Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
quinta-feira, abril 26, 2007
por terras minhas
Pois é, amigos, Barcelona é a cidade da loucura total. Foram 4 dias muito bem passados, com boa comida, companhia, óptimo tempo, arte da que eu gosto (embora o Museu Picasso nao me tenha impressionado muito) e da qual sinto que posso opinar, cheirinho a mar, sangria, muitas palmeiras, gofres (comi meio e sem chocolate, nao sei explicar porque, mas choro de arrependimento), compras e faltaram as tapas. Ou às tantas nao, eu é que nem dei por elas. É como o catalao, ai isso é uma língua? Tambem me passou ao lado.
E como nao tinha graca nenhuma, depois de 4 dias em Barcelona, voltar pra Alemanha e ir trabalhar os dois últimos dias do mes, achei melhor vir por Portugal (até fica em caminho), ver a familia, causando-lhes arritmias quando me viram entrar casa adentro, lanchar nos cafés, tirar a barriga de miséria, abastecer-me de fármacos para as minhas crises de hipondríase e enfim, dormir na MINHA casa. Porque continua a ser aqui a minha casa.
Para quem ve a Grey's Anatomy, hoje passa na Fox life um dos melhores episódios da segunda temporada. Às 21h.
Entretanto, até segunda-feira vou recarregando baterias aqui por Trás-os-Montes, onde, como dizia uma amiga ontem, estao as melhores linguicas.
sexta-feira, abril 20, 2007
os espargos podem ser fálicos
- Aaahh... tens aí espaco na tua secretária, a minha está cheia de papéis.
- Bola, esta secretária praticamente já nem é minha, está tudo arrumado, ves aqui algum sinal meu, pra alem do meu corpo na cadeira? Vai por os espargos no carro, eu hoje vim de carro. Digo eu, com um sorriso, de orelha a orelha.
Ele quase deixa cair os espargos ao chao, mas controla-se e pergunta calmamente Onde estacionaste? Depois de lhe dizer que estacionei duas ruas abaixo, ele ficou com um ar menos apreensivo, mas eu apostava bom dinheiro como ele foi lá fora procurar por sinais que proibem o estacionamento.
Diz que o tempo em Barcelona tá piroso. Pelo menos, com mau tempo já se faz melhor a mala. Ontem recebi em casa um vestido (foto) que encomendei duma revista, desses que se usam agora, muito modernos, por cima das calcas. O padrao é num paisley vermelho e eu quando olho pra ele de perto, gosto imenso porque é bonito, um tanto quanto hippie. Expliquei isto ao Bola, com o vestido à frente do corpo enquanto me via ao espelho, e ele rematou da maneira mais feliz:
- Eu percebo-te. O padrao é giro, tens razao. Mas quando o tens vestido, pareces uma velha. Ou entao uma empregada doméstica, daqueles que usam vestido pra limpar a casa.
Lá está, quando eles acham que ajudam, opinam demais e na direccao errada. Nesta fase em que eu ainda nao sei se gosto do vestido, ele devia arrastar-me para o lado ESTE-VESTIDO-É-FANTÁSTICO e nao desanimar-me. É que nao estamos na loja, onde eu ainda me possa decidir que nao.
Flossenbürg
Quando tinha 16 anos, na escola secundária ganhámos uma viagem a Estrasburgo à sede do Parlamento Europeu. Como ficámos uma semana em viagem, uma das visitas de estudo incluída no programa foi uma visita a um ex-campo de concentracao que agora, de cujo nome me voltei a recordar depois de fazer uma pesquisa na internet: Struthof.
Struthof
Ainda nao fui a Dachau. A Auschwitz muito menos.
Nestes dois campos que ja visitei, mantem-se o tratamento, as mesmas rotinas, a mesma brutalidade. A repeticao. Sistemático. Por todas as seccoes por onde se vai passando, lá está a explicacao comum a todos: a zona dos chuveiros, de onde a água saía gelada no Inverno ou a ferver. Todas as marcas pessoais dos presos eram eliminadas, cabelo cortado, roupa e objectos pessoais destruídos. A zona onde eles tinham de estar todas as madrugadas a ouvir os discursos do nacional socialismo, horas a fio, subnutridos. O registo de que muitos nem em pé se aguentavam, morriam ali mesmo. As camaratas, sem higiene, caldos de bactérias, propagacao de doencas. E depois o crematório. A entrada no cimo do monte, onde os corpos eram atirados, chegando cá abaixo apenas as cinzas.
Depois cada campo deve ter, imagino eu, a sua nota pessoal. Em Flossenbürg, os presos trabalhavam na pedra. Tinham de cortar (?), arrastar enormes blocos de granito.
Em Struthof, lembro-me de ficar perplexa quando depois de ver tantas coisas já tao horríveis, nos mostram a fornalha, onde as pessoas eram queimadas vivas. Uma cruelidade tao vil, que me faz desesperadamente querer acreditar que aquelas pessoas eram feitas de outra massa que nao a mesma que a minha,.
Temos em nós esta atraccao pelo horror, pelo mórbido. que ao mesmo tempo, nos perturba. Mas queremos ver mais, saber porque. Eu continuo a querer ir a Dachau. Sei que vou estar o tempo todo a engolir em seco, mas quero ir.
Espero é que desta vez, nao me saia uma tirada infeliz, daquelas (admito) em que nem penso e quando dou por mim, nao teve graca nenhuma. Depois de sair do campo, disse ao Bola - que maus que voces foram.
Nao teve graca. Eu ia detestar crescer com o estigma de que os meus antepassados foram responsáveis por algo além de horrível. Prefiro entao a nossa economia pobre, a corrupcao empresarial, o sistema do ensino superior que funciona na base do comércio.
Só me deu pra isto porque li que o Hitler nasceu a 20 de Abril...
quinta-feira, abril 19, 2007
Constatações
Eu nao tenho cds. Descobri há pouco tempo. E isso chateia-me. Até agora achava que as vozes na minha cabeca eram musica suficiente, mas temos sempre os chamados ventos de mudanca. Nos entretantos, oico musica clássica, que nesta idade é algo que já sei apreciar.
Hoje enviei um mail comum a todos os colegas a comunicar que me vou embora, que nao é ainda o meu último dia, mas que lhes quero dar tempo para se atirarem aos meus bracos e implorar-me que nao vá. No mail informava que podiam comecar já, que se dirigissem a mim, fazendo-se acompanhar dum tubo de ensaio com pelo menos 100ml de lágrimas. As reaccoes foram engracadas. Afinal, os alemaes teem humor, la muito escondido mas teem. Diferente do nosso, diferente do britanico, enfim, muito característico.
Entretanto, descobri que a contabilidade ja encerrou o meu processo, pelo que teoricamente ainda tenho uns dias pra trabalhar, mas na prática, nem preciso de cá por os pés. Há alturas em que nao me apetecia ter moral. E há alturas em que gostava que alguem me levasse pela mao e me ensinasse como se faz a mala. Nao sei fazer a mala. Vou no sábado 5 dias pra Barcelona. AJUDEM-ME A FAZER A MALA! (ligeiro panico)
quarta-feira, abril 18, 2007
nao tem títtulo, por ser muito grande
Sou só eu que nao suporto o José Pedro Vasconcelos e aquela cara de betalhao daqueles dignos de se colar numa caderneta?
Uma nota de vinte euros a quem lhe enfiar duas chapadas!
Actor?
Nao.
Palhaco.
viciada nisto
A ideia ontem era ir grelhar uns bifes pra casa duma colega nossa. Isto era a ideia. Nasceu ideia e ficou ideia. É raro eu fazer planos para a pequena parte do dia após o expediente. Claro que nao fomos. Especialmente após um dia em que saio daqui a correr, para nao chegar atrasada à escola e com o tempo cronometrado para o numero de fotocópias que ainda preciso de tirar antes da aula. Ontem, de salto alto. Descobri que tenho um calo na planta do pé direito. O que dificulta a minha vida, pois eu sou um autentico Forrest Gump mas em gaja.
Os meus alunos nao reagiram com lágrimas, como eu esperava, quando lhes disse que na proxima semana nao vou estar cá. E como dia 1 de Maio é feriado, só nos voltamos a ver dentro de tres semanas. Ontem aterrou-me na aula uma jóia que nao gosta do curso onde está, por ser muito difícil. Perguntou-me se podia experimentar a minha aula. Claro que sim, mas nao era má ideia se da próxima vez nao me aparecesse lá com um bafo a cerveja, impossível de passar despercebido aos narizes dos mais distraídos. Sem a janela aberta, era possível que todos nós apanhassamos uma bezana à conta do bafo dele. Agora que penso nisso, nao tinha sido mau de todo.
Já aprendi a dancar aquela parte do pop em que me abano pra esquerda e pra direita enquanto estalo os dedos. Como eu ja disse, sou uma miúda dos eighties. Shall we dance? ;)
terça-feira, abril 17, 2007
os eighties foram muito bons
E sim, é o Hugh Grant.
Entre os vários momentos fantásticos do videoclip, temos a parte em que ele recupera o pulso na cama do hospital.
segunda-feira, abril 16, 2007
Spargelzeit /\tempo de espargos/\
Entretanto, trouxe uma garrafa de água e uma maca comigo, pois aqui impera a ideia de que eu me preocupo com a alimentacao. Nao é agora que me vou embora que vou estragar tudo.
Para o jantar saem espargos e só vos digo,
que pena que os espargos nao me passaram pela frente antes de ter vindo para as salsichas. Espargos sao óptimos, muito saudáveis e embrulhados em fiambre com umas batatinhas sao uma delícia. E pobres em calorias.
Em Portugal nao há espargos, pois nao?
Diz que se dao bem com o frio. Deve ser por isso.
aprendi a fazer dumplings
Foi um fds muito bom. Fartámo-nos de passear por dois bosques encantados nos arredores de Weiden, num dos quais encontrámos uma cobra venenosa de um metro a passar mesmo ao nosso lado. Foi bonito ver o Bola a parar no meio da estrada e a proteger-me do bicho mau. Estes sao daqueles momentos, em que vemos se o nosso macho tem o instinto de nos proteger de todos os perigos. Saem vinte pontos para o Bola e uma salva de palmas.
Sábado quando cheguei a casa das compras, já estava a minha sogra enfiada na cozinha, com as panelas todas a fumegar.
- Se eu soubesse que voces precisavam de panelas, ja vos tinha comprado umas, tem havido promocoes tao boas. Porque é que nao disseste nada?
Porque eu tambem nao sabia, naturalmente. A minha sogra cozinha que é uma maravilha, aliás nao fosse ela mae. A minha Mae tambem tem os seus passes mágicos na cozinha. Feijoada...hmmmm... Os pais da minha sogra há muitos anos tiveram um restaurante e ela aprendeu imensa coisa. Tento aprender com ela pequenos truques, de coisas que só se cozinham para estes lados. Como por exemplo, Kartoffelklöße/Knödel ou em ingles dumplings, que sao umas bolas de batata que eu nao suportava, mas que agora gosto imenso.
Foi um fim-de-semana bem passado, mas melhor ainda vai ser o próximo, por terras catalas.
Algum dos meninos e das meninas que conhece Barcelona se sente com vontade de me recomendar algo imperdível? Para além do que vem nos guias? Entao, digam la faxafor.
sábado, abril 14, 2007
sexta-feira, abril 13, 2007
la siesta
Eu acho que os meus ataques de sono estao estritamente ligados com o facto de eu saber que nao vou poder dormir quando sair do trabalho. Os meu sogros nao devem tardar aí e nao me posso fechar no quarto com o soninho de fim de tarde de sexta-feira, que é dos momentos mais preciosos da semana. Chego a casa, estico-me na cama, de onde já só me levanto lá pras nove da noite, pra entao, desperta, ver televisao, engomar, arrumar a cozinha, etc. Nao ha sonos trocados, porque o dia é sábado. Ora, com visitas, o cenário ja nao vai ser o mesmo. E hoje dava jeito dormir, mas nada que nao se resolva com um bom par de estalos. Com o mesmo par de estalos é como vou acordar amanha de manha quando o Bola me comecar a tentar desperar porque temos de ir ao mercado. Temos de ir ao pao. Nao me vais deixar ir sozinho e bla bla bla bla...
Em vez de amaldicoarmos os espanhóis, devíamos aprender com eles. Eu voto na sesta, quem mais?
a dor no coração
Chegados a casa, aquecemos o gulash que a Mae dele nos tinha mandado e depois do nosso passeio da digestao com 18 graus às dez da noite (ai aí chove?que pena...), fui arrumar e limpar a casa. Hoje chegam os pais dele e ficam até domingo. Nao pode haver um unico canto com pó. Como a minha sogra vai dormir no nosso quarto, há que esconder todos os meus segredos. E por bem à vista todas as prendas que ela me tem dado.
Digam-me... sou só eu ou nós, noras, fazemos todas o mesmo?
Ainda me falta libertar o frigorífico de comida mal-cheirosa e limpar duas janelas. E prometo nao me queixar de este fds nao poder dormir até ao meio-dia. Prometo.
ainda a hipocondríase
manguito
Só isso justifica o olhar atento da médica, que me examina com os seus enormes olhos azuis cada vez que eu lhe digo o que acho que pode ser desta vez.
Mas para já, tenho um útero sao, pronto para ser fecundado daqui a dois anos. Vou mandar um mail ao Bola a dizer-lhe para congelamos uns embrioes para o que der e vier. Por exemplo, prá semana vou pra Barcelona, posso nunca mais voltar...
E para todos os chatos que me estao constantemente a sugerir que como mulher casada (uma nova nocao de mulher) que sou, nao me devo soltar assim das amarras do matrimónio e ir curtir uns dias sem o meu esposo, deixem-me que vos diga: quero lá saber. Ele nao se importa. Eu acho saudável. Isso de sermos um só, é só nos poemas, nos dias mais romanticos e em Hollywood. De resto, somos dois indivíduos com direito ao seu espaco. E diferentes. Num ano com 365 dias, porque nao passarmos uns dias (poucos) separados? Onde está o crime? E eu nao sou assim tao moderna, mas dá-me vontade de cavar um buraco no chao e enfiar la a minha cabeca (para gritar) cada vez que me sugerem que nao é bonito, ir de debandada para Espanha sem o meu marido.
O amor duma emigrante mede-se de várias maneiras, mas nao desta.
quinta-feira, abril 12, 2007
tomatão com pernas
Bom, claro que eu quando o vi, antes de me desatar a rir e de o chamar ganda pimentao ou chili gigante (acho que optei por chili gigante), fiz o que toda a boa esposa faz, que é procurar na sua carteira mágica algo que o Bola pudesse espalhar na sua cara em chama, nao fosse ele entrar em contacto com gás (o meu, por exemplo) e fazer o prédio todo explodir. Tadinho, adormeceu ao sol no jardim do avo, e hoje nem olhou bem pró espelho antes de sair da aldeia do avo as sete da manha rumo a casa. Claro que quando comecei a perguntar às pessoas aqui se alguém tinha visto um pimento gigante, ele nao achou muita piada e disse coisas feias que incluíam o verbo desautorizar e infantil.Mas o sol brilha, os pássaros cantam e mesmo que ele me de um sermao quando chegarmos a casa e diga coisas feias, eu vou recebe-lo com um abraco. Porque sim. Porque ando a treinar a benevolencia e abnegacao. E porque depois de tres dias em cativeiro, preciso dum amigo com quem conversar, pronto. E diz-se que uma árvore é um amigo, mas já tentei e nao me senti compreendida.
entao?
É que esse tema ia divertir mais a malta. Além disso, só vejo filmes repetidos quando o filme é mesmo bom.
quarta-feira, abril 11, 2007
porque nao é a vida como no barco do amor...?
Desde segunda-feira que estou sozinha em casa e se houvesse testemunhas, era óbvio e claro para todos que estou mesmo só. Porque ontem cozinhei massa com salmao fumado e camaroes, algo que nunca faria com o Bola la em casa. Ele nao gosta de salmao. Tive a TV ligada sempre na tvcabo, sem alternar com os canais alemaes. Jantei na mesinha da sala em frente à televisao. Fiz cocó duas vezes com a porta aberta e com uma revista no colo. Deixei a sala numa bagunca antes de me ir deitar, pois fui pra cama bebeda de sono, só me lembrando de sacudir os papeis de doces de cima de mim. Estive grande parte da noite ao telefone enquanto engomava e, antes que perguntem, sim, dói-me o pescoco. Devo ter deslocado vários tendoes. Pronto, e pra acabar o post da mesma forma que comecei... arrumei a cozinha a cantar a música do barco do amor, bem alto.
Todos temos o direito a ser pirosos quando estamos sozinhos, tá bem?
olha-me esta
Mas é óbvio que vou levar o computador comigo. É MEU!
voyeurismo
No final, fomos como a atraccao da missa, porque todas as pessoas eram muito, mas muito mais velhas do que nós. Pareciamos dois desenhos-animados num filme a preto e branco.
De tarde fomos em mais uma sessao de sheep spotting, o nosso hobby comum. Eu conduzo nas estradas com aroma a fertilizante e o Bola procura as ovelhas. Quando encontramos um rebanho suficientemente grande, com mais de 200, paramos e ficamos ali perto, a observar e a ve-las comer. Se a Peta sabe desta nossa pequena perversao, ainda vamos ter chatices. Numa destas vezes, levámos uma manta e ficámos esticados a ler ao sol, acabando por depois adormecer. Quando demos por nós, as ovelhas já estavam tao proximas que tivemos de rapidamente agarrar na tralha e mudar de spot. Elas sao queridas, mas só ao longe.
queimando os ultimos cartuchos
Nao há nada melhor do que este limbo que é ter-me despedido e saber que daqui a duas semanas ja nao trabalho aqui. O limbo é mesmo a melhor parte, porque é claro que vai haver tambem espinhos no novo emprego, mas como ainda nao os conheco, sou dominada pela alegria de dar de frosques daqui misturada com a excitacao da nova fase, a comecar em Maio.
Por isso, é que tento nao me irritar com pequenas coisas, como por exemplo, ver o meu chefe a brincar às empresas, que é o que ele tem feito desde que ocupa tal posicao. Hoje vim mais cedo, porque preciso de sair mais cedo. Queria despachar umas coisas agora, mas nao consigo. A dois metros de mim, está uma chata, que fala com o colega num tom impossível, num tom que sobe no final de cada frase ou palavra. Nos meus sonhos, agarro naquela tranca dela que mais parece a da Timoschenko, (sendo que a Timoschenko tem um ar nobre) e grito-lhe bem perto do nariz dela para ela sentir o meu hálito do café: ÉS CHATA PÁ!
Será que posso fazer isso? Posso? Posso? Ou é má onda? Agora tenho de ser boazinha, né? E sair deixando um rasto de saudade, nao é?
Pronto, vou trabalhar. Ou fazer avioezinhos de papel.
Conhecem a série britanica The Office? Eu sou da opiniao que retrata lindamente os estereótipos classicos de qualquer empresa. Tres ou quatro identifiquei logo aqui há algum tempo. Eu sou um deles.
terça-feira, abril 10, 2007
baby blues
Estes dias de Páscoa serviram tambem para por à prova os meus ja desde sempre existentes instintos maternais. Frases como ainda tens tempo, que bem que te fica, daqui a dez minutos temos a tua linda camisa com bolsado, foram frases bonitas, ouvidas durante o domingo de Páscoa.
O priminho de 6 semanas do Bola é a coisa mais fofa que vi nos ultimos tempos. Já me tinha esquecido da melhor coisa dos bebés, que nao é o bolsado, os sorrisos nao controlados nem a mudanca das fraldas, nada mais nada menos que o cheirinho a bebé. Quem é mae (eu nao sou nem fui, mas tive uma irma de quem tomei conta) sabe do que estou a falar. Aquele cheirinho que é impossível de reproduzir por qualquer indústria, é das melhores coisas deste mundo. Especialmente se for acompanhado daqueles sonzinhos que os bebés fazem quando se mexem, que é um grunhido que eu nunca me canso de ouvir. Uma duvida me assola, a mim, minhoca de mamilos pequenos, ou chamemos-lhe antes normais: um dia que eu seja mae e amamente, vou ficar com mamilos maiores que os meus olhos? É que se é pra isso, desisto já do milagre da vida e armo-me em Angelina Jolie.
o maravilhoso ar do campo
- Tu conduzes bem, mas eu sinto que tenho que te orientar nesta fase inicial.
Um amor de homem. Que me orienta.
Nos restantes dias, nao me orientou grande coisa, pois como já estávamos no campo, nao foi preciso muito para me levar para uma daquelas estradas de pastagens, onde só passa um tractor uma vez por semana. Em estradas dessas, o perigo está excluído pela falta de transito e pelo cheiro a bosta de vaca, que é tao intenso que deixa o Bola enjoado e com as órbitas fora do sítio.
Mas tirando estes extractos da vida a dois, comigo ao volante e o Bola ao lado (tentei ir várias vezes sem ele, mas ele apanhou-me sempre a jeito), foi uma Páscoa muito doce.
sexta-feira, abril 06, 2007
O mestre
Foi-me enviada por email, deliciem-se.
John Cleese's Letter to America
To the citizens of the United States of America
frische Luft
Em casa, eu e o Bola tivemos de chegar a um consenso. O último a sair de casa deixa as janelas abertas, gekippt, como se diz em alemao, que quer dizer inclinadas. Abre num angulo agudo.Como temos uma varanda enorme, com cerca de 30metros, virada para Sul, temos o sol a bater na parte de frente da casa o dia todo. A parte da frente da casa tem janelas e portas para a varanda, portanto, cozinha, sala de jantar, de estar e o quarto do computador. Mais perfeito, só se fosse no campo. Com jardim, em vez de varanda.
Acho que a Primavera chegou, finalmente.
quinta-feira, abril 05, 2007
era giro, nao era?
A nao sei quantas gosta do nao sei quantos, mas já está prometida ao Valdemar.
Devia ser engracado vivermos num mundo assim. Em que as raparigas choram e choram nas suas copas quando descobrem que estao prometidas e que os pais ja as negociaram. Isto tem tanto de hilariante como de trágico. Às vezes penso que se pudesse regressar a um passado qualquer, regressava a um passado onde o meu Pai me prometesse. Assim, a um feio e burro.
Eu e a minha veia dramática...
Sao cinco e meia da tarde e estou a fazer horas extraodinárias. Claro que em vésperas de feriado, especialmente colados ao fim-de-semana, ja nao se ve vivalma por aqui, foi tudo a correr pro supermercado abastecer-se de comida para aqueles dias em que está tudo fechado e, ou se vai ao restaurante ou compra-se com antecedencia.
E se eu me fosse embora?
a ver se nao comem
Amanha é feriado, mas decidi vir trabalhar. Por opcao. Ah pois. Por ser feriado, as horas contam-me a dobrar e recebo um dinheirinho extra. Como no fim do mes, tenho de ter as contas feitas com a empresa, preciso de garantir que saio com as horas todas do meu contrato. Caso nao saia, descontam-me do ordenado e nao me dá muito jeito porque me vou meter nos copos em Barcelona até nao poder mais. Prefiro vir trabalhar enquanto tenho tempo.
Amanha vou ter com o Bola e familia à terra do Avo. Ficarei la até segunda-feira, sendo que terca ja estou de volta sozinha, pois o Bola fica mais uns dias com os pais.
Para alem de umas ultimas coisas que preciso de comprar para nao irmos de maos a abanar, preciso ainda de levantar as fotografias que mandei fazer (ainda do nosso casamento), comprar duas prendas de anos, comprar café, ir ao correio e engomar roupa para usar estes 4 dias. Como é Páscoa, tenho de ir bonita e feminina.
Lembro-me sempre de quando era pequena de por vestido no domingo de Páscoa. A minha mae ia-nos dar a roupa ao quarto de manha e acordar para recebermos a visita Pascal. Depois, preparava um tabuleiro com vinho do Porto, amendoas, pao-de-ló para a visita Pascal, que muito provavelmente nao ia ser tocado, só por nós. Mas apesar disso, todos os anos ela prepara esse tabuleiro com o mesmo amor. Da próxima vez que eu passar a Páscoa lá em casa, quando notar que se vao embora sem tocar no tabuleiro, agarro nos acólitos pela gola da fatiota e digo alto lá e pára o baile! A minha Mae, ha pelo menos 27 anos, que prepara este tabuleiro. Nao é tarde nem é cedo para agarrarem num punhado de amendoas, que sao de tipo frances e comerem do 27º pao-de-ló que a minha mae comprou pra voces. E se beberem um cálice de vinho do Porto nao é por aí que fazem o resto da ronda c'os copos. Vá, toca a comer.
Viste, Mae? ;)
quarta-feira, abril 04, 2007
tudo com os corninhos ao sol
Se eu nao tivesse um emprego novo, acho que agarrava no pato amarelo e me afogava na banheira dentro duma bacia.
É que por acaso está sol. Por acaso, adorava dormir uma sesta esticada na relva.
Mas nao. Tenho explicacao às cinco e meia. Estou sem ideias.
Feliz Páscoa para todos!
com mta cebola e ketchup
- Podes ir trabalhar, que eu levo-te la o hamburguer.
- Deixa estar, Abdul, hoje tenho tempo.
Gosto de ali ficar 8 minutos a desfolhar o jornal, enquanto ele vai falando.
- Tens a certeza que nao queres batatas-fritas?
Normalmente nao. Mas quando ele insiste, às vezes, peco uma porcao infantil. Eu sou assim, fácil. Quando insistem, pronto. Ó Minhoca, queres um gelado? Nao. A sério, olha que nao sei que nao sei que mais (o motivo é irrelevante). Pronto, tá bem.
Escrevo tanta palha para dizer que um dia gostava de ter a minha própria roulotte. É um daqueles sonhos de crianca. Ainda me lembro de nas férias, irmos pela estrada fora e os meus pais explicarem-me que naquele carro as pessoas teem uma cozinha, cama e casa-de-banho. E podem ir pra todo o lado.
Há sonhos que, passada a era infantil, nos abandonam. Tipo tomar de assalto o rancho do Michael Jackson em Santa Bárbara, LA. Este nao. E as dúvidas também ficam, especialmente aquelas que nao nos foram tiradas na era infantil. Concretamente, em relacao à roulotte ter casa-de-banho, a pergunta é E o cócó, para onde vai?
Mas pra já, ficava contente com um Volkswagen Golf dos novos, se nao for pedir muito. A cor nao é importante. Até pode ser amarelo.
E continuo interessada na hipotese de nadar nua numa piscina de água ou outra bebida gaseificada.
B de? Bola! C de? Celulite!
Ele olha, com uma expressao que revela um misto de nojo e medo. Que por acaso é interessante, tentem lá imaginar o misto de medo e nojo. Agora juntem-lhe curiosidade. É um olhar interessante.
Como ele nao adivinhou o que eu tinha no copo de plástico, cheirou. Instinto animal, tudo bem, sem grande espaco pra crítica. A malta toca, depois cheira, depois prova.
- É café. Borra da máquina. Que devia ir pro lixo, mas que tu puseste num copinho. diz ele com ar de gozo.
- Bom, a partir de hoje vai haver sempre um copinho com café na banheira e se fazes favor, nao mexes. É pra eu misturar com o gel de banho e me esfoliar. Para combater a celulite.
Claro que ele fez aquela cara que os homens fazem quando nao percebem, acham ridículo, mas sabem que nao podem dizer nada. A ponto de um comentário provocar uma tempestade, e pra tempestade já bastou a de ontem.
Depois a título de bónus, expliquei-lhe que acho que a indústria dos cosméticos se aproveita desta fraqueza das mulheres, para ter lucros vergonhosos com cremes, esfoliantes, peelings, pads e outras porcarias que tais, que custam normalmente muito dinheiro, nao passando de cremes banalíssimos, LA ESTÁ: com extracto de cafeína ou doutra mezinha qualquer. Portanto, antes de eu perder a cabeca de vez e conseguir largar 30€ por 100ml dum gel milagroso, tento um método doméstico e económico. Mal nao deve fazer.
Como o Bola estava ainda inebriado com o jogo de futebol, cheio de emocoes, (o FC Bayern marcou no último segundo contra o Milao, fazendo o empate 2-2) nao tive grande oportunidade de debater com ele este assunto, o da minha celulite. Portanto, pra proxima, ligo para a linha da Corporación Dermoestética, em busca duma amiga que me ofereca uma promocao.
segunda-feira, abril 02, 2007
Claro que vejo
Normalmente adormeco antes de chegar a hora do programa, o que me deixa um bocado lixada. Lixada deixa-me tambem saber que se o casting tivesse sido um bocadinho mais apurado, o programa faria rir muito, mas muito mais.
E já agora o pensamento de hoje é: Celine Dion é fixe. E Lionel richie também.
Definitivamente, é um conceito relativo. Sorte, destino... eu gosto de lhe chamar sorte.
Isto para dizer que a acreditar nestes ventos de mudanca, eu e o Bola jogámos no totoloto neste sábado, como se tornou hábito desde ha umas semanas pra cá. Volta e meia é a Mae dele, que lá de Moscovo nos telefona a dizer que teve um pressentimento de que a chave dela vai sair. E lá vamos nós registar a chave da sogra. Já lhe disse que era bom clarificarmos as percentagens, nao va um dia destes a mae dele ter sorte e nós depois temos de andar à paulada a reclamar os nossos 50% dos dividendos.
Bom, nós este sábado tivemos um quatro. Como o Bola gosta de frisar, nao foi com a minha chave, mas com a dele. Sim, eu tive uma semana de sorte, mas ele também nao ficou atrás, alto lá... eu por acaso, tinha dois numeros na minha que completavam os dele para o grande prémio, mas isso é, naturalmente, irrelevante.
Egoísta como todos os homens, disse que os quase cem euros que ganhou (cálculo...) servem para cobrir as calcas e a camisa que comprou no sábado, ao que eu respondi que somos casados, portanto nada de egoísmos. O que é meu, é dele. Humpf. E eu quero um bronze powder para as minhas macas do rosto.
A minha mae há uns dez anos teve um quatro e querida e generosa como só ela é, (há muito poucas pessoas generosas como a minha Mae, acreditem) dividiu comigo e com os meus irmaos, nao ficando nada para ela.