Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, dezembro 31, 2008

A todos os leitores do Minhoca


UM FELIZ 2009, carregado risos, salsichas e resoluções que não serão cumpridas!

domingo, dezembro 28, 2008

Revelhon

- Onde vais passar a passagem de ano?
Pronto, logo a pergunta é foleira, porque passar uma passagem é um pleonasmo e os pleonasmos são de facto recursos de estilo, mas há uns mais bonitos do que outros.
A verdade é que eu não sou uma miúda de Reveillón. Não sou e acho que nunca fui. O facto de o dia 31 ser o dia de aniversário do meu Pai a partir de certa altura, passou a ser a desculpa para eu não fazer nada na passagem de ano. Não acho graça nenhuma. No ano passado, festejei pela primeira vez na Alemanha e confesso que gostei imenso, porque ver grandes grupos de pessoas na rua a atirar fogo de artifício à meia-noite foi um belo espectáculo e ao mesmo tempo, uma surpresa, pois eu não sabia como os alemães festejavam a entrada no novo ano. Além disso, foi nesse dia que regressei, depois de ter estado quase duas semanas sem o Bola e nesse dia ele estava particularmente receptivo à minha presença e às minhas piadas.
A verdade é que o meu cenário de passagem de ano perfeito é em frente à lareira, enrolada no sofá, de pijama, a ver televisao. E é engraçado que eu repito isto todos os anos a toda a gente, mas por alguma razão que eu desconheço, as pessoas que realmente me conhecem, parecem esquecer-se ou achar que eu não estou a falar a sério. Algo recorrente.
Portanto, para quem ainda não me perguntou, aqui vai. Vou passar no sofá, com os meus pais e irmãs, a ver televisão e a sonhar que sou a filha solteirona deles que não casou e nunca teve um namorado. Depois quando forem onze horas cá e meia-noite nas Salsichas, deixo-me de ficção e ligo ao Bola, que vai estar alcoolizado, e digo-lhe que lhe desejo tudo de bom em 2009, incluindo a encomenda da Minhoca baby para eu poder escrever um baby-blog. Quero tanto.

catsitting

É a primeira vez que posto de uma casa-de-banho. Estou sentada em cima da sanita, sendo que esta está fechada e estou aqui com uma missão. Vigiar as gatinhas da minha irmã, de oito meses cada uma, que aparentemente estão na fase do cio. Ou uma, pelo menos. Esfrega-se no chão, mia desalmadamente e corre de uma forma selvagem pela casa fora. A minha Mãe veio dar com elas sentadas na janela da casa de banho, do lado de dentro, com o focinho pousado na rede da janela que não permite a entrada de quaisquer insectos, e nem a saída delas, espero eu. E me parece com isto, que encontraram o lugar preferido aqui em casa. Estão fascinadas com o mundo desconhecido do lado de fora, no qual nunca estiveram, assim no countryside. Pararam de miar e de se enroscar no chão e estão as duas muito atentas a observar os passarinhos e a seguir cada som estranho do qual elas nunca estiveram tão perto. Eu também estou a ter um dia novo, pois nunca estive sentada na sanita no escuro, com o computador no colo. Eu é mais livros de culinária ou da disney.

sábado, dezembro 27, 2008

Factos relacionados com o Natal

- tenho a impressão que só como, de cada vez que me dou conta, já estou sentada novamente à mesa, com uma quantidade de comida abismal em meu redor. Que não posso ignorar.
- se na minha família, ao serão, somos 6 pessoas e 3 pessoas estão sentadas com um computador portátil no colo e uma com uma playstation, pode-se afirmar que a minha família é anti-social? Evita-me? Está viciada em compras online?
- a minha irmã mais nova comeu as fantasias todas de Natal, que rapinou descaradamente da árvore, antes de o dia de Natal ter chegado ao fim. Uma afronta. Ainda para mais, porque parece que as fantasias da imperial parecem estar com problemas em chegar ao Norte do país. É a chamada escassez de bens de consumo de primeira necessidade de que tanto se fala.
- passo os dias a comer e não me tenho mexido muito. Hoje perguntei ao Bola ao telefone qual o seu sentimento por texugos. Ele disse que não estava a perceber. Eu tentei com castor, para não usar o hipopótamo. Ele perguntou-me se o castor era esse com os dentes grandes e depois terminámos numa discussão estúpida do porquê dos castores construirem diques. Alguém lhes pediu?!
- guardar a compra das prendas de Natal para o dia 23 compensa. Há saldos.
- a Catarina Furtado irrita-me quando fala alto, ela não tem o timbre de voz para falar alto, fica com voz grossa, além disso, é chato se cair alguma coisa ao chão enquanto ela está em palco, pois com o tamanho da saia, vamos todos ver-lhe as cuecas.
- se na caixa dum supermercado, nós, na altura em que estamos a pagar 50 coisas e com 50 pessoas atrás de nós com mais 50 coisas cada uma, nos lembrarmos que nos esquecemos de qualquer coisa, podemos ir atrás buscar que ninguém reclama. Da mesma forma que se formos a correr todos gulosos, quando abrirem outra caixa, quando havia pessoas à nossa frente na caixa onde estávamos, também ninguém leva a mal.
- estou viciada em ovos-moles. Só penso em ovos-moles.
Não tenho planos para as próximas duas semanas e isso é fantástico.

Adenda

Correcção de um post recente: expludo e não explodo.
Eu não sabia.

praga dos baby-blogs

Se há coisa que prova que muitas pessoas ficam infantilizadas depois de se tornarem pais, é o facto de criarem blogs no qual o narrador são eles mesmos, mas fingem escrever como se fossem o seu rebento, com um ano, dois ou três. Ou mais. E pior: a escrita é também adaptada a uma criança, coitada que nem sabe que o Pai/Mãe anda a escrever em seu nome. É de querer dar bofetadas a mim mesma por ter ido parar a tal site.
Nota mental para pseudo-resoluções para 2009: tornar-me mais tolerante.

terça-feira, dezembro 23, 2008

atirem-me

O ser humano além de influenciável, adapta-se, para o bem e para o mal. Eu estranho chegar ao País das salsichas depois de me ir embora daqui e também estranho quando ao fim de vários meses em convivencia com o povo alemão, chego a Portugal e passo os primeiros vinte minutos a ouvir as conversas IMPORTANTÍSSIMAS de telemóvel das pessoas ao meu lado, na fila para o táxi, à espera da mala, a comprar bilhete para o comboio, no café, etc. Porque chega a minha mala no aeroporto de Munique em 15 minutos e em Lisboa não, penso.
Só porque moro na Alemanha, deixo de ter o direito de fazer a crítica a muitas coisas neste país, Portugal, que é o meu, só porque em muitas coisas, prefiro o outro lado? Deixo de poder dizer que talvez a Alemanha seja um país um pouco mais civilizado, considerando este ou aquele factor? Não devia estar a usar pontos de interrogação, arrisco-me a que a caixa dos comentários exploda, mas perguntas retóricas nunca fizeram mal a ninguém.
Por outro lado, o silêncio ensurdecedor no aeroporto do Munique, que só é interrompido pelos passos dos viajantes a caminho do tapete das malas, também é algo que acho triste e me faz sentir vazia por dentro. Mas nesta constatação de factos acerca de um país e doutro é mais fácil, quando ataco as Salsichas, porque é esse o registo predominante do meu blog. Atacar o inimigo. Como emigrada que sou e venho aqui cuspir neste prato de faiança de qualidade que é o meu país, aí ninguém tolera a minha crítica. Erguem-se as vozes eça queirosianas e apontam-me o dedo, chegando mesmo a colá-lo à ponta do meu nariz dizendo não mancharás a honra do teu país nem o criticarás. Honra empregados de lojas, cafés e todos os taxistas que te saírem na rifa. Não olharás de lado para quem te chamar menina. Não reprovarás sotaques lisboetas ou jargão nortenho. Aliás, faz a a mala e volta para esse país de onde vieste.
Pois.
É difícil exprimir uma opinião, quando me vêm aqui parar sempre meia dúzia - na melhor das hipóteses - de gente que na verdade não quer dizer nada, mas quer deixar um tom amargo na caixa dos comentários, porque no fundo me vê como uma traidora. Como posso eu abandonar a minha terra e depois regressar, fazendo elogios ao estrangeiro, àquilo que nos é estranho e que não tem a nossa marca? Marca essa que todos gostam muito de exprimir, de peito inchado, caracterizada pela nossa hospitalidade e todas aquelas coisas que nos abstraem dos verdadeiros e vários problemas que se vêm arrastando há muito tempo.
Atirem-me pedras se eu gosto dum país organizado, que não me faz esperar meia hora para pagar uma camisola. Um país que também já viveu melhores dias e que apesar de a troco de impostos elevados, garante um nível de vida mais justo para mais pessoas. Um país que, com todas as falhas dum sistema social que não é perfeito, protege e estimula a maternidade. Atirem-me pedras por eu achar que os clientes devem ser tratados com alguma simpatia e profissionalismo. Mais pedras ainda por eu achar que aqui as estradas sao mal sinalizadas e as pessoas conduzem irresponsavelmente. E atirem-me pedras por eu não entender porque é quando vou ao continente comprar dez coisas, me metem tudo em onze sacos. Qual é a ideia???? Ter material q.b. em casa para asfixia? Ontem era o dia mundial do polietileno e ninguém me disse?
Sim, há o perigo de generalizar, o drama dos estereótipos. Bla bla bla bla bla...
Mas atirem-me rosas por aqui eu me sentir verdadeiramente em casa, o ar me cheirar sempre muito mais puro e me alegrar por pagar um café sem ter de receber o troco em silêncio. Já não estou habituada aos olhos dos estranhos, que me olham com vontade de conversar, falar do tempo ou perguntar se hoje não está mais um (são tantos) dia de sol. Atirem-me rosas por, apesar de as modas colarem como lapas, haver coisas muito mais bonitas, roupa, casas, praias, vegetação e sentido de humor apurado.
Quando se emigra, a relação com o país de origem é igual à relação com o país acolhedor. Amor-ódio. Não há como contornar isto. Ganham-se mais hábitos, ou melhor dizendo, outros hábitos. Quando me fui embora de Portugal levava hábitos que foram (tiveram de ser) limados. Quando regresso, esses mesmos que foram limados têm de ser reajustados. Uns custam mais do que outros. Mas esta vida ambivalente, entre duas culturas tão diferentes, que se completam em mim, é algo que considero precioso. Vivo em osmose. O meu coração é português, mas com uma grande simpatia por tudo o que é alemão. Ou quase tudo. Porque foi o país que me acolheu, onde sempre fui bem tratada e onde sou feliz, podendo viver em segurança. E vamos lá a destruir esse mito de que os alemães não são um povo simpático. Não é justo e não é verdade. Sou casada com um e estou disposta e enviá-lo para testes.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

a causar micoses

- as quantidades que os portugueses compram, os shoppings cheios
- o preço escandaloso dos livros, que no país das salsichas custam METADE
- a cara-de-pau das empregadas das lojas, que apesar da confusão, não conseguem manter um sorriso ou qualquer sinal de simpatia - já não estou habituada a isto, a este ar de favor entediante
- a quantidade de miudagem com portáteis e telemóveis novos, nos cafés, no comboio... perco a conta.
- o estilo repetido e mais que visto em todas as miúdas entre os 12 e os 25, tão iguais umas às outras, sem qualquer marca de estilo próprio
- as pandoras e as bimbys (nomes que já dizem tudo)
- os bens de higiene que custam o triplo em relação ao país das salsichas, onde eu pago 45 cêntimos por um tubo de pasta dentagard.

Na Alemanha, uma pequena parte da população recebe 13º mês, como ele é conhecido aqui. A maioria recebe uma percentagem de um ordenado, que no meu caso, corresponde a 25%, subindo com o passar dos anos, mas nunca atingindo mais de 55% do meu salário médio.
Sim, os salários são mais elevados na Alemanha, mas eu pergunto-me mesmo se esta euforia toda se deve ao décimo terceiro ou se anda tudo simplesmente doido. É mesmo preciso atropelarem-me numa loja de roupa interior só para agarrar aquelas cuecas com desconto de 70%???

seita da inditex

A Massimo Dutti prima por ter roupa mais bonita e com qualidade superior à Zara, mas como o preço também é superior, normalmente, só lá entro em época de saldos. Ou entrava, porque cheira-me que tão cedo não volto lá. As empregadas são extremamente antipáticas e criou-se um secretismo em torno das promoções, que confesso me deixar num estado de fúria muito perto de ser mal-educada. Então, mandam sms aos clientes - sms que eu não recebi, mas de cuja existência vim a saber - a avisar que os artigos estão com descontos entre 30% a 40%. Na loja, não se vê nada que dê para desconfiar de saldos, é como se fosse este segredo ridículo entre a loja e os clientes mais fiéis. Devem comunicar com os olhos. Algumas etiquetas têm bolinha feita a marcador, que mais tarde, depois de eu ter perguntado bem alto e claramente ao anormal do empregado, confirmei ser O SINAL de que estas peças não têm desconto. Todas as outras peças SIM. Isto está tudo codificado, é um mundo especial, que não está aberto a todos, com regras e uma simbologia própria de quem pertence a esta seleccionada mailing/sms list. Sim, que isto de grandes saldos com tudo a 70%, ainda para mais antes do Natal, não é para todo o povão como eu. A Massimo Dutti não é Pai-Natal. É sim uma loja com empregadas parvas e antipáticas, que trabalham devagar e ficam chateadas por ter de dobrar mais camisolas nesta quadra, quando durante o resto do ano não dobram mais de 5 camisas o dia inteiro. É que a loja está sempre demasiado arranjadinha com elas tão snobs e com um ar tão aborrecido, que pouca gente se atreve a desdobrar roupa para não lhes causar essa maçada. Ou uma apoplexia. Ficam com cara de quem acabou de apanhar um mau cheiro.
Eficiência essa, não existe. Para quê uma pessoa extra só para fazer embrulhos, quando a senhora que recebe os pagamentos é tao multi-tasking? Além disso, aquela caixa deprimente não encaixa sequer na categoria embrulho, pois não implica cortar papel nem fita-cola... Não, uma fila de 20 pessoas, com uma senhora armada em tia na caixa - chic porque a roupa que dobra é massimo dutti e não da H&M - que trabalha devagar e com uma tromba quase tão grande como a fila, é lá razão para reclamar?
Mas porque eu não queria ser injusta com as generalizações, fui hoje a uma loja noutro ponto do país, com outras pessoas, só para ver se a onda so secretismo e da antipatia era a mesma. Só para chatear!
Agarrei numa camisola que até queria comprar e perguntei à empregada da loja de quanto era o desconto naquela peça. Ela ainda se deu ao trabalho de retirar do bolso uma folha dobrada em quatro e confirmou-me que o desconto era de 40%. Ainda pensei em pedir para ela me tirar uma fotocópia da folha, mas ela logo me informou que os preços só se podem dar a conhecer na caixa. (?) Então, o momento da decisão da compra é só depois de ter esperado meia hora na fila. Ah, ok.
Portanto, agora que aprendi, digo-vos amigos e amigas. Quando forem pagar, digam na caixa bem alto e com os olhos esbugalhados SIM RECEBI A SMS, pois só assim vos farão o merecido e bem escondido desconto. Doutra forma, pagam o preço normal. Porque esta generosidade não é para todos.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

avestruz sem glamour

O boneco animal com quem eu cresci foi o Espinete do Barrio Sesamo, o ouriço gigante e fofinho.
Ora, se o Espinete nunca teve direito a roupa, quem foi o palhaço que se lembrou de este ano por calças de ganga à Leopoldina????
Acho mal.
Qualquer dia aparece vestida de enfermeira, ou de estudante malandra.

o coelhinho vem com o pai natal e o palhaço no comboio ao circo

Estou sentada no sofá com a televisão ligada, com o computador no colo e uma manta sobre as pernas. Nao tenho planos sobre o que vou fazer daqui a uma ou duas horas. Provavelmente não vou fazer nada. E isso é o melhor de tudo. Não ter de planear. Quase que já nem sei o que isso é.
Já estiquei três vezes o braço à minha direita, para arrancar mais uma fantasia de Natal da árvore, que eu mesma coloquei ontem, enquanto pensava que se quisesse comer fantasias, as ia buscar directamente à caixa e não tirar da árvore. Mas dá tanto jeito. Experimentem abrir uma caixa de fantasias imperial - as melhores do mundo - e inalar o cheirinho maravilhoso do chocolate de qualidade.


Comparem:


A única coisa que falha neste quadro de perfeição de férias no lar, é o facto de o Meo nao disponilibilzar os canais de eleição que eu tenho na Alemanha através da Tvcabo. Isso é que é pena. Agora é que eu queria papar a série Alias do princípio ao fim, sem perder pitada.
Fora disso, acho que vou ter uma overdose de queijo, pão, dióspiros, bolas de berlim, rabanadas e todas aquelas coisas pelas quais o meu estômago tanto chora.

não é depilação

Tinham-me contado que para fazer os cachecóis com o pêlo das chinchilas, estas não eram mortas, mas sim depiladas. Pois não são. Andava eu aliviada, com a minha chinchila ao pescoço, a querer convencer-me de que os animais não sofriam, para agora a mesma fonte me revelar que afinal de enganou e sim, as chinchilas são mesmo mortas à paulada.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

À porta do café

Hoje encontrei a minha professora da escola primária, que sabe sempre o meu nome e me dá um grande abraço sempre que me vê. Pensei que talvez desta vez lhe devesse dar o endereço do meu blog, a pensar em como ela contribuiu para o meu gosto de escrever. Vá Minhoca, tão linda a tua composição. Levanta-te e vai lá à frente ler para os teus colegas, por favor. E lá ia eu, subia as meias até ao joelho, compunha o meu totó do cabelo, respirava fundo e começava... A estação mais bonita do ano é a Primavera. Eu gosto da Primavera porque há os passarinhos. E as flores. E os frutos. E as andorinhas, que são passarinhos, como eu escrevi atrás...
A minha professora, desta vez, deu-me um daqueles abraços apertados, como se eu tivesse vindo da guerra ou tivesse passado os últimos anos exilada. Quando eu já a tinha soltado, ela ainda continuava colada a mim. Tão querida. Disse que gostou de me ver e perguntou-me se eu continuo tão boa menina como costumava ser.
Sabe bem estar de volta. Só para ser abraçada pela minha professora primária, à porta do café.

domingo, dezembro 14, 2008

gata borralheira

Hoje acordei as dez da manha com a intencao de limpar a casa (nao se riam de mim, por favor) de uma ponta à outra, pois vou ficar tres semanas fora, a partir de quarta-feira. Além disso, parece que o Bola quer fazer cá uma festarola em casa na passagem de ano, na minha ausencia, e achei que como vao cá dormir algumas pessoas em casa, convinha tudo estar mais ou menos com bom aspecto. Depois, quando já estava a meio das limpezas, a esfregar o chao naqueles sítios onde nem sempre o aspirador chega, lembrei-me que talvez pela razao referida, o ideal fosse mesmo usar essa razao para nao limpar nada. Bom, mas continuei. Só parei quando já no final, reparei que estava a limpar as janelas ainda em pijama, ou seja, em modos pouco apropriados, uma vez que as janelas dao para uma praceta interior, onde passa gente e onde as criancas andam de escorrega. Já estava a imaginar uma vizinha minha que está sempre à janela, e que me irritou um dia por eu estar a tentar apanhar o sinal para a antena parabólica, a afirmar numa reuniao de condomínio, que eu limpo as janelas sem qualquer sentido de decoro, com uma t-shirt semi-transparente que nao deixa adivinhar presenca de soutien. Que por minha causa, as criancas que andam de escorrega, ficaram com medo de andar de baloico.
Eu devia seguir as sugestoes da Triumph e limpar a casa como a Claudia Vieira aparece agora nos anúncios das paragens de autocarro. Só para o caso de haver paparazzis por aí.

sábado, dezembro 13, 2008

madrugando com a amazon

A quatro dias quase da partida para Portugal, onde para alem do Natal, vou passar tambem o fim de Ano e a primeira semana de Janeiro, o Bola decide combinar coisas com amigos. Sim, porque como ja nao está desempregado, agora já quer socializar. Hoje, quando eu ainda tenho tanto para fazer, para limpar, para organizar. Nao há nada que me deixe mais furiosa do que ansiar pelo fim da semana, e já é quase sexta-feira e vou fazer o que me apetecer e la la la, até que ele me diz que já combinou isto e aquilo com nao sei quem. Esta é uma daquelas coisas da vida a dois, porque se eu lhe disser para ir sozinho, ele diz que nao dá. Entretanto, como eu sou uma Minhoca que sabe perdoar (?) e como ele me preparou hoje uma tigela de müsli com fruta cortada por ele, achei que ele já merecia de novo o meu sorriso.
A minha mala está no quarto aberta lá num canto, e já quase cheia, sendo que ainda nao meti la nada de uso pessoal. Nem calcado, nem roupa, nem a minha almofada que vai comigo para todo o lado. E eu hoje ainda queria ir comprar coisas que me faltavam, mas as leis da física sao de facto incontornáveis. Nao adianta eu espremer ali e tentar meter pares de meias dentro das botas. O espaco nao perdoa. E desta vez vou com duas malas, pois encontrei uma mala de mao que tem as medidas máximas do tipo de carga permitida como bagagem de mao. A TAP que me espere. É uma mala versátil, que tem no bolso da frente, um compartimento de plástico transparente, onde, quando a comprei, estava uma bandeira alema grande em cartao. O Bola reagiu alergicamente ao facto de eu querer comprar uma mala com a bandeira alema. Bola, tens de te libertar da vossa história negra, dizia eu. Quase que me pedia para assinar os papéis do divorcio. Até que descobriu que debaixo desse cartao com a bandeira alema, vinham mais umas bandeiras mais amigáveis, como a da Suécia, Espanha, Grécia e Jamaica. Portanto, se para a semana me apetecer ser espanhola, hostia, vou ser mesmo!
E se me apetecer, da próxima vez, mandar um par de estalos no palhaco do carteiro que vem com um pacote da Amazon às 8:14 dum sábado, sim, tambem vou mandar. Só porque a amazon promete entregas em 20 horas. Ok, já acredito.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

rir

Sim, nao leio muitos blogs, mas quando o faco dou preferencia aos blogs que me facam rir. Sou assim, nao sei. Por isso, agora gosto de ler este.

o teu serao é melhor que o meu

Eu gosto muito da voz do James Morrison, a sério que gosto. Por isso é que vou fingir que nao fui googlar a fotografia dele e que nao sei que ele nao é giro. Pronto. Assim. Autista.
Hoje fui vítima de mais um ataque de hipocondríase, no qual desta vez senti a cabeca dormente e fiquei calmamente com a cabeca no colo do Bola, para o caso de ter um AVC, morrer ali mesmo, no sítio mais bonito possível de imaginar. Entretanto, nao tive o AVC, mas o Bola parecia estar perto disso, pois o FC Bayern estava a jogar contra Lyon e ele tinha convulsoes sentado no sofá, de pulsos cerrados e dentes sobre o lábio inferior, convulsoes essa que faziam a minha cabeca saltar do seu colo e quase dar uma marrada na garrafa de cerveja imediatamente em cima da mesa. Achei que era uma forma triste e em sinal de pouco respeito àqueles que poderiam ser os últimos minutos da minha vida, portanto levantei-me para ir comer um pudium de semolina e seguidamente limpar a casa-de-banho.
Ha seroes fantásticos, nao há?

Vamos lá a criar um bocadinho de ambiente desta quadra tao bela, que isto de ser sempre eu sozinha no carro a cantar nao é a mesma coisa se nao for partilhado. E saia um grande beijo para o Chris Rea, que no vídeo está muy sexy. Sim, porque um homem com a idade do meu Pai pode ser sim sexy, porque nao?

domingo, dezembro 07, 2008

razao número dezassete

Depois de passar o fim-de-semana a passear-me pelas ruas de Heidelberg com as minhas 4 ou 5 chinchilas em torno do pescoco, sem ninguem ter desatado a atirar-me tomates ou ovos podres em gritos alarmantes com ameacas de telefonemas para a PETA, posso-me considerar feliz.
Andar nas ruas do comércio nesta altura do ano é um desespero. Eu gosto dos mercados de Natal, aliás, se me perguntarem, esse era um dos tópicos da minha lista de 2004 'razoes para ir morar para o país das salsichas'. Era a razao nr. 17. Ou seja, alguns números acima do Bola. Há lá coisa mais romantica, do que estar a enregelar na rua à merce dos dois ou tres graus negativos, sobrevivendo apenas por, colada às minhas maos, estar uma caneca com o chamado vinho quente, que no meu caso é mais ponche para criancas. Porque, amigos, nunca apanhem uma bebedeira com Glühwein, porque se o fizeram, ficam como eu, a detestar para sempre o dito cujo. Ainda que perante a sempre presente e doce recordacao de assim há nao tantos anos atrás, pouco antes de me abracar à sanita para me despedir do vinho, o Bola me ter dado aquele que viria a ser o nosso primeiro beijo (deve ter sido o unico, pois já nao me lembra).
Adiante...o Kinderpunsch ainda me arrasta para o mercado, se houver a promessa de que me vai cair um crepe de nutella nas maos. Assim por acaso e sem estar a contar. Olha, ali vai a minhoca a passear e... pumba! Lá cai um crepe nas maos dela, assim sem saber bem de onde. Nem de quem. Nem porque. Assim mesmo é que eu gosto. E ponham aí uns moranguinhos, seus sovinas, que sabem maravilhosamente, lá vindos das estufas nao sei de onde, carregadinhos de químicos.
Quem nunca visitou um mercado de Natal alemao, devia ter vergonha e sair já deste blog. Depois de quatro anos a repetir sempre a mesma ladaínha, já nao se admite que ainda nao tenham cá vindo espreitar. Se nao querem vir pelos crepes, venham pelas salsichas. Ou pelo carrossel. Ou pelo engate. Ou pelas bombocas. Ou... ou....

sexta-feira, dezembro 05, 2008

chinchila

Amigos, eu nao sou vegetariana. Como pouca carne, é um facto. Mas nos dias em que há assado na cantina, tambem nao lhe viro as costas. Ora, a minha sogra ofereceu-me hoje a minha prenda de Natal, que é algo que eu nunca me teria atrevido a comprar. É um cachecol, que é basicamente a pele de um animal chamado chinchilla. É a coisa mais fofa e mais suave em que os meus dedos de minhoca já tocaram nesta vida. Ter a chinchila enrolada no pescoco é um sonho, o problema foi quando eu decidi pesquisar como é uma chinchilla. E sao uns animais tao fofinhos e queridos, que eu nao consigo aceitar que alguem matou um, ou melhor dizendo, uns tres ou quatro, para eu hoje poder ter esta coisa maravilhosa no meu pescoco.
Diz a Wikipedia que a pelagem da chinchila é cerca de 30 vezes mais suave que o cabelo humano e muito densa, com 20,000 pêlos por centímetro quadrado. Diz tambem que as chinchilas são muito sociáveis e por isso não devem ter uma vida solitária.

Nao sei o que sentir. Chinchilla, perdoa-me. Mas o Inverno aqui é taoooo frio....