. Mas pronto, ser adolescente nao é fácil e a verdade é que me pergunto várias vezes se, já que se fala tanto na idade do armário, se o ideal nao era mesmo fechar todos os adolescentes num armário até que acordassem para a vida e tenham ultrapassado com distincao aquela fase do chorar-e-passados-cinco-minutos-já-estarem-a-rir-histericamente. Quem andar com vontade de mandar uma chapada a todos os adolescentes, que levante o braco...? Ora, aí está, assim é que eu gosto, maozinhas no ar.

Bom, tenho uma confissao musical a fazer. Depois de várias semanas a cantar esta música aos berros no carro, descobri que afinal nao estava a lidar com a Celine Dion, como eu pensava, mas sim mais uma dessas revelacoes que duram meia dúzia de meses e nao fazem muito mais do que produzir uns videos banais, onde nao se ve mais do que muita pele e olhinhos de Bambi. Desculpa Celine. Antes de chamarem a filha de Leona, estes pais deviam-na ter mandado logo para uma casa de acolhimento. Se alguma Leónia quiser deixar aí o seu testemunho na caixa dos comentários, eu prometo nao apagar. A Leona é gira, pronto. E eu mandava as gajas giras pro mesmo armário dos adolescentes. E as magras. E com cabelos bonitos. E aquelas com mais piada do que eu. Tipo a Maria Vieira.
O dia hoje nao me correu muito bem. Aliás, como podia? A comecar o dia numa consulta da ginecologista em que ela me faz um exame com um cotonete gigante (até com medo de adormecer hoje, juro) e insiste em me apresentar o interior do meu baixo-ventre, tao meu, exposto ali assim, a preto e branco e em movimento, como se houvesse alguma coisa a mexer aqui dentro. A Gina hoje nao se calava, estava tao contente como se tivesse sido beijada por um coelho da Páscoa gigante durante estes dias, e falava tanto, que eu comecei a rezar baixinho, ali na posicao de parturiente, enquanto os cabelos sedosos e loiros dela me tocavam ao de leve na barriga da perna. Bom, à hora do jantar entusiasmei-me tanto a contar todos os detalhes do meu check-up ao Bola que ele deixou dois hamburgueres no prato e decidiu ir ler. Se calhar, era o que eu devia ir fazer. Tentando abstrair-me daquele cotonete gigante. Ou de todos os posters horrorosos do consultório dela, com as palavras cancro, cólon e útero se podem ler mais de vinte vezes. Depois nao admira que eu, coitadinha, me sujeite a estes dramas.

primeira da série 'cadáver encontrado'

(Minhoca starring as Dead Body Found)
Hoje no monte, amanha na calcada, um dia destes nos transportes públicos, na praia. Até onde a imaginacao e a minha veia cinematográfca me levar.
- Bola, como estou de saia, que achas se eu baixar os collants para parecer que fui violada...?
perguntava eu, divertida, agora que sou fotógrafa amadora.
(nao respondeu, mas há quem diga que o viu aos gritos no monte, a enfiar a cabeca na neve e a dizer coisas confusas, tipo mental, casei-me e porque)

amor, uma cabana e o Bola

...e a irma dele.



quinta-feira, março 20, 2008

Berchtesgaden


Amigos, vou quatro dias para a montanha. Se o Hitler gostava tanto de se refugiar lá, eu tambem tenho de gostar de certeza. Só preciso de ir buscar roupa para a neve.

Até ao meu regresso, uma Feliz Páscoa a todos vós. E nao comam muitos ovos cozidos, dá uma flatulencia desgracada e depois é preciso comprarem um ambientador para o carro.

nao é pra consumir

Talvez os astros possam explicar o porque de eu hoje estar com uma febre que me está a fazer comprar coisas da internet, das quais nao preciso. Mas a oferta de carteiras na net realmente é bem melhor do que o que eu achava. E o meu cartao Visa parece sussurrar-me 'compra'. Mas a Páscoa nao devia ser uma época de consume. Nao posso ser consumista hoje.
Hoje no supermercado achei estranho tanta gente concentrada na seccao dos chocolates. Normalmente dá para eu lá passar com o carrinho, à vontade, sem ter de atropelar nao sei quantas criancas pelo meio. Só depois é que me dei conta que todos os chocolates da Páscoa estavam com 50% de desconto. Nesta altura gosto de andar pelos supermercados, para saltar sempre para o colo do desgracado/a mascarado de coelho, sempre destinado a oferecer porcarias às criancinhas. Este ano, ainda nao tive o prazer. Bom, mas a verdade é que hoje, o Bola depois de ter percorrido o supermercado duas vezes duma ponta à noutra, foi-me encontrar onde eu nem sequer tinha saído, com demasiados chocolates nos bracos para aquilo que eu podia aguentar. Dois coelhos after-eight, um ovo milka, outro ovo milka mas dos pesados, toda a coleccao kinder e mais umas p....ne......l....rices que nesta altura fazem sempre questao em fazer, pois se há coisa que na Páscoa vende muito sao os chocolates. Especialmente com desconto de 50%. Aqui nao se comem amendoas. Ele olhou-me nos olhos assim muito fixamente e depois bateu as palmas uma só vez e com forca, para eu voltar a cair em mim. Voltei a por os doces na prateleira e limitei-me a uma ovelha e um coelho com smarties dentro. Pois. Há as ovelhas, os ovinhos, a Pascoa e tal e depois há estes castradores da felicidade como este com quem casei. Sniff.

quarta-feira, março 19, 2008

um amor de minhoca

Quantas Minhocas é que há por aí que depois de um dia stressante de trabalho, com duas horas de conducao pelo meio, chegam a casa e depois de se aperceberem que vao ter uma invasao de pessoas indesejaveis, ainda agarram numa grade de cerveja vazia e vao comprar outra ao Getränkemarkt mais próximo? Quantas, quantas? Bem me parecia. Mas nao dá pra refilar, eu é que me esqueci que o Bola tinha convidado os seus colegas para uma noite de take-away indiano (sendo que 'away' é a nossa casa) e futebol. E, como comecou a chegar toda a gente e como eu nao estava muito virada para fazer conversa, ofereci-me para eu ir tratar da grade de cerveja e da comida, enquanto ele entretinha os seus colegas. Digamos que hoje estava vestida de uma forma demasiado elegante para carregar uma grade de cerveja. Nao combina de todo com os saltos altos. Mas faz-me sentir muito gajo, e tanto, que quase vou num impulso cocar os testículos que nao tenho.
Entretanto, queria mandar um beijinho à Tv cabo que me disponibilizou ontem - na condicao de manter o meu contrato, pelo menos, mais um ano - os quatro canais de cinema de borla. Obriguei o Bola a ver hoje 15 minutos do 'Sapatos Pretos' e sem dúvida que aprendou algumas palavras em portugues. Duas de certeza, 'sapatos' e 'pretos'.
Sexta-feira vamos passar o fim-de-semana prolongado fora. Nos meus planos, seria um fim-de-semana da Páscoa prolongado, a dois, assim pró romantico. Eram assim os meus planos. Até ontem à noite. Quando o Bola me contou que a sua irma, que está cá 3 semanas de férias, passou a última semana a chorar porque o seu amor mais que tudo, (onde ela vai estar durante mais duas semanas) lhe disse que achava que deviam seguir direccoes opostas, vai daí, o meu coracao emancipado e mole de Minhoca decidiu que nao ha nada mais deprimente do que uma gaja a implorar a um gajo pelo seu amor. E convenci-a a vir connosco para as montanhas. A roupa interior comestível que eu tinha comprado para estes dias fica mais umas semanas na gaveta. O ar da montanha refresca as ideias a toda a gente. Nao viam a Heidi?
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Em relacao ao trabalho, devo dizer que nao é fácil passar o dia a ouvir 'que saco', 'nao tou nem aí', 'vou no banheiro' , 'esse cara', 'qui legau', etc. Será que daqui a uns meses, vou passar a falar brasileiro? Bom, o que é certo é que provei umas pacoquitas do Brasil, um doce de amendoim e uma das minhas colegas trouxe-me uma latinha de creme de leite, porque eu lhe tinha dito que queria fazer uma sobremesa que tinha sacado da net, mas que levava creme de leite e aqui nao havia e que desgraca e bla bla bla. Vou ver se nao me esqueco de antes da próxima viagem dela, lhe dizer que gosto muito dos bonbons de cajú, serenata do amor, mais depressa mos traz ela do Brasil do que eu de Portugal.

terça-feira, março 18, 2008

Horton e o mundo dos quem



Dos criadores da Idade do Gelo. Nao é preciso um filho, sobrinho, um Bola ou outra desculpa para ir ver o filme. Está muito giro, com muita graca. Fartei-me de rir. Só tenho pena que na versao portuguesa dobrada, seja a voz do Joao Baiao. E ainda me queixo eu das dobragens em alemao...
Que fique registado que hoje voltou a nevar, está a cidade coberta de branco, o piso escorregadio e é o suficiente para me lembrar o quanto detesto neve. Será que é nestes dias da Páscoa que tento de novo o ski? Como nao sou mais forte, devia juntar-me à neve, tenho pensado.

algo doce, novo, que seja uma surpresa e grande

Como já vi que o Bola nao se digna a me oferecer um ovo da Páscoa, decidi eu comprar um ovo para mim, que pretendo comer logo à noite, depois do jantar, sozinha, em frente à televisao.
Depois desembrulho a minha surpresa com cara de poucos amigos, e tentarei repetir como que numa de desabafo só para mim, mas para que ele oica, que nao há coisa mais triste do que ter de se comprar o seu próprio ovo de Páscoa. Mas talvez seja melhor fazer isto depois de ele ter feito a declaracao do IRS de 2006 e de 2007, que é algo que já repeti em mais de 10 to-do lists, mentais ou daquelas que chegam à forma escrita, em guardanapos ou taloes do supermercado. Mas há alguem que se divirta a fazer a declaracao dos impostos? O Bola gosta de esperar, porque deve pensar que os papéis fermentam. Um gajo destes certamente deve ter reagido com muita excitacao à experiencia que se faz na primária com o pé de feijao. Nada vai mudar, só mesmo o prazo de entrega e com isso, uma possível multa, que é a palavra mais fofinha em qualquer Finanzamt alemao e nem é preciso ir tao longe. Podemos comecar logo pela Camara Municipal, ainda nem sei qual foi o milagre que nos permitiu passar sem pagar multa, depois de termos ficado ano e meio casados, mas com classe de impostos de solteiros. O Estado aqui nao gosta de segredos, gosta de transparencia. A falta de transparencia só lá pro Lichtenstein.
Há coisas que teem de ser feitas por impulso e nao ir adiando para amanha. Tanto a declaracao de impostos como a compra do ovo NAO PARA OFERECER, mas para si própria. Uau.

domingo, março 16, 2008

entrümpeln

Ontem estive a ver uma série daquelas que faz mesmo rir, e é preciso ver que nao há muitas. Para quem tem tv cabo, prestem atencao ao antídoto contra dias de chuva tristes. HowI met your mother, em portugues, Foi assim que aconteceu, tem muita piada. Mostra o Neil Patrick Harris, de cuja cara eu nao me esqueci e ontem, a meio de um dos episódios, até gritei para o Bola em portugues ESTE GAJO É O MENINO DOUTOR, NAO É? O Doogie Howser reloaded tem muita pinta mesmo. Infelizmente aqui ninguem sabe quem é o menino doutor. Onde é que estes gajos andavam nos anos oitenta, pá? A saltar à bota Botilda, nao?


Hoje dediquei-me a fazer aquilo que os alemaes chamam de Entrümpeln, que é um verbo para descrever aqueles momentos de ira, no qual decidimos livrar-nos de coisas que estao escondidas em cantos reconditos, mas que por alguma razao (tipo prazo de validado ter expirado há dois anos - no caso da comida) teem de ser deitadas fora. No caso da cozinha, que foi a minha missao de hoje, posso dizer que realmente eu já devia ter entrümpelado há muito tempo. Enchi dois sacos plásticos com coisas que nunca foram utilizadas, leia-se comidas, sendo que a maioria eram pacotes de bolachas, bolos do Natal de há dois anos, comida em lata e outras coisas que tais com prazo de 2006. Tento nao pensar nas bocas famintas que toda esta tralha podia alimentar, mas a verdadeé que eu sou por natureza uma pessoa que guarda até demais. Nao gosto de estragar, em minha casa, a minha Mae sempre fez os possíveis para aproveitar comida que sobrava e eu confesso que muitas vezes guardo coisas, quando suspeito fortemente que ninguem vai comer. Tipo, tres couves-de-bruxelas ou salada já temperada. E depois temos o drama do frigorífico, em que eu fico com medo dos bichinhos que moram no bolor. Argh.
Na próxima semana, vou entrümpelar o quarto. E depois, vou arranjar um cantinho no armário para poder ir à farmácia imporar que me oferecam este gajo e esconde-lo lá dentro. A ideia de bonecos de peluche grandes é fazerem-nos sentir acarinhadas quando os abracamos, certo? Pois. Sem o Lino nao sou ninguem.

Ora tomem lá

Acho que é de partilhar este video com as leitoras assíduas, como eu, fans do Reynaldo. Acho que nunca o vi mexer-se tanto.

Dias de Páscoa

Este fim-de-semana fui andar de montanha-russa outra vez e no meio da euforia, Bola se continuas a travar, nunca mais venho contigo, perdi um dos meus brincos novos, tao giros, tao na moda... detesto perder um brinco. Sentia-me mais consolada se perdesse os dois. Humpf.
Este fim-de-semana tive cá o meu cunhado e a sua namorada luxemburguesa, que me disse logo que no país dela há muitos portugueses (ai sim?), a prova disso é o facto de as garrafas de água na mala dele serem todas da Serra da Penha. Quando estou com malta de 20, 21 anos é que me dou conta que agora a velha sou eu. Eles é que ainda teem a energia para depois de uma viagem de cinco horas de comboio, ainda irem beber uns copos. Mas eu realmente nao sou grande exemplo, sempre fui assim um bocado ave rara. Podem-se contar as vezes que saí para ir tomar um copo nos últimos 4 anos. (uma mao deve chegar) Lembro-me bem de quando saía com verdadeira malta da noite, de a certa altura ficar a apanhar seca, pois as minhas pilhas acabavam depressa.
Entretanto, depois de confrontar o Bola com o facto de nao termos família com quem passar a Páscoa, decidimos ir passar esses 4 dias à montanha, em Berchtesgaden. Nao ausencia de mar, a alternativa é a montanha. Marcámos um quarto numa daqueles estalagens no meio do nada e vamos passar 4 dias a respirar ar do mais puro e, se ele me deixar, a dormir até ao meio-dia. É estranho nao poder passar a Páscoa em família.

quarta-feira, março 12, 2008

tic-tac

Amigos, como me custa ter de esbanjar férias em alturas de que nao gosto muito e com um tipo de férias que para mim representa tudo menos férias. Repetir a mesma palavra tres vezes numa frase nao é bonito, mostra contudo a gravidade da situacao. Vou passar duas semanas a Portugal em Setembro, que é um mes no qual nao gosto muito de ir lá. Nao é que nao goste, mas como umas semanas antes ainda é Verao puro e duro, custa-me nao poder ir mais cedo. Mas mais cedo nao dá e na verdade, nao posso pensar muito neste assunto, pois noto que os meus músculos comecam a ficar contraídos, cai-me alguma saliva pelo queixo abaixo e os meus olhos ficam húmidos.
Mudemos de assunto e passemos a relatar coisas que teem realmente mais piada! Hoje quando cheguei do trabalho, como eu e o Bola tinhamos de ir abastecer-nos de mercearia, deixei casaco, carteira, tudo no carro e subi só com as chaves de casa e uma embalagem da farmácia, com um tamanho anormalmente grande tendo em conta o que era.
O Bola estava enterrado no sofá, na sua posicao preferida que nao é a do missionário, tapado com uma manta, no seu papel tao típico de Linus e quando me viu, levantou a sua cabeca de ovo e perguntou-me se era para irmos. Eu disse que sim, a abanar a minha embalagem, com um sorriso parvo, a provocar a pergunta que se segue:
Bola: O que é isso que trazes aí?
Minhoca: (riso malandro/comprometido) É um teste de gravidez...
A cara de paspalho dele valeu realmente a pena, porque é a cara que eu espero um dia nao ter de ver perante esta situacao, MAS REAL. Nao era teste nenhum, mas como desempenhei tao bem o meu papel, ele caiu que nem um pato.
Desde que vi a bebé da Snowgaze, que me apercebi que afinal o fruto de pai alemao e mae portuguesa nao é nada que possa assustar multidoes.
Ando com o relógio biológico descontrolado ou controlado demais, que qualquer dia, quando estiver na fase da ovulacao, ainda saio disparada porta fora sem destino. Até se me chapasse com a anne geddes lhe dava uma beijoca na face.

terça-feira, março 11, 2008

clap clap clap

A grande vantagem de o Bola amuar comigo um fim-de-semana inteiro, é que de repente, o comando da televisao fica ali, sozinho no sofá, vulnerável e pronto para me deixar papar as séries todas da tvcabo, que deixei de ter a oportunidade de ver durante a semana. A desvantagem, aliás, nas desvantagens mais agrestes inclui-se o facto de ele fechar as portas com mais forca, tomar o computador de assalto quase como se estivesse barricado, e nao cozinhar como prometeu fazer. Pois. Descobri, no entanto, pelo meio desta nossa pequena briga de casal que ele afinal me ama. Se nao me amasse, nao tinha amolecido assim que eu sugeri, esta semana, ficar logo aqui no quartinho do cemitério de segunda para quarta. É preciso uma pessoa sugerir a sua ausencia repentina para que seja dado espaco ao diálogo. Isto faz-me lembrar das vezes em que a minha Mae se fartava um bocado da confusao que nós armávamos em pequenos e nos dizia que um dia ainda fugia. Pudera... com 25 filhos.
Eu hoje fujo de novo à auto-estrada, portanto a ideia é sair do trabalho e passar na pizzaria Max, onde os bacanos que la trabalham que quase podiam ser meus filhos, a avaliar pela idade e beleza, me vao preparar uma daquelas pizzas feitas em forno de pedra. Eu vou pedir cebola na pizza, eles vao-se esquecer de novo e eu vou dizer que nao faz mal, que cebola até nao ajuda nada ao hálito, pra nao dar a entender a mocos tao jeitosos que vou passar o resto da noite sozinha. Com uma pizza de 36cm de diametro só para mim.
Eu por acaso até ficava a trabalhar, mas os sensores de movimento estao-me a dificultar um bocado a vida. Estar a trabalhar e ter de bater as palmas a cada 10 minutos para que a luz volte, nao me motiva propriamente. Eu bater as palmas até bato, mas que seja para ver um colega nu ou qualquer coisa que me anima nsta terca-feira tao foleira.

sábado, março 08, 2008

acabou

Agora que já me sinto mais ou menos integrada no meu novo emprego, chegou tempo para algumas brincadeiras, pois confesso que me tem custado passar 4 semanas a ser esta pessoa séria que nao sou, ou nao quero ser. Portanto, vou abrir para a semana uma nova temporada de post-its na comida do frigorifico (que as minhas colegas chamam de geladeira - já lhes disse que o frigo nao faz gelados) e recadinhos na porta das casas-de-banho (que as minhas colegas insistem em chamar de banheiro - já lhes disse que banheira é um substantivo feminino), para ver se a malta aqui se solta um bocadinho mais.
Ontem, quando me dirigia ao banheiro, um colega meu preparava-se para entrar, no mesmo momento no dos homens, eu disse-lhe olha, bora fazer xixi ao mesmo tempo? Vá, 1, 2 ...3 e apressei-me para dentro do banheiro. Ele, como era americano, riu-se. Se há coisa de que nao nos podemos queixar dos americanos é de serem carrancudos, entao... Por outro lado, como nós - do departamento do Sul da América - dividimos a cozinha com o departamento da América do Norte, alguem me anda a roubar leite. Um pacote que me dura 3 dias, só tem durado um, pelo que me foi difícil criar um post-it nao-político que nao mencionasse a América do Norte a roubar à do Sul, para afastar as manápulas do ladrao do meu leite. Optei por um simples 'na América do Norte deve haver poucas vacas!'. A ver vamos se surte efeito ou se alguém me contamina o leite com sal ou cianeto. Nao ia ter graca nenhuma. Uma morte súbita com a boca cheia de müsli é uma forma muito pouco glamorosa de partir deste mundo.

quarta-feira, março 05, 2008

Há um pequeno paraíso

... no cemitério. Que é, basicamente, o meu quarto, o meu refúgio da auto-estrada para dois dias por semana, onde durmo que nem uma pedra e leio como se fosse a Vicky, aquela miuda do vestido vermelho e branco que era um robot. Em cima da mesa, um toblerone de nozes e passas pisca-me o olho e tres livros sobre diferentes temas exibem-me o título, para que eu escolha o que se coaduna com a minha disposicao do dia. Fofinha, no meu pijama XXXL de face dupla, sentada na cama, rio-me sozinha até às lagrimas, enquanto corrijo os TPC's dos meus alunos, que contam numa orgia de erros ortográficos o que fizeram no fim-de-semana passado. Sim, que me interessa imenso. Se eu fosse uma pessoa sem consciencia, até transcrevia algumas pérolas para aqui.
Estes dias passados no meu quartinho até que nao sao maus. O Bola liga-me tres vezes e pergunta-me sempre o que estou a fazer, o que realmente me dá vontade de rir, pois tres telefonemas esgotam o meu limite de variedade. Entre ver televisao, mandar sms e ler, sobra-me comer e contar as velinhas que ainda ardem no cemitério. Ah, e introspeccao. E ontem, admito, fiz duas séries de abdominais para ver se a minha saia deixa de me subir para a cintura sempre que estou sentada. Se calhar, devia cortar nos toblerones. Mas eu gosto tanto da Suica!
Quando saio do trabalho, ainda me tento ocupar por aqui, para nao ter de ir directa para o meu quarto, limitada a quatro paredes. Vou às drogarias ler os rótulos dos champos. Vou à farmácia medir-me e pesar-me. Vou à livraria fingir que vou comprar qualquer coisa, entretanto, leio o essencial das revistas que me apetece e saio sem comprar nada com um ar de reprovacao como quem diz esta imprensa só publica lixo. Conto quantos passos dou até chegar ao carro e em dias em que estou assim, digamos, virada para a brincadeira, vou de carro perseguir caes para os assustar ou vou assim devagarinho, tipo 10km/h atrás de bicicletas, com os meus faróis desligados. O suspense faz bem a toda a gente.
O mimo é mesmo acordar com o cantar do galo, verdadeira música para os meus ouvidos. Agora já percebo porque é que aquela gaja da Pensao Estrela dormia com uma galinha no quarto.

domingo, março 02, 2008

diz que tenho andado ausente

Tem sido difícil fazer o Bola perceber que ao fim-de-semana, tudo o que eu quero é manter-me longe do carro. Talvez por o que ele querer ser exactamente o que eu nao quero.O que é algo que se repete incansavelmente nesta dualidade homem/mulher. Até um desenho fiz. Desenhei um quadrado, quatro rodas e os dias da semana, com uma seta para o carro. Depois, desenhei o fim-de-semana pelo nome dos dias que o compoem, e fiz vários riscos bruscos e descontrolados em cima do desenho do carro. No final, ele perguntou-me se eu queria ir a Bayreuth. Portanto, aquela teoria de que a determinada altura, os gajos desligam e deixam de nos ouvir (ou de olhar para a nossa arte) está absolutamente correcta.
Como ele precisa urgentemente de ténis para correr, e como correr tem sido a única coisa que o permite manter-se emocionalmente equilibrado, pois o emprego tem sido razao de grande frustracao, vai daí, eu acabei por dizer que sim, podíamos ir andar de carro. Num dia em que se dizia na Tv e rádio que era melhor ficar em casa, para evitar os ventos de 150km/h que se iam fazer sentir.
Mas lá fomos divertidos com os bocados de árvore no meio da estrada, e para além de ver o Bola feito parolo a correr numa passadeira numa loja de desporto, ainda vivi uma experiencia dramática, que foi levar com um gajo em cima de mim que desmaiou na escada rolante, para ser mais precisa, duas escadas acima de mim. Depois ainda o levaram inconsciente para um banco, eu fui comprar qualquer coisa pra ele beber, porque nestes momentos nao dou para mais. Fico com cara de totó, letárgica, totalmente passiva. A única frase que me saiu da boca foi 'e que tal um golezinho de sprite?' Eu sei, triste. Mas depois, ele lá melhorou. Quando ouviu a namorada a ligar, a pedir uma ambulancia.

Convém registar que comi os primeiros morangos COM SABOR a morango em Marco. Penso ser um record, pois até agora nunca me souberam a nada. Agarrei num pacote de morangos com origem de Alicante (oh surpresa) e mergulhei-os em chocolate derretido. E assim fiquei, uns minutos em silencio, a dar espaco e tempo à minha gula. De olhos fechados. Abrindo só um, de soslaio, para agarrar nas folhinhas do dito cujo, fazendo-os passear com destino à minha boca. A outra grande novidade na temática da comida, é que ando a comer müsli (ou como se diz em portugues, muééésli) há mais de uma semana. Preciso de tempo extra, pois mascar aqueles flocos de aveia todos, representa mais tempo do que o que costumo dedicar ao pequeno-almoco. É difícil comer-se de forma saudável neste país, eu já tinha dito? Acreditem em mim. O que eu sofro.