Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, outubro 29, 2008

férias forçadas

Quem é que disse que comprar voos com muita antecedencia compensava? No meu caso, parece-me que nao. Comprei um bilhete para ir secretamente passar o Natal a Portugal. 139 € custou a passagem, como dizem as minhas colegas brasileiras. Ora, esta semana, devido à crise e aos vários feriados - 24, 25, 26, 31, 1, 6 - , a empresa onde eu trabalho decidiu fechar tres semanas durante os feriados da época natalícia/fim de ano. E eis que me vejo obrigada a tirar férias, ou melhor, a usar as minhas horas extra, que devem ser cerca de setenta. O problema é que a minha tarifa é tao especial, tao especial, entenda-se tao tao barata, que a ida a 17 de Dezembro nem posso alterar. Nao há vagas dentro da tarifa especial. Para o regresso, só há 1 lugar, com regresso num dia triste de Janeiro. UM lugar. Que eu ainda nao posso marcar, pois só amanha é que se vai decidir oficialmente se alguém é nomeado bombeiro, ou seja, ir trabalhar caso haja um fogo, entenda-se um grande pedido com um total na casa dos milhoes.
Marcar voos com antecendia nao é para mim Desisto.

domingo, outubro 26, 2008

Ensaio sobre a Cegueira, o Filme

Nao sei o que Saramago achou do filme, mas eu gostei. Achei que explora a natureza humana de uma forma violenta e que me deixou o estomago muito apertado em algumas partes, mas um filme que vale definitivamente a pena ser visto. Mostra como em situacoes de igual desvantagem, há sempre os mesmos chicos-espertos que reclamam autoridade, assim porque sim. Mostra as mulheres no papel do sexo forte. Será que o Lauro António dá as cinco estrelas?

dentes de coelho tao fofinhos

roupa suja

Entretanto, uma semana depois de a máquina de lavar ter avariado e de eu ter comecado a ter que recorrer a roupa interior que já nao usava há mais de um ano, voltei a poder lavar roupa. Quando a luzinha se acendeu, até senti uma ligeira emocao daquelas que até se fazem sentir no estomago. Testemunhas oculares mencionam a presenca de lágrimas.
A reparacao custou 150 € e o Sr. Frank que veio cá a casa compo-la, disse que valia sempre a pena mandar reparar estas máquinas, especialmente os modelos mais antigos é que lavam melhor, sabe? Estes modelos novos sao todos virados para o ambiente, a poupar água e isso tudo, mas nao lavam tao bem. A menina vai ter é de passar a usar menos detergente, que aquilo que ali estava era um horror. - assim disse o Sr. Frank e assim eu faco.
- Bola, se ficasses sem boxers, eras capaz de por umas cuequinhas minhas? Assim se tivesses a certeza que ninguem te apanhava no urinol lá no trabalho?
- ... ... .... ....
- Diz lááááááá... nao acredito que nao sintas curiosidade. Há alguns homens que volta e meia sao apanhados pelas mulheres com os sapatos de salto delas ou soutiens e tal...! Diz lá o que te causa mais curiosidade!! Pensinhos? Ou rímel?
- ... .... .. .. ... . . . .. . . . . ..
Assim vai a nossa comunicacao. Com reticencias. Muitas.

Depois vi-te no indústria

...a dancar ao som de Prince e senti-me devorado pelo teu olhar de lince.
Alguém se lembra de onde vem esta rima maravilhosa, ou seja forcadíssima? Pois, estávamos no ano de 1994 e o Verao foi todo ao som de Pedro Abrunhosa. E hoje nao sei porque passei o dia a cantarolar o Socorro, estou a apaixonar-me. Talvez por me ter apaixonado mais um pouco pela cidade onde estive este fim-de-semana. Ouvi várias vezes portugueses na rua e reconheci-os pela pinta, eles pelos freebies de bancos ou universidades portuguesas, elas pela pinta de betas e os cabelos escadeados como só se veem em Portugal. Quando fui comprar os bilhetes para o cinema, ouvi como um portugues como eu pedia os bilhetes num alemao de principiante e deu-me vontade de ter a idade dele e estar ali provavelmente no seu ano Erasmus.
Heidelberg é provavelmente a cidade mais bonita da Alemanha, muito cosmopolita e um melting pot que faz lembrar Londres. Tem ruas como que desenhadas a esquadro, com casas que me fazem lembrar as casas vitorianas, imponentes, nas quais dá vontade de entrar para constatar se a beleza continua por dentro. É uma cidade de estudantes, onde nao falta nada. Claro que há mais bicicletas do que automóveis e muitos mais bares do que restaurantes. É fácil viver-se em Heidelberg e ser-se lá feliz, presumo. Especialmente no Outono.

Eu fui lá feliz este fim-de-semana. Andei a pé com o Bola pela universidade, a relembrar quando éramos nós, a caminhar pelo chao cheio de folhas num Outono muito parecido, há sete anos atrás. Na cantina havia posters por todo o lado a anunciar a festa de boas-vindas aos Erasmus e eu confesso que nunca quis tanto que o tempo voltasse para trás.
Demos vários passeios ao longo do rio Neckar e eu sentei-me em várias esplanadas, enrolada numa manta polar enquanto observava o fluxo das massas, rua acima rua abaixo. Gosto de me concentrar no ruído da multidao e tentar diferenciar todas as diferentes línguas que se fazem ouvir.
Quem conhece a Alemanha e nunca foi a Heidelberg, é criminoso. Praga, Praga quem? Nao, vao a Heidelberg e depois conversamos. Vao voces e todos aqueles que foram e me tiraram a vaga no ano em que eu quis que fosse esse o meu destino para estudar. Humpf.

terça-feira, outubro 21, 2008

ler, jardinagem e meditacao.

Hoje vim para casa. Passei a manha na casa de banho do trabalho. Estou com uma infeccao urinária. Sempre ouvi falar de colegas, amigas, etc., que estavam em alguma fase da vida com uma infeccao urinaria. Nunca pensei muito bem no que tal seria, até ontem de manha ter sentido um ardor horroroso que quase nao me deixava arredar do tampo da sanita. Mas bebi água, afinal só pode ajudar. A partir do momento em que o que urino se assemelha a ice tea de limao, há que ir ao médico, coisa que fiz. Mas porque é que ninguém me avisou que além de fazer xixi para um copinho, também tenho de me deitar numa marquesa em cuecas porque é preciso fazer ecografia aos rins? Pois, ninguem me avisou nem me ocorreu, esta manha, enquanto vestia as minhas cuecas vermelhas Disco Fever. Vermelhas, com alcas fininhas, e disco fever em letras brilhantes (sao tao confortaveis!). O médico era uma brasa daquelas, que a gente imagina que foi para medicina porque trabalhar como modelo da Calvin Klein era aborrecido. Alto, olhoes azuis e umas maos daquelas que se nos segurassem a cabeca para nos dar um beijo à Clark Gable, fechariam a fechariam totalmente com as palmas. Quando ele entrou na salinha com a maquineta da ecografia, já eu estava deitadinha de barriga para cima, com uma toalha de papel a cobrir-me o ventre. Já tinha tido tempo para pensar no dia em que me farao uma ecografia ao útero e me informarao que o que eu carrego nao é nada que se assemelhe a um feto normal. Ou entao que vou ter trigémeos e que cesariana nao é uma opcao.
Pensei que talvez tivesse sorte e ele nao mexesse muito na forma estratégica com que eu havia tapado a disco fever. Mas nao, depois de me andar a carregar nos rins, levanta-me a toalha de papel e mete metade dela dentro das minhas cuecas para me examinar a bexiga. Acho que a minha temperatura aí subiu. E agora respirar fundo. E agora segurar a respiracao. Segui as instrucoes. No final, diz-me com um sorriso:
- A sua suspeita estava certa, vai ter de tomar antibiótico. Nao é nada de grave, relativamente normal em mulheres jovens como voce, com uma vida sexual activa.
Vida que?! Ainda estive para lhe dizer que estava redondamente enganado, que eu apesar de ter umas cuecas disco fever, detestava discotecas e que, sou casada, e com o meu marido nós é mais hobbies tipo ler, jardinagem e meditacao. E ao domingo, faco renda.
O Bola foi para o estádio Allianz em Munique ver o FC Bayern, mas nao lhe tenciono falar quando ele regressar. Entretanto, vou-me afogando em ora água, ora chá. Vou bater o record do maior numero de litros ingeridos num dia.

domingo, outubro 19, 2008

pequena crise familiar

Bom, as boas notícias sao que consegui salvar as minhas cuecas de segunda a sábado, do tambor da máquina de lavar. Gracas à internet, descobri o anelinho onde se pode apertar, mesmo ao lado do filtro e taa-raaan, como que por magia, a porta da máquina abriu e eu retirei toda a minha roupa interior, com a alegria de quem encontrou algo precioso que havia perdido. Realmente, ainda bem que assim foi, pois caso alguem que nao eu abrisse a máquina e se deparasse com a mescla que é a minha roupa interior, nao ia entender. Como pode a cueca da avó (branca e grande) , a cueca sexy de rendinha intimissimi e a cueca com a cara da estrunfina na parte do rabo pertencerem à mesma pessoa? Ah pois. Nem o Bola ia entender e ia pensar que eu tinha misturado a nossa roupa com a roupa da vizinha. Pois essa cueca da avó nem ele sabe que existe, senao acho que este casamento já estava nas maos de algum advogado, desses que sobrevivem exclusivamente à custa dos amores fracos.
Este dia foi marcado pela vitoria perante a máquina de lavar e pela novela mexicana que a família do Bola hoje me proporcionou. Foram varios telefonemas assim Bola-irma, irmao-Bola, irmao-pais do Bola, pais do Bola-Bola, etc, sendo o Bola o elemento comum ao drama. Tudo por a irma do Bola hoje nao ter aparecido para almocar com o irmao em casa dele, (ela está há pouco tempo na mesma cidade a estudar) como planeado e nem respondia aos telefonemas nem à campainha de casa. Eu assisti aos telefonemas sorridente, por estar do lado de fora e ver o grande exagero em que tudo se tornou, especialmente quando envolveu os pais dele, a ligarem para cá de Moscovo. Quando me dirigia para o micro-ondas com o saco de milho na mao, foi quando a grande crise acabou e me dei conta que ja nao havia razao para pipocas. Que pena eu nao estar perto da minha família para podermos criar estes dramas em vários segmentos telefónicos.

quero as minhas cuecas de volta

Entretanto, a máquina de lavar morreu. Já tinha morrido há tres meses a máquina da loica, agora foi a de lavar roupa. Ora, se sem a da loica até se passa bem, sem a da roupa, a coisa já muda de figura. O problema das máquinas de lavar Miele, e quem tem uma sabe do que falo, é que quando a porta fecha (electronicamente), só abre com a máquina ligada. Ou seja, tenho a máquina carregadinha de roupa suja, as minhas cuecas todas da semana passada lá dentro e eu sem a conseguir abrir. É que ter a máquina estragada já é mau, mas saber que vai ser aberta na minha ausencia por um artista, dá-me vontade de fazer o que fiz ontem quando o Bola ja tinha virado costas, dar-lhe uns pontapés em cima (na máquina) e umas sapatadas de lado, a ver se ela acorda.
O meu problema é imaginar que na Alemanha enviar alguem cá a casa para a compor me fique provavelmente mais caro do que comprar uma nova. Eu até gosto de ver estes técnicos de cá, com aquele macacao azul e entrarem-me pela casa adentro com a caixinha das ferramentas, só fico com vontade de lhes bater quando depois mandam a fatura.
Para que conste, há uma forma de abrir a porta das máquinas de lavar que funcionam como esta. É um dispositivo mecanico, dizem, lá algures do lado direito. O problema é encontrá-lo.

quando a frontalidade nao pode

Na quinta-feira, depois de ter passado horas a pensar em como me esquivar de nao ir ao encontro com a tia do Bola, ligo-lhe e explico-lhe que nao iria estar por cá. Ao que ela responde que sendo assim , talvez quiséssemos ir na sexta-feira, pois era quando comecava. Ora bem, eu nao sou contra este tipo de eventos. Simplesmente agora nao é a fase ideal para eu participar neles. A tia dele nao me estava a dar chance de eu lhe dar um fora. Liguei-lhe mais tarde e como ela nao atendeu, deixei uma mensagem de voz no atendedor de chamadas. Como mais tarde, me pareceu ter sido fácil de mais, assim como que meio à socapa, liguei ao Bola:
- Olá, como está o correr o teu dia? Bem, nao é? Entao, e se me fizesses um favor? Fazes, nao fazes, óptimo. Liga la por favor à tua tia, inventa que eu estou numa formacao, mas que nao queria deixar de lhe dizer que hoje nao posso/quero ir com ela. Por favor... prometo ir no fim-de-semana ver o Hellboy contigo ao cinema. Além de que a tia é tua.
Como eu sei que ele queria ir muito ver o Hellboy, tive de me servir disso para que ele ligasse à tia, pois com ele, ela nao ia tentar uma terceira alternativa. Chantagear ou fazer criar este tipo de condicionantes numa relacao é algo de que nao me gabo, por favor nao experimentem isto nas vossas casas. Porque por exemplo, voces pensam que ele se esqueceu do Hellboy, acham que vao passar um domingo maravilhoso em pijama a comer tacinhas de mousse de bolacha-maria no sofá, a ver os DVDs novos... até que ele diz O Hellboy é hoje às cinco. E com o hellboy, transforma-se tudo numa hellafternoon.

quarta-feira, outubro 15, 2008

casa com piscina

Estava aqui eu tao envolvida no Kenny Rogers e a rejubilar com mais um bonito tema, quando o Bola me aparece aqui ao lado, com a tia dele ao telefone que queria falar comigo. Pois, parece que vai haver um encontro só com mulheres no sábado, da igreja onde o marido dela era pastor quando eles moravam aqui. E agora, digam-me lá, o que é que eu vou fazer a um encontro com 100 mulheres, provavelmente todas housewives alemaes, ou seja, que nao trabalham e ocupam o tempo entre cursos de biscoitos de Natal e jardinagem, para abordar o tema a vida e os desejos nao preenchidos??? Enquanto a tia dele ia falando no quao maravilhosos sao estes encontros, eu dava-me pequenas estaladas e olhava para o espelho a perguntar-me a mim própria em silencio porque é que eu nao sou capaz de atirar um nao às pessoas e alinho nestas coisas que nao quero.
Os meus motivos sao simples, a minha igreja nao é a protestante, quando vejo grupos de mulheres assim organizados e sem pinta de testosterona dá-me medo, eu tenho horror a feministas. Houve uma fase em que até andava com alhos e crucifixos na carteira, caso me aparecesse alguma. Porque vampiros nao existem. Outro motivo é que eu detesto que me planeiem os fins-de-semana, gosto de os passar de forma espontanea, sem NADA planeado.
É uma questao de fases da vida. Eu ainda nao estou na fase de ir a encontros de 100 mulheres para falar dos meus desejos que ficaram por preencher. Nao me apetece. Passo a semana a trabalhar quase dez horas por dia. Porque é que eu ia querer passar o serao de sábado e aturar 100 mulheres em midlife crisis?
... e depois vai haver uma pequena palestra... e toda a gente leva um bolo....
Oico estas frases e a primeira coisa que me vem à cabeca é que nunca na vida essa palestra vai ser pequena e está-me a cheirar que já me estou a sentir empurrada para a cozinha.
Diz-me, meu Deus, és tu a testar-me? Achas que tenho falta de fé? Isto acontece-me tantas vezes, a empurrarem-me para fretes e eu sem saber como dizer um NAO daqueles enormes e com apenas um ponto final na frente, que só me resta desejar o que está no título do post. Pois há quem diga que gritar debaixo de água ajuda a eliminar frustracoes.

how the oldies save one's day

Hoje ouvi o Kenny Rogers na rádio. Sim, isso mesmo, o Kenny Rogers. E acho que isto já dá para ficarem com uma pequena ideia do que realmente faz vibrar as rádios alemas.E o meu carro. Porque quando passa pela enésima vez, o True Colours da Cindy Lauper (que ainda está nos tops alemaes desde há vinte e tres anos), eu abro o vidro e comeco aos gritos, na esperanca que alguém me salve. E entao hoje, com o Kenny Rogers, cantámos em uníssono a parte do ladyyyy youu love is the only love i need and insiiiiiiiiiide me is where i want you to beeeee.... Bem, esta música deixou-me tao histérica logo às oito da manha que eu fiquei mesmo fora de mim. Até decidi comprar o CD dele na amazon. Vejam bem o meu estado de delírio. Para quem nos quiser acompanhar, a mim e ao Ken, entao clique aí no play e puxe até mais ou menos dois minutos e trinta e cinco. Essa é a parte em que eu e o Ken entramos melhor em conjunto. Foi delirante. Eu ja nem queria ir trabalhar.


Já que estamos numa de Kenny Rogers assim de forma tao espontanea, tomem lá o meu hit que noutros tempos me fazia dancar com a vassoura. E, atencao, sei a letra de cor ainda. Fantastico.

terça-feira, outubro 14, 2008

bday

Como o Bola fazia anos, achei que ele devia escolher o programa para a tarde de hoje, após uma reaccao um pouco agressiva à minha sugestao de irmos passear ate ao Ikea. Achou escandaloso eu sugerir passar a tarde de aniversario dele no ikea, coisa que eu nao acho assim tao ridículo, afinal juntávamos o útil ao agradável: víamos os precos dos sofas, tomávamos um café à borla por conta do cartao Ikea Family e ainda comíamos uma fatia de apfelstrudel, com direito a molho de baunilha à descricao, que é como eu gosto. Um pedaco de oito centimetros de tarde inundado em meio litro de molho. A comida no País das Salsichas é toda uma #§$%&, portanto quando há algo de que eu gosto, entao como com prazer, ou seja, à alarve.
Bom, o plano ikea nao colou, acima de tudo, porqueo Bola ficou ainda mais indignado por eu usar as palavras ikea e passear na mesma frase, mas tambem porque eu trabalho a cinco minutos do maravilhoso armazem que só me tem dado dissabores, podendo la ir passear na minha hora do almoco. O Bola logo encontrou plano alternativo.
- Vamos ao cinema ver o Wall.e e depois jantar ao Meiers.
Apesar de ser perigoso ir ao cinema depois do trabalho, sem sequer uma meia hora de intervalo, concordei, afinal era o dia de aniversário dele e ultimamente, ele tem cedido a quase tudo o que eu peco. Concordou, por exemplo, para grande surpresa minha, em me ler numa de bedtime story, ou seja, eu escolho o livro e ele le para mim todas as noites um capítulo. (infelizmente, nao faz vozes, mas estou a trabalhar nesse sentido). Hoje no cinema foi perigoso, pois o Walle é muito giro, mas um pouco parado em alguns momentos, confesso que fechei os olhos naquela parte em que ele foi atras do seu amor. Mas foi por pouco tempo. Alguem me tinha dito que o Walle se despia e eu fiquei atenta.
E foi muito bonito, vimos o Walle na matiné, numa sala com mais 9 criancas e uma pessoa tetraplégica. Depois fomos jantar e viemos felizes para casa, com o Bola a dizer que os aniversários dele sao muito mais lindos desde que ele os partilha comigo. Bom, ele nao disse, mas pensou. Eu senti.

peso no coracao

Quando somos mais pequenos, nao nos interessamos muito pelas pessoas de idade, que cruelmente chamamos de velhos. Nas festas de aniversário, entao, nem nos interessa se elas lá estao. Queremos os amigos, as prendas e jogar às escondidas. No entanto, o que em tenra idade nao nos é ainda consciente, é o facto de essas pessoas de idade que nos povoam a casa em dia de festa, nos proporcionam uma infancia doce e nos preechem de uma tranquilidade e um bem-estar inexplicável, bem-estar esse que desaparece juntamente com elas, quando se vao sem nao mais voltar e nos damos conta do quao dói a sua ausencia.
Quando hoje os meus pais ligaram e deram os parabéns ao Bola, insistindo em lhe cantar os parabéns ao telefone, ainda o dueto deles nao ia a meio e eu já tinha os olhos inundados de lágrimas, por me parecer estar a ouvir a minha Tia Belmira e do meu Tio David, que em todos os aniversários me entravam pela casa adentro e cantavam afinadinhos os parabéns a voce. Noutra idade, ria-me, é que eles ficavam mesmo casticos enquanto cantavam, mais tarde já achava engracado e agora, que já cá nao os tenho e tanta falta me fazem, pergunto-me se algum dia noutra vida que nao esta, os voltarei a ouvir cantar os parabens a voce. Porque gostava mesmo muito. E cada vez que me lembro deles, pesa-me assim o coracao.

domingo, outubro 12, 2008

deixem a britney em paz

Vá, só para rir um pouco. Aqui. (nao consigo dormir, dá-me para isto)

sábado, outubro 11, 2008

kirschblueten

Pois bem, o meu trabalho não me tem proporcionado muito tempo para a vida pessoal durante a semana. Saio tarde e quando chego a casa, normalmente divido o meu tempo entre a cama, o sofá e a cozinha. Hoje passei a manhã a limpar a casa, enquanto fazendo papel de vítima ía dizendo ao Bola que se tivessemos uma empregada que só viesse uma vez por semana, talvez eu pudesse aproveitar melhor o fim-de-semana, em vez de andar de aspirador e esfregona na mão. Ora, em Portugal não é preciso ser-se rico para se ter uma empregada, ou no meu caso, mulher-a-dias (palavra que, aqui entre nós, sempre achei andar perto da prostituição). Aqui na Alemanha não se limpa por menos de dez euros à hora, quer-me parecer, e isso dá que pensar duas vezes. Portanto, parece-me que este assunto ainda tem de fermentar.
O que é facto, é que hoje assim que me livrei da esfregona, fui dar à perna, pois durante o Outono adoro andar na rua. O chão coberto de folhas, a paisagem transformada numa verdadeira aguarela do Bob Ross e as esplanadas cheias de gente enrolada nas mantas que hoje em dia todos os cafés vão colocando à disposição. Regensburg está muito perto de ser a cidade perfeita.
E por falar em perfeito, para os leitores que dominam o alemão, aqui fica a dica de um filme muito bom para ver ainda este Outono. Até o Lauro António daria cinco estrelas.

terça-feira, outubro 07, 2008

e assim foi

...quando dei por mim, estava-me a inscrever no ginásio. Eu e o Bola lá fomos no domingo para saber se hoje podíamos ir experimentar as máquinas. E hoje, lá andei a brincar nas maquinetas, agora um bocado os bracos, depois as pernas, agora andar de bicicleta e tal, que giro. Quando saí da bicicleta, tinha as pernas de tal forma dormentes que me ia espatifando no chao. Mas como uma lady que sou, recompus-me e lá fui com no meu melhor caminhar catwalk de volta para o balneário. O Michael, o meu personal trainer que me acompanhou hoje, é um gajo assim um bocado para o morcao, daqueles cuja massa cerebral nao foi pra cabeca mas sim para os biceps. Mas ficou todo contente quando se deu conta que em cinco minutos tinha fechado dois contratos de 250 € para treze meses. No início perguntava-me porque razao é que eu tinha decidido ir para o ginásio.
- Porque o meu partner quis vir e a mim nao me interessa nada que ela venha olhar para as miúdas encharcadas em suor enquanto fazem abdominais. Vai daí pensei, Minhoca, todos sabem do teu corpo de sereia, mas nao vás pela estética, vai pela saúde. E pronto, eis-me aqui.
O Michael faz o seu sorriso neutro, nao sabe mesmo se eu estou a falar a sério. Foi com esse mesmo sorriso que ele respondeu à minha pergunta posso mesmo ir para o solário nua?
Quem me conhece, sabe que eu nunca na vida entrarei num solário, mas é para andar informada.
Agora falta-me experimentar a aula de yoga e pilates. Ninguém me agarra.

sexta-feira, outubro 03, 2008

gomas para todos?

Isto de agora eu estalar a cada movimento que faço não dá muito jeito. E se eu quiser aparecer por trás do Bola, para lhe tapar os olhos e lhe dizer adivinha quem éééééé...., ao mesmo tempo que lhe esburaco os olhos como os meus dedos todos, como é? Ele vai-me ouvir chegar ainda antes de eu lhe ter tapado os olhos, de tal forma estalam os meus ossos. As minhas articulações. Ando com vontade de me atirar para o chão de propósito para ver o que acontece. Sinto-me como o Samuel L. Jackson no papel de Elijah Price no Unbreakable.

Os meus ossos estalam, os meus gases passeiam-se de forma bem sonora entre o meu peito e a minha bacia. Tornei-me numa pessoa pouco silenciosa.
Será isto um sinal para eu abusar da gelatina e das gomas?

taxi de serviço

Hoje festeja-se o dia da reunificacao alema e ainda bem que assim é. Se era para fazer deste dia um feriado, deviam ter derrubado o muro muito mais cedo. Estou sentada no lapetope, ou será mais apropriado dizer ao laptope, ja que não estou em cima dele...? Não interessa. No sofá, estão os meus sogros sentados a ver um filme. Os filhos deles foram todos para a crazy night e eu, como na verdade me sinto mentalmente mais próxima da idade deles do que da malta nova, fiquei também em casa, não deixando de oferecer porém, os meus serviços de táxi. Eu levo e vou buscar toda a gente. Eu e o Jason Mraz, que vai comigo no carro aos gritos, quanto mais não seja para dentro do meu carro poder fingir que ainda é Verão, para me esquecer dos dez graus (se tanto..) que já se fazem sentir lá fora. Para não acompanhar o grupo de oito pessoas, no qual se encontram namorados de uns e de outros e são tantos namorados, que ja nem sei quem é que é namorado de quem, tentei safar-me com o facto de eu ser preguiçosa e me deprimir quando noto que aqui nos bares, a média das idades ronda os 22 anos.
Como insistiam que os acompanhasse, invoquei tambem flatulencia e aí, como bons alemães que são, mais nada disseram. Olharem para mim constrangidos e dirigiram-se para a porta. Fizeram uma cara que parecia seres eles de repente, com a minha flatulencia, que nao me larga desde que comi aquele gratinado de couveflor há dois dias. Ontem fui buscar a namorada do meu cunhado à estação e sentia-me tão inchada que desapertei dois botões das calças não planeando mais sair do carro, facto de que só depois ter saído para dar aquele abraço alemão à minha cunhada, é que me apercebi.
São assim os alemães, não adianta tentar entender.
Ontem tive uma verdadeira sessão de culinária com a minha sogra. As coisas quer eu aprendi! Existem vários tipos de massa, nem todas as massas sao com farinha, açúcar e ovos. Alto aí. Um tipo de massa para cada necessidade. Fizemos juntas o bolo de aniversário do irmão do Bola, que faz hoje anos. Hoje tivemos uma sessão de decoração e até andámos a arrastar móveis. Mas não são os móveis o que mais despertou a minha atenção. Foram os métodos de fazer bolos da minha sogra. Nunca mais me vou esquecer daquele momento em que eu tentava desfazer os grumos da massa com a batedeira, e ela, olhando por cima dos óculos e com uma cara de quem me estaria a informar de uma doença incurável, me diz acho que não te vais livrar de amassar isso com as tuas mãos. Vai ter de ser. E foi. A minha sogra é o Dr.Oetker.

quarta-feira, outubro 01, 2008

o que me vai valendo é a xixa

Hoje comecei o meu dia a ouvir falar novamente na desgraca que está tudo em Portugal. A frase isto tá muito mau passou directamente para o primeiro lugar do top das frases mais ouvidas dos últimos seis meses. Uma pessoa vai de ferias a Portugal, quer um bocado de descontraccao e pensar no quao bonitas sao as palmeiras, no sabor de uma torrada de pao de forma comida num café, no cheiro maravilhoso da água salgada e pronto, em cada esquina lá vem um pessimista - sendo eu filha do maior deles - falar-me da actual situacao de crise. Epá, nao quero ouvir. Passem-me a seccao dos classificados do jornal ou aquela seccao onde as pessoas enviam propostas de casamento, ler a política ou a desgraca dos bancos americanos e europeus nao me apetece. Ainda na semana passada me preocupei com ja nao sei o que, e trás, lá estava no dia seguinte uma ruga na testa. Eu nao me posso dar ao luxo de me inquietar. Pela minha beleza.
E hoje foi uma das colegas dos escritorios de Portugal, com quem eu nao tenho contacto quase nenhum, pois eu trabalho com o Brasil, mas a colega achou olha, afinal há ali uma portuguesa camuflada, deixa-me lá alertá-la aqui para a situacao deste país à beira-mal plantado que também é o dela.
Portanto, venho pelo presente post declarar a taxa de um euro que cada um de voces vai passar a pagar a partir de AGORA de cada vez que me falar da crise.
A crise actual é nos meus ossos, que estalam por todo o lado e eu nem sei o que hei-de fazer. Se fosse só pele e osso, acho que um dia destes seria de esperar que eu me estatelasse no chao, assim ao caminhar numa passadeira. Ainda bem que sou fofinha.
E para terminar o assunto da crise, só me resta sugerir que procuremos a casa forte do Tio Patinhas. Porque lá que ela existe, existe. E com escadinha e prancha.

visitas recebem-se bem

Estou sozinha em casa. Ainda nao parei. Hoje chegam os meus sogros e o Bola foi esperá-los ao aeroporto. Eu fui às compras, cheguei a casa, pousei os sacos das compras e comecei aos gritos a perguntar-lhe se ele tinha aspirado a casa, como prometido. Fui directa para a cozinha preparar uma tarte para eles terem algo para comer quando chegarem, caso tenham fome, depois fui arranjar as camas onde eles vao dormir, limpei a casa-de-banho, dobrei a roupa, passei a esfregona pelo chao, arrumei o meu quarto e agora sentei-me com o meu copo de leite, em frente ao computador, onde ficarei os proximos quinze minutos. Tenho de receber bem os meus sogros, quanto mais nao seja para compensar a minha sogra pelo facto de há uns dias nas férias em Portugal, me ter desatado a rir à mesa (o Bola diz que eu até ronquei de riso) quando a minha sogra apareceu para o pequeno-almoco, queixando-se de ter dormido mal, ao que o Bola disseque ela de noite ouve tudo, inclusivamente a erva a crescer e os insectos a tossir. Pode parecer sem muita piada, mas para um gajo como o Bola, foi uma grande piada. E eu descontrolei-me. E parece que fui a única a rir assim. Ok, a rir de todo. É que eu tenho uma imaginacao extremamente grafica e a imagem de uma minhoquinha a tossir provocou-me um riso genuíno, daqueles que contribuem para aumentar a esperanca média de vida de todos aqueles que o esbocam.
Bom, agora para terminar a noite em beleza tenho duas opcoes, ou vou ali para a televisao ver um programa sobre lendeas ou vou para a cama matutar no porque de agora as minhas articulacoes todas estalarem a toda a hora e momento. Pronto, uma doenca nova. Chuif.
p.s. Tambem estou a ter uma crise de flatulencia, porque hoje almocei na cantina um gratinado de couve-flor e batata.