Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

sábado, maio 26, 2007

menina nao entra

Quem lia os livros da Luluzinha, sabe que no clube dos amigos dela, menina nao entra. Hoje tambem nao entro. O Bola foi fazer grelhados com o vizinho de baixo, ver a bola e beber umas cervejolas. E entre os amigos deles, está lá um paozao, cheio de charme, que me aterrou aqui em casa saído do nada na semana passada. Um amigo nosso. E eu, que tambem era suposto estar pelo menos na parte dos grelhados, nao fui porque eles ja estao um bocado bebidos e de acordo com o Bola estiveram um bom bocado aos berros na varanda, a dizer ao Bola o quao gira, simpatica e torneada eu sou e o quanto eles gostavam de me levar de ferias para o Alasca... pois, o Bola disse que nao se chateou por eles estarem com os copos, mas mesmo assim É melhor nao ires, ficas aqui a ver a tua novela, tá bem? Estamos a ver futebol, a beber cerveja, nao te ias divertir.
GULOSO! INVEJOSO! Já nao posso bater palmas aos jovens prendados que se dao conta do meu charme? O ego mete-se no saco da viola e vai-se dormir pra cama. Humpf. Ou talvez comer um pratao de broculos e logo quando ele se for deitar, nem consegue ver onde está a cama, tal vai ser a neblina!
Ultimamente, quando ele me chateia é a ameaca que funciona da forma mais eficiente Bola, se nao páras com isso, vou comer o saco de couves de bruxelas que estao no frigorífico todo! E ele fica com medo. Muito. Experimentem em casa.
p.s. feijoes e castanhas sao óptimos para o efeito.

metrosexual pra mim nao, obrigada

Hoje foi mais um daqueles sábados mundanos, em que fiquei quase uma hora enfiada numa drogaria maravilhosa, daquelas onde se entra e se pode experimentar TUDO. Quem conhece a Boots inglesa, ja faz uma ideia. Saí de lá a emanar várias fragrancias, com as unhas tipo m&ms ou seja, uma pintada de cada cor e nas macazinhas do rosto, tinha vários tons rosados de blush. Porque o que vale uma gaja sem um pesseguinho, hmm?
Bom, depois fui experimentar uns trapos, porque sinto que já há coisas muito juvenis no meu armário de que nao gosto tanto. O meu gosto está a mudar aos poucos, o que até é normal. Por isso, hoje comprei umas jardineiras e uma t-shirt tigreza. Nada disso. Estava eu numa loja, dentro daqueles provadores minúsculos, onde nem os bracos podemos esticar e onde há sempre uma luz branca, mega reveladora que nos mostra o nosso corpo como nao o queriamos ver e como SABEMOS BEM QUE ELE NAO É. Devem usar os mesmos espelhos da CASA DOS ESPELHOS das feiras de atraccoes. Estava eu com as calcas na mao quando oico a bimbalhona do provador ao lado:

-Ó Markus, anda lá aqui ver se gostas.

- Espera lá que tou aqui a mandar umas mensagens.

- Tás, tás.. tás é a ver a outras gajas aí do lado a despirem-se.


Bom, as outras gajas do lado acontece que era só eu, pois nao havia mais ninguem a experimentar roupa. E como o palhacoera de facto bastante alto, eu estava a experimentar a minha roupa e conseguia ver a cabeca dele por cima da porta.

Saí com o que já teinha experimentado e dirigi-me à loja seguinte, onde fui comprar roupa interior, afinal diz que ainda estou em fase de crescimento. Lá estava eu no provador, quando pela réstia da cortina, vejo o reflexo dum fulano sentado com um monte de soutiens no colo. Pensei que por muito prestáveis que os gajos das outras possam ser, eu nao era maldosa o suciciente para arrastar o Bola comigo para um provador de roupa interior. Mas constatei que se o Bola soubesse metade do vocabulário que este bimbo sabia do mundo da roupa interior, acho que nao nos tínhamos casado.

Este panaca ir buscar aos cabidos soutiens e trazia-os aos montes à sua senhora e ainda lhe dava informacao preciosa como:

- Amorzinho, e assim com aros, gostas? Com almofadinhas? Este também há em azul. Nao gostas? Volto já.

Confesso que isto me deixou perplexa por uns momentos. E nao conseguia sair dali, porque queria ver o que é que o pássaro Avelar iria trazer desta vez:

- Docinho, no teu tamanho nao há. Procurei nos cabides todos. Porque nao ficas com o branquinho? Combina com tudo. Ou achas que posso ir buscar outras copas? (aí pensei em por a minha de fora)

A voz apagada que vinha de dentro do provador lá lhe deu sinal, que sim, que ele podia continuar em busca de soutiens. Como se fossem para ele. E nisto, foi quando eu saí da minha cabine pra ir atrás dele disfarcamente. Nunca vi nada assim. Ele pegava nos soutiens todos, via as etiquetas bem de perto e apertava bem, pra ver se aquele material dava mostras de tratar bem do par de meloas da sua amada. Isto perturbou-me. E fez-me concluir que prefiro um Bola que quando se senta à minha espera só vai perguntando de dois em dois minutos se vou demorar, sem parar de abrir a boca pra bocejar. Antes assim do que uma maria destas.

Recomenda-se vivamente

Um post fantástico sobre os sentimentos que nos assolam quando nos dirigimos aos servicos publicos em Portugal. Na Alemanha, nao é perfeito, mas nunca me aconteceu tirar uma senha, com mais de 5 pessoas à minha frente.

what the f***?

- É Natal e tens dez anos, só pode.
Foram estas palavras que sairam pela minha halitosa boca fora esta manha às oito horas. E já foi bom eu ter conseguido articular tanto, às oito A. M., quando o Bola me aparece no quarto vestido, pronto para ir ao mercado. Nem nos meus piores pesadelos me acontecem coisas destas. (nos meus melhores pesadelos, ele nao tem roupa sequer) Para a situacao ser hilariante e digna de se contar aos amigos no café, só faltava ele ter posto fato e gravata para um momento tao solene, como ir ao mercado. Olhe, de-me aí um saquinho para eu nao sujar a camisa com a terra das batatas. (na Alemanha, vai-se ao mercado de cesta de palha, só os outsiders é que andam com saco de plástico) Eu passo a semana a mal dizer a hora a que me levanto e a contar os dias que ainda faltam pra eu ficar a dormir até tarde (até vou desenhando pauzinhos dos dias que faltam na parede da banheira), para este marmelo, num sábado de manha, me comecar a falar em listas de compras. Queres morangos, queres batatas? Talvez bróculos? E cebolas, é preciso?

- SÓ SE FOR PRA TE ATIRAR COM ELAS À TROMBA!!!! E já agora, pra me fazer chorar, porque isto que me está a acontecer consegue ser mas dramático do que quando em Barcelona nos 4 dias um anormal se pos a martelar na parede do lado antes das oito da manha, TODOS OS QUATRO DIAS. (Tenho testemunhas. E nao sao propriamente daquelas que até acham que em férias nao é pra se ficar a dormir ate tarde)

Mas, a melhor frase de todos os tempos, pra mostrar que nao ha respeito pelo sono E DESCANSO alheio, porque eu trabalho, a melhor frase do Bola no melhor timing foi, perante a minha indiferenca: PODIAS FAZER UMA LISTA...

Antes das oito, eu nao consigo abrir os olhos de tao pesados que estao, e este gajo quer uma lista de compras pra ir ao mercado. Nao é de lhe atirar uma cesta e gritar que nunca mais volte? Bom, claro que so escrevi post porque reconheco a pobreza do seu vocabulário em portugues. Nao lhe contem, tá bem? O que os olhos nao leem, o coracao nao sente. Mas que coracao, pa?? Um gajo cruel que nos arranca da cama antes das oito a um sábado? Apedrejado em praca publica era pouco...quem concordar levante a mao, s.f.f.

sexta-feira, maio 25, 2007

ó maes recentes!

Mas porque é que uma grande parte (eu disse TODAS? nao disse, pois nao?) das mulheres que teem bebés ou criancas pequenas, chega a uma fase em que já nao consegue distinguir quando fala com as criancas ou com os colegas de trabalho? Depois temos uma vozinha assim muito infantil e palavras acabadas em -inho a torto e a direito, ou seja, linguagem e tom notoriamente desligados do ambiente de trabalho... É que tenho duas colegas que foram parideiras há pouco tempo. É feio dizer parideiras? Maes, pronto. Ficaram em casa quase tres anos com a miudagem (aqui na Alemanha, pode-se ficar 3 anos em casa, a questao é quereremos todas tanto tempo no meio de fraldas, bolsado e cocós moles e amarelos? assuntos para outro serao) e agora aterram de novo na secretária e veem os colegas como se fossem mais pessoas pequenas, daquelas que fazem chichi na fralda e que tudo o que querem fazer é meter a mao na caixa das bolachas. Ia jurar que hoje uma delas me chamou malandra, assim com esta vozinha. Devo ter sonhado.

vida dura, ai nao

Camaradas, camaradas, a vida nao está fácil para quem estava habituada a receber mails de dois em dois minutos e a responder em tempo ainda mais record. O tal ten finger system.
Mas pronto, tento combater este meu vício. Tento ver isto como o alcoolismo, um mal que se resolve com terapia de grupo, ontem até estava distraída e a meio do trabalho, levantei-me e disse em voz alta Olá, o meu nome é minhoca e sou mailaólica. Só acordei pra realidade quando me apercebi que nao veio aquela resposta amigável e em uníssono, tao tipica. Olá Minhoca. Ou Bem-vinda Minhoca. Pois, sentei-me novamente e continuei a fazer minhocas de clips, que é algo que gosto de fazer enquanto penso. Depois tem coisas engracadas, ultimamente o meu telefone dá-lhe pra tocar com pessoas do outro lado da linha que eu nunca vi mais gordas e pedirem-me informacoes e a fazerem-me perguntas parvas, das quais obviamente eu nao estou mesmo nada informada. Mas como é por telefone, consigo disfarcar e responder no meu tom mais profissional e neste sotaque frances tao meu a perguntas como: Minhoca, temos aqui um regulador de %&$§#*, diga-nos por favor se é para sair para o cliente programado ou por programar. Esta foi ontem. Hoje. Minhoca, a pen que mandámos vir chegou, é pra debitar em que departamento? Ao que eu estive quase a responder no das batatas-fritas, ou no departamento dos sonho cor de rosa.
Pois é, andaram a espalhar o meu contacto na intranet e agora toda a malta que comunica com o Brasil me liga. É hilariante. As minhocas de clips que já tive de interromper por causa destes telefonemas parvos. E depois aparece no meu display o nome do cromo ou croma que me chateia e eu sou uma pessoa especial tambem pelo facto de ter grande dificuldade em falar com pessoas cuja cara nao consigo imaginar. Mas ao mesmo tempo, sei que num país destes, podia parecer estranho eu pedir ao meu interlocutor para mandar foto por email para depois falarmos. Isto designa-se por assédio sexual e nós cá nao gostamos muito dessas coisas. É proibido. Verboten. Uma das palavras que mais me incomoda. Verboten.
O que nós gostamos é de assério nas novelas. E agora que falamos nisso e porque eu sou sopeira e digo-o aqui em publico, mesmo com medo de todos os perigos que tanta exposicao pode trazer. Os meus amigos dizem-me cuidado, pa, andam aí os pedofilos, olha o que aconteceu à pequena Madalena.. tu expoes-te na net. Sua maluca. Qualquer dia, acabas numa valeta, abandonada por um desses doentes que procuram imagens de criancas em fato-de-banho. Para que isto? Agora perdi-me. Ah, estava na parte da exposicao e da sopeira. Algum voluntário para me mandar um mail de dois em dois dias a contar a novela? Pedi ao meu Pai, mas ele ignorou-me. Os nossos pais reformam-se e cade a assistencia que nos podem oferecer?! É que agora nao sobrevivo acordada até à hora da novela. Bem tento por uns palitos nos olhos, beber coca-cola e tal, mas nao. Adormeco com o comando da powerbox na mao, de boca aberta, e com os meus cabelos sedosos todos rebeldes a taparem-me a cara. Se o Bola fala comigo nessa faseem que estou já a dormir, mas a pensar que quero aguentar até a novela comecar, eu tem dias em que inconscientemente penso que sou a Thelminha e agarro-me ao pescoco dele a chama-lo de Jorge.
Sou tao triste.
Mas hoje é sexta-feira e hoje é dia de rabo bolorento a corrigir composicoes hilariantes e emails que os meus alunos me escreveram pra eu corrigir. De rebolar a rir. Já pensei em por aqui. Mas onde está o lugar pra moral? Ah.

quarta-feira, maio 23, 2007

sejamos felizes como as cerejas

Neste país tropical chove com uma forca brutal durante cinco minutos, deixando no ar aquele aroma fresco a terra molhada, que é tao boooom. O Bola fecha tudo e eu volto a abrir as janelas todas, para o cheirinho a terra molhada me refrescar o ar da casa. Neste país tropical. Gosto de me sentar na varanda a aproveitar o calor, porque agora lhe dou o devido valor. Nao é algo que dou como certo. Tao raro que nem vale a pena gastar muito dinheiro em neckholders e coisas do género.
E como passo a maior parte do ano coberta com roupa, posso mesmo continuar naquela de que os bounties sao saudáveis porque aquilo é so côco. E como um por dia, pronto. Isso e as cerejas felizes, as minhas gomas. É que depois do almoco tenho umas crises de sono que só me deixam em paz se eu estiver a comer. A mascar, pronto. Cerejas Felizes.

É que desde que comecei a trabalhar que nao surfo na net durante o horario de trabalho. Estou ali, das nove as cinco sem ver o mail, sem espreitar sequer quem é a playmate do mes no site da play... ha? Perdao, enganei-me. E depois de tres semanas, ainda me custa imenso. Eu preciso da minha sala de chuto! Volta e meia, quero tanto ver o meu mail, que o meu corpo se contorce todo e comeco a espumar pela boca, a tremer e a proferir impropérios a quem me olha de lado. Custa-me tanto. Nem as noticias leio. Nao vejo o mail. Nao verifico o tempo para os proximos dias, nao procuro receitas pro jantar, nao vejo o online banking, nao leio blogs... que triste. Custa-me tanto. Pronto, leio sobre a indústria do cartao. E quando estou desesperada e já me mordi toda, desco as escadas e venho ao computador colocado especialmente no átrio para quem quiser tratar de assuntos pessoais. Chuif.
Mas quem é que hoje em dia trabalha com um computador sem ir à net? (custa-me tanto)

domingo, maio 20, 2007

É perfeita


Diz o Bruno Nogueira que a Super Bock é perfeita. Perfeita, perfeita é a minha sanduíche. Desde que bati com os olhos nesta sande, que sonho em faze-la. Pelo que comprei ontem TODOS os ingredientes para a sua confeccao e hoje vai ser como que o dia da Sande. Espero que voces tambem consigam ampliar e ler os ingredientes. Aparentemente foi a sande vencedora dum concurso da Hellmann's no UK...cantem comigo...verdadeira maiiiioneeese!!
Agora vou-me ali esticar ao sol pois estao trinta graus, é verdade... e os vizinhos já se sentaram aos seus postos na varanda para ver Minhoca, uma orca em bikini. Até já.
p.s. Fui pesquisar. Para quem estiver interessado, espreite aqui, in english.

quinta-feira, maio 17, 2007

Dia de Pentescostes

Será que nao há quem, como eu, pense que trabalhar oito horas por dia é imenso? Cinco horas já estava bem. Cada um podia ter direito a tarde ou manha livre. Mas oito horas? É casamento certo com o trabalho. Temos mesmo de gostar ou aprender a gostar do que fazemos. Nao acho nada bem.
Bom, isto sao apenas os pensamentos que me atravessam a cabeca enquanto faco coisas tao simples como depilar as pernas, no caso de hoje.
Hoje é feriado, dia de Pentecostes e dia do Pai. E também dia de chuva, muito ranhoso, com tanto frio que ja pensei em ligar o aquecimento só por hoje e para amanha nao tomar banho com a casa de banho fria. Acordei depois das onze, como era de esperar e vim alapar o meu rabo na secretária do computador, onde ja fiz coisas muito úteis como procurar hotel em Munique (vou ter visitas em junho, oba!), comprar uns ténis horríveis na ebay pro Bola porque ele queria muito (parecem sapatos de reformado, sao brancos e pirosérrimos), preparar a explicacao da Eugenia, escrever emails em atraso, etc.
Actividades empolgantes de dona-de-casa esperam-me ao longo do dia. Nao posso continuar aqui. E o quanto me dói cortar este cordao umbilical que tenho com a internet. Mas tenho de vos deixar. Até mais logo.

quarta-feira, maio 16, 2007

boletim informativo

Diz que quem toma actimel ou activia ou qualquer outra dessas porcarias com bactérias que ajudam a regular o transito intestinal, nao deve guardar esses iogurtes pro fim do prazo. Porque no fim do prazo, as bactérias já se afogaram no meio de tanto leite fermentado. Ouvi hoje na rádio e achei que era importante partilhar aqui.

Também achei que era igualmente importante avisar que antes de gastaram os euros em actimel e outros da mesma série, lembrem-se que essas bactérias ja existem nos iogurtes normais, sim?

mal-me-quer, bem-me-quer, mal-me-quer?bem?mal?bem?

Entrei em casa há quinze minutos, depois de um fim de tarde bem passado num restaurante no aérodromo de Weiden. Fui lá jantar com aquele que ultimamente tem pronunciado frases doces que comecam todas com neste país. Neste país morrem veados na estrada, atropelados por carros e camioes. Neste país janta-se à hora do lanche. Neste país, a Cindy Lauper foi clonada e é ve-la em todas as esquinas. Eu sei que tenho uma fixacao com a Cindy Lauper. A verdade é que os videos Time after time e True colors me marcaram duma forma muito forte. Foi isso e a daquela vez em que um namorado meu me disse que nao tinha cinco minutos sequer pra mim. Sao traumas. Enfim, que fazer? E já que falamos em traumas, é a altura ideal para contar que superei mais um hoje. Conhecem o trauma da crianca que almoca sozinha na cantina da escola? Eu. Passei duas semanas a almocar sozinha com o meu tabuleiro, numa mesa só pra mim. Minhoca, a eremita. A tristeza nao era suficiente para me fazer perder a fome, pois, amigos, se há coisa que passei a adorar é o bater das doze horas. Lá vou eu saltitante, em direccao à cantina já a imaginar a deliciosa refeicao que me espera. Apaguem aí o deliciosa, pronto.
Ora bem, hoje estava eu com a palhinha a perfurar o buraquinho do meu ice-tea quando reparo que um colega meu se sentou mesmo à minha frente. Tiro a palha do nariz e sorrio, coisa que nao devia ter feito, pois perante a minha alegria, ele mostrou um certo desconforto. Mas já era tarde demais pra se ir embora assim, sem me dar uma oportunidade. Lá conversámos durante a refeicao, isto porque eu sou uma artista no que toca a falar com comida na boca. Ponho o bolo alimentar arrumadinho num canto (aprendi com o meu hamster) e falo como se aquele montinho na minha bochecha nao passasse dum abcesso. O meu colega é uma pessoa um bocado tímida. E depois, coitado, tem um nome (apelido) que nao ajuda muito a que seja visto como um gajo fixe. Ele é COLA, de apelido. Nao é justo, eu sei. Depois do almoco, o COLA nao me convidou pra irmos dar um passeio digestivo ao longo do lago, coitado, se calhar falei muito. Foi da emocao de ter companhia e um interlocutor tao interessado na minha pessoa. Há quantos anos nao me diziam fala-me lá de ti. Há quantos anos, ninguem tinha a oportunidade de colocar a questao. A emocao continuou da parte da tarde, quando recebi o meu computador definitivo, novinho em folha e com um monitor de 55cm. Mais um aspecto positivo do meu emprego, a juntar à lista das coisas boas, onde já ontem anotei papel húmido na casa de banho.

terça-feira, maio 15, 2007

Jogo quantas-cervejas-tem-Bola-no-bucho?

feriado à vista

Quinta-feira é feriado e dia do Pai aqui nas Salsichas. A minha explicanda Eugenia ligou-me hoje a avisar que amanha nao vem à explicacao, mas que gostava de vir na quinta, como é feriado, achei que tinhas mais tempo e que assim te dava jeito receberes-me. Ela achava. Mas em que mundo é que ela vive? Neste feriado, só vou arrastar o rabo pra fora da cama quando já passar do meio-dia. Depois vou tomar um pequeno-almoco daqueles muito demorados e em seguida, vou-me alapar no sofá a descansar do pequeno-almoco, enquanto possivelmente faco tarefas de importancia elevada, tais como fazer as sobrancelhas, corrigir as fichas das cabecas pensantes das tercas e das quintas ou qualquer outra actividade neste género (representando o investimento de muita concentracao), que nao me obrigue e levantar-me. E a Eugénia vai-me obrigar a tirar o pijama. Vou-lhe cobrar honorários de feriado. Ou as regras neste país sao todas pra me deprimir?
Por falar em deprimir, ontem estava eu a ver a novela sossegada e com a sala praticamente às escuras, quando uma voz lá do fundo do lado oposto ao dos meus sonhos, e num tom irritadico, me diz pela brecha da porta:
- Tu nao achas estas novelas que tu ves assim um bocado parolas?
Claro que o Bola me pregou um susto de morte, porque eu estava em puro estado de extase a cantar baixinho a musica do Juanes, enquanto media detalhadamente os beijos melados que a Thelminha* dava ao Jorge na piscina. Com o comentário idiota dele, o meu impulso mais imediato foi atirar-lhe com o chinelo e expulsá-lo deste meu e só muito meu momento.

- Bola, eu só vejo UMA novela. E sim, nós povos latinos temos o sangue quente e como tu nao me dás beijos destes, deixa-me estar aqui enrolada na minha manta a sonhar acordada com o Jorge. Agora xô, vai dormir. NESTE PAÍS que é o teu, acorda-se ANTES das galinhas. Xô!

Depois disto, ele nao se cala a gozar com a minha novela e diz que nao acredita como é que eu espero que ele me leve a sério, quando eu vejo uma novela que mostra constantemente cenas de gajas aos gritos e marmelada. O que é que tu aprendes com isso... qual é a parte que interessa? Vais-me dizer que é pelas praias? Ou é pelos tipos a jogar volei na praia? bla bla bla... (minhoca adapta o mecanismo piloto automático)

Mas eu mereco isto? Vou repetir: tanto gajo brasileiro a passear-se de tanga em Ipanema e eu fui casar com um alemao... Só achei que devia repetir. É que antes de Dezembro vou a Curitiba em trabalho. ih ih ih ih

* Páginas da Vida

domingo, maio 13, 2007

o meu emprego novo

A empresa onde trabalho deve ter com certeza muitas nódoas que ainda nao descobri. Para já, encanto-me com todos os trabalhadores da pesada, daqueles que usam macacao azul, que me cumprimentam todas as manhas, quando me dirijo para o escritório. Ou quando simplesmente me dirijo para onde quer que seja. A desvantagem de trabalhar numa empresa grande, é que preciso de contar com tempo extra a partir do momento em que estaciono, para ir do parque até ao prédio onde trabalho. O mesmo prédio ao qual tive de me dirigir DE MAPA das duas vezes que fui à entrevista. Há dias em que tenho mesmo de correr que nem uma maluca, para a maquina onde passo o meu cartao nao me deduzir um quarto de hora. Por essa razao, enviei um mail a todos os companheiros da seccao do metal, (dois pavilhoes por onde passo todas as manhas) a informar que se quiserem ver uma generosa copa 95B a desafiar as leis da gravidade, basta que espreitem cá pra fora entre as 8,02 e a as 8,04 de cada manha. O Bola diria, como diz sempre Quando é que vais meter na cabeca que a Pontualidade (tambem diz com letra maiúscula) é algo muito importante neste país? Em momentos destes, olho para o meu ariano amoroso e penso és mesmo alemao, "§%$§$&$ Tanto brasileiro a passear-se em cueca nas praias do Brasil e eu apaixono-me por um alemao. Quem me dá dois pares de estalos?
Como eu estava a dizer e tao bem que estava... ainda nao descobri muitas nódoas na empresa onde estou. Para já, gosto. O meu cérebro agradece a oportunidade de poder voltar ao activo. O corpo agradece em conjunto, o facto de a cozinha estar a 7,45 metros da minha secretária. Sim, a minha secretária de dois metros e vinte de comprimento. Li na intranet que é proibido usar a internet para fins privados. Será que se eu argumentar que aceder ao meu blog para postar é do interesse da NACAO, me dao um desconto? É que os alemaes e as regras estao uns para os outros como eu estou para as sobremesas de chocolate.
No meu escritório, há um aquário gigante bem no meio com sofás de pele em amarelo e vermelho. Tantas plantas há que nao me vou admirar nada se um dia destes o chefe descer do piso de cima qual Tarzan agarrado à sua liana. A arquitectura tem algo de irritante. Entre o meu piso e o piso onde está a chefia, há um grande pedaco de chao recortado, que permite que de lá de cima, eles espreitem e nos aborrecam com trabalho, com reuniao ou com assuntos interessantes como este de sexta-feira, que consistia na necessidade de fazer saber quem é que tinha feito cursos de socorrismo mais recentemente. Haja paciencia... deixem-me comer o meu iogurte em paz. Ainda so vim à cozinha tres vezes hoje.
A melhor coisa no meu contrato é mesmo saber que no caso de eu morrer, o Bola nao fica pobrezinho. Recebe uma pipa de massa, para o caso de ficar triste com a minha partida.

cuidado com a sangria, sempre me disseram




na cidade do negocio das carteiras gamadas







sábado, maio 12, 2007

é hormonal, parece

Folgo em saber que muitos dos meus leitores desejam ver a Minhoca mae de filhos, mas para grande pena minha (ou nao), o meu problema é outro. A comichao diz que é deixa-la passar, porque pode ter tantas causas que nem vale a pena eu tentar descobrir qual é a minha. Desde que haja Fenistil e tempo ocupado, é um mal menor.
O cansaco, a tristeza e a má-disposicao sao aparentemente justificados pela minha tiróide, que funciona mal. De menos. Hipotiroidismo, diz a enciclopedia da saúde e os resultados dos meus exames. Pronto. Afinal, eu nao sou fraca, estou apenas debilitada.
Quando o médico me perguntou, com um sorriso meigo: Minhoca, sente-se cansada, sem apetite mas sem emagrecer porém, por vezes mal-disposta e com dias em que mesmo sem razao pra tal, só lhe apetece chorar?, eu estive quase pra lhe saltar pro colo, por em duas semanas, ter pela primeira vez alguém que me compreende. Era só o que me faltava ter uma depressao logo agora em que a vida me está a correr tao bem. Para alem da tristeza repetido que se abate sobre mim sempre que vou a casa e volto, nada mais há que justificasse o meu estado nos últimos dez dias.
Agora vou dar de frosques, porque o Bola convidou um batalhao de colegas para ca virem jantar e ainda nao fiz nada nesse sentido. Limpar a casa e fazer a sobremesa é sempre parte integrante da minha generosa contribuicao.

terça-feira, maio 08, 2007

sarna

Grávida? Mas tá tudo doido? Eu bem sei que vim de Barcelona ainda nem há duas semanas, mas quer dizer.. grávida? Amigos, baby Minhoca ainda nao é pra já. Está planeada para meados de 2009. Além disso, aviso já que quando essa fase chegar, voces vao deixar de vir aqui, pois vou-me tornar chata e a registar aqui percentis, bolsados e coisas que tal. Mas pra já, está tudo sob controlo. Continuo a cocar-me toda, aliás, deem valor a este post, depois de um dia intensivo com toda a minha concentracao envolvida, estar aqui ora a postar, ora a cocar-me, é algo digno de apreciacao da vossa parte. Nos pés, é terrível. Só me apetece rebolar-me na varanda. Nua.
Esta urticária claro que tem uma origem, amanha vou tentar descobrir se temos causa fisiológica ou psicossomática. Será stress? Será a cama duvidosa onde dormi em Barcelona? Será falta de higiene? Passo a tomar banho mais frequentemente, ao domingo só talvez seja pouco...

A minha vida mudou bastante na última semana. Passei a conduzir todos os dias sozinha, iniciei um novo emprego que exige muita concentracao da minha parte, sei que tenho vários olhos postos em mim, tenho de fazer boa figura se quero mesmo mostrar que o meu q.i. dá para mais para além de jogar uno. O que mais me custa e daí a reaccao do meu corpo, é acordar às sete menos um quarto. O corpo contorce-se todo, sinto-me mal-disposta e miserável. Depois, com o segundo café a meio da manha, passa. Até costumo comer uma banana pra me animar. A grande vantagem é às cinco da tarde já ter feito os km de regresso e estar em casa, a descalcar-me. Aí sim, aí durmo. Agarro na minha ovelha e na minha foca, faco a cama, fecho as cortinas e mergulho para dentro do edredon, donde só me levanto para atirar com o telefone pela sanita abaixo, pois o Bola faz questao em ligar a perguntar o que estas a fazer.
Agora estou aqui a ver uns videos com o Hugh Grant, para poder ir dormir e ter sonhos bonitos. Já o viram a abanar os quadris? Quando olho pra ali, até me esqueco que preciso tanto do Fenistil.

sábado, maio 05, 2007

coça aqui, coça ali

Camaradas,
Como vai isso? Benzinho?
Pois, eu cá vou indo. Resistindo à tentacao de nao aceder a blogs durante o expediente. Pelo menos, enquanto ainda nao dei mostras de quao valiosa sou e nao lhes revelei que é impossível a partir de agora, eles passarem mais sem mim.
Nao ha nada mais maravilhoso que o mundo do cartao ondulado. Vamos por partes.
Sabem as caixas de cartao, a que todos nos habituámos? Sim, as caixas de papelao. Ora, o papelao de onde vem? Se alguem diz, celulose, vao chover estalos.
Pois, é, as caixas de cartao sao feitas atraves dumas máquinas fantásticas que colocam vários rolos de papel e vao puxando esse papel, colando-o em camadas, nao sem antes (isto é muito importante) colocar no meio das camadas uma linha de papel em ondas. Nunca viram? Agarrem aí na primeira caixa de cartao, daquelas que se usam pra transportar tudo e mais alguma coisa, e comprovem. Lá estao as ondinhas. Ora, essas maquinas vieram revolucionar o mundo das embalagens e do transporte de mercadoria, que antes era feito em caixas de madeira. E eu agora, tenho a oportunidade de me maravilhar com tudo isto porque o meu emprego é numa empresa alema, líder a nivel mundial, que produz as máquinas que ondulam esse papel. Nao é fantástico?
Pronto, nao é assim tao fantástico, mas é o meu novo patrao.
O que nao é tao fantástico é a constipacao horrorosa que ainda nao me passou e a má-disposicao com que estou desde ontem, dia em que me apareceram 398 bolhinhas pelo corpo fora que me causam comichao. Além disso, passei a manha enjoada que nem um perú com vontade me vomitar a cada frase que o Bola dizia. E fraquinha, fraquinha, tao fraquinha, que isto quase me faz acreditar que o meu corpo está numa fase de rebeldia, por eu acordar às seis e meia. Até me dá vontade de chorar quando penso nisto. E como escrever um post enquanto me coço nao dá muito jeito, vou ali esticar-me na varanda sem roupa enquanto me esfrego nas pedras do chao.

quarta-feira, maio 02, 2007

em jeito de adaptação

Querido Diário,
Comecar com novo emprego com a sensação de que estou com um búzio colado aos ouvidos e com uma voz viril que não é a minha, não tem muita piada. Estar privada de aceder aos sites do costume e ver o mail durante o expediente, também não é algo que eu possa dizer que goste muito, mas espero que seja algo que com o passar do tempo, de pra contornar. Durante a minha pausa do almoco, cof...cof...
Ir de carro estrada fora até ao novo local de trabalho, também é motivo para alguma tensão, depois de nesta passagem por Portugal, numa das vezes em que passeava, ter estacionado com tanta paixão que destruí uma das ópticas (meninas: é o vidro que envolve as luzes) do carro da minha Mae. Além disso, conduzir de salto alto, mais precisamente salto muito agulha, nao dá jeito. Amanha vou levar as sabrinas brancas do ballet num saco plastico só para os dez quilómetros diários. E quando chegar à empresa, faco o pliet antes de entrar. Só pra dar sorte. É que eu nao tenho muitos amuletos.

Querido diário, eu tenho muitos atributos mas estacionar num parque lotado AINDA nao é o meu forte. De resto, os meus colegas parecem ser porreiros, há lá ums tipas com ar de prisão-de-ventre, mas desde quer eu me chapei com a série the Office, quer descobri quer há cromos repetidos nas empresas TODAS. É apenas uma questao de tempo para identificar quem é quem. O graxista, o exibicionista, o cara-de-pau, etc. Devem lá estar todos. Se for uma empresa tradicional. (Fiz um curso de sociologia por correspondencia)
Hoje apertei várias maos, disse o meu nome umas vinte vezes e repeti, qual papagaio bem ensinado, qual era a minha funcao e donde venho, os meus pratos preferidos, hobbies e virtudes e bla bla bla. Nao é fácil ser a única estrangeira no meio destas salsichas todas.

Cheguei a casa mais morta que viva. Descalcei-me na entrada e continuei rumo à cama, agarrando num rolo de papal higiénico pelo caminho, e fechei os olhos durante meia hora. Até que a explicanda chegou mais cedo. Saiam já dois pares de estalos à Eugenia, que chega sempre atrasada e hoje decidiu ser pontual.
Agora só consigo estar aqui sentada porque tenho dois palitos a segurar os olhos e porque estou anestesiada com o Pop goes my heart. Para além do som dos búzios (ficarei surda?) nos ouvidos, das narinas raspadas e vermelhonas e da sensacao de cabeca tao pesada que pode cair no teclado, tá-me tudo a correr bem. De feicao. Prometo postar aos bocadinhos e com fotos de Barcelona.
Querido Diário,
Gostei tanto de estar em Portugal. Será que um dia volto de vez? E quando...?

terça-feira, maio 01, 2007

Sao quatro da tarde e acabei de limpar o meu computador aqui no trabalho. Nao me deixaram leva-lo como brinde, também nao percebo porque... bom, a verdade é que agora que vi o novo layout do escritório, nao estou nada arrependida por me ter despedido. As secretárias estao todas juntas demais, nao ha privacidade, eu ja nao ia poder postar tao frequentemente de qualquer forma...
Pois é, depois de dez dias de férias eis-me de volta. Barcelona - 4 dias, Portugal, outros tantos. Nao disse aqui que estava de ferias marcadas em Portugal, para nao estragar o efeito surpresa. Há lá coisa mais gira do que apanhar as pessoas desprevenidas, deixando-as felizes...
A ida a Portugal valeu-me as saudades que matei, mas tambem me valeu uma constipacao horrorosa que apanhei, com o frio. E constipacoes em tempo quente sao sempre piores do que as de Inverno. Ontem, no aviao, tive medo que os meus tímpanos explodissem tal era a pressao que eu sentia, só estava a ver quando eu desatava aos berros, a gritar que ja nao podia mais. Foi mesmo uma experiencia que espero nao repetir. Aviso de amiga, preparem-se para quando forem viajar de ouvidos e nariz congestionados. Foi um pesadelo. No aeroporto de Palma de Maiorca, onde fiz escala, andei desesperada atras de algo para mascar no voo seguinte. Nao ajudou muito. Agora tenho um kilo de caramelos de nata Logroño. E andar há tres dias sem sabor nem olfacto? Custa. E nao estou a dizer isto por dizer. Nao pude cheirar a chuva ha dois dias à noite, nem cheirar o ar da minha terra, que eu sei que nesta altura cheira sempre tao bem, com a chegada (ainda que discreta) da Primavera. Quando cheguei nao consegui cheirar o pescoco do Bola, cujo odor quase consigo reproduzir de olhos fechados. Esta manha, nao me cheirou ao café do pequeno-almoco. E a metade da manga que comi nao me soube a rigorosamente nada. Que vida triste. Até o salpicao que trouxe na mala está isento de odor para as minhas narinas, sempre tao astutas e em accao. Espero que isto passe depressa. Os meus ouvidos fazem-me lembrar aquelas conchas, onde ouvimos o mar. Oico as pessoas como se tivesse tampoes enfiados nos tímpanos. Nao há Ilvico que me safe, ó vida.