Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

sábado, dezembro 19, 2009

dez dias apenas

Entretanto, daqui a dez dias estou de partida para a Índia.
Para os curiosos, aqui fica o trajecto:

29.12 chegada a Nova Deli
31.12 voo Amritsar, Punjab
03.01 Agra, Uttar Pradesh
04.01 - 07.01 Jaipur, Rajasthan
07.01 - 11.01 Jodhpur, Rajasthan
12.01 - 14.01 voo Varanasi, Uttar Pradesh
15.01 - 21.01 voo Varkala, Kerala no Sul da Índia

Já estou a comecar a ficar com a sensacao de formigueiro... e tenho comido com a mao DIREITA, para ir treinando. Levo trinta saquinhos de gomas para os primeiros little indian people, que me passarem pela frente. :)

Conversa ao telefone na semana passada com uma colega:

Colega: Entao e já tens a mala pronta? Nao te falta nada?
Minhoca: tenho aqui uma lista das coisas que ainda me faltam: isqueiro, fósforos, uma vela, barras energéticas, pilha, canivete suíco, lencos e toalhetes, Autan, uma fronha, saco-cama...
Colega: Aaahhh, vais acampar, nao é?
Minhoca: NAO!!!!!

Apenas sou daquelas que prefere ter e nao precisar do que nao ter de todo. Do saco-cama o Bola ainda nao sabe. Vai ter um xelique. Mas as relacoes muitas vezes obrigam a este comportamento baseado na surpresa, nao dá doutra forma.

briol

Está mesmo muito frio para estes lados. Tanto frio que hoje me atrevi a andar com uns collants daquela cor que as senhoras de idades usam. Andar na rua com nove graus negativos nao é facil. Porque o frio entra sempre. Nao interessa o numero de mangas que tenha, o frio la se infiltra e o nariz nao para de pingar. Os olhos nao dá para abrir completamente. Está muito frio e nem a taca de vinho quente do mercado de Natal me aquece.
Aqui umas fotos que tirei da janela de casa esta manha.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Uma ordinária

Agora que a Popota apareceu a abanar os quadris em frente ao Taj Mahal, a Leopoldina comecou-se a sentir ameacada, vai daí comeca a produzir-se como se fosse para ao engate! Agora é ve-la armada em boa, de rímel e colete justo, toda cintada e arrebitada como se fosse para a noite.
E naquele anúncio com o Paulo Pires, olha para ele como se lhe quisesse fazer a folha.

Este é o espírito natalício que se vive por cá. O Natal longe da minha família nao tem graca nenhuma. O que tambem nao tem graca nenhuma é a primeira mini-tempestada de neve, que é o suficiente para numa estrada boa, me fazer andar em segunda, pois o carro derrapa como se nao houvesse amanha.

Entretanto, vou-me entupindo de bolachinhas de Natal, pois as maes e avos de metade dos meus colegas passam o advento de avental e mao na massa. E sao maravilhosos.

segunda-feira, novembro 30, 2009

Gore tex: um mundo novo se abriu

No sábado passado o Bola apresentou-me um mundo que faz tanto parte da cultura do país das salsichas, que nao era o mundo da meia branca, mas sim o mundo dos TREKKING SHOES.
Quando os alemaes se fazem à estrada, já ninguem os agarra. É ve-los subir montanhas, andar como se estivessem hipnotizados, como se fossem a perseguir alguem, como se no fim do trajecto houvesse o tal tesouro que dizem haver no final do arco-íris. É dos trekking shoes!! É dos sapatos. Pois algum alemao vai correr de ténis?? Claro que nao. Os trekking shoes fazem tanto parte da vida dos alemaes como fazem as salsichas. E olhem que eu sei do que estou a falar, pois no sábado meti as minhas patinhas de Minhoca dentro de este espécimen aqui abaixo e nem queria acreditar que é possível caminhar assim, como se a minha sola fosse feita de ventosas, mas daquelas que nao colam ao chao. Ventosas bem caras, por sinal.
Eu quero trekking shoes. E Gore-tex. E lindos como estes. Para me serem fanados por um indiano mal-intencionado que nao resistiu ao brilho das minhas sapatolas abandonadas à entrada de um templo qualquer.

terça-feira, novembro 17, 2009

ir num pé e vir no outro

Pois, dei ali um saltinho a Portugal por uma semana. Fui num pé e vim no outro. A minha viagem é sempre muito emocionante e quando falo da viagem, refiro-me neste caso apenas à utilizacao dos meios de transporte. À ida é sempre uma desgraca, antes de embarcar fico vinte minutos presa no WC, tal é a forma como os meus intestinos absorvem o meu medo de andar de aviao. Especialmente sozinha. Tenho medo de nas descolagens, um destes dias agarrar no braco do meu vizinho de bordo ou desatar aos gritos, a dizer que preciso de um pára-quedas.
A viagem de ida correu sem grandes turbulencias, a uma hora boa do dia. Antes da aterragem, à medida que o aviao ia pairando sobre o Lisboa, o meu coracao emigra comecou a bater mais depressa, fechei as palmas das maos uma na outra e fui observando com uma alegria imensa o Atlantico, o Tejo, as Amoreiras, o transito que lá de cima parece tao fluido e organizado. Aterro com a mesma fome habitual, nao só da comida, mas das pessoas, do dialecto que falam, do cheiro do ar, da vida nas cidades em Portugal que é tanta comparada com a letargia do país das salsichas nesta fase do ano. Quando finalmente ponho o nariz fora do aeroporto, os meus sentidos todos despertam e sinto-me desperta e viva, pronta para comer, cheirar e ouvir todas as conversas à minha volta. E assim me deixo ir por maravilhosos sete dias.
No regresso, é tudo mais triste. Desta vez, o meu companheiro de lugar no Alfa pendular sentiu-se enjoado a viagem toda, tendo sido interpelado quatro vezes pelo revisor que tanto falava com ele, e tantas perguntas lhe fazia que eu estive perto de gritar cale-se-seu-parvalhao-que-ele-ainda-vomita-de-tanto-o-ouvir-falar-e-eu-tambem. Eu nunca enjoo de comboio, mas nem uma alminha bem artilhada de vomidrin® aguenta este cromo a falar da técnica com que se movimenta um comboio pendular e dos enjoos em pessoas com quebras de tensao, diabetes, de idade avancada, etc e se nao quer um chocolate, água com acucar ou ir morrer longe.
Chegada ao aeroporto, deparo-me com uma fila enorme de gente a passar no controlo de substancias ilícitas. Com embarque as 18:15, eram 18:30 e eu ainda nao tinha sido apalpada pela mocinha simpatica do controlo, com passagem especial pelo meu cinto e calcado, ou interpelada pela razao de levar quinhentas chouricas na mala de mao. Comecei a ficar ansiosa, com as palmas das maos húmidas e quando chegou a minha vez, já tinha tirado cinto, moedas dos bolsos, aneis, relogio e nem fiz a minha piadinha da prótese que nao tenho.
Já sentadinha no aviao e a precisar de Rexona em doses reforcadas, colei o nariz na janelinha minúscula tentando concentrar-me nas gotinhas de chuva que iam deslizando pelo vidro, levando outras gotinhas de arrasto, algo que sempre gostei de fazer quando estou triste. Acho que foi algo que me marcou num dis vídeos do Roberto Carlos dos anos oitenta, eu impressiono-me muito facilmente. O tempo lá fora combina com o meu estado de espírito e qualquer pessoa sente esta empatia da chuva, como se a Natureza e a minha alma se tivessem aliado.
A combinacao da tristeza e duma aterragem brusca - provocada por um piso alagado de água no aeroporto de Munique - fez-me comecar a pedir perdao baixinho pelos meus pecados e prometer nao voltar a andar de aviao sozinha. Chuif. De modos de que estou de volta... mas ainda triste e a afogar as mágoas em broa de milho com queijo e marmelada.

para os fans de Damien Rice

..deixo-vos a música mais bonita do ano. Nao é do Damien, mas é a mesma tendencia. Ou seja, mellow, slow...

trágico-cómica e omega 3

Ontem comprei um saco de nozes e vim toda contente para casa a pensar que me ia empanturrar de omega 3. Apenas me esqueci que nao tenho quebra-nozes e nem atirando as ditas cujas contra a parede pareceu ajudar.
Hoje muni-me de um quebra-nozes dos bons, por tres euros e meio, e cheguei a casa já devidamente artilhada para o ómega 3. De vez em quando, ainda dá jeito eu e o Bola falarmos uma ou outra coisa em ingles:
- Bola, isn't this cool? I finally have nuts for myself that I can play with and crush, other than yours.
Ele nao achou piada. Eu achei muita e ri-me desesperadamente, especialmente da cara deveras sensibilizada dele. E já lhe disse que um dia que tivermos filhos nos devemos ir pateticamente deles e com eles para nao crescerem atadinhos e sem capacidade de integracao nenhuma. Há que puxar o máximo dos genes portugueses nos desgracados, senao nada disto vale a pena.
É o que dá, vou a Portugal e quando regresso, o meu humor fantástico vem sempre tao acentuado. A típica cena trágico-cómica.

sábado, outubro 31, 2009

boa onda

Tem sido uma fase um pouco vazia em matéria de cinema, mas gosto sempre de dar numa de Lauro António, e deixar aqui a minha dica, numa de animar as tardes de Outono da malta. O filme é bom, a banda sonora ainda melhor.

parir like there's no tomorrow

O que pretende o meu Pai, ao enviar-me um link para um vídeo de um parto de um elefante? Assegurar que nunca vai ser Avô pela minha parte ou talvez, como o locutor, sublinhar que os partos dos elefantes sao rápidos e descomplicados e nós mulheres é que somos umas histéricas?
Bom, vi isto e só me apetece ir por aí fora parir à maluca.
Divirtam-se!
Vídeo aqui.

sábado, outubro 17, 2009

abc da gastronomia

Devagar o Bola vai fazendo os seus pequenos avancos na língua portuguesa. Hoje ao pequeno-almoco estudava atentamente o livro de cozinha da Vaqueiro, e entao a cada cinco minutos, lá vinham perguntas o que sao alcaparras ? o que é terrina? o que é cenoura? o que é alcachofra? o que é robalo?
Portanto paralelamente às legendas dos canais da tvcabo, temos agora um livro de estudo que serve de base à sua aprendizagem. Porque nao um livro de cozinha? Próximo livro a oferecer será com receitas da Filipa Vacondeus.
Entretanto, eu posso-me juntar à Maité Proenca em relacao à ignorancia da cultura do meu país, mas desta feita cultura gastronómica. Será que eu nunca comi cação?... e mero?
O Bola vai aprendendo portugues, eu vou aprendendo hindi, as palavras mais importantes para situacoes de emergencia.
ALVIDHA.

Maité ignorante

Fui ver o vídeo da Maite Proenca, em que ela goza com Portugal. É um bocado triste. Nao sabe apreciar a nossa cultura e claro que toda a gente é livre de fazer gracinhas e gozar com isto e com aquilo. Mas há que faze-lo de forma inteligente, nao passando a imagem de pessoa bruta, primitiva e ignorante. Quem dera aos Brasileiros a cultura riquíssima da Europa, que nao existe em nenhum canto da América. Gozem sim, eu tambem gozo com tudo, mas é preciso saber gozar. Ter cuidado. Ela podia ter feito uma reportagem pegando em muitas outras coisas, sem ter passado esta imagem de brasileira vazia, oca e ignorante. Que pena. O número da porta nao está ao contrário, o Tejo nao é o Atlantico e a arquitectura manuelina claro que nao lhe diz nada, porque haveria?
Em vez de uma mulher com os seus cinquenta e muitos, vemos uma reportagem duma teenager fútil que com certeza meteu qualquer coisa para a veia antes de por a cara liposugada em frente da camara.

segunda-feira, outubro 12, 2009

crise existencial prolongada

Nao foi ainda desta que arranjei um cao. E tambem ainda nao arranjei um filho.
O Outono veio hoje em forca, só hoje, pois até agora era aquele ambiente romantico de folhas de várias cores, sol morno e pequenos-almocos ao fim-de-semana na esplanada. Hoje foi com chuva, vento e muito frio, só falta mudar a hora para os psiquiatras e psicólogos comecarem a ter os consultórios cheios.
Amanha vou tomar a vacina contra a hepatite A e tirar fotografias para preencher o formulário do visto para a Índia. Já nao posso ver os pai-natais no supermercado. Nem os calendários do advento. Alto lá com os cavalos, entao e o Halloween, essa festa pirosa das abóboras?
Mudei de escritório no trabalho e agora tenho que conviver com muitas mais pessoas do que até agora era habitual. Tantas vozes, é estranho e chato. Ninguem pode influenciar a voz que tem, mas é uma cruz quando temos de aturar timbres horríveis (nos outros), capazes de nos fazer subir a tensao em segundos.
O pensamento da semana é o mundo do desperdício em que vivemos. Há dias em que me custa a acreditar que no momento em que estou a escrever há pessoas a morrer de fome. A gente habitua-se a ouvir falar de morte por fome, sem nunca parar para pensar nisto. A sério, morrer de fome. De repente, restantes problemas da Humanidade deixam de me despertar este vazio, mas a fome sim. Nao sei o que se passa comigo. Claro que é legítimo pensar nestas coisas e deprimir-me, mas ao aproximar os trinta, sinto o peso dos anos. E outras coisas nas quais nunca parei para pensar antes e que nunca me incomodaram. Custa-me comer carne. Nao me atrai. Comeco a olhar para um bife e a imaginar que estou a comer carne humana. Há 15 dias pedi um peixe assado num restaurante e quando ele me apareceu no prato, inteiro, com o rabo virado para cima, senti algo que até agora nunca me tinha incomodado. E custou-me come-lo.
Ando assim, esquisita. Chata. Nao ando boa companhia para ninguem. Preciso desesperadamente de ocupar o meu tempo com outros, que precisam de mim, para além das oito horas que passo a contemplar o meu monitor. Sinto que a minha vida precisa de ganhar sentido, acho que é isso.
Será a preparacao espiritual para a Índia que nao tenho feito?

quinta-feira, outubro 08, 2009

sexta-feira, outubro 02, 2009

terça-feira, setembro 22, 2009

home is where it smells nice

Estou deprimida, nao admita que afogue as mágoas em pizza e em ritter sport minis. Nem o Colin Firth em qualidade HD me anima. Sinto saudades de casa. Do cheiro do ar nesta altura do ano. O tempo muda, cheira a Outono de dia e de noite. Aqui nao. Nao cheira a nada. A paisagem é lindíssima, mas nao cheira a nada. E aqui no meu sofá só cheira a pizza e a um par de meias esquecido aqui atrás das almofadas. Chuif.

home alone

Estou sozinha em casa, refastelada no sofá com o computador sepultado no meu colo. Comi uma pizza no sofá - de onde nao saí - e da forma como isto vai, daqui a nada o meu rabo comeca a deslocar-se dele fazendo uns fios iguais aos do queijo extra da minha pizza.
Na televisao passa o Love Actually, ou seja, nada encaixa melhor num programa de gaja.
Melhor do que isto só se for mesmo o serao de domingo, no qual eu e o Bola vimos o Dirty Dancing, eu pela 37esima vez, ele pela primeira. Mesmo depois das várias interrupcoes nas quais ele disse, revirando os olhos, isto é tao piroso, e se mexia com tanta agitacao a ponto de me provocar torcicolos daqueles, assistiu comigo até ao final, com as maos dele entrelacadas nas minhas.
Amigas, nao é um gajo que ve o Dirty Dancing connosco tudo aquilo que podíamos pedir? Nao sendo homossexual, claro.

domingo, setembro 20, 2009

ela canta

Confesso que nunca esperei que a música da Scarlett Johansson (em dueto com o Pete Yorn) me pudesse agradar tanto. Aqui um cheirinho. O album vale a pena. Foram dezasseis euros bem empregues.
Eu sempre achei que com aquela voz grossa, ela devia fazer qualquer coisa para além de mau cinema.

terça-feira, setembro 15, 2009

a destruir a minha infancia

Primeiro morre-me o Michael Jackson. E agora o Patrick? Vou deixar de ver televisao. Nao quero acordar amanha e ouvir que o Tom Sawyer, a Ana dos Cabelos Ruivos e o Lecas também morreram. Eu ainda ando em recuperacao. O Cd do Michael Jackson anda comigo para todo o lado no carro e hoje fui uma vez mais para o trabalho a ouvir o Heal the World. Acho que vou ter de mudar de música.

segunda-feira, agosto 31, 2009

curtas, em jeito telegráfico

Para quem gosta de literatura de casa de banho, gostava de sugerir o novo catálogo Ikea 2009-2010. É perfeito, dá para ir folheando aos pouquinhos e nao é nada que fique a meio.

Os alemaes estao todos doidos porque as lampadas de 100 watts vao desaparecer do mercado. Melhor dizendo, amanha já nao há. Anda tudo doido, a comprar lampadas como se houvessem concursos locais das maiores árvores de Natal, para breve.

Fui a um casamento este fim-de-semana numa casinha de montanha, onde nao havia duche e WC havia dois para os convidados todos. O repasto após a cerimónia no registo civil , foram duas salsichas brancas, um pretzel e um cappuccino. O meu estomago chorava de tristeza.

Trouxe hoje para casa a papelada com toda a informacao da medicacao e vacinas que tenho de apanhar antes de ir para a Índia em Janeiro. Perguntei ao médico se nao achava que eu me podia esfregar em formol todas as noites antes de ir dormir.

Aparentemente nao. Ah, e nao convem banhar-me no Ganges.

Cheguei a casa e tinha a roupa da cama mudada, a casa toda aspirada e limpa. O Bola nao consegue parar de arrumar e a primeira coisa que me disse quando me viu, com a cabeca por detrás da trave da cama:
- Eu até consigo conviver com a tua desarrumacao, mas a única coisa que eu te peco é que nao deixes os sapatos no quarto. É algo que eu aprendi quando morei na Ásia, a sujidade da rua nao se traz para o quarto.

Sábado a caminho do casamento, Bola teve um ataque de nervos quando se viu mergulhado no transito infernal de fim de férias e aos gritos, perguntou-me se eu nao acho que está na altura de me esforcar para chegar pontualmente a todo o lado. Ah pois deve estar. Também deve estar na altura de eu cozinhar todos os dias, cozer os buracos dos boxers e limpar os restinhos das aparas da barba dele do lavatório. SÓ EXIGENCIAS PÁ!
É assim, amigos, após os primeiros tres anos de casamento, desaparece aquela candura e todo o romance. Comecou a fase de querer mudar o outro. Humpf.

terça-feira, agosto 25, 2009

grilo falante

Enquanto o Bola fala ao telefone com um operador da Deutsche Telekom, apercebo-me que eu sou tal e qual a minha Mae quando o meu Pai decide ligar para um servico de antendimento ao cliente, seja ele qual for, e ela sentada a uns metros de distancia, o vai mandando calar ou pedindo para nao falar assim com eles, coitados.
Isto ainda só agora comecou e já ouvi a palavra parasitas e incompetentes duas vezes. Gosto quando o Bola se articula ao telefone, pois é quando a sua eloquencia me convence mais. Até me dá vontade de levantar um cartaz com pontos por cada palavra fixe que ele mete na conversa. Já um dia destes sugeri para quando nos chatearmos falarmos pelo telefone, eu no quarto a atirar setas para a foto dele atrás da porta, e ele sentado na sala, com a sua cerveja e o comando da tv na mao.
Porque nao?

terça-feira, agosto 18, 2009

um buraco para me esconder

O que é que a voces raparigas como eu, vos deixa, sem graca, quando sao apanhadas pelos vossos maridos, namorados, amantes? Sentadas na sanita a baloicar os pés enquanto pintam as unhas? Esparramadas no bidet? Enquanto comem pipocas ou amendoins na sala a ver televisao e com a mesma mao que meteram nas pipocas, comecam a mexer nas unhas dos pés e ele OLHA? Vomitarem em cima dos pés dele?
Amigas, isso nao é nada. Voces nao passam dumas amadoras.
Eu ontem fui apanhada pelo Bola numa situacao de fazer corar as pedras da calcada. E nao me estou a referir a depilacao doméstico ao rabo comigo em posicao de ourico cacheiro, com a cabeca amassada pelo joelho, tentando nao perder de vista o reflexo do espelho. Muito pior. E é aqui que eu vos exponho as minhas fraquezas e me assumo como mortalmente PA RO LA.
Eu quando vou dormir e estou sozinha na cama, adormeco com a t-shirt do Bola em cima da cabeca. Gosto de a snifar toda duma ponta à outra. Quando nao estou muito cansada, faco rolinhos com ela e comeco a fazer cocegas na minha cara, de olhos fechados e já houve testemunhas que disseram que também há uma tentativa de canto da minha parte. Sao sons curtos, que expressam o mais puro deleite, na verdade nao é canto nenhum, é o golfinho que há em mim. Ontem, ao fim de dez minutos nisto, vejo o Bola a levantar-se da janela, onde esteve sentado o tempo todo. Eu coloquei a t-shirt de volta debaixo da almofada dele, virei-me para o outro lado e atirei-lhe aquele olhar de quem se sente traída, sugerindo com a posicao do meu nariz se contas isto alguem, tas morto. Mas como eu nao confio em ninguem, nem na minha própria sombra, sei que provavelmente é mais seguro contar no blog do que esperar que um dia destes a piada me apanhe desprevenida.
Gosto de snifar a t-shirt dele e as calcas do pijama tambem. Só uma vez tive de recorrer a um par de meias, mas como nunca pensei descer tanto, vamos tentar nao ir por aí.
E para as defensoras da emancipacao, eu sei que pequei e que uma vez apanhada a fazer isto, já nada me vale. Chuif.

domingo, agosto 16, 2009

A Marmota Mara




Quando o Bola me disse ontem durante o pequeno-almoco podíamos ir ao Jardim Zoológico, com a mesma displicencia de quem diz podias passar-me o jornal, nao o levei muito a sério. Até que o tempo foi passando e por volta da uma tarde, ele aparece-me no quarto enquanto eu aspirava, arrumava e me derretia em suor, para me dizer Realmente, se é para chegarmos ao zoo depois das quatro, já nao vai dar para nada. E aí, eu vi que nao era brincadeira. Ele queria mesmo ir ao Zoo.
E ainda bem que fomos, porque eu descobri que a marmota é o animal mais fofinho do mundo, que eu quero muito ter a passear pelo meu quarto. (primeiras duas fotos)
Porque afinal admito que ter uma foca na banheira nao é prático, especialmente se considerarmos o som nada simpático que eles emitem.


terça-feira, agosto 04, 2009

happy bday

A minha Mae faz hoje anos. Daqui a uma hora, já passou o dia. E está ela com parte da minha família, enfiada no carro, num tao típico Stau de férias de Verao, que se verifica um pouco de Norte a Sul nas estradas do país das Salsichas. Ora, o engracado é que eu praticamente nunca preciso de passar por situacoes em que a eficiencia alema é posta à prova, falhando como notas de mil escudos. Estas coisas só acontecem quando tenho visitas. É engracado, nao pára de acontecer.
E estou eu aqui, quase com os olhos fechados, de mesa posta e bolo de aniversário a postos preparada para um momento que acho que só vai chegar às tantas da manha. Para a cena ser mais cómica-trágica, acho que vou por um chapelinho de papel do Winnie Pooh e sacar duma língua da sogra, que as há sempre escondidas nos recantos da casa.
Parabéns Mae!

domingo, agosto 02, 2009

salsicha para todos

Ficam os leitores desde já a saber que para se sair do talho com duas salsichas pela mao, nao há idade. E nao estamos a falar dos 10 cm das salsichas de lata Nobre, atencao. Isto é uma WIENER com o dobro do tamanho. E mais nao digo. Porque nao ha paciencia para os excessos de pudor que quase nos fazem desistir de trincar o salsichao em praca publica.

quarta-feira, julho 29, 2009

mao firme

Estou desde a passada quinta-feira de dieta. Como nunca estive antes. As únicas coisas que nao como de todo sao manteiga e fritos. O resto como com regras. Após as 18 horas nao há hidratos de carbono para ninguem. Marcha queijo fiambre, lacticínios, legumes e fruta. De manha como pao integral, tomo um cafe e almoco normalmente. Durante a tarde, bebo infusoes de ervas sem acucar mas se estiver desesperada, como qualquer coisa doce, mas pouco.
Isto agora é sério. O meu humor anda nas lonas, mas tenho que entrar na linha.
Chuif.

espectáculo

Muito me teem perguntado como é o gosto (?) musical dos alemaes. Podia-vos falar no Peter Fox. Mas porque nao no Tony Carreira alemao, que poe as senhoras acima dos 50 todas doidas?
Um bem hajas ao Florian. Vamos ver.

cheiros que nos estragam o dia

Hoje lembrei-me de quando andava na terceira classe e uma vez, a rir-me no recreio enquanto mastigava, me saiu pao pelo nariz. Hoje estava eu a almocar com uma colega minha e ela comecou a contar histórias duma colega nossa que tem perturbacoes mentais.
- Há dois anos, ela veio trabalhar vestida de palhaco no dia de Carnaval, acreditas?
Como podia perfeitamente ser eu, desatei-me a rir descontroladamente, pois tudo o que ela contava encaixava exactamente na minha pessoa.
- Mas é que tu nao estás bem a ver, ao pescoco ela trazia um laco enorme dourado, e COM LANTEJOULAS. Ela nao bate bem da cabeca. E já te contei quando fez um polvo em crochet e falava com ele?
E eu desesperada, a rir-me, já com lágrimas e com parte das rodelas de beterraba a ameacarem sair pelas narinas.
O resto da tarde nao foi tao divertido. Fiquei enterrada em trabalho até tarde e depois quando finalmente piquei o ponto, só parei no lidl para lá ir comprar pickles. Eu gostava de saber porque é que no Lidl há tanta malta a passear-se a cheirar a sovaco, a sério que gostava. Quando vou ao longo do primeiro corredor, das bebidas, em direccao à fruta e vejo um idiota de t-shirt de alcas, sustenho a respiracao e continuo apressada fugindo do mau fedor que se adivinha. É sempre no lidl. Já pensei em enfiardisfarcadamente um desodorizante no carrinho do malcheiroso, assim como quem nao quer a coisa e pensa que estava a por o deo no seu, mas isso era uma cena assim muito à outra que se mascarou de palhaco. E pode nao parecer, mas eu quero muito ser aceite pela sociedade. Mesmo a das salsichas, que está mais do que provado que nao me entende.

sábado, julho 25, 2009

fraqueza do acucar

Hoje achei que era um daqueles dias em que devia dar ao Bola razao para se lembrar porque casou comigo. E vai daí, saquei a receita deste bolo na net, que é um tanto quanto popular pelo país das salsichas por nesta altura haver frutos silvestres por todo o lado, e enfiei-me na cozinha de avental, com o meu sorriso de fada do lar. Como sobraram mirtilos e como eu sou amiga do ambiente e acho que se o forno está ligado, entao temos de lhe dar uso, fiz tambem uns queques de mirtilo, que é daquelas poucas coisas que sai sempre bem.
Nao tenho aparecido muito por estas bandas, é verdade... é que com o contágio da gripe, para evitar tocar nas teclas do computador, acabo por nao vir ao blog. É que pelo modo como a coisa vai, até a ver televisao se pode apanhar a gripe. Ou pelos telemoveis. No entanto, a Palmolive manda um beijinho e agradece a todas as pessoas, que agora como eu, lavam as maos 47 vezes ao dia.

quarta-feira, julho 15, 2009

Bruno

momento HORROR da semana

Bola, enquanto passa os pratos por água, para os colocar na máquina:
- Acho que afinal devia aprender portugues...
Eu páro numa de eu-sabia-que-este-dia-ia-chegar, nada preparada para o anti-clímax que se seguiu.
- Gostava de ler o teu blog.

colisao frontal

Ao fim de quatro dias com a boca amarga, tive direito a um fim-de-semana doce. O Bola deu-me umas licoes de bilhar e nao me saí nada mal, se nao contarmos com aquela vez em que ao me colocar em posicao de taco em punho, derrubei as bebidas que o empregado trazia para a mesa do lado.
- Desculpe, foi o meu rabo gigante que vai daqui a Berlim.

Das poucas vezes que isto me aconteceu até hoje, nunca calhou o gajo ser giro. Eu sei que me portei mal na minha vida anterior, como legume. Fui uma cenoura muito mal-comportada. Derrubo sempre comida ou bebida nos gajos mais pirosos em meu redor. Há uns anos, ia de bicicleta fora de mao e choquei de frente com um gajo. A energia que se produziu nessa colisao seria o suficiente para manter o Empire State building iluminado durante uma semana. E a mim também. Fomos projectados e a coisa foi um bocado feia, até porque eu tinha tirado o meu pé do gesso uns dias antes. Nessa noite, a única da minha vida em que me chapei fisicamente forte e feio com um gajo GIRO (pelo menos assim me pareceu quando lhe vi a cabecinha enfiada dentro do guiador e os dois bracos dentro da roda traseira), nao adiantou muito, porque nesse dia, o gajo que estava comigo era ainda mais giro. Apesar de nao ter levantado o traseiro da sua bicicleta e ter ficado no passeio, a apreciar a cena com o respeito a que a situacao obrigava. Nao se rindo.
Eu nao lhe pedi ajuda, levantei-me, pedi desculpa ao Eduardo pelas concussoes (nao sei como se chamava, mas chamo-lhe Eduardo, porque os Eduardos sao sempre giros), ajeitei a minha bicicleta, sacudi a roupa e o cabelo e segui, ainda meia alcoolizada pela rua fora, levando a bina pela mao, pois como diz tao bem o ditado alemao wer seine Rad liebt, der schiebt.
O Bola que na altura, estava ainda a centenas de pratos de Cerelac de ser Bola, nao disse nada, continuou estrada fora sem esperar por mim. Isto porque nem ele nem eu sabíamos que sete anos mais tarde seria a minha agulha a coser-lhe as meias.
Depois deste devaneio, cabe-me dizer que a partir de certa idade e com uma alianca gigante que afasta todo o predador de vista, ja nao tem piada andar aos encontroes. Nao há taco que me valha.
Quanto ao bilhar e ao snooker, o O'Sullivan que me espere.

quarta-feira, julho 08, 2009

engoli insecticida?

Nao há dúvida que quem domina vários idiomas, tem muitas portas abertas. Só encontrei a informacao dos pinhoes, por pesquisar boca amarga em ingles. Agora que encontrei gente em todos os cantos do globo a queixar-se do mesmo, já me desapareceu aquela cara quem acabou de descobrir que sofre de cirrose crónica. E já nao preciso de me afogar em chá de camomila.
Entre as várias contribuicoes e comentários de alívio um pouco por toda a parte, as metáforas que mais me agradaram por se aproximarem da realidade foram uma que se referia à sensacao de toranja na garganta e a outra que dizia que era como se tivesse engolido insecticida.
O chato é que realmente nao posso comer nada sem que este sabor se agrave. Só me apetece encher a boca com novelos de lã ou de água até as bochechas se expandirem e assim ficar.
Outra coisa que agora me apetece fazer desde ontem é passar a postar da casa-de-banho, da sanita, para ser mais precisa. Me wireless, yuuuupiiiieeeeeee!!

cuidado com os pinhoes

No Domingo foi com muita alegria que fiz PESTO pela primeira vez. Tinha comprado um manjericao enorme e depois de comparar receitas, fiz-me ao trabalho. Estava muito bom, tao bom que sobrou e voltei a comer no dia seguinte.
Ora, agora é que sao elas. Ontem e hoje passei o dia inteiro com uma sensacao de boca amarga, que na minha hipocondríase desmesurada associei logo à vesícula e ao meu fígado! (só tenho andado a peixe cozido!) Nao consigo comer nada que nao acentue ainda mais esta sensacao de metal no palato. E logo depois de, há pouco tempo, o meu médico me ter dito que eu tinha um fígado maravilhoso. Em Portugal comi bem, mas nao abusei de nada em particular. Como devem imaginar, passar um dia inteiro com a sensacao que se tem bílis na boca, é um nojo. Depois de algumas pesquisas, foi com bastante alegria que descobri que há a possibilidade de ser dos PINHOES. Quem comer pinhoes com frequencia, talvez queira fazer uma pesquisa pelo google com:
PINE NUTS BITTER TASTE MOUTH
Ah! E quem gostar de pesto, talvez pense duas vezes antes de atirar para lá pinhoes como se nao houvesse amanha. É que depois fica o tal bitter taste, que é mesmo muito desagradável. Especialmente quando nao é em sentido figurado.

Aqui um artigo do Daily Mail, falando no assunto à escala mundial.


A informacao actualizada na Wikipedia:

Risks of eating pine nuts

The eating of pine nuts can cause serious taste disturbances, developing 1-3 days after consumption and lasting for days or weeks. A bitter, metallic taste is described. In general, a minority of pine nuts on the market present this problem. Though very unpleasant, there does not seem to be a real health concern.

This phenomenon was first described in a scientific paper in 2001. Since the article, experiences of the phenomenon have been reported by hundreds of people worldwide (US, Canada, South Africa, Finland, Iceland, Germany, and many more).

segunda-feira, julho 06, 2009

suspiro

Nem acredito que o Michael Jackson já nao existe.



p.s. nem acredito que estou atrás dos CDs dele que já tive, no Ebay.

domingo, julho 05, 2009

o nariz de massa folhada

Todos os dias da semana que passou, em um determinado momento do dia, comentei com o Bola ou com alguem no trabalho nem acredito que o Michael Jackson morreu, ao que todos os dias me replicaram já disseste isso ontem. Mas foi um comentário sincero e genuíno. Sempre que esse facto se tornava consciente, parecia mentira. É um daqueles gajos que esteve sempre lá, tipo o Júlio Isidro ou o Michael Knight. Ou a Serenela Andrade. Quando malta dessa prateleira do esteve-sempre-lá bate a bota, preciso de algum tempo de luto para me mentalizar, apesar de nunca os ter visto ao vivo.
Eu cresci com o Michael Jackson. Tive uma panca enorme por ele, forrei a madeira da minha cama toda com fotorafias dele, sabia a disco-, biografia completa dele e achava que um dia ainda o ia ver em pessoa.Vibrava com os concertos dele na televisao e sofri quando ele veio a Lisboa em 1992 e eu nao pude ir. Claro que sei que ele se desgracou todo e pagou para que lhe fizessem um nariz de massa folhada uma cara deformada, para o confundirem com o homem elefante. Mas mesmo assim, isso nao é o suficiente para eu nao achar sexy a forma como ele dancava. E nao, nao acredito que ele abusou sexualmente de criancas, nao teve cuidado com determinadas afirmacoes em publico e levou com a imprensa e o mundo em cima. Contradisse-se vezes sem fim e enterrou-se num buraco do qual nunca mais saiu. Mas mesmo assim no meu íntimo e sem grandes manifestacoes histéricas, nunca deixei de gostar dele. Nem de massa folhada.

quinta-feira, julho 02, 2009

nao sobrou nenhuma

Hoje dei esmola. Vou a sair dum armazém do género do Corte ingles e através das portas, consigo antecipar um miúdo do lado de foraa tentar vender jornais. Todas as pessoas que saem à minha frente o ignoram, olhando através dele reduzindo-o à sua transparencia, e eu preparo-me para fazer o mesmo. E faco. Mas no momento em que ele me poe o jornal à frente, olho-lhe para a cara e num discurso que muitos acharao cinematográfico e um tanto quanto cheesy, deixem-me que vos diga que lhe vi a alma. Vi o ar dele horrorizado, aflitivo e perdido. Mas acima de tudo de aflicao. Depois reparei que o que ele estava a distribuir eram panfletos do supermercado - já só tinha 3 - e com aquela imagem na minha cabeca do pavor na cara deste rapaz que nao devia ter mais de 16 anos, dobrei a esquina e esvaziei a minha carteira das moedas que lá tinha.
Quando voltei atrás para lhe depositar as moedas na mao suja, vejo-o a olhar curioso para a saia de retalhos de uma rapariga loira sentada na sua bicicleta. E senti que tenho tanto e que nada me falta. Mesmo.

cheira a sal

As férias em Portugal foram um verdadeiro bálsamo para corpo e alma. Passei pelo Geres, Guimares, Aveiro, Coimbra, Lisboa e Algarve. A última semana em Odeceixe deixou uma grande vontade de mais praia, areia e sol. Tao grande é a vontade que, de toda a roupa que trouxe enrodilhada na mala, a toalha de praia enfiei num saquinho, onde todos os dias tenho dado umas snifadelas, de olhos fechados, para me lembrar dos dias tao bons que foram.
Cheguei ao País das Salsichas bronzeada e com tempo quentinho e já a pensar nas próximas férias que tao cedo nao vao ser.
Desde que cheguei, que me entretenho ao serao a comer os itens do meu Pacote do Emigra Saudoso, no qual consta queijo, ovos moles, chocolates de aromas Regina, tapioca, iogurtes, pudim de bolacha maria, Sumol e bonbons Rajá. Depois embriago-me num programa com muito lixo de televisao, tapada de mantinha e almofadas por todos os lados e vou para a cama com azia, mas com aquela saudade enjoativa que me deixa dormir maravilhas e sonhar que ainda estou lá.

segunda-feira, junho 29, 2009




holidays over






Enquanto como o meu pacote de sugus de melao e me escorrem as lágrimas rosto abaixo, vou postando algumas fotos, como que numa terapia em sair da fossa. Quando acabarem os sugus, salto para os ovos moles.

sábado, junho 13, 2009

mala

- Bola, vai aí quarto se fazes favor e diz-me lá que roupa é que eu aí deixei num montinho para trazeres. Já não me lembro.
- começa com uma t-shirt castanha.
- qual?
- nao sei, de manga curta.
- de manga curta?
- sem mangas?
- e com um padrão engraçado.
- como?
- não sei explicar. Com outras cores. Mas é gira.
- mas qual é?
- castanha, com outras cores. Também amarelo. E verde.
- qual é o tecido?
- é pano.
- BOLA! ISSO NAO SERÁ UMA CAMISA HAVAIANA TUA???
- Olha, esquece. Nao precisas trazer. Realmente, temos de reconhecer as nossas limitações.
Traz TUDO o que aí deixei, se fazes favor. E rega as plantas antes de saíres de casa. As sardinhas assadas esperam-me. Tchau.

p.s. Se tiveres que dialogar com alguém do aeroporto até à estação do Oriente , grava a conversa com o telemóvel para eu depois me poder rir. É que pedir-te para pronunciares 'Guimarães', depois da trigésima nona vez já não me faz rir até às lágrimas.

sexta-feira, junho 12, 2009

a cobiça

A boca do Ricardo Araújo Pereira.

Tão elástica, tão maleável. Tão sexy.

Bracara Augusta, amostra-te

Depois de uma viagem pautada de alguma agitação, eis-me aqui, no calor, a tostar os bracinhos Neoblanc, enquanto leio disfarçadamente o guia lonely planet do meu país. Só porque não sou uma conhecedora exímia do Minho, não vou permitir que um gajo que nem a língua lusa fala, me venha esfregar na cara que a catedral de Braga é das mais antigas da Europa. Desta vez vou-me antecipar, não vou deixar que ele me fale do terramoto de 1755 com o conhecimento de quem teve de, nesse ano, se esconder debaixo dos escombros. Dessa vez, quando o Bola me começou a contar o incêndio de 1988 no Chiado, eu atropelei-o com a cassete do que com tão cuidado havia estudado, sobre o Marquês de Pombal, da Mocidade Portuguesa, do 25 de Abril e dos Descobrimentos.
Bola, ficas-me com Lisboa, mas Braga vai ser minha. Lê o que te apetecer. Eu cá te espero.

passo a vida a sonhar contigo

Há alguém como eu que achava que o Mega Picnic do Modelo só podia ser uma brincadeira? Há alguém como eu, que acredita que se vai gerar uma mega-confusão com as velhotas todas a correr atrás do Tony com o tacho de arroz de ervilhas, porque o meu o Tony vai ter de provar?

A minha questão é, quantas carrinhas do INEM estão destacadas para o Parque da Bela Vista no dia do Picnic Gigante? Já disse ao Bola que tenho uma ideia de como ele pode viver em grande a cultura do País da sua Minhoca. Honey, you don't need to know Portuguese for this. You will love it.

domingo, junho 07, 2009

aí vou eu

O blog nao fica por isso abandonado, muito pelo contrário. Entre a feijoada e o galao, terei com certeza muito tempo para me vir sentar aqui a contar aquelas coisas tao portuguesas que, a bem ou a mal, tantas saudades me dao. Tipo o falar alto ao telemóvel em todo o lado. Tipo o menina. Tipo o derivado de.
A menos que o aviao caia logo na Suíca, afinal hoje em dia a gente ja nao pode acreditar em ninguem.

quarta-feira, junho 03, 2009

desperdício de manhã

Já há vários dias que eu tinha lido qualquer coisa no placar de cortica no fundo do prédio, que hoje, dia 3 de Junho era necessário estar alguem em casa, entre as 10 e as 12 horas. Ora, como me cheirou a canalizacao, alguma reparacao elétrica ou por aí, disse ao Bola que eu me sacrificaria, que passaria a manhã em casa. Com todo o gosto. Gosto de receber estes senhores fardados, com a sua típica caixa azul das ferramentas.
- E essa é aí é o que? Uma chave de fendas??
- Ena pá, tao gira!E tres martelos diferentes?
Hoje nao correu com toda aquela eficiencia alema que tanto e cada vez mais me impressiona. Se o plano é entre as dez e o meio dia, para que tocar à campaínha às nove e meia, para que? Saio eu debaixo do edredon ainda meia grogue, para saludar o canalizador, com um hálito que se deve ter feito sentir de tal forma, que ele depois de ter desmontado algumas torneiras na casa-de-banho, saiu dizendo que ia comprar nao sei o que mas que voltava. Ainda nao voltou e já passou uma hora. É como o outro, que vai comprar cigarros e até hoje.
Já arranjei as unhas, tomei banho, procurei estalagens na internet para ficar no Geres, procurei informacao na internet como me movimentar no Geres, procurei na internet quais os melhores locais e o que é afinal de contas o Geres. Ou seja, muito já eu fiz enquanto esperava pelo canalizador. O trabalho espera-me. Acho que vou dar de frosques no meu zoom zoom. É que nao sequei o cabelo e tudo o que me apetece agora é saltar para dentro do carro e ir para o trabalho com as janelas todas abertas a 80km/h, a cantarolar alto Carly Simon.

domingo, maio 31, 2009

ora digam lá

onde se pode ficar a dormir num sítio bonito na zona do Gerês, assim em comunhao com a Natureza, longe de enormes prédios de cimento e confusao, para o Bola nao ficar assustado? Algum local de charme assim perto de Braga, por exemplo? Já nao vou ao Minho desde os meus 13 anos.

sábado, maio 30, 2009

início de uma bela amizade

Esta semana roubei amaciador para a roupa tres vezes. O meu acabou e como temos a sorte de partilhar todas nós - eu e as vizinhas* - um espaco comum na cave do nosso prédio, com as máquinas de lavar e respectivas secadoras, eu achei que tambem ficava bem partilhar o amaciador, o calgon e o Ariel, porque nao? Estou numa fase da vida em que sharing passou a ser importante.
E dá-me cá uma adrenalina tao grande roubar amaciador das vizinhas que quando subo as escadas depois do delito, sinto uma emocao quase tao grande como aquela de ter destruído verbalmente alguem de quem nao gosto com uma piada maravilhosa.
Como finalmente me vou conseguir inflitrar na Makro alema, estou a pensar comprar um pacote de amaciador para os próximos tres anos e oferecer um a cada vizinha. Depois de confessar o meu pecado.

* nao querendo entrar uma guerra de sexos, mas só o mulherio é que lava roupa neste prédio. Já tive a oportunidade de verificar.

quarta-feira, maio 27, 2009

Benelux


Rápidas conclusoes da minha pequena Benelux tour. Eu nao gosto da língua francesa. Os belgas sao gente estranha, pouco simpáticos. Complicados. Há muitas vacas na Bélgica. Bruxelas tem um centro bonito, de resto é uma cidade feia, com um planeamento de meter dó, a ponto de nao haver sequer comparacao com o elevado número de cidades arranjadinhas no país das Salsichas.
Os holandeses, por seu lado, sao amigáveis, bem-dispostos, mais relaxados que os alemaes, belgas, todos nós juntos. Amsterdao é uma cidade muito gira, onde nao me importava de voltar a qualquer momento. Ia escrever um post sobre Amsterdao. Mas nao me lembro de Amsterdao.






segunda-feira, maio 18, 2009

zoom zoom

Hoje assinámos o contrato de compra do carro novo. E perguntam os leitores, já desconfiados que os ordenados da república federal das salsichas sao de deixar uma pessoa com os olhos esbugalhados, mas tu nao tinhas comprado um carro no ano passado, minhoca? Pois tinha, e como eu acho o endividamento até ao pescoco algo fabuloso, achei que era altura de comprarmos um carro novo. Afinal, é o que se faz neste país. Os carros é para andar a mostrar aos amigos, para depois, passados dois anos (ou nem tanto) vender e comprar o modelo novo.
Agora a versao mais aproximada da realidade. O nosso carro deu-nos vários problemas no espaco de dois meses. Pagámos as primeiras duas reparacoes, depois achámos que era altura para repensar as várias centenas de euros que estávamos a investir num carro que já tinha atingido a barreira dos cem mil quilómetros. Especialmente quando se fala em substituir o motor. E no meio de uma história que só terminou na semana passada, a melhor solucao foi comprar um carro novo, uma vez que o Estado está a estimular a compra de carros novos, oferecendo 2.500 € por carros com mais de dez anos. E como tínhamos um à porta, também com muita coisa por reparar, achámos que era de aproveitar, enquanto o Estado alemao nao decide fechar a torneira.
E como nao há nada como inovar, comprámos exactamente o mesmo carro, apenas o modelo mais recente. Mas dói. Ter de pagar por coisas que nos habituámos a ter. Hoje estou com azia.

quinta-feira, maio 14, 2009

comer tulipas

À quinta-feira, saio sempre do trabalho a puxar pela cabeca, a tentar inventar temas interessantes para os meus alunos do curso de conversacao, ao fim da tarde. Venho a matutar no carro e tiro apontamentos à velocidade da luz, quando páro no semáforo vermelho. Quando chego a casa faco uns papelinhos à pressa com palavras difíceis para queimar tempo enquanto eles se esforcam a jogar esta versao de pictionary que se tornou prática habitual. Rio-me perdidamente, eles riem-se, é sempre muito engracado, especialmente quando constato que nao sou só eu que desenho mal. Há muito pior.

Claro que normalmente quando chego à aula, a coisa corre quase espontaneamente, sem eu ter que sacar as cábulas do bolso e atirar uma pergunta sugestiva como é que voces acham que os outros povos vos veem a voces alemaes, meus cromos da pontualidade e da meia branca por baixo da sandália? Nao formulo assim, porque já dizia o outro, nunca se deve dizer tudo o que se pensa. Tenho dois alunos que nao me conseguem olhar nos olhos, por isso ficam-se por mais abaixo deles. Isto aconteceu depois da segunda aula, em que eu me dei conta que estava sentada em cima da mesa, baloicando os pés, pois é onde me sinto/sento melhor, bem no meio deles todos. A dada altura, vi um palhaco aos risinhos com o amigo do lado e os dois a olharem para a barra da minha meia de liga, que espreitava por debaixo da minha nao obstante decente saia. Coraram e comecaram a tossir. Desde entao, convenceram-se que eu sou uma professora marota, acho. Espero. Gostava tanto de ser. Apesar de eu falhar em todos os pontos que me poderiam classificar como uma. Nao atiro olhares marotos, nao provoco risos maliciosos a transpirar luxúria e nao masco chiclete na tentativa de fazer a minha maca do rosto chegar à orelha. Sou uma amadora.

Mas eles gostam de mim e é o mais importante. Riem-se das minhas piadas e voltam sempre no semestre seguinte. Mas ando tao cansada. Preciso mesmo de ir passear a Amsterdao. É já na próxima semana. Aquilo é que vai ser, comer tulipas como se nao houvesse amanha.

segunda-feira, maio 11, 2009

arca de Noé em mini

Quem ve as fotografias dos meus fins-de-semana, deve pensar que a minha vida é um pouco estranha e que eu nutro um especial amor por gado. Nao é bem assim. Mas gosto deste lado de natureza para estes lados de cá, que me permitem de vez em quando fisgar um animal que nunca vi de tao perto no jardim à beira-mar plantado.

Gosto dos bosques com caminhos próprios para andar a pé e com setinhas a indicar todas as direccoes possíveis. Portanto, aos fins-semana, gosto de agarrar na minha manta de pic-nic, num livro e numa sandes bem recheada e ir para o bosque mais próximo.
Claro que se me perguntarem entao e a praia, comeco a salivar pela boca e os meus olhos arregalam, mas amigos, à falta de melhor, aproveito que os Salsichas tem de melhor.
Quem dizer que os alemaes vivem mais em comunhao com a natureza do que nós, nao está a mentir, nao.

sábado, maio 09, 2009

castrador da felicidade alheia

Ainda nao eram nove da manha e já estava eu, com o cabelo desgrenhado e de pijama do sapo Cocas, a carregar a máquina da roupa. O meu corpo ainda estava quente dos cobertores, e o meu hálito tinha nuances de rosas, como é costume. Depois, peguei nos tapetes todos e fui sacudi-los à janela, deixando-os ficar lá a arejar. Fiz um café e sentei-me no sofá a escolher os papéis, jornais, revistas que sao para deitar fora, pensando ao mesmo tempo se algum dia, eu adivinhava que me casaria com um gajo que às oito da manha de sábado comeca a dialogar comigo. Ainda sem filhos a quem mandar ir ver televisao e encher o bucho de Chocapic. O Bola nao sabe acordar sozinho ao sábado. Sem me comecar a perguntar coisas chatas que teem sempre a ver com coisas que temos de fazer. Ao longo do dia, daqui a uma semana, daqui a um mes. Eu bem tapo a cabeca com a almofada, mas ele continua em género monólogo, e li numa revista que o nosso cérebro nao consegue fugir àquela entoacao do ponto de interrogacao.
Eu portei-me mal na minha vida anterior. Eu sei que portei. Eu devia ser um ourico-cacheiro, (pois tinha de ser um animal que nao faz nenhum, inútil, que hiberna) e um dia, numa estrada secundária, coloquei-me estrategicamente de forma a que alguem parasse para me evacuar do perigo. Pronto, alguem parou e como foi logo após uma curva perigosa, essa pessoa levou com um camiao TIR nos cornos e bateu a bota. E por isso, agora, eu tenho esta vida. Um marido que me acorda às oito da manha de sábado, ao fim duma convivencia de oito anos, na qual lhe foi sempre dado a conhecer a minha necessidade e simpatia por nao abandonar o leito antes do meio-dia. Ele nao entende. Comeca-me a repetir os factos que nao sao factos, ou que nao teem importancia. Que interessa se eu ontem adormeci às nove? Já dormi 10 horas. Ok, e entao? Nao é fisiologicamente aceitável que eu passe das dez horas? Ele diz-me que eu dormi dez horas com uma cara de espanto que podia igualmente traduzir que eu comi dez frangos inteiros, vivos, com penas, e sem fazer uma pausa pelo meio.
Bom, vou-me fazer à estrada porque o Avo dele hoje faz 86 anos e nao podemos deixar passar a data sem nos emborracharmos todos em Schnapps com ele. Nao há nada que o faca mais feliz. Aliás, há. Que é falar da roupa interior das jovens que conheceu em Franca nos anos 30, mas esse assunto costuma deixar o Bola nervoso. É um castrador da felicidade alheia.

sexta-feira, maio 08, 2009

Nice pubes

Ando com pouco tempo e com pouca paciencia. Já nao me lembro dum dia em que chegasse a casa ao fim da tarde e me pudesse sentar a ver televisao ou a ler. Todos os dias há qualquer coisa. Hoje foi dentista. Por pouco nao adormeci. Deram-me um ipod para o caso do som da broca me incomodar, e assim que a anestesia fez efeito, estava tao cansada que quase adormeci. Adormecer de boca aberta nunca foi um problema para mim. Depois, no final, saí de lá com a sensacao de ter os lábios inchados como uma bóia e o nariz, esse nem senti-lo, ficou anestesiado tambem. Muito esquisito. Mas o dentista é bom. Nao é o mais bonito do mercado, mas nao interessa, que isto quando toca a alguem a olhar para os nossos péssimos dentes, nunca convem que seja muito bonito.
Anteontem fui à minha visita anual à minha Gina, pois isto tem fases em que se é para ir a um médico, entao vamos corre-los todos duma vez, para ser mais animado. Desta vez fiquei convencida que a minha Gina é homossexual,o que nao tem problema nenhum, mas só isso justifica a posicao de esplanada dela (tornozelo dum pé pousado no joelho da outra perna, formando o joelho um angulo recto) proxima de mim, sendo que eu estou na pose mais desconfortável do mundo. Se faco uma pergunta (nunca mais faco), aproxima a cara ainda mais de mim, ficando com o seu rosto a uma posicao demasiado proxima do meu lugar mais íntimo, continuando a conversar comigo. O que me fez pensar que um dia, quando ficar nessa posicao tempo demais para parir um Bola em tamanho XS, com mais de duas caras a contemplarem-me, vai ser difícil nao desatar aos gritos e aos palavroes.
- Está a ver aqui no monitor esta zona aqui, pois isto mostra uma ovulacao de ontem, mais ou menos. Ou seja, este mes já era.
Este mes já era? Era o que? Só porque lhe disse que daqui a uns dias, quando chegar a maturidade, pode ser que eu pense num Bolinha XS, já me vem com frases do este mes já era. Atrevidona. Nunca mais me apanhas numa pose tao vulnerável. Eu e os meus nice pubes. Aproveito para explicar o título. Foi a forma como o fotógrafo Schreiber decreveu a Madonna aos 21 anos, quando teve a chance de a fotografar nua.
Precisava que alguem levasse o Bola para passar umas férias longe daqui. Ele é arrumadinho, gosta de tirar a loica da máquina, nao faz chichi sentado, mas engoma a roupa dele. Tem andado muito chato. Qualquer dia, fica sem aparecer no trabalho cinco dias e acaba por ser descoberto no sotao, nu e embalado em vácuo, que é o que me apetece fazer-lhe.

domingo, maio 03, 2009

anita no campo






O fim-de-semana foi bom, deu para dormir, para descansar e para ser apanhada no meio duma tempestade, em que chovia granizo por todos os lados, e com uma tal forca, que se houvesse ali bebés com a moleirinha por desenvolver, de certeza que ficavam com as cabecas todas amolgadas. Apanhámos uma molha tao grande que até as coisas que eu tinha nos bolsos apanharam água, as sapatilhas rangiam e a chuva entrou por todos os lados possíveis. Como nestas alturas, nao adianta mandar vir, eu passei o resto do caminho a rir-me, dizendo o Bola que nao percebia onde estava a piada. Típico.
- Bola, é Deus a castigar-nos. Que mais podia ser? Há cinco minutos, brilhava o sol, agora o granizo cai-nos na cabeca como que a tentar provocar-nos um traumatismo craniano. É o que dá, estarmos nos trinta e sem filhos. Estao-nos a castigar por nao nos reproduzirmos.

O resto da tarde foi passado na varanda, a ouvir a trovoada, a beber chá de menta e a ler. Vi alguns coelhos e cervos e descobri que as vacas nao sao animais amistosos. Nao se aproximem muito.