Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

segunda-feira, abril 28, 2008

preservando os ecossistemas

Cheguei há pouco do parque da cidade, onde fui, propositadamente de balde na mao salvar 12 peixes. Como hoje esteve um dia de Verao, eu e o Bola jantámos numa esplanada e viemos para casa pelo parque da cidade. Qual nao foi o meu horror, quando vejo num cantinho do riacho do jardim alguns peixes que tinham ficado presos numa zona onde chegava pouca água, coitadinhos, a lutar para poderem respirar. Enterravam-se na areia, mas eram demasiados peixes para tao pouca água. A caminho de casa, o meu lado Madre Teresa nao me deixava em paz, mesmo com o Bola a tentar convencer-me que eu só queria adiar o fim deles, que iam morrer de qualquer maneira. Ainda assistimos a alguns deles a revolverem-se para se enterrarem na pouca água que ainda havia. Cheguei a casa, agarrei em dois baldes e disse ao Bola, com a minha mao esquerda no peito e cara de quem vai comecar a chorar a qualquer momento Sabes, podias vir comigo mesmo sem acreditares os vamos salvar, mas só assim para um dia mais tarde podermos contar a história do episódio em que eu salvei 12 peixes.
Como isto nao surtiu efeito e nem um musculo da cara dele se moveu, tive de tentar algo de que nao me orgulho muito, enfim, um golpe baixo.
- Bola... sabes...um destes podia ser o Nemo...e o Nemo sofreu tanto, lembras-te?
Há histórias que magoam uma pessoa, mas pronto, há momentos em que tem de ser. O Bola veio comigo. Desceu a margem do riacho com confianca como se fosse mergulhar nele, encheu o balde com água do lado do riacho onde ainda havia alguma e depois despejou-o com tanta forca em cima dos peixes, de modo que acho que eles devem ter morrido do impacto, ou simplesmente desapareceram. PORQUE SER SALVO ASSIM NINGUEM QUER! Se o Bola é a favor da entanásia? Ah pois deve ser!

sábado, abril 26, 2008

o biscoito perfeito

Alguém conhece os cookies americanos SOFT BAKED? Sao uns biscoitos redondos, que tambem se vendem muito em Inglaterra, que teem mesmo o nome american cookies. Em Portugal, há à venda no Subway, aquele franchise de sandes. Eu ando já há algum tempo a inventar para a receita me sair parecida, ou seja, pouco tempo no forno e muita manteiga. Se alguem me quiser ajudar com uma receita, as sugestoes sao bem vindas!
Para os amigos que moram no UK, nao percam a próxima oportunidade de comprar um pacote de cinco biscoitos frescos no Sainsbury's ou no Tesco. É uma libra muito bem gasta.

o dia da Minhoca

Sim, a semana foi cansativa, em alguns dias adormeci com a cabeca no regaco do Bola ainda antes das nove da noite. Ele comecava a contar como tinha corrido o dia dele, mas como nao mudava de timbre de voz muito frequentemente, eu adormecia ali mesmo. E é óbvio que estava mesmo cansada, caso contrário, dormitar com hálito a cerveja a ser expirado para perto das minhas narinas, é algo que noutras circunstencias, me impede de dormir. Ou entao, durmo, mas tenho sonhos maus.
Se chateei muito o Bola esta semana? Nao, nem por isso. Ando a tentar introduzir nas nossas vidas O DIA DA MINHOCA, que foi algo que vi num filme, é um dia em que ele faz tudo o que eu quiser. Uma vez por mes. Nao acho que seja pedir muito. Ele quer que esse dia seja às quartas (durmo no quartinho com vista para o cemitério), eu insisto que tem de ser um sábado ou domingo. No entanto, esse assunto ficou em banho-maria, pois hoje o Bola está com tensao pré-menstrual. Fomos às compras em carros separados, porque o outro carro precisa de ser levado a passear de vez em quando. Quando estávamos parados nos semáfaros, eu aproximei-me com o meu carro e dei-lhe um beijinho muito leve na traseira dele. Ele ficou chocadíssmo, pois acha que com 'acidentes' destes nao se brinca. Acho que ele teve medo que o meu toque soft pudesse fazer disparar o air-bag, coisa que até nao era assim tao má, pois ando mortinha por ver como funciona o air-bag ao vivo, sem ser nos filmes. Tem é que ser com mais forca. Quando se tem seguro contra todos os riscos, há que aproveitar, né?
O resto do fim-de-semana vai ser passado em harmonia com a natureza, pois malta, estao vinte graus. Os alemaes vao comecar a despir-se por tudo quanto é lado, nos jardins, parques de estacionamento, lagos, etc. Tenham medo, eu tenho.

sábado, abril 19, 2008

Procura-se camionista amigo

Às amigas no País das Salsichas! Preciso de um servico de transporte por camiao de Portugal para a Alemanha, que nao seja escandalosamente caro. Decidi que ao preco a que o petróleo está, isso de eu ir a Portugal de carro e trazer as prendas de casamento nunca vai acontecer. Portanto, como trazer copos na mala nao é uma experiencia que se considere de sucesso, eu preciso de um daqueles camionistas com um poster de miúdas nuas pendurado no seu camiao, que por uns euros, me traga as minhas coisas e umas garrafas de Sumol. E um bacalhau. E um presunto. E um tinto. E pastéis de Belém para um ano. Nao precisa de ser até Bayern, eu vou quase a todo o lado dentro do perímetro germanico, desde que nao seja Hamburgo. Ou Flensburg.
Hoje almocei salmao na cantina. Estava delicioso, mas deixou-me na roupa um cheiro menos delicioso que eu senti entranhar-se em mim duma forma, que nao havia ar puro que ajudasse. Quando regressei ao meu lugar, pus toda a roupa possível a apanhar ar, pois realmente piropos como minina, voce ta fedendo a pexi, nao é algo propriamnte agradável de se ouvir depois de um belo repasto. Há pouco, agarrei de volta na minha echarpe e quando enterrei o meu nariz nela, qual nao foi o meu espanto quando o fedor a peixe se havia transformado num delicioso cheiro a mar. Foi o melhor momento do meu dia, quando agarrei na echarpe e fui ali para uma salinha inalar o mar na minha roupa e com os olhos fechados, sonhar que estava na praia. Lembrei-me das noites na praia quando nem é preciso uma pessoa sair de casa para sentir o ar carregado de sal.
Os meus pensamentos de saudades de um país que nao é este, só se foram mesmo, quando as minhas colegas decidiram partilhar um pouco da História do Brasil comigo, a propósito do feriado da próxima segunda-feira, do mártir Tiradentes. Tudo culpa nossa, dizem elas. Que lhes roubámos o ouro e nem o soubemos a aplicar. Nem a Wikipedia me valeu desta vez.

terça-feira, abril 15, 2008

Porque vamos matar o acento circunflexo

Custa-me que o acordo (redigido por apenas dois países) ortográfico seja assinado e que Portugal nao saiba, uma vez mais, defender os seus interesses, o seu património, no fim de contas, a sua Língua. Para que a uniformizacao? As línguas sao o espelho de um país, duma cultura. O alemao falado na Suíca é diferente do falado na Alemanha ou na Áustria. É isso que dá legitimidade à própria língua, com características individuais de cada nacao. O Brasil é um país tropical, noutro continente, com um clima e uma demografia muito diferente da nossa. Porque é que a Língua devia ser uniforme quando os países nao o sao entre si? E o portugues creoulo, falado em alguns países africanos, porque é que havia de ser igual ao falado em Portugal na Europa, quando a cultura, história e identidade sao outras? Porque? PORQUE? Para facilitar o que? Nao haverá assuntos mais relevantes a precisar de solucao do que este? E sendo este relevante, nao seria a Gramática uma questao mais urgente do que a ortografia?A diferenca entre o portugues de Portugal e o do Brasil é abismal. A Língua Portuguesa é uma Língua nossa, levada outrora além-mar. A Língua de Camoes, a original, que tem carácter e o charme dos p's atrás dos t's que eu nunca vou deixar de escrever. Húmido é com 'h' que se escreve. Os brasileiros falam portugues, com a sua variante de sotaque, que ninguem lhes tira. É outra característica que lhes confere um certo charme. Mas submeter todo um idioma de séculos à sua variante sul-americana (em grande peso no 'acordo) está-me a querer parecer que é mais um sinal desta falta de amor-próprio que o meu triste país tem. Amor-próprio este, que só dá uns suspiros em campeonatos de futebol.

O professor Carlos Reis dava aulas de Introducao aos Estudos Literários na Universidade onde eu estudei e lembro-me vagamente dele. Só nao me recordo se na altura já era assim tao arrogante. Talvez só exibicionista. Estratégia de afirmacao internacional da Língua Portuguesa? Ou de Portugal e Brasil? E Timor, e os países africanos também se afirmarao? Se há 7 países que seguem a grafia portuguesa, porque é que vamos todos seguir a grafia do Brasil?
A Lídia Jorge acha que com o acordo, os africanos deixam de importar vocábulos ingleses. Sem comentários.

Eu sei que é só a escrita a ser modificada, mas mesmo assim, acho isto um fracasso.
Quando é que foi que a diversidade passou a ser algo a riscar? Quando é que os portugueses decidiram abrir mao da sua História? E numa democracia como aquela em que vivemos, porque nao se vota?

Entao, agora é só ficarmos assistindo à chegada do gerúndio em forca, passando pelo registro de nomes lindos, por ex. Vanderley, Teresina, Katya ou Túlio (do Tulicreme?). Já está tudo planejado.

hormonal

Ontem foi um dia para esquecer. Até o filme que tinha ido buscar para ver em DVD, ficou aquém das expectativas. Atonement. Depois de observar com mais atencao o corpo magrérrimo da Keira Knightley (tem lá uma parte em que ela faz de miss t-shirt molhada e dá para ver melhor), concluo que sim, gostava de ser magra, mas nao daquela maneira. Ali nao há uma única curva, para além da do queixo. E nao sei se ela pensa nisso, mas eu no caso dela, tinha medo de sair à rua, comecava a desenvolver uma fobia às cascas de banana no chao, pois uma queda nos paralelos assim tipo os da calcada portuguesa, podia significar uma tragédia a nível ortopédico. Eu também nao sou assim gorda, gorda, gorda... nao é. Bom, há certas partes do meu corpo com as quais nao estou propriamente contente. Vejamos, se o meu corpo fossem os contornos de Portugal (sou uma pessoa muito gráfica, preciso de imagens para explicar o básico do mais básico) , posso afirmar por exemplo, que nao gosto muito ali dos lados de Castelo Branco, Serta, Leiria e por aí fora. A zona ali do Douro, Vila Real e Amarante, lá está: tem fases. Quando era mais nova, andava de costas curvadas para que ninguem reparasse no meu Douro. Depois com o passar do tempo, acabei por gostar mais e agora estou numa fase em que já nem sei se goste. Enfim. Deixemos as analogias, porque realmente, segundo o Bola diz frequentemente, elas até nao sao tao boas como isso. (as analogias, atencao... o Bola é um cavalheiro)
Hoje trabalhei o dia todo com o cachecol e casaco vestidos. As janelas do escritório sao hiper mega modernas, pelo que fecham com botaozinho automatico centralizado. Ora, o esquema centralizado parece que pifou, e as janelas basculantes estao ha dois dias abertas. É que nao dá pra fechar assim como quem bate com a porta, tem de ser um processo automatizado, gerado por um computador. Porque há pessoas que gostam de gastar dinheiro sem razao, por acharem a Unicef pouco cool.
A meio da tarde, contemplei vir-me embora mais cedo, pois hoje nao estava a ser divertido. E eu sei o erro que posso estar a incorrer ao relacionar a palavra divertido no contexto de trabalho, mas acreditem que eu tenho uma nocao especial do que é divertido e do que nao é. Por exemplo, divertido é mandar o Bola ao multibanco levantar dinheiro com o meu cartao e dar-lhe o pin errado. Ou colocar pacotes de Fraldas Tena (um clássico) no carrinho das compras, sem ele dar conta. Ou ligar-lhe quando sei que ele está a trabalhar a perguntar e o que temos vestido hoje por baixo dessas calcas, meu marotao? (do lado de lá só costuma vir silencio. Pena, né?)
Reparei agora que hoje nao estou muito divertida. Estou hormonal. Deixem-me, pronto. Oh.

segunda-feira, abril 14, 2008

Disco fever

Ele há dias para tudo. E estava escrito que hoje era dia para eu comecar mal a semana ou, se preferirem outra versao, para mostrar o rabo na auto-estrada. Saio de manha airosa de casa às oito horas e logo me dou conta que os astros nao estavam a meu favor, quando um camiao do lixo me tentava agoirar a partida, ao movimentar-se a 15 km/h. Meto por um atalho, apesar de ter de entrar na auto-estrada um pouco mais atrás do que o habitual, mas nao importa, na auto-estrada nao vou a 15 km/h, nem que eu quisesse muito. E meter-me por atalhos é uma filosofia de vida, no meu caso.
Feitos os primeiros 15 km, eis que me vejo parada num transito infernal, onde os carros só avancam 50 metros de meia em meia hora. Após a primeira meia hora, comeco a ver o sexo oposto - e quao oposto - a urinar à beira da estrada e cruzo instintivamente as pernas, tentando abstrair-me do copo de água, do meu café e do copinho de actimel bebidos há uma hora atrás. Li todas as revistas e panfletos de supermercado que encontrei no carro, li inclusivamente trechos do manual do carro - sim, aquele que ninguem, com a sua sanidade mental, le - e ainda olhei para a minha agenda como se fosse uma daquelas imagens que se movimentam e ficam distorcidas (isto tem um nome do qual nao me lembro..qualquer coisa acabada em 'grama') numa de planear as minhas férias. Caneta, nem ve-la, portanto toca de agarrar todos os taloes de compras e gasolina que guardo numa divisória da minha carteira - onde o espaco é infinito. Assim para por tudo em ordem. Observei os camionistas da República Checa que se juntavam a cada cinco minutos para fumar mais um cigarro. Mascar uma chicla, juntar mais 4 e fingir que sao aquelas supergorilas que nos deixavam as bochecas inchadas. Fazer grandes bolas para os camionistas da República checa, que nem devem sonhar que já abri o fecho das calcas por nao aguentar mais a pressao. Procurar um espelhinho. Ficar triste perante o facto de ter perdido a minha pinca. E o transito, nada. No espaco duma hora, se andei cem metros já foi muito. A minha bexiga comeca a sugerir-me que nao vai dar e que eu devia ser uma pessoa mais misericordiosa para com ela. Se nao o sou para o estomago e pancreas, iss já é um assunto à parte. Penso na cor das minhas cuecas. Baril, sao mesmo aquelas vermelhas, que na frente teem a prateado DISCO FEVER. Mas, amigas, tentem entender e nao reprovem já, isto foi uma promocao da Women's Secret e eu tinha de escolher tres e só havia duas giras. E deixem que vos diga que as cuecas da Disco Fever sao maravilhosas, nao encolhem, teem muito stretch que quase que dá pra fazer uma fisga com elas. Claro que há dias em que eu saio de casa e me pergunto 'do i feel lucky today?', que é mais coisa menos coisa, a pergunta que me faz pensar se no caso de acidente, eu nao morro primeiro de vergonha pelas cuecas provocarem um ataque de riso aos paramedicos, do que pela causa do acidente propriamente dito. Hoje nao foi um desses dias.
Ao fim de duas horas especada no transito e depois de examinar todas as escapadelas possíveis num raio de 50 metros, Minhoca Peewee veste a sua parka, que devia ter sido mais gabardine, mas uma pessoa nunca pensa nestas coisas, e salta a berma da auto-estrada, artilhada com um pacote de lencinhos de papel no bolso. Ora, só depois de Minhoca já estar na pose de frango a assar e a regar toda a erva que tentava sobreviver, é que se apercebe que mais abaixo passavam carros numa outra via , que curiosamente (!) comecaram a abrandar. (A medo, já fui procurar no youtube) Devo dizer que a adrenalina era muita, voltei a desejar ter nascido gajo por uns meros tres minutos. E voltei a sentir-me crianca, por fazer xixi contra o vento. Que saudades! E que bem que soube.
O que nao sabe muito bem é chegar ao trabalho à uma e meia da tarde, com uma sensacao que muito se assemelha ao jetlag.

domingo, abril 13, 2008

O casamento é uma coisa maravilhosa. (nao digo viver junto, porque sou daquelas que acha que nunca é a mesma coisa) Partilhar quatro paredes com uma pessoa, que é um indivíduo diferente de nós (quase sempre), a quem um dia nos decidimos unir para a vida toda, é um desafio presente no dia a dia. O desafio este fim-de-semana foi eu, pessoa que gosta de dormir até mais tarde, insistir em nao arredar pé da cama antes das dez horas. E reparei que a minha insistencia na preguica, provocou no Bola síndromas pavlovianos, nao na sua essencia - o Bola nao salivou - mas o efeito sistemático de ele, durante o meu egoísta sono, desatar a fazer coisas pela casa fora, que normalmente nunca faria. Nao a esta hora. Oico o aspirador, a loica que ele arruma da máquina e sinto a brisa ainda muito fresca a passar-me pelos ombros. O Bola activo assim, abrindo janelas, levando o lixo até lá baixo a um domingo de manha, é algo que eu considero preocupante, mas que pretendo usar a meu favor. E em casos isolados, ele já teve o mesmo comportamento anteriormente.
O casamento é algo maravilhoso. Há coisas fantásticas, nao há?

quinta-feira, abril 10, 2008

tragedias que se abatem sobre comuns mortais

Hoje estou em dia nao. Ando há vários dias a espumar de raiva com um assunto que me conseguiu tirar do sério. Agora que a minha relacao com a Tv cabo atingiu um nível de suavidade autentica, depois de esta me oferecer a anuidade dos canais de cinema, o nosso futuro senhorio informa-me que eu nao posso levar o prato do satélite para a casa nova. Chuif. A desgraca abateu-se sobre mim. Com que direito me dizem que eu nao posso manter os lacos com a terra-mae? Só me apetece barricar-me, até que abram uma excepcao ao meu caso, por eu ser uma pessoa especial.
O senhorio nao tem nada contra. O condomínio é que é feito por uma empresa, na qual existe aparentemente uma legislacao. Nessa legislacao, deve estar escrito o tipo de grafitti que se pode fazer nas paredes e deve incluir tambem uma lista negra dos miúdos que nao podem andar de baloico na praceta. Os alemaes sao bons em muitas coisas. Tecnologia, pontualidade, amigo do seu amigo e a fazer regras. Ah, e cumpri-las. Ou pensam que aquela história de um alemao às tres da manha no meio duma tempestade de neve, numa estrada com uma largura de 3 metros, parado no sinal em vermelho (onde nao se veem carros ate 300 metros), é invencao minha?

Fui-me informar na net e descobri alguns veredictos publicados de turcos e outros que tais, que se indignaram contra tal legislacao e levaram o caso para tribunal, acabando por ganhar o mesmo e, com isso, o direito à parabólica. Parece que existe uma lei, ou melhor, um direito à informacao, que estará a ser violado perante tal proibicao. Um estrangeiro tem no país das salsichas, o direito de montar uma antena parabólica no telhado do prédio em que vive, desde que seja claro que atraves do cabo nao receba pelo menos dois canais na língua materna. Foi isto que consegui encontrar na net, mas infelizmente sem documento oficial.
Escrevi um email muito sentimental à empresa que gere o condomínio, explicando que sem os telejornais da Tvi e dos morangos com acucar (isso ainda passa?) eu nao sobrevivo. Que dou aulas de portugues e preciso da televisao para manter a língua viva em mim. Que acordo com suores nocturnos e pesadelos de que me esqueci de como se fala portugues. Invoquei que as minhoquinhas que ainda nao existem mas existirao, terao que ser educadas pela mae com a língua e cultura em causa e que sem a televisao, esse processo nao pode ser assegurado. Depois terminei de uma forma um pouco brusca mas cheia de sentimento, em que escrevi, mais coisa menos coisa, que sou conhecedora dos meus direitos e que se se metem no meu caminho, hmmm.... escrevi coisas que acho que em portugues se traduz com palavras com alguns p's, tipo 'pariu'.
A ver vamos se ganho esta guerra. Estou no bom caminho, nao estou?
Agora só preciso de mandar uma adenda, na qual acrescento que desde que trabalho com brasileiros, que o risco de eu perder o contacto com o portugues original é muito maior. E que depois vao ter de ser os meus amigos (quais amigos?) e família a mandar-me umas chapadas, quando eu disser coisas tipo 'qui barato', 'qui legau', 'voce viajou na maionese' ou 'isso é o ó do borogodó'. Para que conste.

domingo, abril 06, 2008

ideias brilhantes que se devem partilhar

Ontem eu e o Bola preparámos um agradável jantar para 10 pessoas. Eu como nestas ocasioes, tenho tendencia a, após as onze de noite, ficar com um misto de sono-panico-de-as-pessoas-nao-irem-
embora-na-próxima-hora, comprei uma latinha de red bull para me salvar a noite, que escondi estrategicamente no armário dos temperos. Mas nao foi preciso. Uns colegas do Bola trouxeram uma inovacao, que foi alias entretenimento para a noite toda. Vários copinhos de shot, cerca de 100 para ser mais precisa, com gelatina e vodca. Verde, vermelho, amarelo... que diversao que foi. Nao me lembro de metade da noite, mas tenho a sensacao de me ter divertido. Espero que os outros tambem. E que nao tenham ficado enojados por me ver a fazer acrobacias com a língua, para chegar ao fundo do copinho de shot e sugar o bocado de gelatina. Nem sempre foi fácil. Numa das vezes, engasguei-me, mas o Bola como é um querido e acima de tudo delicado, deu-me uma palmada nas costas que só por sorte é que os meus pulmoes nao foram passar ao centro da mesa.
Mas é uma ideia boa para festas de aniversário de criancas, por exemplo. Nós, os miúdos, adoramos gelatina!

quinta-feira, abril 03, 2008

na pradaria


You can always persuade rational people to do anything as long as you have the logic ready.

Sao frases bonitas e verdadeiras como esta, que eu aprendo com os meus audio books, que me acompanham da casa para o trabalho e vice-versa. Agora comprei uns quantos em ingles daquele da BBC, porque é simplesmente maravilhoso de ouvir. A melhor coisa do Reino Unido é mesmo a língua. Tambem gosto do tea-cosy e das casas pequeninas mas aconchegantes, com dois andares. Gosto dos cookies do Sainsbury's e de Notting Hill. E do Regent's Park. E de Yorkshire Pudding. E do John Cleese. Das velhotas que chamam toda a gente de darling e dear. Eu devia era ter ido para Londres.
Adiante. O último fim-de-semana foi passado numa casinha na pradaria. A minha sogra reservou dois pequenos apartamentos dentro duma casa, no sul de Munique, com uma vista fantástica para um prado e montanhas sem as quais eu até podia passar, mas o Bola nao. Ele tem o mesmo amor pelas montanhas que eu nutro pelo mar.
Fartei-me de andar a pé, respirar ar puro (estrume conta como ar puro?) e só nao bebi leite directamente da teta de uma vaca, porque as vacas cheiram um bocado mal e dao uma estalada com o rabo a quem se aproxima. Ah, e nao dá para respeitar um animal que faz cócó em andamento. A vaca é um animal do qual só gosto mesmo no meu prato. Medium, please.
O horror foi mesmo quando chegámos a casa depois de andar 10 km a pé e o Bola se deu conta que o seu ipod ja nao estava mais no bolso dele. Eu confesso que estava cansada, pois tinha passado meia hora a apanhar folhinhas de alho-porro para fazer a minha própria sopa, mas perante uma perda de 200€ e mais de 1700 faixas de música, segundo o Bola, irrecuperáveis, levantei-me e fui com ele caminhar os mesmos 10 km em busca do acessório que mais alegria lhe dá depois do aspirador.
E, amigos, nao é que num outro prado perto das ovelhas, o ipod estava mesmo lá no chao, a 20 milimetros de uma poca de lama?
- entao, Bolinha, sentes-te mais aliviado? (a reaccao dele quando se deu conta da perda foi algo impossível de descrever. Um misto de crianca de 5 anos com o comportamento daquela professora que apareceu nas noticias em Portugal na semana passada - disponível no youtube)
- Nem por isso. É que já estava a mentalizar-me que o tinha perdido mesmo, por isso agora o alívio nunca pode ser tao grande.

Me love germans. Really. (ler com ingles da BBC)