Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
domingo, dezembro 30, 2007
resoluções, tinha de ser
Ora bem, em 2008 é urgente perder peso. Oh que surpresa. Não é preciso ser muitos quilos, nada disso. Assim, tipo 5. Cinco quilos é aceitável, não é? É o peso daqueles garrafões de cinco litros, que fui com o meu pai há uns dias encher à fonte. E retirar um peso com esse total do meu corpo seria mais do que suficiente, eu sou quase uma modelo daquelas que vêem na la redoute com cara de quem tem mesmo mau feitio. Para quê serem tão esbeltas quando depois têm tão mau feitio? Não percebo. Nunca têm ar de simpáticas. Estúpidas.
Mas o que eu queria mesmo saber é se quando temos a mesma resolução dois anos seguidos sem a cumprir, ainda a podemos nomear uma terceira vez... será que dá? É que não é só esta do perder peso. É também aquela outra de praticar desporto. Eu gostava (cof cof) tanto. Pilates e tal... tá tão na moda. Transpirar é que é tá na moda. Uma sauna também não era má ideia se eu não fosse claustrofóbica.
Em 2008 gostava também de desenvolver um hobby de carácter musical. A pressão na casa paterna eleva-se de uma forma brutal. Sempre que venho cá, dou-me conta que cada um dos meus irmãos tem o seu instrumento e eu sou a única que fica agarrada às páginas da Caras enquanto eles tocam. Já pensei em trazer uns ferrinhos ou uma pandeireta, para isto não ficar tão desequilibrado. A minha irmã senta-se ao piano, o meu irmão toca saxofone e a minha irmã mais nova viola. Armados em família Von Trapp. Eu cantava, se me deixassem... como diz a minha sogra, se eu gosto de cantar, as pessoas deviam deixar-me, pois cantar faz as pessoas felizes. E logo agora que com a passagem de ano não me sinto a minhoca mais feliz dessas maçãs podres que praí andam...
Em 2008 vou mudar de cidade, começar um emprego novo e ainda não sei que mais surpresas o ano me reserva. Mas não me queixo do ano que passou. Superou as minhas expectativas. Como último desejo, gostava de pedir à fada das resoluções que me realizasse o desejo de me embalarem em vácuo com a cabeça de fora. É algo em que penso todos os dias. Porquê não sei.
Ah, e neste ano que aí vem o Bola quer comprar um carro novo. Seat Leon. É favor deixarem aí nos comentários as más experiências que tiveram com o carro, quem as teve, façavor.
ele até piano toca
Este foi o meu filme de Natal.
sexta-feira, dezembro 28, 2007
não dá para saltar o fim-d'ano?
Assim como me cheira que o meu fim-de-ano vai ser assim pró secante. Eu nao queria passar o fim-de-ano na Alemanha. Eu andava ainda a decidir em que dia regressar das férias do Natal quando o Bola me diz que já tinha comprado o seu bilhete com regresso a 31 para passarmos a o fim do ano juntos. Romântico, porém desnecessário. Com os amigos dele, em casa deles, assim pro hippie. Apesar de eu ser toda make love not war, não tenho muito em comum com eles. E não me refiro à parte de eu não conseguir estar a menos de um metro do cabelo - ninho de ratos - de alguém com rastas. Eles são pessoas normalíssimas, mas na verdade temos pouco em comum. Por exemplo, eles gostam de preto, eu é mais de vermelho e azul. Eles dizem para quem quiser ouvir que o Pai-Natal não existe e eu SEI que ele existe. Além destes motivos já fortes q.b., não gostei que me tivessem ficado com um toalhão de banho que lá deixei há precisamente um ano. Fico com um pó a pessoas que não devolvem as coisas, mas isso é tema para outro - possivelmente repetido - post. Bom, como vou ter de gramar com os amigos hippies dele na passagem de ano e ter de tentar ser cool, o que nem semopre é fácil, parece-me que tenho duas hipóteses: a)a mais aplaudida e imitada por tantos outros dada a ocasiao: embebedar-me; b)... pois, não há b. Desta vez, não há opções, sendo que não vou poder aquilo que eu mais gostava de fazer. Dormir. Aterrar na cama e acordar no novo ano.
Sou daquelas pessoas anti-festejos-de-fim-de-ano. Há quem prefira termos como insossa ou choca.
Agora vou ali fazer a minha lista das 5 resolucões para 2008. É um must. Combinei com o Bola que vamos trocar impressões acerca das resoluções de cada um, na viagem de comboio para casa, na terça-feira. Cinco resoluções cada um.
Agora deixo-vos um tema de alegria para ouvir alto e mexer a cabeça assim prá frente como aqueles cãezinhos que nós, portugueses emigrantes que falam a língua estrangeira bem alto quando vamos pagar na massimo dutti para todos ouvirmos bem, trazemos na parte de trás do carro, a abanar a cabecinha. Haja alegria!
Entre outras razoes pelas quais eu preciso de vir regularmente a casa, é tudo aquilo que o Vitinho por exemplo, simboliza. Eu nao era assim muito pequena na altura deste Vitinho, mas era pequena. E tenho saudades desse tempo, tantas, que às vezes quase que arranco um dente à força para o deixar debaixo da almofada para a fada dos dentes me realizar este desejo. Isto é incrivelmente infantil, eu sei, mas tenho saudades de morar em casa dos meus pais, de nao ter preocupações, de não ter contas para pagar nem decisões à espera de serem tomadas. Tenho saudades de nao ter assinatura e de não precisar dela para nada. Saudades de sonhar com o quando eu for grande. Saudades de não precisar de bilhetes de avião. Muito menos da Ibéria. Apetecia-me ser o Vitinho. Até na parte que desliza nu pelo lençol abaixo. Acima de tudo, apetecia-me muito voltar a ser criança. Esfolar os joelhos. Ouvir as cassetes dos Ondachoc até a fita romper. Ver o Duarte & Companhia e achar aquilo super fixe. Sonhar com o Michael Knight.
Os meus sacam dos vídeos de quando eu tinha dez anos e depois dá nisto, nesta recusa de viver o presente. Ter saudades é uma chatice.
quinta-feira, dezembro 27, 2007
fantasias de Natal, qual é a tua?
E termino com o título do post. A minha é com o Ricardo Araújo Pereira, um nome que não me canso de repetir, de franjinha, com aquele tique dele à cromo do anúncio do sapo. Se o Ricardo nao puder, pode ser o David Fonseca a assobiar como faz no início do seu novo tema, aí apareco eu e ensino-o como se pronuncia superstar, sem fechar a boca.
domingo, dezembro 23, 2007
encomendas de todos os tamanhos
Se eu tenho a opcao de aparecer em casa dos meus pais, sem avisar, antes do Natal, dentro de uma caixa de cartao, porque haveria de querer que ele soubessem antes, aparecendo da forma mais banal possivel, de mala na mao pela porta adentro? Nao. Sem piada. Um bem-hajas ao efeito surpresa! E posto isto, posso agora depois destes dias de ausencia contar que estou em Portugal e que nao fui passar o Natal a Moscovo. O Bola é amoroso, como só ele sabe ser aos domingos, e há duas semanas atrás convenceu-me a vir passar o Natal a casa. E eu nao insisti muito em ir a Moscovo, para que forcar algo perante o qual o meu coracao se enrugava e comecava a ficar pequenino?
E entao dei 5 euros à minha irma para ela me arranjar uma caixa onde eu coubesse para prepararmos o nosso número. E assim foi, apareci em casa, com a ajuda dela, dentro de uma caixa de cartao com um grande laco em cima. A minha mae teve uma reaccao que deixou todos com um pouco de medo, a certa altura pensei que ela voltasse a fechar a caixa e me despachasse para o posto dos correios mais próxims, mas surpresas destas nao contemplam devolucoes. A minha mae nao é a melhor amiga das surpresas, pronto. Mas já me sentou ao colo dela e me convenceu que gostou muito da surpresa. E que infelizmente, a máquina de secar fica para a proxima.
Quando se tem uma caixa do nosso tamanho, é difícil parar de insistir em saltar para dentro dela sempre que aparece alguem novo.
Tou em família, tá calor, o sol brilha e já mimei o estomago com todas aquelas coisas com que vou sonhando no país das salsichas. Só me falta mesmo o Bola, mas por dez dias sabe bem viver sem traducoes.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
tantas meninas, assim de repente
- Suas brutas, é para saborear e nao para despejar! Vamos lá beber outro mas desta vez como deve ser.
Depois, como elas nao mostraram grande interesse no sessao de fotos da minha infancia, que eu tinha preparado para lhes mostrar, na temática para-nos-conhecermos-melhor, ficámos na sala sentadinhas a fazer o que as gajas fazem de melhor quando de juntam. A falar mal umas das outras, portanto. Bom, nao foi bem falar mal (que é outra coisa que nós dizemos, pra sermos politicamente correctas), foi falar a verdade. Um especial obrigada ao Bola que cozinhou lindamente e se enquadrou, conseguindo quase ser one of the girls, por uma noite. Até na história dos tampoes, ele nao me desiludiu, ouviu, rindo-se, sem fazer aquele esgar de nojo que o sexo oposto faz quando se mencionam palavras como fluxo, tampoes, período ou ovulacao. Uma colega minha, quando morou nos Estados Unidos, na falta dos tradicionais ob's (marca dos tampoes, que eu imagino que seja o signficiado para O.h que B.om) teve de usar tampax e como nao sabia que o aplicador era só para ser usado como tal, enfiou aquilo tudo para dentro de si e só algumas horas depois achou que algo nao estava bem. Um certo desconforto. Uma história bonita, que me fez sentir saudades da revista Maria, essa revista do povo, pocket-size, que cabe em qualquer carteira e que traz fotos dos bebés mais bonitos do mes. Tao lindo.
Deitei-me tarde, acordei com sono, fiz uma malha na meia-calca (collants diz quem é sofisticado) e tenho uma cozinha que causaria arrepios a pessoas com a mania da organizacao. E on top of that, logo tenho aula de ingles, por isso vou corrigir TPC's de desde há 6 semanas e rir-me um bocado com as asneiras, que isto de ter de trabalhar nao tá com nada.
quarta-feira, dezembro 12, 2007
car...que?
Bom, mas estava eu a ver dos vinhos (acabei por comprar um californiano, a pensar na chiqui, leitora assídua do meu blog) quando o meu campo de audicao acende a luzinha portugues, e eis que levanto as antenas e lá estao, aos magotes. Pergunto ao Bola se é hoje o dia da Construcao Civil e perante a sua resposta, intrigo-me com tanto macho latino junto num espaco de 10 metros quadrados. Estarao a dar baloes? Há alguma coisa de borla? Comeco a examinar o carrinho das compras dos meus compatriotas e vejo que realmente o carrinho nao podia ser mais portugues. Água sem gás, tintol, pao, fiambre e queijo. Nem foi preciso ouvir mais um caralho pra ver que se tratavam de portugueses. Gostei das camisas abertas até ao umbigo e dos pelos selvagens que se enrolavam uns nos outros e nos fios de ouro. Havia outros mais discretos, apenas com um botao aberto, mas a quantidade de pelos desejosos de se escaparem pelo pescoco era tanta, que posso jurar a senhora da caixa até corou ligeiramente perante a presenca de tanta testosterona. Eu estava imóvel, pois o Bola agarrou-me pela cintura e amordacou-me* a boca e dizia-me num tom repressivo nao vais a correr dar-lhes o teu telemóvel, vá, contém-te, eu sei que tu consegues. Nao sao portugueses, devem ser russos. Entretanto, eles pagaram os seus 3 carrinhos de compras e foram embora enquanto nós colocávamos as nossas nos sacos. No final, ainda me atirei pra dentro do carrinho e apressei-me a deslizar pelos corredores fora para me amandar contra o carrinho deles, mas sinal deles já nao havia. Acho indecente o Bola nao ter compreensao para as minhas fantasias. Ando há anos a tentar convence-lo a realizar a mais simples de todas, de cozinhar para mim, nu de avental. Até hoje nada. Ontem estávamos com uma boa chance para a minha fantasia numero 2, onde curiosamente nao entra o Ricardo A. Pereira, mas 10 homens das obras com barrete de Pai-Natal e o Bola bloqueou-me os movimentos. Só vos digo, este Natal realmente nao me está a sair nada de jeito. Alguém que me ponha a cloroformio para o resto destas festas, pode ser? É que se nao for assim, acho que vou passar a ir todos os dias ao mercado de Natal para repetir a proeza de sábado.
* verbo novo
ainda ha lugar na mesa, quem quer vir?
segunda-feira, dezembro 10, 2007
Como o Bola chegou a casa torto no sábado e, ontem à noite, esteve a ver futebol com o vizinho e marcharam mais umas quantas cervejas, aconselhei-o hoje a por bastante perfume, nao vao os poros dele desapontá-lo na entrevista e o seu odor a cerveja estragar aquilo que eu tenho vindo a arranjar com tanto cuidado. Nao me parece que se eu tivesse que entrevistar a alguem para emprego, a minha escolha fosse cair no gajo com perfume super bock.
Se a entrevista correr mal, afogo as mágoas no ikea, comprando daquelas coisas inúteis que nao fazem falta nenhuma, mas que normalmente no calor do momento, sao tao mas tao necessárias. Tipo um quebra-nozes.
Entretanto, sonhei com o Ricardo Araújo Pereira. Sonhei que era eu a gaja do anuncio do sapo, que bate à porta da casinha da montanha e quando ele diz o que tu queres sei eu eu, eu digo e sabes tu muito bem e atiramo-nos para o chao rebolando ao lado da lareira. Espero tao cedo nao voltar a chamar Ricardo ao Bola.
domingo, dezembro 09, 2007
contas conjuntas
O Bola seguiu caminho na direccao oposta com o meu vizinho de baixo, depois de me rapinar 40 euros na carteira. Mas pronto, isto dos casamentos é no que dá, os meus pais dao-me uma prenda mega-generosa de Natal e é dois dois, eu faco um 4 no totoloto e ganho 35 euros e também é dos dois, e o meu marido prepara-se para mandar abaixo umas quantas cervejas e também sai do dinheiro que é dos dois. O que vale é que eu posso ser um pouco materialista, mas nao sou muito picuinhas. Chateia-me mais ter de partilhar a cama com um bafo a álcool do meu companheiro de cabeceira, e o cheiro a fumo que emana dos seus cabelos, do que de vez em quando, afundar uns quantos euros em álcool. Pra esquecer as mágoas ou pra me rir forcadamente.
O problema foi que às tres da manha, decidi telefonar-lhe para saber onde ele andava, pois 40 euros nao dao para seis horas de bebida non stop.
- Bola, onde é que tu estás? Nao achas que já chega?
- Eu? Deixa ver... aaahhh, perdi o meu casaco. (diz um Bola embriagadíssimo, a arrastar a voz) Estou aqui a procurar o meu no meio de centenas deles, mas.. ahhh... eu preciso do meu casaco.
Como uma das licoes que já aprendi com ele das nossas saídas à noite quando nos conhecemos, é que nao vale a pena alimentar conversas com ele depois da 6a cerveja. Portanto, desliguei o telefone e disse que procurasse se quisesse, depois de eu ter ficado deprimida um fds inteiro com o preco do casaco, era mesmo bom que o encontrasse.
Passada uma hora, acordo outra vez e como o único corpo na cama ainda era o meu, voltei a ligar.
- Bola, o casaco? Continuas à procura?
- aaahh.. nao sei. Já devo ter visto uns 100 casacos mas há aqui milhares. Mas eu quero o meu casaco. Só me vou embora depois de encontrar o meu casaco. bla bla bla bla (várias frases desconexas, sempre a acabar com casaco nao sei que)
Desligo o telefone, fula da vida e enquanto me vestia AS QUATRO DA MANHA, pronunciei todos os palavroes que conheco em postugues, espanhol, alemao e ingles. Depois desci as escadas e a meio do caminho prá discoteca, vejo aquele corpo aos esses, olhos de quem ja nao sabe onde está, e lá comeca ele aos gritos do outro lado da rua eu quero o meu casaco, roubaram-me o casaco? Mas eu gosto tanto do meu casaco.
Eu queria ir la com ele e procurar eu, porque com a borracheira com que ele estava, é natural que tenha pegado dez vezes no casaco dele e nao o tenha reconhecido, mas o Bola ruminava que nao podia ser, que era preciso nao sei que e pronto, entrámos em casa e ele desatou aos murros à parede. Ah, valente! Os homens sao seres tao tristes às vezes... pra que dar um murro num bloco de pedra quando sabem que vao desfazer a mao toda? E depois pergunta-me se eu sei o quanto ele gosta do casaco. Saiam já dois pares de estalos.
Mandei o Bola ir comer um iogurte e nao aparecer no quarto a cheirar a copos e fumo antes de eu adormecer.
Quando era mais nova, acreditava que os gajos depois dos trinta ganhavam juízo. Se é pra isto, queria por favor devolver o gajo e se fazem favor, mandam-me um exemplar novo, sem mimos nem vícios. É Natal e tal...
sábado, dezembro 08, 2007
fora de época nao, obrigada
Uma pequena nota de teor informativo. O Bola viveu em alguns países lá bem longe, onde a fruta tropical era a fruta nossa de cada dia. Por isso é que gosta de frutos esquisitos que eu nunca vi antes (carambola, ou star fruit, por ex.) e entao, ele gosta tanto de lojas de fruta como eu gosto de lojas de ferragens. Nao, acho que me enganei aqui. (mas será que eu tambem me engano?) Pronto, facam disso uma relacao inversamente proporcional, como todos aprendemos tao bem na escola.
Bom, de facto comi as 20 cerejas do Chile que nao me souberam a nada, porque estou constipadíssima. O que vale é que vou passar a tarde a embebedar-me com vinho quente no mercado de Natal pra esquecer este pré-estado gripal e já me estou a imaginar, depois de dez copos, agarrada a algum desgracado com mais de 60 anos, a chorar, a perguntar se tenho mesmo de ir passar o Natal a Moscovo. Resmas de pessoas que querem ir a moscovo nesta altura, porque é que me fazem ir a mim?
as verdadeiras prendas nao se compram, fazem-se
segunda-feira, dezembro 03, 2007
quando se abre a primeira, ja nao se consegue parar
doutor porque?
Eu confesso que este assunto me causa uma confusao enorme. Eu gosto que me chamem menina, as pessoas mais velhas chamam-me frequentemente menina e eu gosto. Gostava de saber quem foi o palhaco que comecou esta moda dos doutores que nao os sao. Quando o sô doutor é médico e tal, pronto mas no meu caso, ora vejamos, eu licenciei-me na Faculdade de Letras e apesar de nao trabalhar na área em que me formei, brinco aos professores aqui uma vez por semana. Alguém que me diga por que carga de água eu agora dava em doutora. Talvez se eu viesse duma aldeia onde fosse a unica que tivesse sentado o meu rabo bolorento num anfiteatro duma universidade. Sim, alias, parece-me que foi assim que tudo comecou.
acordar antes das oito pra isto
a dor de nao se ter aquilo que nao se pode
Esta chuva é uma grande caca, pois estraga o conceito maravilhoso do mercado de Natal. No mercado de Natal, estamos todos agarrados às nossas chávenas de vinho quente pois costuma estar neve e frio. A chuva estraga tudo. Dilui o vinho quente, no meu caso Kinderpunsch, pois sem álcool sabe melhor. O meu fds foi passando em estado de pré-depressao. Hoje em dia toda gente banaliza a palavra depressao, deprimida, etc, que eu prefiro primar pela originalidade e ficar na fase anterior.
Eu e aquele gajo alto com quem moro fomos ver apartamentos. Um deles era perfeito. Pela primeira vez, entendi que a palavra penthouse vai muito além dos títulos das revistas com títulos sugestivos das áreas de servico. Uma penthouse é uma casa de sonho. Toda envidracada, com dois terracos, numa zona privilegiada da cidade, com uma vista maravilhosa. É pena a renda ser um terco do que eu e o Bola ganhamos num mes. E a pensar na penthouse, entrei na pré-depressao este fds. E como se caracteriza uma pré-depressao na minha pessoa? Basicamente é nao sair de dentro do pijama e andar pela casa, passando demasiado tempo no sofá ou na cama. A única coisa que me fez sair de casa foi o mercado de Natal. Nao sei se já disse aqui, mas nao há nada que eu nao faca por um pao com salsicha. Ou acham que vim parar a este país por acaso...
domingo, dezembro 02, 2007
um pouco de materialismo nao faz mal
Das malas (e agora é que vem a publicidade descarada) George Gina & Lucy gosto de quase todas. Tenho andado atrás, por exemplo, deste modelo aqui. Até que hoje, o Bola bebericava o seu café e me diz com a sobrancelha levantada:
- Tu nao vais comprar essa mala, entao nao temos que poupar?
Como o Bola nao é nada de me dizer para nao comprar coisas, até porque em materia de prendas, para com ele, eu sou muito generosa, algo me diz que ele me vai oferecer uma GGL no Natal. Aí é que se coloca o meu problema, pois nao sei se ele vai acertar no modelo que eu quero ou, no caso de ele querer mesmo poupar e nao ter mala nenhuma para mim, fico a ver navios e bem posso dizer adeus a todas estas que tenho nos meus items observados no ebay.
sexta-feira, novembro 30, 2007
a mente que nao controla o corpo
A mente controla o corpo, dizem. A minha tem dias em que nao consegue. Caio no ridículo, mas é superior a mim. Depois, no meio de tantos possíveis cenários de horror, drama e desgraca, acabo por arrastar o meu rabo bolorento para o médico, até porque é já do outro lado da rua e dá tanto jeito. Ando desde Fevereiro com umas dores em torno do umbigo, tem dias em que a dor vem mesmo de dentro do umbigo, como se fosse possível o umbigo no seu papel de cicatriz, doer. É uma dor levezinha, na qual quase nem penso, mas sei que há vários meses que a adoptei e parece nao se querer ir embora, como que a lembrar-me que veio para ficar ou tao cedo nao se poe a andar. No meio do meu momento de melodrama e pena de mim mesma, digo ao Bola que nao me sinto bem e ele faz de conta que nao me ouve, como se tornou costume.
- Bola, sabes o que isto pode ser? Psicossomático! Relacionado com a recusa em nao querer abandonar o útero da minha mae. O cordao umbilical é o orgao que me ligava à minha mae e como mo cortaram, se calhar eu reajo agora assim por nao concordar com a separacao, por saber que nao consigo ser feliz para além da vida no líquido amniótico! É isso, é o desejo de regressar ao seio materno. Vou falar com a minha mae, pode ser que ela concorde.
Digo isto com um ar triunfante, com o mesmo ar com que provavelmente Einstein revelou pela primeira vez a teoria da relatividade. Felizmente o Bola nao me poe aquela camisa branca gira, na qual nao consigo mexer os bracos, mas aconselha-me a ir ao médico no dia seguinte, coisa que fiz. Só nao fui a um daqueles que comeca por psi.
Claro que quando la cheguei, o dr. Thomas fez aquele ar ó-nao-esta-gaja-outra-vez, mas eu nem lhe dei tempo para pensar em como me despachar depressa, comecei logo a debitar que já lá tinha estado em Maio e que ele me tinha feito até uma ecografia e bla bla bla e que uma dama nao pode ter tantos gases que provoque estas dores que nunca mais se vao embora. Afinal na Alemanha nem como castanhas. Claro que para ele nao achar que eu sou uma maluca completa, ainda fingi que tinha lá ido para controlar os valores da minha tiroide preguicosa e vai daí, ele sugere que a sua enfermeira brutamontes me sugue, para variar, 250ml de sangue para as análises do costume. Estava eu ja na marquesa com o fecho dos meus jeans abertos, a preparar-me para o toque das suas maos macias no meu abdómen, quando ele me diz por cima dos seus óculos, enquanto escrevinhava:
- Na, nao vale a pena. Isso nao deve ser nada, de qualquer forma, já que é pra tirar sangue vemos aqui mais uns valores.
Portanto, para quem esperava comecar o dia de uma forma um tanto quanto erótica, tive que me contentar com um comeco de dia mais pro masoquista, com os dois bracos picados e 250ml de precioso líquido a menos no meu frágil corpo de minhoca.
Gosto-me
- Maria, tenho que te dizer algo que já ando para te contar há alguns dias. Tu mereces saber antes de eu falar com o chefe.
- Hmm... deixa lá ver (olha para o meu baixo-ventre, com um sorriso malandro), o que é que uma miúda casada há pouco mais de um ano, entre os 20 e os 30 terá para me dizer? Diz-me ela feita toina, completamente à nora.
- Maria, eu nao estou grávida, se te pareceu, desculpa, mas o Inverno dá-me fome e descobri que se comer mais, nao tenho tanto frio. O que eu tenho para te dizer é que me vou despedir hoje.
Pois, o que fui eu fazer. O queixo dela ficou assim em forma de til e nao conseguiu esconder as lágrimas, que foi limpando com o canto de um lenco de papel. Ficou muito calada e pensativa, a tentar organizar os seus pensamentos (ó que perda), mas depois entrou na fase da negacao, que foi quando me agarrou nas maos e me disse nuns décibeis acima do desejado que se eu ainda nao tinha assinado o novo contrato, ainda havia algo a fazer. Que eu devia pensar melhor, etc, etc. Que todos gostavam tanto de mim, que eu me entendia na perfeicao com toda a gente, bla bla bla. Fiquei sem saber o que fazer. Depois de ver que ela lá se resignou com os meus motivos, encaminhei-me para a porta e foi aí que ela me disse algo que ouvi depois mais duas vezes da boca de cada um dos chefes:
- Nao é a perda do teu trabalho, é a perda da pessoa que tu és e da alegria que nos trouxeste.
Chuif.
Ou seja, descubro numa altura destas que ninguém vai sentir falta do meu trabalho. Será o meu trabalho uma grande caca?
Bom, uma coisa deu para sentir hoje. Sou amada. Gostam de mim, consta. Até eu própria hoje passei a olhar para mim doutra maneira. E gosto mais de mim.
terça-feira, novembro 27, 2007
mas alguém ainda se lembra dela?
A segunda coisa que me leva a escrever este post é uma questao que me inquietou a manha de hoje. Mandei um mail a todos os meus colegas aqui do trabalho a perguntar qual é o cao mais famoso do mundo. Ninguém respondeu Snoopy. Todos responderam Lassie. Quando decidi mandar o mesmo mail ao Bola, apercebi-me com a resposta dele que o seu problema de ortografia já vem desde muito cedo. A resposta dele foi lessi. E eu chorei.
A neve inspira-me.
sentimentalismo barato
segunda-feira, novembro 26, 2007
feliz Natal a mim
domingo, novembro 25, 2007
branco, nos telhados, no chao, pela boca e olhos adentro
Amanha vou entregar a minha carta de demissao. Tenho andado a adiar, a fingir que nao é preciso tratar disso já. Alias, nao é preciso tratar disso já. No meu contrato diz que tenho de informar o chefe 4 semanas até ao final do mes. Isso seria no final de Dezembro. Mas, o que me impede de dizer já?
O Bola vai finalmente ter uma entrevista para a mesma empresa, ou nao atingisse eu quase sempre os objectivos a que me proponho. E este era um daqueles que eu queria muito atingir. Claro que ele prefere pensar que esta entrevista veio por obra e graca do Espirito Santo, prenda de Natal adiantada, pois aceitar que eu é que lha arranjei nao lhe permite continuar a viver como homem. E eu nao digo nada, se há coisa que eu nao gosto é de danificar o amor-próprio das pessoas de quem gosto. E do Bola até gosto, nao é? Ele aspira a casa ao fim-de-semana, carrega com os sacos das compras, enche o depósito do carro e, à noite, antes de adormecer abraca-me e chama-me fofinha, ou em dias de muita graca, anao chato (Nervzwerg).
Entretanto, como parece que está a dar na televisao As palavras que nunca te direi, acho que vou ver para depois mandar umas marradas na parede, que é o que dou comigo a fazer sempre que vejo um filme ou leio um livro do Nicholas Sparks, esse chato lamecholas que poe meio mundo a chorar com os livros dele. Nao há pachorra. Mas como tambem eu gosto de escrever mensagens e as mandar por garrafa, acabo por ir ver o filme sempre que dá. Mas que espancava o Nicholas se me deixassem, ai isso espancava. Ah, e nunca é demais referir que sempre que vejo o sorriso do Kevin Costner, passam-me as dores se as tiver, sinto-me de repente a levitar, até parece que pus uns óculos cor-de-rosa.
terça-feira, novembro 20, 2007
Como foi possível?
uma pessoa melhor
- Bola, meu anjo, entao o monte pra passar desapareceu? Passaste tudo? A tua vida foi assim tao insignificante na minha ausencia? Nao respondas, se fazes favor. Quando eu esbugalho assim os olhos, já sabes que é pergunta retórica.
Vai daí, o Bola que desta vez nao estava a a comer rabanete, mas sim a treinar para o concurso espontaneo o-meu-arroto-é-mais-sonoro-que-teu a tomar lugar na nossa rua, chamou-me e eu segui-o, como gosto de fazer sempre que o meu senhor e comandante me faz sinal para ir atrás dele. Porque uma boa esposa obedece ao seu marido.
E foi assim que atrás do sofá que o Bola teve a amabilidade de arrastar, fui encontrar uma bola gigante de roupa que o Bola enrolou, porque nao queria que as visitas que cá teve no fim-de-semana vissem. Esta visao foi um pouco horrenda, até pensei em qual das Bolas mandar um biqueiro, mas tentei controlar-me, pois nao sei se já disse que iniciei o programa pessoal COMO ME TORNAR NUMA PESSOA MELHOR. Este programa assenta no propósito de pretender eliminar o queixume da minha pessoa. Pois diz que é constante. Nao mando vir, nao me chateio, tudo é cor-de-rosa. Bom, pelo menos tem de parecer que é. E isto vai durar até ele reparar, portanto, podemos dizer que vai durar para sempre pois se eu circulasse nua pela casa, acho que ele nao dava conta. O Bola é um gajo muito metido pra si mesmo. Para eu me fazer notar, tenho de gritar ou saltar à corda, pois como sao coisas que provocam vento, ele costuma notar.
Para vos dar um exemplo como estou a fazer grandes e maravilhosos progressos, quando dei conta que a minha roupa interior mingou para o tamanho da Barbie (que até agora nao tinha roupa interior, mas já vendi a ideia à Mattel depois deste incidente), comentei que até via isso como um incentivo, para querer emagrecer. Quando vi o lavatório da casa-de-banho cheio de pelos da maquina de barbear, nao explodi e disse que gostava muito de ter uma casa-de-banho com ar de que é usada, pois as casas que parecem museus nao sao nada o meu estilo. Quando reparei que a roupa da cama nao era mudada há tempos sem fim, disse que assim era bom porque notava-se que ele queria dormir com o meu aroma nos lencois.
Portanto, estou-me a tornar numa grande hipócrita, é o que é. Mas tudo para ser uma pessoa melhor. Que eu sei que vou ser. Basta acreditar.
mas que terca-feira sem sal
Marcam-me isto depois de já lá estar a trabalhar há sete meses, quase oito, sinceramente, a eficiencia alema é mesmo um mito. E esta paranóia de que toda a gente quer vir à nossa empresa roubar os desenhos das máquinas, que a concorrencia nos persegue, tambem me pareceu um bocado exagerada. Como se entrar alguem estranho e gamar um notebook fosse algo que já tivesse acontecido... e depois eu é que sou a tal da mania da perseguicao.
Bom, comeco com o novo emprego dia 1 de Fevereiro. Pedi para adiar um mes o tao belo inicio. As razoes que enunciei nao digo, nem perante situacao iminente de tortura. Nao se faz, mas eu preciso de tempo e uma miúda, desde que nao atrapalhe terceiros, tem de se servir dos meios que tem ao seu dispor para atingir os seus fins. O nariz do Pinóquio, portanto, neste caso. Eu e o Bola já estamos na fase em que sublinhamos os classificados atrás de apartamentos. O preco das rendas nao é muito divertido, mas podia ser pior. Rendas escandalosas há em Munique, portanto ainda nao é preciso espumarmos pela boca só porque um apartamento de 85 metros quadrados fica em 600 euros por mes. É o preco do glamour.
Esta manha baldei-me ao curso de espanhol. Por acaso, gosto imenso do curso. Mas dormi mal, tive uns sonhos estranhos. Entre eles, um sonho em que o meu pai vinha ter comigo e me pedia para o ensinar a por rouge nas macas do rosto. Ora bem, isto interpretado nao traz nada de normal, pelo que se calhar nao era má ideia deixar aqui bem claro que nunca vi o meu pai usar maquiagem. Alias, sempre foi mais ou menos contra, por achar que as mulheres devem ser bonitas ao natural. As feias que se atirem da ponte. (isto acrescentei eu) Portanto, deixei-me ficar na cama, só me levantei um pouco antes das oito para ir por um ticket no carro, pra nao levar outra vez com uma multa. Claro que sempre que faco isto, vou a fazer figas para que nao apareca na minha rua ninguem que me conheca, porque o meu aspecto é totalmente casal ventoseiro. Os olhos vao fechados, o meu cabelo rebelde e desordenado que agora pior fica porque o tenho bem curto, e calcas de pijama com ursinhos, com botas, casaco polar e sobretudo por cima. Numa mao levo uma moeda de 50 centimos e as chaves e na outra, a minha almofada com que durmo e para onde me babo toda. Um dia, quando for famosa, ainda vai aparecer na Hola uma foto minha nestes preparos e aí posso esquecer o mundo da fama que me foi prometido pela astróloga Maya.
Nao fui à aula de espanhol, mas uma colega mandou-me os TPC por correio interno. Quando retirei do envelope uma folha A4 com uma foto que é suposto eu comentar em que aparecem 3 vacas, dois agricultores e um monte de feno, achei que era uma gracinha de alguma delas, tadinhas, alemas, sem humor nenhum, especialmente da parte da manha. Mas nao. Posso dizer coño as vezes que quiser mas diz que tenho de escrever uma história, a partir desta foto. Portanto, acho que vou ignorar as vacas (afinal, andam tantas à nossa volta que infelizmente nao podemos eliminar) e fazer uma história com o casal de agricultores a enrolar-se no feno. E em espanhol, ah pois nao. Para poucas vergonhas, usemos a língua desses dominadores que vivem ali ao lado. É por estas que nao devo ter pena por a partir de Fevereiro deixar de ir ao curso e enfim, ter de o pagar do meu bolso nao vai ser giro, mas nem tudo sao rosas, nao é...?
domingo, novembro 18, 2007
Estava-se lá tao bem
atraso de vida
- Entao, voce nao estava no nivel B?! Desistiu?
- Desculpe aparecer assim quando o curso já vai a meio, mas eu nao gosto muito da outra professora. Gosto mais de si porque consigo aprendo e ainda me rio e normalmente é difícil ter as duas coisas juntas.
Claro que há várias formas de interpretar isto. Mas seja qual for, é agradável. Menos agradável é o gajo. É um cromo daqueles que nao existe em todas as cadernetas. Da minha, pelo menos já tinha saído. Costumava ir para a aula exalando aroma a cerveja, pois sai mais cedo do trabalho e vai ali para um bar perto da escola fazer tempo até que comece o curso. Depois parece-me que o álcool lhe dificulta ainda mais a passagem da informacao mais simples, o que faz com que ele interrompa a aula várias vezes com perguntas que me parecem desnecessárias, assim por exemplo o significado de uma tarefa read and write. Depois de explicar-lhe o significado de read e write, ele continua baralhado. Eu tento fazer das minhas aulas quase uma conversa de café amigável, em que falamos todos. Com este gajo, o diálogo encerra-se em nós os dois, porque ele é mais absorvente que uma fralda lindor. E nao é nada vantajoso já ter feito o curso, pois ontem fez-me as mesmas perguntas de outrora. Como é que me livro do cromo?
Porque nem todos podemos ser lili canecas
sábado, novembro 17, 2007
cheguei mas acho que me vou ja embora de novo
- Lavei duas máquinas de roupa, tambem nao sou assim tao incompetente que nao posso lavar roupa de vez em quando, sabias.... nao, nao sabia! Claro que ele nao pode lavar roupa. Até há uma semana atrás, havia uma proibicao para tal efeito, carimbada e reconhecida pelo notário. Primeiro, porque temperaturas abaixo dos 60 graus sao-lhe desconhecidas e depois porque na festa da máquina de lavar que ele organiza, vai tudo, nao há descriminacao, camisolas de la podem namorar com cuecas, meias e toalhas. Para que diferenciar? Haja a igualdade dos tecidos! E viva cuecas que certamente agora só vao servir à Barbie.
E depois diz-me com este ar de cromo, enquanto dá trincas num rabanete (em Bayern, comer rabanete é culto)
- Vieste um bocado chata, pá. Só mandas vir. Nem reparaste que limpei a cozinha... que pena que nao dava para reparar. Só reparei que movimentar-me na cozinha foi difícil dado que os meus pés se colavam ao chao de tao peganhento que estava.
Amigos, sabem que mais..., é bom estar de volta. Comer rabantete à trinca, sinceramente...
terça-feira, novembro 06, 2007
tá no ir
sábado, novembro 03, 2007
há um ano atrás nao se estava mal
Aeroplano
quinta-feira, novembro 01, 2007
quarta-feira, outubro 31, 2007
thumbs up
A segunda entrevista correu tao bem como a primeira, há que dizer. Como Minhoca prevenida que sou, levei o currículo do Bola na minha carteira, afinal nunca se sabe... e com algum jeitinho da minha parte, passados 20 minutos da entrevista em que eu já tinha a parte que me cabia, já estava o currículo dele em cima da mesa a ser analisado pelo meu interlocutor, o tal que quer muito que eu vá trabalhar para a empresa deles. Afinal ele já me disse tres vezes desde que nos conhecemos gostei muito de a conhecer, acho que tem o perfil perfeito para o lugar. Eu também quero ir, mas dava muito jeito que o Bola também tivesse trabalho na mesma cidade, nao sei se estao a perceber.
- Eu se pudesse, decidia já, mas sabe, há o meu marido e enquanto ele nao tiver emprego na mesma cidade, nao sei se estou disposta a percorrer tantos quilómetros diariamente.
Nisto, faco aquele esgar de quem tem mesmo muita pena e menciono que por acaso, o Bola até já se candidatou mas que ainda nao lhe tinham respondido.
Bom, daí até ele ter, de facto, mostrado algum interesse no currículo dele e a me ter prometido chamá-lo para entrevista foi mais rápido e nem falei mais nos números. Afinal, a possibilidade de o Bola ter uma entrevista para emprego representa para mim muito mais do que o dinheiro. Já lhe telefonou hoje a pediu-lhe um resumo do trabalho dele de agora. O Bola ficou contente, mas infelizmente ainda é muito orgulhoso para admitir perante terceiros que é a sua self-confident Frau que pela segunda vez comete o atrevimento de lhe arranjar emprego. Nao vou dizer que nao me chateia ver que ele tem problemas em admitir isso, mas vou fingindo que nao conta. Deve ser coisas de macho, além disso isto é tudo Europa, mas esta terra nem é a minha. Mas dava jeito poder dizer ao meu actual chefe que a culpa é do Bola, quando me for despedir. Que ele é que decidiu irmos embora. Assim eu já podia dormir de noite por estes dias. E nao sonhar com coisas estúpidas, como por exemplo o Bola a pedir-me tampoes por estar com o período. Juro. Foi horrível.
segunda-feira, outubro 29, 2007
momento da verdade aproxima-se e minhoca só procura um buraco na areia
Amanha espero nao me lixarem os planos, pois até dá jeito desmarcar uma vez para mostrar que até nao estou muito interessada, mas fazer isto duas vezes pode nao ser boa ideia. Até porque depois da primeira entrevista em que me disseram ligamos-lhe daqui a duas semanas, e me ligaram 16 horas depois, convém aproveitar, pois o meu horóscopo anunciou que 2007 era um ano de mudancas. Pelos vistos que se prolongam até 2008.
Depois das oito
O abrir de uma caixa de after-eight é para mim um ritual, assim como é para o Bola agarrar numa manga, fazer-lhe festinhas, cheirá-la etc, até ao momento em que a corta. Eu só como after-eights vindos do frigorífico. Quando abro a caixa, levanto aquela folhinha de cima e cheiro-os todos, como se o meu nariz estivesse a tocar uma escala nas saquetas individuais, como se estas fossem as teclas dum piano. Duma ponta a outra. Depois, retiro o primeiro, partindo-o muito devagar ao meio, para ver como o recheio de menta se separa no meio. O primeiro como-o sempre assim, uma metade depois da outra. Os seguintes como inteiros, em silencio, para poder ouvir o som do chocolate a partir-se na minha boca. E como devagar. Normalmente, sou do tipo alarve que nao mantem doces muito tempo. Quando um chocolate se abre, há que acabá-lo o mais rápido possível. Com os after-eights nao há pressa, passo uma semana a ir aos saltinhos buscar ao tres ao frigorífico depois do jantar, comendo-os muito devagar. É um momento tao especial para mim que até já pensei em colocar uma roupa própria só para esse momento. Algo em verde. O facto de os comer depois das oito da noite é coincidencia. Obrigado, Pai e Mae por me ensinarem a apreciar tudo o que esta vida tem de bom.
Na próxima semana falar-vos-ei do drama dos Maltesers, que cá nao há.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Para a Sónia
um dia vou pra lá morar
the only one who could ever teach me
Hoje estou a ter um fim de tarde musical. Será mau gostar do novo tema da Sarah Connor, o remake do Son of a Preacher man? O Bola diz que devia ser proibido destruirem os classicos, mas eu confesso que gosto mais da versao dela. Apesar de ela ser nariguda.
Bom, a verdade é que neste momento da minha vida preciso da musica para me ajudar a lidar com este dilema, que se assemelha àquela situacao quando temos 8 anos e temos de escolher UM gelado. Super maxi? Perna de pau?
A entrevista para o outro emprego correu bem. Muito até.
Resumindo: menos horas de trabalho, mais 30% do que ganho agora, trabalho é quando 1 por 1, só mudando o produto. Uma cantina maior com comida sem risco de causar acidentes cardio-vascular a médio prazo. E uma empresa com classe. Que me transferem para a conta os gastos da ida lá. Muito professional.
Portanto, ando a tentar ver o que é que vou fazer à minha vida. Pois é CLARO que o pessoal que me entrevistou me adorou, porque eu sei fingir que sou amorosa. Uma artista. Mandei uma piadinha aqui e outra ali e eles viram logo que era preciso uma pessoa como eu, de sangue latino, para integrar a equipa South america. Além disso, tive sorte, é tudo gente a favor da diversidade cultural.
Como em momentos destes, só me dá pra pensar nos dias em que me encantava a ver o Tom Sawyer e os meus problemas nao iam além de conseguir ser eu a rapar o tacho dos bolos que a minha mae fazia. Nao há nada como ser crianca.
quarta-feira, outubro 24, 2007
a fresh start
En confio no meu charme de Minhoca, mas nao é fácil querer mostrar interesse e argumentar as razoes duma mudanca quando eu no fundo, gosto do que faco,dos meus colegas,do meu trabalho. Só nao gosto da zona onde moro. Apetecia-me um fresh start, numa cidade nova, com flair internacional e certamente uma populacao mais interessante do que esta aqui neste fim do mundo.
Algo me diz que antes da entrevistal, ainda vou parar à casa-de-banho com as calcas na mao. Os meus intestinos nestas alturas nunca se compadecem de mim.