Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, dezembro 31, 2008

A todos os leitores do Minhoca


UM FELIZ 2009, carregado risos, salsichas e resoluções que não serão cumpridas!

domingo, dezembro 28, 2008

Revelhon

- Onde vais passar a passagem de ano?
Pronto, logo a pergunta é foleira, porque passar uma passagem é um pleonasmo e os pleonasmos são de facto recursos de estilo, mas há uns mais bonitos do que outros.
A verdade é que eu não sou uma miúda de Reveillón. Não sou e acho que nunca fui. O facto de o dia 31 ser o dia de aniversário do meu Pai a partir de certa altura, passou a ser a desculpa para eu não fazer nada na passagem de ano. Não acho graça nenhuma. No ano passado, festejei pela primeira vez na Alemanha e confesso que gostei imenso, porque ver grandes grupos de pessoas na rua a atirar fogo de artifício à meia-noite foi um belo espectáculo e ao mesmo tempo, uma surpresa, pois eu não sabia como os alemães festejavam a entrada no novo ano. Além disso, foi nesse dia que regressei, depois de ter estado quase duas semanas sem o Bola e nesse dia ele estava particularmente receptivo à minha presença e às minhas piadas.
A verdade é que o meu cenário de passagem de ano perfeito é em frente à lareira, enrolada no sofá, de pijama, a ver televisao. E é engraçado que eu repito isto todos os anos a toda a gente, mas por alguma razão que eu desconheço, as pessoas que realmente me conhecem, parecem esquecer-se ou achar que eu não estou a falar a sério. Algo recorrente.
Portanto, para quem ainda não me perguntou, aqui vai. Vou passar no sofá, com os meus pais e irmãs, a ver televisão e a sonhar que sou a filha solteirona deles que não casou e nunca teve um namorado. Depois quando forem onze horas cá e meia-noite nas Salsichas, deixo-me de ficção e ligo ao Bola, que vai estar alcoolizado, e digo-lhe que lhe desejo tudo de bom em 2009, incluindo a encomenda da Minhoca baby para eu poder escrever um baby-blog. Quero tanto.

catsitting

É a primeira vez que posto de uma casa-de-banho. Estou sentada em cima da sanita, sendo que esta está fechada e estou aqui com uma missão. Vigiar as gatinhas da minha irmã, de oito meses cada uma, que aparentemente estão na fase do cio. Ou uma, pelo menos. Esfrega-se no chão, mia desalmadamente e corre de uma forma selvagem pela casa fora. A minha Mãe veio dar com elas sentadas na janela da casa de banho, do lado de dentro, com o focinho pousado na rede da janela que não permite a entrada de quaisquer insectos, e nem a saída delas, espero eu. E me parece com isto, que encontraram o lugar preferido aqui em casa. Estão fascinadas com o mundo desconhecido do lado de fora, no qual nunca estiveram, assim no countryside. Pararam de miar e de se enroscar no chão e estão as duas muito atentas a observar os passarinhos e a seguir cada som estranho do qual elas nunca estiveram tão perto. Eu também estou a ter um dia novo, pois nunca estive sentada na sanita no escuro, com o computador no colo. Eu é mais livros de culinária ou da disney.

sábado, dezembro 27, 2008

Factos relacionados com o Natal

- tenho a impressão que só como, de cada vez que me dou conta, já estou sentada novamente à mesa, com uma quantidade de comida abismal em meu redor. Que não posso ignorar.
- se na minha família, ao serão, somos 6 pessoas e 3 pessoas estão sentadas com um computador portátil no colo e uma com uma playstation, pode-se afirmar que a minha família é anti-social? Evita-me? Está viciada em compras online?
- a minha irmã mais nova comeu as fantasias todas de Natal, que rapinou descaradamente da árvore, antes de o dia de Natal ter chegado ao fim. Uma afronta. Ainda para mais, porque parece que as fantasias da imperial parecem estar com problemas em chegar ao Norte do país. É a chamada escassez de bens de consumo de primeira necessidade de que tanto se fala.
- passo os dias a comer e não me tenho mexido muito. Hoje perguntei ao Bola ao telefone qual o seu sentimento por texugos. Ele disse que não estava a perceber. Eu tentei com castor, para não usar o hipopótamo. Ele perguntou-me se o castor era esse com os dentes grandes e depois terminámos numa discussão estúpida do porquê dos castores construirem diques. Alguém lhes pediu?!
- guardar a compra das prendas de Natal para o dia 23 compensa. Há saldos.
- a Catarina Furtado irrita-me quando fala alto, ela não tem o timbre de voz para falar alto, fica com voz grossa, além disso, é chato se cair alguma coisa ao chão enquanto ela está em palco, pois com o tamanho da saia, vamos todos ver-lhe as cuecas.
- se na caixa dum supermercado, nós, na altura em que estamos a pagar 50 coisas e com 50 pessoas atrás de nós com mais 50 coisas cada uma, nos lembrarmos que nos esquecemos de qualquer coisa, podemos ir atrás buscar que ninguém reclama. Da mesma forma que se formos a correr todos gulosos, quando abrirem outra caixa, quando havia pessoas à nossa frente na caixa onde estávamos, também ninguém leva a mal.
- estou viciada em ovos-moles. Só penso em ovos-moles.
Não tenho planos para as próximas duas semanas e isso é fantástico.

Adenda

Correcção de um post recente: expludo e não explodo.
Eu não sabia.

praga dos baby-blogs

Se há coisa que prova que muitas pessoas ficam infantilizadas depois de se tornarem pais, é o facto de criarem blogs no qual o narrador são eles mesmos, mas fingem escrever como se fossem o seu rebento, com um ano, dois ou três. Ou mais. E pior: a escrita é também adaptada a uma criança, coitada que nem sabe que o Pai/Mãe anda a escrever em seu nome. É de querer dar bofetadas a mim mesma por ter ido parar a tal site.
Nota mental para pseudo-resoluções para 2009: tornar-me mais tolerante.

terça-feira, dezembro 23, 2008

atirem-me

O ser humano além de influenciável, adapta-se, para o bem e para o mal. Eu estranho chegar ao País das salsichas depois de me ir embora daqui e também estranho quando ao fim de vários meses em convivencia com o povo alemão, chego a Portugal e passo os primeiros vinte minutos a ouvir as conversas IMPORTANTÍSSIMAS de telemóvel das pessoas ao meu lado, na fila para o táxi, à espera da mala, a comprar bilhete para o comboio, no café, etc. Porque chega a minha mala no aeroporto de Munique em 15 minutos e em Lisboa não, penso.
Só porque moro na Alemanha, deixo de ter o direito de fazer a crítica a muitas coisas neste país, Portugal, que é o meu, só porque em muitas coisas, prefiro o outro lado? Deixo de poder dizer que talvez a Alemanha seja um país um pouco mais civilizado, considerando este ou aquele factor? Não devia estar a usar pontos de interrogação, arrisco-me a que a caixa dos comentários exploda, mas perguntas retóricas nunca fizeram mal a ninguém.
Por outro lado, o silêncio ensurdecedor no aeroporto do Munique, que só é interrompido pelos passos dos viajantes a caminho do tapete das malas, também é algo que acho triste e me faz sentir vazia por dentro. Mas nesta constatação de factos acerca de um país e doutro é mais fácil, quando ataco as Salsichas, porque é esse o registo predominante do meu blog. Atacar o inimigo. Como emigrada que sou e venho aqui cuspir neste prato de faiança de qualidade que é o meu país, aí ninguém tolera a minha crítica. Erguem-se as vozes eça queirosianas e apontam-me o dedo, chegando mesmo a colá-lo à ponta do meu nariz dizendo não mancharás a honra do teu país nem o criticarás. Honra empregados de lojas, cafés e todos os taxistas que te saírem na rifa. Não olharás de lado para quem te chamar menina. Não reprovarás sotaques lisboetas ou jargão nortenho. Aliás, faz a a mala e volta para esse país de onde vieste.
Pois.
É difícil exprimir uma opinião, quando me vêm aqui parar sempre meia dúzia - na melhor das hipóteses - de gente que na verdade não quer dizer nada, mas quer deixar um tom amargo na caixa dos comentários, porque no fundo me vê como uma traidora. Como posso eu abandonar a minha terra e depois regressar, fazendo elogios ao estrangeiro, àquilo que nos é estranho e que não tem a nossa marca? Marca essa que todos gostam muito de exprimir, de peito inchado, caracterizada pela nossa hospitalidade e todas aquelas coisas que nos abstraem dos verdadeiros e vários problemas que se vêm arrastando há muito tempo.
Atirem-me pedras se eu gosto dum país organizado, que não me faz esperar meia hora para pagar uma camisola. Um país que também já viveu melhores dias e que apesar de a troco de impostos elevados, garante um nível de vida mais justo para mais pessoas. Um país que, com todas as falhas dum sistema social que não é perfeito, protege e estimula a maternidade. Atirem-me pedras por eu achar que os clientes devem ser tratados com alguma simpatia e profissionalismo. Mais pedras ainda por eu achar que aqui as estradas sao mal sinalizadas e as pessoas conduzem irresponsavelmente. E atirem-me pedras por eu não entender porque é quando vou ao continente comprar dez coisas, me metem tudo em onze sacos. Qual é a ideia???? Ter material q.b. em casa para asfixia? Ontem era o dia mundial do polietileno e ninguém me disse?
Sim, há o perigo de generalizar, o drama dos estereótipos. Bla bla bla bla bla...
Mas atirem-me rosas por aqui eu me sentir verdadeiramente em casa, o ar me cheirar sempre muito mais puro e me alegrar por pagar um café sem ter de receber o troco em silêncio. Já não estou habituada aos olhos dos estranhos, que me olham com vontade de conversar, falar do tempo ou perguntar se hoje não está mais um (são tantos) dia de sol. Atirem-me rosas por, apesar de as modas colarem como lapas, haver coisas muito mais bonitas, roupa, casas, praias, vegetação e sentido de humor apurado.
Quando se emigra, a relação com o país de origem é igual à relação com o país acolhedor. Amor-ódio. Não há como contornar isto. Ganham-se mais hábitos, ou melhor dizendo, outros hábitos. Quando me fui embora de Portugal levava hábitos que foram (tiveram de ser) limados. Quando regresso, esses mesmos que foram limados têm de ser reajustados. Uns custam mais do que outros. Mas esta vida ambivalente, entre duas culturas tão diferentes, que se completam em mim, é algo que considero precioso. Vivo em osmose. O meu coração é português, mas com uma grande simpatia por tudo o que é alemão. Ou quase tudo. Porque foi o país que me acolheu, onde sempre fui bem tratada e onde sou feliz, podendo viver em segurança. E vamos lá a destruir esse mito de que os alemães não são um povo simpático. Não é justo e não é verdade. Sou casada com um e estou disposta e enviá-lo para testes.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

a causar micoses

- as quantidades que os portugueses compram, os shoppings cheios
- o preço escandaloso dos livros, que no país das salsichas custam METADE
- a cara-de-pau das empregadas das lojas, que apesar da confusão, não conseguem manter um sorriso ou qualquer sinal de simpatia - já não estou habituada a isto, a este ar de favor entediante
- a quantidade de miudagem com portáteis e telemóveis novos, nos cafés, no comboio... perco a conta.
- o estilo repetido e mais que visto em todas as miúdas entre os 12 e os 25, tão iguais umas às outras, sem qualquer marca de estilo próprio
- as pandoras e as bimbys (nomes que já dizem tudo)
- os bens de higiene que custam o triplo em relação ao país das salsichas, onde eu pago 45 cêntimos por um tubo de pasta dentagard.

Na Alemanha, uma pequena parte da população recebe 13º mês, como ele é conhecido aqui. A maioria recebe uma percentagem de um ordenado, que no meu caso, corresponde a 25%, subindo com o passar dos anos, mas nunca atingindo mais de 55% do meu salário médio.
Sim, os salários são mais elevados na Alemanha, mas eu pergunto-me mesmo se esta euforia toda se deve ao décimo terceiro ou se anda tudo simplesmente doido. É mesmo preciso atropelarem-me numa loja de roupa interior só para agarrar aquelas cuecas com desconto de 70%???

seita da inditex

A Massimo Dutti prima por ter roupa mais bonita e com qualidade superior à Zara, mas como o preço também é superior, normalmente, só lá entro em época de saldos. Ou entrava, porque cheira-me que tão cedo não volto lá. As empregadas são extremamente antipáticas e criou-se um secretismo em torno das promoções, que confesso me deixar num estado de fúria muito perto de ser mal-educada. Então, mandam sms aos clientes - sms que eu não recebi, mas de cuja existência vim a saber - a avisar que os artigos estão com descontos entre 30% a 40%. Na loja, não se vê nada que dê para desconfiar de saldos, é como se fosse este segredo ridículo entre a loja e os clientes mais fiéis. Devem comunicar com os olhos. Algumas etiquetas têm bolinha feita a marcador, que mais tarde, depois de eu ter perguntado bem alto e claramente ao anormal do empregado, confirmei ser O SINAL de que estas peças não têm desconto. Todas as outras peças SIM. Isto está tudo codificado, é um mundo especial, que não está aberto a todos, com regras e uma simbologia própria de quem pertence a esta seleccionada mailing/sms list. Sim, que isto de grandes saldos com tudo a 70%, ainda para mais antes do Natal, não é para todo o povão como eu. A Massimo Dutti não é Pai-Natal. É sim uma loja com empregadas parvas e antipáticas, que trabalham devagar e ficam chateadas por ter de dobrar mais camisolas nesta quadra, quando durante o resto do ano não dobram mais de 5 camisas o dia inteiro. É que a loja está sempre demasiado arranjadinha com elas tão snobs e com um ar tão aborrecido, que pouca gente se atreve a desdobrar roupa para não lhes causar essa maçada. Ou uma apoplexia. Ficam com cara de quem acabou de apanhar um mau cheiro.
Eficiência essa, não existe. Para quê uma pessoa extra só para fazer embrulhos, quando a senhora que recebe os pagamentos é tao multi-tasking? Além disso, aquela caixa deprimente não encaixa sequer na categoria embrulho, pois não implica cortar papel nem fita-cola... Não, uma fila de 20 pessoas, com uma senhora armada em tia na caixa - chic porque a roupa que dobra é massimo dutti e não da H&M - que trabalha devagar e com uma tromba quase tão grande como a fila, é lá razão para reclamar?
Mas porque eu não queria ser injusta com as generalizações, fui hoje a uma loja noutro ponto do país, com outras pessoas, só para ver se a onda so secretismo e da antipatia era a mesma. Só para chatear!
Agarrei numa camisola que até queria comprar e perguntei à empregada da loja de quanto era o desconto naquela peça. Ela ainda se deu ao trabalho de retirar do bolso uma folha dobrada em quatro e confirmou-me que o desconto era de 40%. Ainda pensei em pedir para ela me tirar uma fotocópia da folha, mas ela logo me informou que os preços só se podem dar a conhecer na caixa. (?) Então, o momento da decisão da compra é só depois de ter esperado meia hora na fila. Ah, ok.
Portanto, agora que aprendi, digo-vos amigos e amigas. Quando forem pagar, digam na caixa bem alto e com os olhos esbugalhados SIM RECEBI A SMS, pois só assim vos farão o merecido e bem escondido desconto. Doutra forma, pagam o preço normal. Porque esta generosidade não é para todos.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

avestruz sem glamour

O boneco animal com quem eu cresci foi o Espinete do Barrio Sesamo, o ouriço gigante e fofinho.
Ora, se o Espinete nunca teve direito a roupa, quem foi o palhaço que se lembrou de este ano por calças de ganga à Leopoldina????
Acho mal.
Qualquer dia aparece vestida de enfermeira, ou de estudante malandra.

o coelhinho vem com o pai natal e o palhaço no comboio ao circo

Estou sentada no sofá com a televisão ligada, com o computador no colo e uma manta sobre as pernas. Nao tenho planos sobre o que vou fazer daqui a uma ou duas horas. Provavelmente não vou fazer nada. E isso é o melhor de tudo. Não ter de planear. Quase que já nem sei o que isso é.
Já estiquei três vezes o braço à minha direita, para arrancar mais uma fantasia de Natal da árvore, que eu mesma coloquei ontem, enquanto pensava que se quisesse comer fantasias, as ia buscar directamente à caixa e não tirar da árvore. Mas dá tanto jeito. Experimentem abrir uma caixa de fantasias imperial - as melhores do mundo - e inalar o cheirinho maravilhoso do chocolate de qualidade.


Comparem:


A única coisa que falha neste quadro de perfeição de férias no lar, é o facto de o Meo nao disponilibilzar os canais de eleição que eu tenho na Alemanha através da Tvcabo. Isso é que é pena. Agora é que eu queria papar a série Alias do princípio ao fim, sem perder pitada.
Fora disso, acho que vou ter uma overdose de queijo, pão, dióspiros, bolas de berlim, rabanadas e todas aquelas coisas pelas quais o meu estômago tanto chora.

não é depilação

Tinham-me contado que para fazer os cachecóis com o pêlo das chinchilas, estas não eram mortas, mas sim depiladas. Pois não são. Andava eu aliviada, com a minha chinchila ao pescoço, a querer convencer-me de que os animais não sofriam, para agora a mesma fonte me revelar que afinal de enganou e sim, as chinchilas são mesmo mortas à paulada.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

À porta do café

Hoje encontrei a minha professora da escola primária, que sabe sempre o meu nome e me dá um grande abraço sempre que me vê. Pensei que talvez desta vez lhe devesse dar o endereço do meu blog, a pensar em como ela contribuiu para o meu gosto de escrever. Vá Minhoca, tão linda a tua composição. Levanta-te e vai lá à frente ler para os teus colegas, por favor. E lá ia eu, subia as meias até ao joelho, compunha o meu totó do cabelo, respirava fundo e começava... A estação mais bonita do ano é a Primavera. Eu gosto da Primavera porque há os passarinhos. E as flores. E os frutos. E as andorinhas, que são passarinhos, como eu escrevi atrás...
A minha professora, desta vez, deu-me um daqueles abraços apertados, como se eu tivesse vindo da guerra ou tivesse passado os últimos anos exilada. Quando eu já a tinha soltado, ela ainda continuava colada a mim. Tão querida. Disse que gostou de me ver e perguntou-me se eu continuo tão boa menina como costumava ser.
Sabe bem estar de volta. Só para ser abraçada pela minha professora primária, à porta do café.

domingo, dezembro 14, 2008

gata borralheira

Hoje acordei as dez da manha com a intencao de limpar a casa (nao se riam de mim, por favor) de uma ponta à outra, pois vou ficar tres semanas fora, a partir de quarta-feira. Além disso, parece que o Bola quer fazer cá uma festarola em casa na passagem de ano, na minha ausencia, e achei que como vao cá dormir algumas pessoas em casa, convinha tudo estar mais ou menos com bom aspecto. Depois, quando já estava a meio das limpezas, a esfregar o chao naqueles sítios onde nem sempre o aspirador chega, lembrei-me que talvez pela razao referida, o ideal fosse mesmo usar essa razao para nao limpar nada. Bom, mas continuei. Só parei quando já no final, reparei que estava a limpar as janelas ainda em pijama, ou seja, em modos pouco apropriados, uma vez que as janelas dao para uma praceta interior, onde passa gente e onde as criancas andam de escorrega. Já estava a imaginar uma vizinha minha que está sempre à janela, e que me irritou um dia por eu estar a tentar apanhar o sinal para a antena parabólica, a afirmar numa reuniao de condomínio, que eu limpo as janelas sem qualquer sentido de decoro, com uma t-shirt semi-transparente que nao deixa adivinhar presenca de soutien. Que por minha causa, as criancas que andam de escorrega, ficaram com medo de andar de baloico.
Eu devia seguir as sugestoes da Triumph e limpar a casa como a Claudia Vieira aparece agora nos anúncios das paragens de autocarro. Só para o caso de haver paparazzis por aí.

sábado, dezembro 13, 2008

madrugando com a amazon

A quatro dias quase da partida para Portugal, onde para alem do Natal, vou passar tambem o fim de Ano e a primeira semana de Janeiro, o Bola decide combinar coisas com amigos. Sim, porque como ja nao está desempregado, agora já quer socializar. Hoje, quando eu ainda tenho tanto para fazer, para limpar, para organizar. Nao há nada que me deixe mais furiosa do que ansiar pelo fim da semana, e já é quase sexta-feira e vou fazer o que me apetecer e la la la, até que ele me diz que já combinou isto e aquilo com nao sei quem. Esta é uma daquelas coisas da vida a dois, porque se eu lhe disser para ir sozinho, ele diz que nao dá. Entretanto, como eu sou uma Minhoca que sabe perdoar (?) e como ele me preparou hoje uma tigela de müsli com fruta cortada por ele, achei que ele já merecia de novo o meu sorriso.
A minha mala está no quarto aberta lá num canto, e já quase cheia, sendo que ainda nao meti la nada de uso pessoal. Nem calcado, nem roupa, nem a minha almofada que vai comigo para todo o lado. E eu hoje ainda queria ir comprar coisas que me faltavam, mas as leis da física sao de facto incontornáveis. Nao adianta eu espremer ali e tentar meter pares de meias dentro das botas. O espaco nao perdoa. E desta vez vou com duas malas, pois encontrei uma mala de mao que tem as medidas máximas do tipo de carga permitida como bagagem de mao. A TAP que me espere. É uma mala versátil, que tem no bolso da frente, um compartimento de plástico transparente, onde, quando a comprei, estava uma bandeira alema grande em cartao. O Bola reagiu alergicamente ao facto de eu querer comprar uma mala com a bandeira alema. Bola, tens de te libertar da vossa história negra, dizia eu. Quase que me pedia para assinar os papéis do divorcio. Até que descobriu que debaixo desse cartao com a bandeira alema, vinham mais umas bandeiras mais amigáveis, como a da Suécia, Espanha, Grécia e Jamaica. Portanto, se para a semana me apetecer ser espanhola, hostia, vou ser mesmo!
E se me apetecer, da próxima vez, mandar um par de estalos no palhaco do carteiro que vem com um pacote da Amazon às 8:14 dum sábado, sim, tambem vou mandar. Só porque a amazon promete entregas em 20 horas. Ok, já acredito.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

rir

Sim, nao leio muitos blogs, mas quando o faco dou preferencia aos blogs que me facam rir. Sou assim, nao sei. Por isso, agora gosto de ler este.

o teu serao é melhor que o meu

Eu gosto muito da voz do James Morrison, a sério que gosto. Por isso é que vou fingir que nao fui googlar a fotografia dele e que nao sei que ele nao é giro. Pronto. Assim. Autista.
Hoje fui vítima de mais um ataque de hipocondríase, no qual desta vez senti a cabeca dormente e fiquei calmamente com a cabeca no colo do Bola, para o caso de ter um AVC, morrer ali mesmo, no sítio mais bonito possível de imaginar. Entretanto, nao tive o AVC, mas o Bola parecia estar perto disso, pois o FC Bayern estava a jogar contra Lyon e ele tinha convulsoes sentado no sofá, de pulsos cerrados e dentes sobre o lábio inferior, convulsoes essa que faziam a minha cabeca saltar do seu colo e quase dar uma marrada na garrafa de cerveja imediatamente em cima da mesa. Achei que era uma forma triste e em sinal de pouco respeito àqueles que poderiam ser os últimos minutos da minha vida, portanto levantei-me para ir comer um pudium de semolina e seguidamente limpar a casa-de-banho.
Ha seroes fantásticos, nao há?

Vamos lá a criar um bocadinho de ambiente desta quadra tao bela, que isto de ser sempre eu sozinha no carro a cantar nao é a mesma coisa se nao for partilhado. E saia um grande beijo para o Chris Rea, que no vídeo está muy sexy. Sim, porque um homem com a idade do meu Pai pode ser sim sexy, porque nao?

domingo, dezembro 07, 2008

razao número dezassete

Depois de passar o fim-de-semana a passear-me pelas ruas de Heidelberg com as minhas 4 ou 5 chinchilas em torno do pescoco, sem ninguem ter desatado a atirar-me tomates ou ovos podres em gritos alarmantes com ameacas de telefonemas para a PETA, posso-me considerar feliz.
Andar nas ruas do comércio nesta altura do ano é um desespero. Eu gosto dos mercados de Natal, aliás, se me perguntarem, esse era um dos tópicos da minha lista de 2004 'razoes para ir morar para o país das salsichas'. Era a razao nr. 17. Ou seja, alguns números acima do Bola. Há lá coisa mais romantica, do que estar a enregelar na rua à merce dos dois ou tres graus negativos, sobrevivendo apenas por, colada às minhas maos, estar uma caneca com o chamado vinho quente, que no meu caso é mais ponche para criancas. Porque, amigos, nunca apanhem uma bebedeira com Glühwein, porque se o fizeram, ficam como eu, a detestar para sempre o dito cujo. Ainda que perante a sempre presente e doce recordacao de assim há nao tantos anos atrás, pouco antes de me abracar à sanita para me despedir do vinho, o Bola me ter dado aquele que viria a ser o nosso primeiro beijo (deve ter sido o unico, pois já nao me lembra).
Adiante...o Kinderpunsch ainda me arrasta para o mercado, se houver a promessa de que me vai cair um crepe de nutella nas maos. Assim por acaso e sem estar a contar. Olha, ali vai a minhoca a passear e... pumba! Lá cai um crepe nas maos dela, assim sem saber bem de onde. Nem de quem. Nem porque. Assim mesmo é que eu gosto. E ponham aí uns moranguinhos, seus sovinas, que sabem maravilhosamente, lá vindos das estufas nao sei de onde, carregadinhos de químicos.
Quem nunca visitou um mercado de Natal alemao, devia ter vergonha e sair já deste blog. Depois de quatro anos a repetir sempre a mesma ladaínha, já nao se admite que ainda nao tenham cá vindo espreitar. Se nao querem vir pelos crepes, venham pelas salsichas. Ou pelo carrossel. Ou pelo engate. Ou pelas bombocas. Ou... ou....

sexta-feira, dezembro 05, 2008

chinchila

Amigos, eu nao sou vegetariana. Como pouca carne, é um facto. Mas nos dias em que há assado na cantina, tambem nao lhe viro as costas. Ora, a minha sogra ofereceu-me hoje a minha prenda de Natal, que é algo que eu nunca me teria atrevido a comprar. É um cachecol, que é basicamente a pele de um animal chamado chinchilla. É a coisa mais fofa e mais suave em que os meus dedos de minhoca já tocaram nesta vida. Ter a chinchila enrolada no pescoco é um sonho, o problema foi quando eu decidi pesquisar como é uma chinchilla. E sao uns animais tao fofinhos e queridos, que eu nao consigo aceitar que alguem matou um, ou melhor dizendo, uns tres ou quatro, para eu hoje poder ter esta coisa maravilhosa no meu pescoco.
Diz a Wikipedia que a pelagem da chinchila é cerca de 30 vezes mais suave que o cabelo humano e muito densa, com 20,000 pêlos por centímetro quadrado. Diz tambem que as chinchilas são muito sociáveis e por isso não devem ter uma vida solitária.

Nao sei o que sentir. Chinchilla, perdoa-me. Mas o Inverno aqui é taoooo frio....

domingo, novembro 30, 2008

por cima do meu cadáver

Hoje de manha, o Bola cortava a sua pera aos quadradinhos para a sua taca de muesli, enquanto eu, porque tinha sonhado que já era natal, fritava duas rabanadas para o meu dia comecar em cheio. Estávamos os dois tao bem, silenciosos, cada um a preparar a sua comida. O silencio nao precisava de ser quebrado.
B. - Sabes, cada vez mais cresce em mim a ideia de ter uma playstation!
M. - Bolinha... acho fantástico que crescam coisas em ti. Mas que sejam as acertadas. Eu nao vou querer uma playstation NUNCA.

Bola nao disse mais nada. Entretanto, foi para a internet fazer umas pesquisas, para depois me comunicar que daqui a duas semanas vamos fazer ski. Ele sabe que eu nao sei fazer ski. E frases como entao fazes snowboard, nao sao propriamente encorajadoras. Mas nao quero ser a eterna desmacha-prazeres. Logo agora que ele arranjou emprego e anda tao feliz.

sábado, novembro 29, 2008

diálogos no tema prendas

- Bola, pensa bem, antes de ofereceres uma gravata ao teu Pai este Natal, mais uma vez. O teu Pai vai-se reformar já no ano que vem.
- Mas mesmo depois de reformado, eu acredito que ele continue a usar gravata...
- Sim, mas um pouco de criatividade nao te fazia mal nenhum. Por essa lógica, eu tambem podia oferecer lactacyd às minhas irmas de prenda...
- E nao vais?
- VOU!!

mais perto do urinol

Os meus alunos de ingles deste semestre estavam com a mania que eram espertinhos. As primeiras aulas foram faceis e até eu própria reconheco, pois eu nao via qualquer dificuldade da parte deles. Ontem fiz o habitual jogo dos papelinhos, que consiste em cada um retirar um papelinho, no qual está uma palavra que eles teem de descrever em ingles, sem usar determinados termos, também indicados no papel. Ontem foi só vocabulário relacionado com comida e cozinha e claro que se espalharam ao comprido, o que foi maravilhoso, pois é o meu jogo favorito, que me ocupou mais de metade da aula. Ai nao sabem como se diz talheres?? Mas assim, nao sei o que é que estao a fazer neste nível...
Antes da aula, ainda tive o prazer de encontrar um dos meus alunos a caminho do urinol, pois como na escola onde eu dou aulas nao há WC para meninas, tenho sempre de tomar de assalto os WCs masculinos, saindo sempre sorrateiramente para nao ser apanhada. Ontem, como se ja nao bastasse, o autoclismo nao ter funcionado e ter deixado clandestinamente a minha urina para o próximo, ainda me chapei com um dos meus alunos, um desses que cora quando lhe pergunto quais sao os seus hobbies, que ficou um pouco surpreso por ali me ver. A cara dele é a mesma que eu fazia naquela parte da rua sésamo, em que aparece um jogo difícil, no qual se deve eliminar o que ali nao pertence, uma banana, uma pera, uma laranja e um prego. O prego está pra fruta, como eu para o urinol.

domingo, novembro 23, 2008

french

Hoje a manha soube-me maravilhosamente a Natal. Fui tomar o pequeno-almoco fora de casa, já que há 176 cafezinhos ainda na lista de espera, no meu breakfast round que pretendo fazer aos domingos. O Bola pediu uma french toast e eu aproveitei para lhe explicar que essa french toast sao as rabanadas que se comem em Portugal por altura do Natal. E aproveitei para lhe dizer que se ele já tinha comido ovos mexidos, talvez nao fosse má ideia passar metade da toast para mim, por causa do colesterol e tal.
De tarde, decidi que este ano é que ia ser, tambem eu iria embarcar na onda de fazer biscoitos de Natal. Se moro cá, em certas coisas, tenho de me deixar aculturar. Qualquer dia, até vou para Portugal no Verao de sandália e meia, porque nao?
Depois da primeira fornada e de a massa amanteigada se ter colado ao rolo da massa que nem lapas, eu concluo que realmente biscoitos de Natal é bom, mas come-los e nao faze-los. O Bola ainda quis dar o seu contributo e apareceu na cozinha para me mostrar como se formam os Vanillekipferl, que na altura me fez lembrar o pénis dum recém-nascido. Corri-o para fora da cozinha, pois ele estava a estragar a minha boa vibracao, que normalmente obtenho atraves da preparacao de coisas doces que envolvam forno.
Decidimos ver o DVD dum documentário maravilhoso que fui ver há uns meses ao cinema, que por alguma razao muito estranha, nao foi editado em Portugal. LOVE EARTH. Narrado pelo Sean Connery.

sábado, novembro 22, 2008

(sem título)

Ontem o final da tarde foi todo decidido por mim, razao pela qual foi maravilhoso. Primeiro, porque o Bola se calou e nao implicou com nenhuma das minhas sugestoes. Fomos dar um passeio pelo centro da cidade, enquanto os floquinhos de neve caíam sobre as nossas cabecas. Sentámo-nos num café escolhido por mim, ou melhor dizendo, uma casa de chá, porque aqui cafés no sentido de café, nao há. Bebemos um chocolate quente, daqueles com natas por cima e comemos biscoitos de Natal. Depois fomos ver montras e comprar desentupidor para a banheira (esta é a parte que eu nao sugeri, é óbvio que nao combina com o meu plano de uma tarde maravilhosa). Rematámos com a passagem pelo clube de vídeo, onde alugámos um DVD e depois fomos comer uma pizza. Com a crise, na empresa, ninguem pode fazer horas extraordinárias (sao por lei, pagas), ou seja, toda a gente tem de se por a andar depois de sete horas de servico cumprido. Há desvantagens, mas sair cedo às sextas é uma notória vantagem.

Hoje acordei com demasiada luz a entrar pela casa adentro, facto esse explicado pela quantidade enorme de neve lá fora. O sol brilha na neve e a luz reflecte-se pela casa adentro como se a Nossa Senhora de Fátima tivesse acabado de pousar na azinheira lá fora. Eu detesto neve. Estava tao bom até ontem... comeca o pesadelo dos espalhancos no passeio.

o dilema dos presentes

Acho que já tenho um stock de chocolates tao grande cá em casa, para levar para Portugal no Natal, que comeco a desconfiar que posso ficar presa no aeroporto por suspeita de tráfico. Assim sendo, decidi comprar uns pacotes de gomas para disfarcar. Assim os contents da minha mala rondarao os 70% de chocolate misturado com gomas. eheheheh
Aproveito este post para dizer ao meu irmao, que este ano ele está autorizado a ser ele a dar a prenda preta à nossa Avó. Todos os anos, eu e os meus irmaos trocamos em média cerca de 7 emails e 4 sms em torno da questao o que oferecer à nossa Avó, a quem nao podemos oferecer nada com outras cores, devido ao luto. Portanto, o espectro de possíveis prendas é extremamente limitado. O problema é que o meu irmao antecipa-se e pimba, quando damos por ele, já tem uma manta, pantufas, avental ou meias pretas. E como nao é bonito oferecer tudo com a mesma cor, eu e as minhas irmas ficamos um bocado perdidas. Este ano, eu ja tenho algo que nao é preto, Irmao. E as manas podem-se colar a mim. Pronto, podes sair em busca da prenda da Avó, sem telefonar, mandar mails ou sms. Isto é uma amostra do quao querido eu consigo ser.

terça-feira, novembro 18, 2008

Eu quero é amendoim

Tenho em casa uma caixa de paçoca que está a chegar ao fim. Eu no início, nao gostava, confesso. Os meus colegas traziam do Brasil, punham lá no escritório em sítios estratégicos e eu nem olhava para lá, porque nao achava nada de especial, afinal, amendoim e acúcar...enfim! Mas houve um dia em que o meu corpo pedia desesperadamente por aúcar, deviam ser umas tres da tarde que é a hora a que me dá a fraqueza, e comi tres ou quatro paçoquinhas seguidas para acalmar o desespero. E foi nesse dia que o meu corpo, assim que como que em sinal de gratidao, passou a pedir pacoca. Há fases em que há bastante, pois há muita gente a vir do Brasil, mas agora é uma dessas fases em que ninguem mais trouxe e eu comeco a ficar preocupada.
Tao preocupada que ja nao vou pedir mais livros de quadrinhos nem havaianas. Eu quero é amendoim.

Minhoca de castigo

Tercas-feiras é um dia pesado, man... a partir das quatro da tarde, comeco a olhar para o relogio, a tentar coordenar o trabalho que comeco e posso nao acabar, que me pode deixar pendurada e impedida de sair rumo à escola onde dou ingles. Hoje cheguei mesmo em cima da hora, o que é algo que os meus alunos nao devem compreender, pois por cá os alunos teem a mania de se sentar na sala de aula meia hora antes de a aula comecar. Hoje o tema da aula foram estereótipos, infelizmente o tempo nao foi suficiente para abordarmos melhor os estereótipos dos alemaes, coisa pela qual mal posso esperar na próxima semana. Será que eles sabem das meias brancas e das sandalias? E do mau gosto na moda? Só de imaginar as caras deles de tacho quando eu perguntar se eles sabem se sao conhecidos pelo mau gosto na roupa, sou inundada de uma ansiedade enorme!!
Entretanto cheguei a casa e encontrei o Bola enterrado no sofá a ver um documentário sobre o Pólo Norte. Ah pois, e depois ainda há quem pense que a minha vida é fácil. Saio da casa às oito e chego às oito, nao era justo e maravilhoso eu me poder enrolar na minha manta e ficar a ver toda a trash tv que me apetecesse? Mas hoje isso nao vai acontecer, nao só por causa do Pólo Norte, mas também porque o Bola ainda está chateado comigo por causa de hoje de manha. Eu estava a escovar os dentes na casa-de-banho e ele tinha acabado de tomar banho e estava ainda dentro da banheira, com a cortina fechada, a fazer algo muito tipicamente homem que é sacudir a água do corpo antes de agarrar na toalha. Eu, sempe pronta para a brincadeira apesar das horas matutinas, ao ver o corpo dele a mexer-se movimentando freneticamente a cortina, aproximei-me devagar da cortina, com as maos abertas e de repente, agarro-o por fora da cortina sem ele estar a contar e ele desata aos gritos. Gritos de menina, diriam uns. Quase que escorregou e ficou paralítico, realmente, eu nao penso nas minhas brincadeiras, que malandra que sou. A forma histérica como ele se assustou nao me permitia parar de rir, com a boca toda cheia da espuma da pasta dos dentes. Depois de lhe dizer que dá Deus nozes a quem nao tem dentes, ou seja, dá-me Deus a um gajo que nao aprecia o meu humor, despediu-se de mim de forma azeda, a dizer que nao sabia onde estava a graca. Eu sabia. Estava comigo. Só e apenas. E como o Bola tem memória de elefante, hoje quando me viu entrar em casa, disse-me um frio olá e fez aquele ar que traduzindo significa tentaste assassinar-me na banheira, agora nao ves televisao. Olhem que a minha vida nao é fácil. Já agora alguem que diga ao Bola por favor para nao ocupar a casa de banho de manha, quando eu tenho de sair para ir trabalhar e ele fica refastelado no computador. Alguem, please?

segunda-feira, novembro 17, 2008

daniel craig ou jamie oliver?

Fui ver o novo James Bond, pois nao ha temperaturas lá fora que me impecam de sair de casa para ver e ouvir o Daniel Craig num ecran tao grande como a atraccao que tenho por ele. Confesso que estava à espera de mais. Gostei bem mais do Casino Royale, apesar de o Quantum of Solace ser um bom filme de accao, assim mesmo à gajo, praticamente sem romance. A bondgirl Eva Green teve muito mais pedigree do que a Olga, sinceramente... esta Olga além de um bronze falso, acha que tem de ter o ar de durona que na realidade pertence ao gajo, e nao a ela. Nao gostei.
Para quem quer um bom filme de accao e uma visao do sixpack do Daniel, vale a pena ir ao cinema e pagar os, quanto é que é mesmo por aí.... sete euros e meio? Ah, e o sotaque maravilhosamente british, que lhe vale logo metade do charme.
Para quem nao queira abrir os cordoes à bolsa e sofra de claustrofobia, entao sentem-se no conforto do vosso lar e assistam ao programa do Jamie Oliver. Eu cada vez que o programa comeca, nao consigo tirar os olhos do ecran, nem o sorriso da cara. E parece que nao sou só eu. Neste caso, nada tem a ver com sixpack ou atraccao fatal, mas sim o grande talento que ele tem, só a capacidade de chamar nabos e couves de beautiful é simplesmente contagiante. Depois de assistir ao programa dele, dá-me vontade de ir para a cozinha abracar os legumes e chamá-los marvellous. Pessoas como o Jamie sao felizes, pois nota-se que conseguiram encontrar o rumo para o qual estavam destinados e neste caso, ele encontrou-o na cozinha.

domingo, novembro 16, 2008

brunch girl

Finalmente, depois de tanto tempo a pedir ao Bola que viesse brunchar comigo, eis que ele aceitou, por isso entenda-se, eu reservei uma mesa num café daqueles fofinhos, onde só vao estudantes, avisei uns amigos para aparecerem e ele disse que sim, tá bem, vinha comigo.
Eu sou uma absoluta brunch girl, a ideia de me sentar a um sábado ou domingo de manha a tomar um pequeno-almoco fora de casa é algo que me cativa, com ou sem companhia. Porque se nao houver companhia viva que me acompanhe enquanto barro o meu croissant com doce de mroango, pelo menos o jornal nunca me falha.
E há lá forma melhor de comecar o dia do que com um pequeno-almoco feito por algum que nao nós mesmos e com boa companhia? Quero lé saber do jantar ou do almoco. A minha onda sao pequenos-almocos e lanches. Entao, se for em Portugal é que me perco e quando dou por mim estou sentada numa mesa com uma fatia de bolo de bolacha, um traco de bola, uma torrada e um bolo de arroz, tudo só para mim e com dentadas intercaladas de tudo um pouco. E ai de quem ouse tocar na minha comida.

quinta-feira, novembro 13, 2008

dias que passam devagar

Ter um marido sem emprego deve ser semelhante a ter um filho adolescente. Haverá manuais para o meu caso? Estas mudancas repentinas de humor sao algo a que eu me pretendia sujeitar eventualmente, mas daqui a bastantes anos. E sempre ciente, que no caso de o meu filho adolescente se tornar insuportável, dá-lo para adopcao ou mandá-lo para um colégio interno na Suíca. Ora, o Bola nao simpatiza muito com a Suíca é sempre uma opcao. E sempre achei que essas crises, vindo do sangue do meu sangue, nao seriam tao dificeis de suportar. O Bola tem momentos de euforia em que encontra anuncios que diz nos quais encaixa maravilhosamente. Quando lhe telefonam, ainda mais eufórico fica e tenho de ser eu a puxá-lo à terra e a lembrar-lhe que um telefonema nao é nada, uma entrevista já é melhor, mas certos empregos sao demasiada areia para a camioneta dele, pois pedem vários anos de experiencia na área em que ele tem trabalhado e na qual se tem candidatado.
Entretanto, a título informativo, um litro de gasolina custa aqui 1,23 € e um litro de gasóleo 1,26 €. O mundo anda ao contrário.

sábado, novembro 08, 2008

De telhas percebo eu

Entretanto, depois do choque inicial na semana passada, o Bola acordou para a vida e o seu passatempo número um, depois de me levar ao trabalho diariamente, é enviar candidaturas e currículos, que ele selecciona todas as manhas depois do pequeno-almoco. Manda umas porque quer mesmo e outras por querer fazer festinhas ao ego. Numa dessas festinhas ao ego, ligaram-lhe para o telemóvel a perguntar se ele nao queria ir trabalhar para perto de Frankfurt... ele, a testar a sorte, atirou para o ar um número muito grande do que teria de ganhar num ano para aceitar. Nao lhe disseram logo que nao. Ficaram de falar de novo na segunda-feira.
Bola, tu queres ir para Frankfurt?!
- Nao, mas se me pagarem o que eu lhes disse, valeria a pena investir um ano para poupar algum e ganhar mais experiencia, depois disso eu posso quase concorrer para qualquer lado com muito boas chances...
- Mas Bola.. Frankfurt? Ficas mais perto dos teus irmaos, mas longe de mim?
- Nao te preocupes, agora já tens a Tvcabo, nem te vais dar conta que eu nao estou em casa!

Pois. Apesar de ser uma piada e quase poder ser um diálogo para nova publicidade da Tvcabo, é verdade que ir para um pouco mais longe quando as condicoes sao muito boas, por um ano nao é assim tao mal pensado.
E sim, amigos, a Tvcabo reina de novo no nosso lar. Ontem veio cá a casa um marmelo italiano montar a antena e, quando eu cheguei a casa, disse-me no seu alemao horroroso que já estava tudo pronto, só faltava o cartao dar sinal. Depois passei-lhe para a mao duzentos e cinquenta euros, e antes de largar as notas na mao dele, disse que caso isto amanha ainda nao funcionasse, me ia ter à porta da loja dele, armada. Armada em chata, queria eu dizer. A Tvcabo já funciona, as novelas daTvi sao horrorosas e aqueles diálogos dao-me sono, o que nao é assim tao mau. Nao consegui ouvir nada sem me perguntar a mim mesma há tres meses isto eram assim tao mau, já? O Carlos Pereira continua com aqueles tiques quando fala e a Rita Pereira é muito emocional, mas tudo o que dizem é tao piroso e previsível que sinceramente, dá vontade de nao querer ser mais esta jovem romantica que sou, que adormece com novelas.
Quando perguntei ao Bola como se sentiu por ter estado pela primeira vez sozinho com outro homem no telhado, ele nao se riu, arqueou as sobrancelhas. Nunca mais deixo o Bola sozinho no telhado com outro homem. Primeiro, porque quem deveria ter tido essa experiencia era eu e segundo, porque ele nao se movimenta no telhado com a astúcia com que o Humpty Dumpty se psseia pelo seu muro. Já de telhas, percebo eu.

nunca se é velho demais para o gibi

Será que eu algum dia vou conhecer o Maurício de Sousa? Gostava tanto!
Os meus colegas do Brasil, com quem eu contacto quase todos os dias enviaram-me um 'gibi' da turma da Monica, depois de eu ter pedido umas dez vezes. Foi uma alegria poder voltar a ler novas histórias de quadrinhos com o Chico Bento, a Magali e o Cascao.
O problema é, querido diário, eu leio uma história de cada vez que me sento na sanita por mais de dois minutos. E o gibi tem 15 historinhas de uma página. Já só restam tres.
:(

quarta-feira, novembro 05, 2008

Oba! Oba!

Confesso que gostei muito do discurso do Obama e que senti qualquer coisa inexplicável, mas boa. Ele é uma mistura de Lincoln com Martin Luter King e com mais um nao sei que de Kennedy.
É o típico gajo a pedir para ser alvejado, pá!

segunda-feira, novembro 03, 2008

pela minha família, vá lá

Pois. Assim vai ser a minha vida nos próximos meses. A tentar animar um Bola deprimido, com cara de enterro e a olhar para a janela, pensativo. Tenho de prestar atencao para o caso de ele deixar de fazer a barba ou passar as manhas na cama. Por essa razao é que hoje nao me importei que ele me fosse levar ao trabalho, mesmo tendo ficado quinze minutos plantada à espera dele e ter quase desatado aos gritos por ele ir taaaaaaoooo devagar e parar nos semáforos todos. Eu já conheco os semáforos todos, ONZE, que me desafiam a viagem todos os dias de manha. E já sei como os fintar, sei que entre tres seguidos, nao preciso de parar nunca nos tres. Isto quando sou eu a conduzir. A ouvir os hits do Lionel Richie na rádio às oito e meia da manha.
Mas a verdade é que até eu perdi a fome e hoje nem fiz cocó. Quando nao faco cocó, é porque estou tao triste que o meu intestino diz que assim nao pode ser. Também nao bebi café o dia inteiro. Estava tao fora de mim que até comi strudel de couve-de-bruxelas, portanto posso nao ter feito cocó hoje, mas com couve-de-bruxelas, quando fizer, vai ser pela semana toda.
- Bola, podias ter escorregado à porta de casa e caído duma forma que te deixasse paralítico, ou podias ter uma doenca tao grave em que nem quatro semanas de vida te davam, ou podias ficar de rastos por eu te dizer que ja nao gostava de ti e que ia fugir com o Sven da oficina das biciletas...ou com a Janine da padaria. (qual preferias?) Bola, há tantas coisas bem mais horríveis do que perder um emprego de que nao se gosta!
Tento pensar em coisas assim horríveis, mas ele já nao está a achar muita piada. Diz que precisa de tempo para se habituar à ideia.
- Bola, no meio dessa melancolia vai mandando algumas candidaturas. Pela minha Mae e pelos meus irmaos, vá lá...eles imploram!
- A tua Mae, os teus irmaos...?
- Sim, Bola, é que agora que foste despedido eles vao ter de fechar o meu Pai à chave na casa-de-banho, pois ele já tem mais uma razao para passar o dia em torno dos males do mundo, do capitalismo, da crise, e qualquer dia compra uma casa de colmo em Cuba e tenta arrastar toda a gente para perto do Fidel.
Tudo vale para o fazer rir. Ele merece.
Quanto mais nao seja por todas as outras vezes em que tambem se esforca para me fazer chorar.

domingo, novembro 02, 2008

Temos de falar

É uma daquelas frases. Sexta-feira, tinha dois mails na minha caixa de correio do Bola e duas chamadas nao atendidas. Como até hoje, a única vez que em que ele disse temos de falar, foi quando ele me disse que tínhamos de nos livrar dos gatinhos que eu havia recolhido numa quinta e levado para casa, eu vi logo que o assunto se anunciava sério.
- Fui despedido - diz-me quando lhe ligo de imediato.
Depois do porque, como, quando, quem, lá me acalmei. No início, tambem algo me parecia nao estar a encaixar bem. A empresa onde ele está nao estava com dificuldades financeiras, estao contentes com o trabalho dele, etc. Se há alguem com vontade se de despedir é ele próprio, mas nao convidarem-no a sair. Nao fazia muito sentido. Mas, há coisas que realmente podem mudar com uma rapidez enorme e depois do murro no estomago, é preciso algum tempo para digerir.
- Bola, nao fiques triste. Estás longe de casa, já nao gostas do teu trabalho há imenso tempo e ainda te dao uma indemnizacao para saíres. Nao é assim tao mau, vais ver... além disso, ficas com tempo para pensares na tua vida, leres, ires ao ginasio e ao cinema e fazer o que todos os desempregados neste país em determinada altura do desemprego fazem: encostar-se à sombra da bananeira que é o estado alemao.
De modo que o meu fim-de-semana tem sido a procurar anuncios de emprego às escondidas e a tentar provar por A+B que há males que veem por bem e ser despedido nesta altura pode nao ser razao para rejubilar de alegria, mas há mudancas que comecam mal mas acabam bem.

quarta-feira, outubro 29, 2008

férias forçadas

Quem é que disse que comprar voos com muita antecedencia compensava? No meu caso, parece-me que nao. Comprei um bilhete para ir secretamente passar o Natal a Portugal. 139 € custou a passagem, como dizem as minhas colegas brasileiras. Ora, esta semana, devido à crise e aos vários feriados - 24, 25, 26, 31, 1, 6 - , a empresa onde eu trabalho decidiu fechar tres semanas durante os feriados da época natalícia/fim de ano. E eis que me vejo obrigada a tirar férias, ou melhor, a usar as minhas horas extra, que devem ser cerca de setenta. O problema é que a minha tarifa é tao especial, tao especial, entenda-se tao tao barata, que a ida a 17 de Dezembro nem posso alterar. Nao há vagas dentro da tarifa especial. Para o regresso, só há 1 lugar, com regresso num dia triste de Janeiro. UM lugar. Que eu ainda nao posso marcar, pois só amanha é que se vai decidir oficialmente se alguém é nomeado bombeiro, ou seja, ir trabalhar caso haja um fogo, entenda-se um grande pedido com um total na casa dos milhoes.
Marcar voos com antecendia nao é para mim Desisto.

domingo, outubro 26, 2008

Ensaio sobre a Cegueira, o Filme

Nao sei o que Saramago achou do filme, mas eu gostei. Achei que explora a natureza humana de uma forma violenta e que me deixou o estomago muito apertado em algumas partes, mas um filme que vale definitivamente a pena ser visto. Mostra como em situacoes de igual desvantagem, há sempre os mesmos chicos-espertos que reclamam autoridade, assim porque sim. Mostra as mulheres no papel do sexo forte. Será que o Lauro António dá as cinco estrelas?

dentes de coelho tao fofinhos

roupa suja

Entretanto, uma semana depois de a máquina de lavar ter avariado e de eu ter comecado a ter que recorrer a roupa interior que já nao usava há mais de um ano, voltei a poder lavar roupa. Quando a luzinha se acendeu, até senti uma ligeira emocao daquelas que até se fazem sentir no estomago. Testemunhas oculares mencionam a presenca de lágrimas.
A reparacao custou 150 € e o Sr. Frank que veio cá a casa compo-la, disse que valia sempre a pena mandar reparar estas máquinas, especialmente os modelos mais antigos é que lavam melhor, sabe? Estes modelos novos sao todos virados para o ambiente, a poupar água e isso tudo, mas nao lavam tao bem. A menina vai ter é de passar a usar menos detergente, que aquilo que ali estava era um horror. - assim disse o Sr. Frank e assim eu faco.
- Bola, se ficasses sem boxers, eras capaz de por umas cuequinhas minhas? Assim se tivesses a certeza que ninguem te apanhava no urinol lá no trabalho?
- ... ... .... ....
- Diz lááááááá... nao acredito que nao sintas curiosidade. Há alguns homens que volta e meia sao apanhados pelas mulheres com os sapatos de salto delas ou soutiens e tal...! Diz lá o que te causa mais curiosidade!! Pensinhos? Ou rímel?
- ... .... .. .. ... . . . .. . . . . ..
Assim vai a nossa comunicacao. Com reticencias. Muitas.

Depois vi-te no indústria

...a dancar ao som de Prince e senti-me devorado pelo teu olhar de lince.
Alguém se lembra de onde vem esta rima maravilhosa, ou seja forcadíssima? Pois, estávamos no ano de 1994 e o Verao foi todo ao som de Pedro Abrunhosa. E hoje nao sei porque passei o dia a cantarolar o Socorro, estou a apaixonar-me. Talvez por me ter apaixonado mais um pouco pela cidade onde estive este fim-de-semana. Ouvi várias vezes portugueses na rua e reconheci-os pela pinta, eles pelos freebies de bancos ou universidades portuguesas, elas pela pinta de betas e os cabelos escadeados como só se veem em Portugal. Quando fui comprar os bilhetes para o cinema, ouvi como um portugues como eu pedia os bilhetes num alemao de principiante e deu-me vontade de ter a idade dele e estar ali provavelmente no seu ano Erasmus.
Heidelberg é provavelmente a cidade mais bonita da Alemanha, muito cosmopolita e um melting pot que faz lembrar Londres. Tem ruas como que desenhadas a esquadro, com casas que me fazem lembrar as casas vitorianas, imponentes, nas quais dá vontade de entrar para constatar se a beleza continua por dentro. É uma cidade de estudantes, onde nao falta nada. Claro que há mais bicicletas do que automóveis e muitos mais bares do que restaurantes. É fácil viver-se em Heidelberg e ser-se lá feliz, presumo. Especialmente no Outono.

Eu fui lá feliz este fim-de-semana. Andei a pé com o Bola pela universidade, a relembrar quando éramos nós, a caminhar pelo chao cheio de folhas num Outono muito parecido, há sete anos atrás. Na cantina havia posters por todo o lado a anunciar a festa de boas-vindas aos Erasmus e eu confesso que nunca quis tanto que o tempo voltasse para trás.
Demos vários passeios ao longo do rio Neckar e eu sentei-me em várias esplanadas, enrolada numa manta polar enquanto observava o fluxo das massas, rua acima rua abaixo. Gosto de me concentrar no ruído da multidao e tentar diferenciar todas as diferentes línguas que se fazem ouvir.
Quem conhece a Alemanha e nunca foi a Heidelberg, é criminoso. Praga, Praga quem? Nao, vao a Heidelberg e depois conversamos. Vao voces e todos aqueles que foram e me tiraram a vaga no ano em que eu quis que fosse esse o meu destino para estudar. Humpf.

terça-feira, outubro 21, 2008

ler, jardinagem e meditacao.

Hoje vim para casa. Passei a manha na casa de banho do trabalho. Estou com uma infeccao urinária. Sempre ouvi falar de colegas, amigas, etc., que estavam em alguma fase da vida com uma infeccao urinaria. Nunca pensei muito bem no que tal seria, até ontem de manha ter sentido um ardor horroroso que quase nao me deixava arredar do tampo da sanita. Mas bebi água, afinal só pode ajudar. A partir do momento em que o que urino se assemelha a ice tea de limao, há que ir ao médico, coisa que fiz. Mas porque é que ninguém me avisou que além de fazer xixi para um copinho, também tenho de me deitar numa marquesa em cuecas porque é preciso fazer ecografia aos rins? Pois, ninguem me avisou nem me ocorreu, esta manha, enquanto vestia as minhas cuecas vermelhas Disco Fever. Vermelhas, com alcas fininhas, e disco fever em letras brilhantes (sao tao confortaveis!). O médico era uma brasa daquelas, que a gente imagina que foi para medicina porque trabalhar como modelo da Calvin Klein era aborrecido. Alto, olhoes azuis e umas maos daquelas que se nos segurassem a cabeca para nos dar um beijo à Clark Gable, fechariam a fechariam totalmente com as palmas. Quando ele entrou na salinha com a maquineta da ecografia, já eu estava deitadinha de barriga para cima, com uma toalha de papel a cobrir-me o ventre. Já tinha tido tempo para pensar no dia em que me farao uma ecografia ao útero e me informarao que o que eu carrego nao é nada que se assemelhe a um feto normal. Ou entao que vou ter trigémeos e que cesariana nao é uma opcao.
Pensei que talvez tivesse sorte e ele nao mexesse muito na forma estratégica com que eu havia tapado a disco fever. Mas nao, depois de me andar a carregar nos rins, levanta-me a toalha de papel e mete metade dela dentro das minhas cuecas para me examinar a bexiga. Acho que a minha temperatura aí subiu. E agora respirar fundo. E agora segurar a respiracao. Segui as instrucoes. No final, diz-me com um sorriso:
- A sua suspeita estava certa, vai ter de tomar antibiótico. Nao é nada de grave, relativamente normal em mulheres jovens como voce, com uma vida sexual activa.
Vida que?! Ainda estive para lhe dizer que estava redondamente enganado, que eu apesar de ter umas cuecas disco fever, detestava discotecas e que, sou casada, e com o meu marido nós é mais hobbies tipo ler, jardinagem e meditacao. E ao domingo, faco renda.
O Bola foi para o estádio Allianz em Munique ver o FC Bayern, mas nao lhe tenciono falar quando ele regressar. Entretanto, vou-me afogando em ora água, ora chá. Vou bater o record do maior numero de litros ingeridos num dia.

domingo, outubro 19, 2008

pequena crise familiar

Bom, as boas notícias sao que consegui salvar as minhas cuecas de segunda a sábado, do tambor da máquina de lavar. Gracas à internet, descobri o anelinho onde se pode apertar, mesmo ao lado do filtro e taa-raaan, como que por magia, a porta da máquina abriu e eu retirei toda a minha roupa interior, com a alegria de quem encontrou algo precioso que havia perdido. Realmente, ainda bem que assim foi, pois caso alguem que nao eu abrisse a máquina e se deparasse com a mescla que é a minha roupa interior, nao ia entender. Como pode a cueca da avó (branca e grande) , a cueca sexy de rendinha intimissimi e a cueca com a cara da estrunfina na parte do rabo pertencerem à mesma pessoa? Ah pois. Nem o Bola ia entender e ia pensar que eu tinha misturado a nossa roupa com a roupa da vizinha. Pois essa cueca da avó nem ele sabe que existe, senao acho que este casamento já estava nas maos de algum advogado, desses que sobrevivem exclusivamente à custa dos amores fracos.
Este dia foi marcado pela vitoria perante a máquina de lavar e pela novela mexicana que a família do Bola hoje me proporcionou. Foram varios telefonemas assim Bola-irma, irmao-Bola, irmao-pais do Bola, pais do Bola-Bola, etc, sendo o Bola o elemento comum ao drama. Tudo por a irma do Bola hoje nao ter aparecido para almocar com o irmao em casa dele, (ela está há pouco tempo na mesma cidade a estudar) como planeado e nem respondia aos telefonemas nem à campainha de casa. Eu assisti aos telefonemas sorridente, por estar do lado de fora e ver o grande exagero em que tudo se tornou, especialmente quando envolveu os pais dele, a ligarem para cá de Moscovo. Quando me dirigia para o micro-ondas com o saco de milho na mao, foi quando a grande crise acabou e me dei conta que ja nao havia razao para pipocas. Que pena eu nao estar perto da minha família para podermos criar estes dramas em vários segmentos telefónicos.

quero as minhas cuecas de volta

Entretanto, a máquina de lavar morreu. Já tinha morrido há tres meses a máquina da loica, agora foi a de lavar roupa. Ora, se sem a da loica até se passa bem, sem a da roupa, a coisa já muda de figura. O problema das máquinas de lavar Miele, e quem tem uma sabe do que falo, é que quando a porta fecha (electronicamente), só abre com a máquina ligada. Ou seja, tenho a máquina carregadinha de roupa suja, as minhas cuecas todas da semana passada lá dentro e eu sem a conseguir abrir. É que ter a máquina estragada já é mau, mas saber que vai ser aberta na minha ausencia por um artista, dá-me vontade de fazer o que fiz ontem quando o Bola ja tinha virado costas, dar-lhe uns pontapés em cima (na máquina) e umas sapatadas de lado, a ver se ela acorda.
O meu problema é imaginar que na Alemanha enviar alguem cá a casa para a compor me fique provavelmente mais caro do que comprar uma nova. Eu até gosto de ver estes técnicos de cá, com aquele macacao azul e entrarem-me pela casa adentro com a caixinha das ferramentas, só fico com vontade de lhes bater quando depois mandam a fatura.
Para que conste, há uma forma de abrir a porta das máquinas de lavar que funcionam como esta. É um dispositivo mecanico, dizem, lá algures do lado direito. O problema é encontrá-lo.

quando a frontalidade nao pode

Na quinta-feira, depois de ter passado horas a pensar em como me esquivar de nao ir ao encontro com a tia do Bola, ligo-lhe e explico-lhe que nao iria estar por cá. Ao que ela responde que sendo assim , talvez quiséssemos ir na sexta-feira, pois era quando comecava. Ora bem, eu nao sou contra este tipo de eventos. Simplesmente agora nao é a fase ideal para eu participar neles. A tia dele nao me estava a dar chance de eu lhe dar um fora. Liguei-lhe mais tarde e como ela nao atendeu, deixei uma mensagem de voz no atendedor de chamadas. Como mais tarde, me pareceu ter sido fácil de mais, assim como que meio à socapa, liguei ao Bola:
- Olá, como está o correr o teu dia? Bem, nao é? Entao, e se me fizesses um favor? Fazes, nao fazes, óptimo. Liga la por favor à tua tia, inventa que eu estou numa formacao, mas que nao queria deixar de lhe dizer que hoje nao posso/quero ir com ela. Por favor... prometo ir no fim-de-semana ver o Hellboy contigo ao cinema. Além de que a tia é tua.
Como eu sei que ele queria ir muito ver o Hellboy, tive de me servir disso para que ele ligasse à tia, pois com ele, ela nao ia tentar uma terceira alternativa. Chantagear ou fazer criar este tipo de condicionantes numa relacao é algo de que nao me gabo, por favor nao experimentem isto nas vossas casas. Porque por exemplo, voces pensam que ele se esqueceu do Hellboy, acham que vao passar um domingo maravilhoso em pijama a comer tacinhas de mousse de bolacha-maria no sofá, a ver os DVDs novos... até que ele diz O Hellboy é hoje às cinco. E com o hellboy, transforma-se tudo numa hellafternoon.

quarta-feira, outubro 15, 2008

casa com piscina

Estava aqui eu tao envolvida no Kenny Rogers e a rejubilar com mais um bonito tema, quando o Bola me aparece aqui ao lado, com a tia dele ao telefone que queria falar comigo. Pois, parece que vai haver um encontro só com mulheres no sábado, da igreja onde o marido dela era pastor quando eles moravam aqui. E agora, digam-me lá, o que é que eu vou fazer a um encontro com 100 mulheres, provavelmente todas housewives alemaes, ou seja, que nao trabalham e ocupam o tempo entre cursos de biscoitos de Natal e jardinagem, para abordar o tema a vida e os desejos nao preenchidos??? Enquanto a tia dele ia falando no quao maravilhosos sao estes encontros, eu dava-me pequenas estaladas e olhava para o espelho a perguntar-me a mim própria em silencio porque é que eu nao sou capaz de atirar um nao às pessoas e alinho nestas coisas que nao quero.
Os meus motivos sao simples, a minha igreja nao é a protestante, quando vejo grupos de mulheres assim organizados e sem pinta de testosterona dá-me medo, eu tenho horror a feministas. Houve uma fase em que até andava com alhos e crucifixos na carteira, caso me aparecesse alguma. Porque vampiros nao existem. Outro motivo é que eu detesto que me planeiem os fins-de-semana, gosto de os passar de forma espontanea, sem NADA planeado.
É uma questao de fases da vida. Eu ainda nao estou na fase de ir a encontros de 100 mulheres para falar dos meus desejos que ficaram por preencher. Nao me apetece. Passo a semana a trabalhar quase dez horas por dia. Porque é que eu ia querer passar o serao de sábado e aturar 100 mulheres em midlife crisis?
... e depois vai haver uma pequena palestra... e toda a gente leva um bolo....
Oico estas frases e a primeira coisa que me vem à cabeca é que nunca na vida essa palestra vai ser pequena e está-me a cheirar que já me estou a sentir empurrada para a cozinha.
Diz-me, meu Deus, és tu a testar-me? Achas que tenho falta de fé? Isto acontece-me tantas vezes, a empurrarem-me para fretes e eu sem saber como dizer um NAO daqueles enormes e com apenas um ponto final na frente, que só me resta desejar o que está no título do post. Pois há quem diga que gritar debaixo de água ajuda a eliminar frustracoes.

how the oldies save one's day

Hoje ouvi o Kenny Rogers na rádio. Sim, isso mesmo, o Kenny Rogers. E acho que isto já dá para ficarem com uma pequena ideia do que realmente faz vibrar as rádios alemas.E o meu carro. Porque quando passa pela enésima vez, o True Colours da Cindy Lauper (que ainda está nos tops alemaes desde há vinte e tres anos), eu abro o vidro e comeco aos gritos, na esperanca que alguém me salve. E entao hoje, com o Kenny Rogers, cantámos em uníssono a parte do ladyyyy youu love is the only love i need and insiiiiiiiiiide me is where i want you to beeeee.... Bem, esta música deixou-me tao histérica logo às oito da manha que eu fiquei mesmo fora de mim. Até decidi comprar o CD dele na amazon. Vejam bem o meu estado de delírio. Para quem nos quiser acompanhar, a mim e ao Ken, entao clique aí no play e puxe até mais ou menos dois minutos e trinta e cinco. Essa é a parte em que eu e o Ken entramos melhor em conjunto. Foi delirante. Eu ja nem queria ir trabalhar.


Já que estamos numa de Kenny Rogers assim de forma tao espontanea, tomem lá o meu hit que noutros tempos me fazia dancar com a vassoura. E, atencao, sei a letra de cor ainda. Fantastico.

terça-feira, outubro 14, 2008

bday

Como o Bola fazia anos, achei que ele devia escolher o programa para a tarde de hoje, após uma reaccao um pouco agressiva à minha sugestao de irmos passear ate ao Ikea. Achou escandaloso eu sugerir passar a tarde de aniversario dele no ikea, coisa que eu nao acho assim tao ridículo, afinal juntávamos o útil ao agradável: víamos os precos dos sofas, tomávamos um café à borla por conta do cartao Ikea Family e ainda comíamos uma fatia de apfelstrudel, com direito a molho de baunilha à descricao, que é como eu gosto. Um pedaco de oito centimetros de tarde inundado em meio litro de molho. A comida no País das Salsichas é toda uma #§$%&, portanto quando há algo de que eu gosto, entao como com prazer, ou seja, à alarve.
Bom, o plano ikea nao colou, acima de tudo, porqueo Bola ficou ainda mais indignado por eu usar as palavras ikea e passear na mesma frase, mas tambem porque eu trabalho a cinco minutos do maravilhoso armazem que só me tem dado dissabores, podendo la ir passear na minha hora do almoco. O Bola logo encontrou plano alternativo.
- Vamos ao cinema ver o Wall.e e depois jantar ao Meiers.
Apesar de ser perigoso ir ao cinema depois do trabalho, sem sequer uma meia hora de intervalo, concordei, afinal era o dia de aniversário dele e ultimamente, ele tem cedido a quase tudo o que eu peco. Concordou, por exemplo, para grande surpresa minha, em me ler numa de bedtime story, ou seja, eu escolho o livro e ele le para mim todas as noites um capítulo. (infelizmente, nao faz vozes, mas estou a trabalhar nesse sentido). Hoje no cinema foi perigoso, pois o Walle é muito giro, mas um pouco parado em alguns momentos, confesso que fechei os olhos naquela parte em que ele foi atras do seu amor. Mas foi por pouco tempo. Alguem me tinha dito que o Walle se despia e eu fiquei atenta.
E foi muito bonito, vimos o Walle na matiné, numa sala com mais 9 criancas e uma pessoa tetraplégica. Depois fomos jantar e viemos felizes para casa, com o Bola a dizer que os aniversários dele sao muito mais lindos desde que ele os partilha comigo. Bom, ele nao disse, mas pensou. Eu senti.

peso no coracao

Quando somos mais pequenos, nao nos interessamos muito pelas pessoas de idade, que cruelmente chamamos de velhos. Nas festas de aniversário, entao, nem nos interessa se elas lá estao. Queremos os amigos, as prendas e jogar às escondidas. No entanto, o que em tenra idade nao nos é ainda consciente, é o facto de essas pessoas de idade que nos povoam a casa em dia de festa, nos proporcionam uma infancia doce e nos preechem de uma tranquilidade e um bem-estar inexplicável, bem-estar esse que desaparece juntamente com elas, quando se vao sem nao mais voltar e nos damos conta do quao dói a sua ausencia.
Quando hoje os meus pais ligaram e deram os parabéns ao Bola, insistindo em lhe cantar os parabéns ao telefone, ainda o dueto deles nao ia a meio e eu já tinha os olhos inundados de lágrimas, por me parecer estar a ouvir a minha Tia Belmira e do meu Tio David, que em todos os aniversários me entravam pela casa adentro e cantavam afinadinhos os parabéns a voce. Noutra idade, ria-me, é que eles ficavam mesmo casticos enquanto cantavam, mais tarde já achava engracado e agora, que já cá nao os tenho e tanta falta me fazem, pergunto-me se algum dia noutra vida que nao esta, os voltarei a ouvir cantar os parabens a voce. Porque gostava mesmo muito. E cada vez que me lembro deles, pesa-me assim o coracao.

domingo, outubro 12, 2008

deixem a britney em paz

Vá, só para rir um pouco. Aqui. (nao consigo dormir, dá-me para isto)

sábado, outubro 11, 2008

kirschblueten

Pois bem, o meu trabalho não me tem proporcionado muito tempo para a vida pessoal durante a semana. Saio tarde e quando chego a casa, normalmente divido o meu tempo entre a cama, o sofá e a cozinha. Hoje passei a manhã a limpar a casa, enquanto fazendo papel de vítima ía dizendo ao Bola que se tivessemos uma empregada que só viesse uma vez por semana, talvez eu pudesse aproveitar melhor o fim-de-semana, em vez de andar de aspirador e esfregona na mão. Ora, em Portugal não é preciso ser-se rico para se ter uma empregada, ou no meu caso, mulher-a-dias (palavra que, aqui entre nós, sempre achei andar perto da prostituição). Aqui na Alemanha não se limpa por menos de dez euros à hora, quer-me parecer, e isso dá que pensar duas vezes. Portanto, parece-me que este assunto ainda tem de fermentar.
O que é facto, é que hoje assim que me livrei da esfregona, fui dar à perna, pois durante o Outono adoro andar na rua. O chão coberto de folhas, a paisagem transformada numa verdadeira aguarela do Bob Ross e as esplanadas cheias de gente enrolada nas mantas que hoje em dia todos os cafés vão colocando à disposição. Regensburg está muito perto de ser a cidade perfeita.
E por falar em perfeito, para os leitores que dominam o alemão, aqui fica a dica de um filme muito bom para ver ainda este Outono. Até o Lauro António daria cinco estrelas.

terça-feira, outubro 07, 2008

e assim foi

...quando dei por mim, estava-me a inscrever no ginásio. Eu e o Bola lá fomos no domingo para saber se hoje podíamos ir experimentar as máquinas. E hoje, lá andei a brincar nas maquinetas, agora um bocado os bracos, depois as pernas, agora andar de bicicleta e tal, que giro. Quando saí da bicicleta, tinha as pernas de tal forma dormentes que me ia espatifando no chao. Mas como uma lady que sou, recompus-me e lá fui com no meu melhor caminhar catwalk de volta para o balneário. O Michael, o meu personal trainer que me acompanhou hoje, é um gajo assim um bocado para o morcao, daqueles cuja massa cerebral nao foi pra cabeca mas sim para os biceps. Mas ficou todo contente quando se deu conta que em cinco minutos tinha fechado dois contratos de 250 € para treze meses. No início perguntava-me porque razao é que eu tinha decidido ir para o ginásio.
- Porque o meu partner quis vir e a mim nao me interessa nada que ela venha olhar para as miúdas encharcadas em suor enquanto fazem abdominais. Vai daí pensei, Minhoca, todos sabem do teu corpo de sereia, mas nao vás pela estética, vai pela saúde. E pronto, eis-me aqui.
O Michael faz o seu sorriso neutro, nao sabe mesmo se eu estou a falar a sério. Foi com esse mesmo sorriso que ele respondeu à minha pergunta posso mesmo ir para o solário nua?
Quem me conhece, sabe que eu nunca na vida entrarei num solário, mas é para andar informada.
Agora falta-me experimentar a aula de yoga e pilates. Ninguém me agarra.

sexta-feira, outubro 03, 2008

gomas para todos?

Isto de agora eu estalar a cada movimento que faço não dá muito jeito. E se eu quiser aparecer por trás do Bola, para lhe tapar os olhos e lhe dizer adivinha quem éééééé...., ao mesmo tempo que lhe esburaco os olhos como os meus dedos todos, como é? Ele vai-me ouvir chegar ainda antes de eu lhe ter tapado os olhos, de tal forma estalam os meus ossos. As minhas articulações. Ando com vontade de me atirar para o chão de propósito para ver o que acontece. Sinto-me como o Samuel L. Jackson no papel de Elijah Price no Unbreakable.

Os meus ossos estalam, os meus gases passeiam-se de forma bem sonora entre o meu peito e a minha bacia. Tornei-me numa pessoa pouco silenciosa.
Será isto um sinal para eu abusar da gelatina e das gomas?

taxi de serviço

Hoje festeja-se o dia da reunificacao alema e ainda bem que assim é. Se era para fazer deste dia um feriado, deviam ter derrubado o muro muito mais cedo. Estou sentada no lapetope, ou será mais apropriado dizer ao laptope, ja que não estou em cima dele...? Não interessa. No sofá, estão os meus sogros sentados a ver um filme. Os filhos deles foram todos para a crazy night e eu, como na verdade me sinto mentalmente mais próxima da idade deles do que da malta nova, fiquei também em casa, não deixando de oferecer porém, os meus serviços de táxi. Eu levo e vou buscar toda a gente. Eu e o Jason Mraz, que vai comigo no carro aos gritos, quanto mais não seja para dentro do meu carro poder fingir que ainda é Verão, para me esquecer dos dez graus (se tanto..) que já se fazem sentir lá fora. Para não acompanhar o grupo de oito pessoas, no qual se encontram namorados de uns e de outros e são tantos namorados, que ja nem sei quem é que é namorado de quem, tentei safar-me com o facto de eu ser preguiçosa e me deprimir quando noto que aqui nos bares, a média das idades ronda os 22 anos.
Como insistiam que os acompanhasse, invoquei tambem flatulencia e aí, como bons alemães que são, mais nada disseram. Olharem para mim constrangidos e dirigiram-se para a porta. Fizeram uma cara que parecia seres eles de repente, com a minha flatulencia, que nao me larga desde que comi aquele gratinado de couveflor há dois dias. Ontem fui buscar a namorada do meu cunhado à estação e sentia-me tão inchada que desapertei dois botões das calças não planeando mais sair do carro, facto de que só depois ter saído para dar aquele abraço alemão à minha cunhada, é que me apercebi.
São assim os alemães, não adianta tentar entender.
Ontem tive uma verdadeira sessão de culinária com a minha sogra. As coisas quer eu aprendi! Existem vários tipos de massa, nem todas as massas sao com farinha, açúcar e ovos. Alto aí. Um tipo de massa para cada necessidade. Fizemos juntas o bolo de aniversário do irmão do Bola, que faz hoje anos. Hoje tivemos uma sessão de decoração e até andámos a arrastar móveis. Mas não são os móveis o que mais despertou a minha atenção. Foram os métodos de fazer bolos da minha sogra. Nunca mais me vou esquecer daquele momento em que eu tentava desfazer os grumos da massa com a batedeira, e ela, olhando por cima dos óculos e com uma cara de quem me estaria a informar de uma doença incurável, me diz acho que não te vais livrar de amassar isso com as tuas mãos. Vai ter de ser. E foi. A minha sogra é o Dr.Oetker.

quarta-feira, outubro 01, 2008

o que me vai valendo é a xixa

Hoje comecei o meu dia a ouvir falar novamente na desgraca que está tudo em Portugal. A frase isto tá muito mau passou directamente para o primeiro lugar do top das frases mais ouvidas dos últimos seis meses. Uma pessoa vai de ferias a Portugal, quer um bocado de descontraccao e pensar no quao bonitas sao as palmeiras, no sabor de uma torrada de pao de forma comida num café, no cheiro maravilhoso da água salgada e pronto, em cada esquina lá vem um pessimista - sendo eu filha do maior deles - falar-me da actual situacao de crise. Epá, nao quero ouvir. Passem-me a seccao dos classificados do jornal ou aquela seccao onde as pessoas enviam propostas de casamento, ler a política ou a desgraca dos bancos americanos e europeus nao me apetece. Ainda na semana passada me preocupei com ja nao sei o que, e trás, lá estava no dia seguinte uma ruga na testa. Eu nao me posso dar ao luxo de me inquietar. Pela minha beleza.
E hoje foi uma das colegas dos escritorios de Portugal, com quem eu nao tenho contacto quase nenhum, pois eu trabalho com o Brasil, mas a colega achou olha, afinal há ali uma portuguesa camuflada, deixa-me lá alertá-la aqui para a situacao deste país à beira-mal plantado que também é o dela.
Portanto, venho pelo presente post declarar a taxa de um euro que cada um de voces vai passar a pagar a partir de AGORA de cada vez que me falar da crise.
A crise actual é nos meus ossos, que estalam por todo o lado e eu nem sei o que hei-de fazer. Se fosse só pele e osso, acho que um dia destes seria de esperar que eu me estatelasse no chao, assim ao caminhar numa passadeira. Ainda bem que sou fofinha.
E para terminar o assunto da crise, só me resta sugerir que procuremos a casa forte do Tio Patinhas. Porque lá que ela existe, existe. E com escadinha e prancha.

visitas recebem-se bem

Estou sozinha em casa. Ainda nao parei. Hoje chegam os meus sogros e o Bola foi esperá-los ao aeroporto. Eu fui às compras, cheguei a casa, pousei os sacos das compras e comecei aos gritos a perguntar-lhe se ele tinha aspirado a casa, como prometido. Fui directa para a cozinha preparar uma tarte para eles terem algo para comer quando chegarem, caso tenham fome, depois fui arranjar as camas onde eles vao dormir, limpei a casa-de-banho, dobrei a roupa, passei a esfregona pelo chao, arrumei o meu quarto e agora sentei-me com o meu copo de leite, em frente ao computador, onde ficarei os proximos quinze minutos. Tenho de receber bem os meus sogros, quanto mais nao seja para compensar a minha sogra pelo facto de há uns dias nas férias em Portugal, me ter desatado a rir à mesa (o Bola diz que eu até ronquei de riso) quando a minha sogra apareceu para o pequeno-almoco, queixando-se de ter dormido mal, ao que o Bola disseque ela de noite ouve tudo, inclusivamente a erva a crescer e os insectos a tossir. Pode parecer sem muita piada, mas para um gajo como o Bola, foi uma grande piada. E eu descontrolei-me. E parece que fui a única a rir assim. Ok, a rir de todo. É que eu tenho uma imaginacao extremamente grafica e a imagem de uma minhoquinha a tossir provocou-me um riso genuíno, daqueles que contribuem para aumentar a esperanca média de vida de todos aqueles que o esbocam.
Bom, agora para terminar a noite em beleza tenho duas opcoes, ou vou ali para a televisao ver um programa sobre lendeas ou vou para a cama matutar no porque de agora as minhas articulacoes todas estalarem a toda a hora e momento. Pronto, uma doenca nova. Chuif.
p.s. Tambem estou a ter uma crise de flatulencia, porque hoje almocei na cantina um gratinado de couve-flor e batata.

domingo, setembro 28, 2008

O messenger já era

Primeiro foi o Netmeeting, depois o mIRC e finalmente o Messenger. Raramente ligo o meu messenger, mas hoje, reparei que dos meus 56 contactos, nem um estava ligado. Digam-me lá, qual é agora o local de encontro?

domingo, setembro 21, 2008

a barriga pede e eu dou

Hoje o meu corpo rejubilou de alegria. Foi o dia em que comi tantas coisas pelas quais o meu corpo gritava há meses, que eu posso jurar que depois de broa de milho com chouriço, bôla de presunto, queijo, sopa de tomate e ovo, dois pastéis de nata e dois iogurtes de aromas Clesa, aproximei a cabeça da minha barriga e ouvi um não muito sonoro mas transparente obrigada!

estava a ser tão bom

Pronto. E diz que as minhas férias chegaram ao fim. Pelo menos, férias como eu as vejo. Amanhã vou para a costa Alentejana ter com o Bola, seus pais e irmãos. Como estar com alemães em Portugal, a morar com eles numa casa, é quase como estar na Alemanha, eu dou por terminadas as minhas férias inoficialmente. Pois, vou deixar de almoçar, de ir ao café, de estar em casas onde se fala muito, e de poder passar horas na praia. Em vez disso, vou acordar às nove da manhã, fazer passeios culturais (?) e jantar às seis da tarde. Como ainda estou um pouco traumatizada só perante a ideia, vou tentar esquecer-me deste tema e vou enterrar a cabeça na areia, como fazem as avestruzes. Aliás, vou pensar no momento em que decidi vir com os meus sogros de férias e fazer como o gajo que quando chega a casa carregado de sacos do Modelo, e vê o folheto do continente na caixa do correio. Marrar com a cabeça na parede, portanto.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Assim me alimento

Sinto-me como se tivesse rebobinado um filme para trás. O meu filme é o Outono e no País das Salsichas, já ia nas primeiras cenas. Vai daí, eu meto-me num avião da Tap, troco o País das Salsichas, pelo país onde o sol brilha sempre e sinto-me a desafiar o tempo. A rir-me dele e tomar-lhe vantagem. Toma lá que as folhas aqui ainda não caem. Aqui ainda nado no mar.
Aqui o Outono ainda não se sente, o sol brilha o dia todo e anda a malta toda ainda de havaianas e t-shirts sem alças. Não sou só eu que me encanto com isto, sou eu e todos os outros alemães que capto com o meu radar interior. Se houver alemães num raio de cem metros, eu apanho-os. Não é só a língua que o meu cérebro reconhece com as palavras mais simples, é a linguagem corporal, são os guias de Portugal na mão, as mochilas Deuter, alguns deles com Birkenstock nos pés mas acima de tudo, as caras de alemães que mais do nunca me são agora muito familiares. Hoje de manha, desci a rua de Cedofeita a arrastar a minha mala, mas com os olhos concetrados no acordar da invicta. Os estudantes a caminho da escola, os cafés a abrir, as senhoras da limpeza a lavarem lojas do lado de fora, o homem da lotaria, as montras das pastelarias já abastecidas com os maravilhosos croissants do Porto, para o dia inteiro. E sim, os melhores croissants do país, comem-se no Porto.
Depois do comprar o meu bilhete para a Régua, sentei-ne nas escadas da estação de S. Bento, uma estação que é uma verdadeira delícia para absorver, ouvir, ver, agora que sei que o meu hobby número 1 em Portugal é andar pelas ruas a observar e ouvir os transeuntes. Sentei-me virada para os táxis, numa das escadas onde eu não podia ser mergulhada ou atropelada pelas multidões que entram e saem da estação. Cruzei as pernas e ouvindo o Music dos the gift como som de fundo, que saía de dentro de um taxi, deixei-me ali estar, inspirada pelas conversas, bocas e vidas dos outros.

coisas de estar em casa

Mesmo sabendo que nao gostavas, enfiei o meu anel de rubi para te levar ao concerto que havia no rivoli... e ouvindo esta cancao, nao me posso sentir mais em Portugal. A menos que me apareca o Saúl Ricardo à frente. Vinha há dois dias no comboio distraída a ler e quando de repente e sem crescendo, a carruagem se enche com o som encantador da gaita de beiços do tu eras aquela, pousei o livro e dediquei-me a saborear as imagens que por uns instantes me povoaram os pensamentos. Umas menos felizes que outras, mas a verdade é que eu nunca consegui ficar triste por tempos indeterminados, percebi que o meu corpo e a minha mente sempre se aliaram para combater momentos mais amargos e passei a usar isso a meu favor, no sentido de apressar estes processos de dissolucao de tristezas por que todos passamos. Portanto, de todas as vezes que sinto uma tristeza asfixiante, que me traz sempre uma certa letargia e me põe a dormir dias sem fim, sei que tem tanto de deprimente como de rápido.
Estar em Portugal apura-me os sentidos. Oico mais, falo mais (?), cheiro mais, como mais. Sinto-me mais acordada. Com energia. Ou não fosse este sol que brilha todos os dias, um verdadeiro sonho.

Voltando à música, o anel de rubi para levar a gaja ao rivoli é uma tentativa um pouco forçada, ou nao? O traiçoeiro mundo das rimas...