Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, junho 27, 2007

a long way down

O que é facto é que eu gosto mesmo é de ver as máquinas, as pecinhas todas, para que servem, tocar nelas, saber como sao feitas, ver o metal a ser fundido. O ideal era eu passar mais tempo com a mao na massa e menos tempo sentada na secretária. O ideal mesmo era perceber de mecanica e ser enviada pela empresa duas semanas por mes, para outro país qualquer, para assistir os clientes, mas isso já é muito fruta, pronto.
Ando muito satisfeita com o meu emprego novo. Tenho sempre que fazer, estou permanentemente ocupada e tirando o meu chefe ter o seu que de ordinareco, nao me posso queixar de nada, ainda. Ontem chamou-me para eu ir ao escritório dele e encostado na sua cadeira, com ar de quem se vai desfazer todo, observava indiscretamente os meus nada reveladores (ontem) seios, perguntava-me se estou satisfeita. Ao que eu quis responder estou, mais ainda estaria mais se em vez de se estar aí a babar com os meus seios, respeitasse as fotos aqui em volta da sua mulher, filhos e netos, ó velho porcalhao!, mas respondi delicadamente que sim, que para já, estava tudo a correr bem. Ainda antes de me virar, reparei que os olhos dele já se dirigiam para o meu rabo e aí tive pena dele, pois se há coisa que eu nao tenho de jeito é o rabo. É achatado, como se eu tivesse passado a minha vida inteira sentada. Portanto, ultimamente tenho tentato fazer jus à fama.
Isto é uma das maravilhas de se trabalhar numa empresa onde 90% do pessoal sao homens. Sempre que faco uma ronda pelos pavilhoes onde se funde o metal e onde se faz montagem de maquinas, parece que pára tudo perante a presenca de estrogénios num ambiente tao carregado de suor, pelos e testosterona. Mas o que é isto? Uma gaja? Mas ainda há disto? Donde é que elas veem? Podem-se comprar no supermercado? Ahhh e falam!! Mas o que eu mais gosto é quando fazem um esforco para me tentar explicar como é que determinada maquina ou processo se desenrola e o fazem tao detalhadamente como se eu fosse anormal. Como se já nao bastasse ser mulher num ambiente onde é quase como no clube do Bolinha (menina nao entra), marcadamente masculino, com aquelas criaturas de Marte, sou ainda estrangeira, pelo que há que explicar tudo muito bem.
Pois, um caminho longo para ser percorrido me espera. Mas quem corre por gosto nao cansa, nao é assim?
O que se calhar nao estava mal pensado era oferecer um pacote da makro de rexona ou axe a estes amigos. E por falar em axe, voto no novo anuncio para o melhor spot comercial do ano, ja viram? Lindo. Bum chika bum.

baralhada

Camaradas, esta semana de armazém tem sido uma maravilha. Descubro em cada sítio uns brinquedos giros, tipo uma pistola de agrafar (agrafos de 20 cm e gordos) caixas de madeira e dou comigo distraída a programar já a próxima ocasiao em que tal gadget me poderia ser muito útil.
Entretanto, vou continuando na minha missao minhoca-arranca-sorrisos e hoje também nao estive nada mal. Isto, de acordo com os juízos que faco de mim mesma, para mim mesma. Esta malta ainda está muito verde. Depois de passar uma boa hora a trocar mails com uma colega sobre um cliente, eis que ela vem à minha secretária e diz qualquer coisa tipo... olha, em relacao ao cliente tal, nao achas que seria boa ideia....
Minhoca: ALTO!!! Nao me baralhes, okay? (cara séria) Entao, falamos sobre um cliente por email, trocamos cerca de 10 emails a falar do mesmo e agora vens aqui em pessoa, tipo tu mesma, sem letras nem nada, e esperas que eu me oriente, depois de a comunicacao até agora ter sido sempre por escrito?!?!! (cara séria) Assim nao! Já me perdi. Volta lá pra tua mesa e manda um mail com o que queres dizer. Ou é por mail ou frente a frente. As duas coisas, nao. Tenho os meus limites.
Claro que a reaccao foi assim, a modos que mista. Eu acho que tenho de me rir mais cedo. Estico a piada e quando o meu interlocutor já está a pensar como seria maravilhoso esquartejar-me, só aí é que eu arregaco as dentucas e me rio como quem diz mesmo apanhei-te, ó minha malandra. E agora queres-me bater. Naaa...!
Portanto, decidi reduzir o tempo da piada. Prometo manter-vos informados sobre as reaccoes. Quem diria que a Sociologia me fascina tanto?

segunda-feira, junho 25, 2007

sapatos de seguranca ou minhoca sempre na moda

De manhã, eu não sou uma pessoa muito expansiva. A minha cara apenas demonstra a dor da separação dos lencóis. Cara esta que dura várias horas e nao se apaga com a passagem debaixo do chuveiro. Até quando me vejo ao espelho sinto pena de mim mesma. Sao lagrimaaaaas. Até chegar ao trabalho, funciono como em modo robot. Acordo às sete. E atencão à diferença entre acordar e levantar, que no meu caso, é grande. Brutal. Ainda mais, se falarmos em despertar. Porque despertar, só mesmo lá para as quatro da tarde. Mas voltando à minha dor. Levanto-me às sete, e agarro em dois calhaus e faço pontaria aos anormais dos pássaros que gritam do lado de fora da minha janela, na árvore. Há quem diga 'chilrear'. Se acerto, dou um gritinho de menina e digo ao Bola nao tás orgulhoso de mim, vamos ligar aos gajos da PETA só pra chatear. Quando não acerto, esqueço e vou até a cozinha, onde com os olhos ainda colados, mecanicamente retiro o filtro do café usado e ponho um novo, tres colheres de café, água e tomo o meu medicamento para a tiróide preguiçosa. Tudo isto de olhos fechados. Fiz um curso de braille para curiosos, em tempos. Vou tomar banho, arranjar-me e quando regresso à cozinha, bebo o café em tres goladas, retiro qualquer coisa do frigo para levar comigo para comer a meio da manha, tipo uma cenoura um ou repolho. Cebola é deliciosa, mas como tenho de falar muito com os colegas, nao dá muito jeito. Depois, à saída, os meus olhos passam a mesa em scan em busca de tres coisas e apenas tres coisas indespensaveis: chaves do carro, carteira e o meu chip do trabalho. Depois, há duas variantes que estao também programadas em mim:
- perante porta-moedas vazio, os meus olhos buscam pela carteira do Bola;
- perante a falta de lentes de contacto, os meus olhos buscam pelos meus óculos.
As minhas manhas sao muito iguais, para além dos calhaus que atiro aos pássaros (tem dias em que podem ser dez, outros em que desisto logo à primeira), sao assim muito iguais, tristes e programadas. Tanto para chegar aqui. E agora a pergunta que eu coloco é: como é que neste estado entorpecido, onde só repito tarefas premeditadas, eu me ia lembrar de hoje trazer os meus sapatos de seguranca???? É que nem é por serem horríveis e me dificultarem a indumentária. Simplesmente, nao penso tanto no trabalho em casa, a ponto de me lembrar que vou passar a semana no armazém. E como os alemaes sao também obcecados pela seguranca, tenho uns sapatos de seguranca desde o meu primeiro dia de trabalho. Para usar no armazém. E lindos que sao. A minha sorte é que os dias de brasa fazem agora uma pausa e amanha comeca o frio senao, acho que os meus pés de Cinderela bem derretiam dentro destes monstros.

domingo, junho 24, 2007

Bola empresta minhoca por uns dias a quem a quiser aturar - preco a combinar

- Bola, dá-me um abraco e deixa-me encostar a minha cabeca pensante nesse teu peito cabeludo, deixas?
E com uma frase destas se quebra todo o amor que a outra parte nos podia dar. Em vez disso, atira-me um olhar desconfiado e amargo, irritado por sabermos os dois que o peito dele é tao liso como o rabo dum recém-nascido. Milky skin. Loiro, com uns cabelos sedosos e nao palha de aco, olhos verdes, pernas magrinhas, mas um rabo com presenca. Assim é o meu Bola. E eu gosto de lhe atirar farpazinhas, só para ver se eles, homens, se sentem desconfortáveis com certos detalhes, da mesma forma que nós mulheres, estamos sempre insatisfeitas com qualquer coisa no nosso corpo.
Mas nao consigo deixar de o picar com perguntas parvas, das quais me rio, como já é hábito, sozinha.
- Óh, oh, mas que é isto, um pelo sozinho na tua peitaca, abandonado, num raio de 20 cm? Entao, desde quando andamos a fazer implantes?
Novo olhar de quem tem uma dor, daquelas que nem se sabe bem onde.
- Nao sei se estás consciente que tens mesmo nariz de papagaio...?
Quem diz a verdade nao merece castigo, nao é mesmo?
Ontem amuou comigo porque me ri que nem uma perdida depois de lhe dizer que me sentia orgulhosa com a dedicacao dele a causas humanitárias. E como ele me perguntou porque, eu tive de responder red nose day. Porque ele tinha o nariz vermelho na ponta e nem sabia porque. E que eu saiba, o palhaco de servico sou eu. Pronto, nao teve assim tanta piada, mas eu tenho a vantagem de chorar a rir sozinha, só porque me convenco que foi uma piada fantástica, mesmo sem a aprovacao de quem quer que seja. Demencia, costuma-se designar.
O Bola, definitivamente, já passou tempo demais a ouvir as minhas gracolas, portanto a unica coisa que me salva sao as pessoas que de tempos a tempos me veem visitar e com quem me posso rir. Mas pessoas que tambem nao podem conviver comigo tempo demais, porque eu devo ser um bocado cansativa. É só uma desconfianca ainda. O meu livro de gracolas também nao é assim tao grande. Mas mesmo assim, agora que a vida me sorri, continuo a insistir com os meus colegas. O meu objectivo é arrancar sorrisos sinceros, sem ponta de amarelo. Eu acredito que em todos os escritórios e empresas, há uma pessoa responsável por determinadas características. Eu sou, portanto, o palhaco.
Para que conste, eu estou perfeitamente à vontade para me rir de mim própria.

haja alegria

O meu fim-de-semana foi muito agradável. Sexta-feira fomos para a terra do avo do Bola. Levei eu o carro, mas na primeira estacao de servico, parei pra trocar com o Bola , pois quando eu conduzo, ele fica com cara de quem vai vomitar já já a seguir. E como é um misto de cara de vomidrin e cara de tristeza, eu nao suporto ve-lo assim e vai daí, deixo-o conduzir e faco dele um homem feliz. Chegámos a casa do avo e ainda fomos jantar. Deitámo-nos cedo, porque aos sábados, lá, nao costumo poder dormir até muito tarde. Sacrilegio! Este sábado, tínhamos a agravante da apanha das toneladas de cerejas da árvore da horta dele, que já estava carregadinha desde há duas semanas. Assim como os arbustos das groselhas. Mas de manha, ainda fomos dar um passeio pela cidade, comprar frascos e acucar-geleia para fazer imediatamente compota com as cerejas. Ainda comprámos no mercado framboesas e mirtilos para misturar e fazer doce que nao fosse só de cereja. A caminho do carro, vi um relógio fenomenal numa montra e ainda fiz o choradinho para o Bola mo comprar, mas era mais teatro que outra coisa. Temos um compromisso que implica nao esbanjar dinheiro em coisas supérfluas, até fazermos a nossa viagem à Índia, em Janeiro. (lua-de-mel atrasada)
Quando depois fui beber um sumo natural e voltei, o irmao dele disse-me para nao o ir procurar que ele voltava já, para esperarmos no carro. E aí comecei a fermentar em grande a ideia de o Bola me ter ido comprar o relógio. Só podia. Passei a tarde toda a testá-lo, depois a chateá-lo para me dar o relogio, que eu sabia que ele o tinha, se nao tinha, tínhamos de voltar à cidade para o comprar porque tinha um design fabuloso e porque eu nao parava de pensar no relógio e que sem aquele relogio eu nunca mais seria feliz e bla bla bla bla. Passaram-se várias horas e entre a cerejeira e o fogao, calei-me com o assunto do relogio, porque na verdade, eu queria-o, mas nao queria que ele mo comprasse nesta altura. Foi uma crise de materialismo e vaidade. Normalmente passam depressa. Dai a dois meses faziamos o nosso primeiro aniversário de casamento e uns dias antes, eu só tinha de repetir a mesma melguice e podia ate ter sorte.
Fomos jantar e depois de uns grelhados maravilhosos que fizemos no jardim, a título de brincadeira sugerida por mim, comecamos numas rondas de Schnapps, que para quem nao sabe, é bagaco mas com um leve toque de fruta que os alemaes bebem para rematar uma boa refeicao. Um shot. Ajuda o processo da digestao, tem cerca de 50% de álcool. O avo do Bola faz Schnapps todos os anos e tem sempre a cave bem apetrechada. Portanto, quando lá vamos, é sempre um ritual bebermos alguns copos de Schnapps depois das refeicoes. Bom, ontem comecámos por experimentar de cereja, ameixa, e quando dei por mim, já estava agarrada a fazer festinhas a uma garrafa de conhaque Martell e com as bochechas coradinhas. Pronto. Com as histórias dele da segunda guerra mundial e de como conheceu a avó do Bola, (a melhor beijoqueira da vila, que beijava como as francesas em Paris - palavras dele) fui bebendo com ele, Bola e irmao do Bola e quando me fui deitar, já ia aos encontroes. Até que dei um encontrao com a cabeca numa caixa de plastico por cima da minha almofada. O relogio. Embrulhado em papel cor-de-rosa. Desatei aos gritos ao Bola e às estaladas, por ele me ter convencido mesmo que nao mo tinha comprado e agora, depois de meia garrafa de conhaque é que mo dá. Claro que depois o enchi de beijos e aterrei na cama, só com as calcas do pijama. A meio da noite, acordei meia despistada, tao despistada que até tive medo de ao meu lado nao estar o Bola, mas outro dos meus companheiros de Schnapps. Levantei-me para ir beber agua, convencida que o episodio do relogio tinha sido um sonho. Felizmente, nao foi. É vermelho, lindo e é meu. Que materialista que eu sou. Nem falei mais nas cerejas. Agora é que vai ser a pontualidade. Yuhu!

bambi

- Nao te podes desviar! Tens de agarrar no volante bem firme e continuar em frente, pois o carro abana com o embate. Depois telefonas para a polícia para virem retirá-lo da estrada.

Esta foi a explicacao detalhada e com o seu que de técnica que o Bola me deu na sexta-feira, quando iamos os dois no carro, a caminho da terra do avo dele. Eu contei-lhe que fiquei encantada por, de manha, a caminho do trabalho, ter visto um bambi a atravessar a trote a estrada, mesmo à minha frente. Depois disse que acho que entro em panico se algum dia atropelar um bambi e o matar. E o Bola explicou-me que é muito simples, tudo o que tenho de fazer é segurar bem no volante, o que demonstra que ele ouve o que eu digo mesmo na diagonal.
E ainda acrescenta:


- E é bom que batendo num Bambi, te certifiques que nao foi culpa tua, pois podes ter que pagar, os bichos teem seguro. A partir de 3.000 euros, a multinha...

terça-feira, junho 19, 2007

colecionadora de sorrisos amarelos

É ponto assente que os meus colegas nao me acham piada. Nao entendem o meu estranho humor.
Na semana passada, uma colega minha que anda sempre toda vaporosa com uns vestidos muito florais, trazia ao pescoco uma chavinha de ouro pendurada no seu fio e quando me aproximei dela, disse-lhe baixinho como quem nao quer que ninguem nos oica:
-Já o li todo, nao me perguntes como é que o abri.

(a referir-me, claro está, ao diário dela, a menos que a chave fosse da ratoeira para rato da casa da avó dela)
Hoje andava pra lá uma descalca e tive que lhe ir perguntar qualquer coisa e como nao perco uma boa oportunidade para uma gracinha, rematei, dizendo:
- Ainda bem que andas descalca, sem as tuas pegadas acho que nao te encontrava.

Os sorrisos que vejo nos meus interlocutores sao dignos de fotografia. Se um dia alguem ali mandar uma pitada, juro que desato às estaladas a mim mesma. Ou mastigo o meu proprio cabelo?

Será que é a altura pra desistir? Insisto? Água mole em pedra dura?

rexona

O meu dia de hoje dava direito a anuncio de desodorizante, daqueles que duram 24 horas (yeah, yeah). Na casa-de-banho, até fui ensaiando como seria o meu anúncio. Com nivea for men, nunca me sinto azeda, foi o slogan vencedor. Isto, inspirada pela m%&#$ de dia que tive e pelo facto de ter descoberto o cantinho secreto na casa-de-banho do trabalho, onde as minhas colegas guardam desodorizantes, cada um com o nome da respectiva dona COM CANETA À PROVA DE ÁGUA. Comeco a pensar que raio de emprego foi este que eu escolhi, onde as moças suam tanto.
Hoje foi o dia, nem tanto o emprego. Muito trabalho, muita tralha que deixei em aberto por nao saber como dar procedimento nem ter ao pé de mim quem me pudesse explicar.

Saio às quatro e meia em ponto, na correria, porque sabia que às cinco tinha de estar sentadinha na cafeteria da escola para reuniao de docentes. A caminho do parque de estacionamento rezo para que o meu carro esteja como o deixei, pois hoje um daqueles mails para todos, informava que os carros que estao permanentemente mal estacionados e com matriculas nao registadas na empresa, poderao ter eventualmente uma surpresa: rodas bloqueadas. Parecia partida de Carneval, mas nao era. E eu posso ser naba a estacionar, mas ainda nao foi caso pra me castigarem e o facto de a matrícula do carro ser de Munique, tambem nao foi ainda razao pra pegarem comigo.

Lá vim a açapar ate à escola, cheguei pontualmente, nem tendo tempo de retirar da minha carteira a banana nojenta que entretanto, foi ficando preta. E eu nao como bananas pretas. Trago-as na carteira pró caso de ser assaltada e tiver se fingir que tenho uma arma. Pensam que sou parva, ou que... bom, reuniao a falar de palermices. Ninguem se oferecia para um curso de conversaçao, vai daí levanto eu a mao, pois confesso já tar farta de principiantes que me perguntam 8 vezes na mesma aula o que quer dizer today. Além disso, conversation é o meu forte. Nunca falta tema. Se até com a minha contact person do Brasil falo das Páginas da Vida, estou preparada para nunca me calar. Sei que se tiver de passar um dia inteiro sem fechar o bico, O FACO COM DISTINCAO.
Saio a meio da reuniao a correr pra ir dar aula. Nao me perguntaram por today mas fizeram-me rir que nem uma atrasada mental, quando um tipo que me parece que vai pras aulas semi-alcoolizado quis saber a explicacao do verbo ride e os seus contextos. Cavalo, bicicleta, mota? Algo mais?

Quando acabei a aula, vim a rastejar para casa e só já parei na banheira.
Trabalhar fora de casa? Eu quero é passar a ser domestica, que a passar a ferro é que se está bem.
Se nao tivesse aqui uma traduçao que o Bola me pediu para fazer para a empresa onde JÁ NAO trabalho, acho que ja estava era esticada na cama a ler. O que vale é que o Bola diz que a traduçao é muito importante. E a pagar. Mnham mnham.

segunda-feira, junho 18, 2007

c'mon Debb!

Dentro da temática porque comer nos faz felizes, ou se ficamos gordos (somos?) há mais para amar. É favor cada um optar pela variante que mais gostar. Mas, ia eu a dizer, dentro dessa temática, pedi ao meu vizinho pra me trazer da base americana onde ele trabalha, vive e comunica com o seu mundo yankee (e ainda bem que assim é), um pacote de Little Debbie's Fudge Brownies. Que sao simplesmente os melhores Brownies do mundo. Uma pequena bomba de chocolate, que nos deixa felizes e eufóricos como se tivéssemos acabado de injectar uma dose de heroína para a veia. Diz que é assim. Mas Minhoca nao saber, pois Minhoca nascer naturally high.


Já me tinha esquecido dos brownies. Até o Bola ter vindo de casa dele, e sacar dos pacotes de tras das costas deixando-me em puro estado de transe e com reflexos pavlovianos. Brincámos à apanhada, até eu agarrar no pacote e o trancar à na Gaveta dos doces da Minhoca.
Há dias em que chega um Mars, outros em que chega um crepe com duas bolas de gelado. Outros domingos de Inverno que uma fatia de Apfelstrudel quentinha com molho de baunilha e bola de gelado é o melhor mimo que me podem dar. Que combate qualquer tristeza. Nao abdiquem da comida, meus amigos. É alegria da mais pura, nao lutem contra a nossa natureza animal. Pequenas coisas como estas salvam os dias de muita gente. Eu sou mesmo uma miúda muito simples. Ou muito baleia.

domingo, junho 17, 2007

new blog on the block

All Brain.
O que fazer para arrancar o Bola do sofá quando chega a hora da novela? Aos domingos, a esta hora já ele dorme. Já nao tenho assim tantas opcoes. Ataque de gases? Lembra-lo que ja sao onze horas? Ontem mal os nossos amigos saíram, foi para cama, deixando a cozinha toda para eu arrumar. Hoje dava jeito que me deixasse a TV toda para mim. A minha primeira tentativa Ves tanta televisao ultimamente, devias ler mais... Bola franze a testa, olha-me ao pormenor, nao fosse eu ter outra coisa no copo que nao água.
Hoje, ligou para cá o Avo dele alarmado, que as cerejas ja estao maduras e se nao as formos lá apanhar a tempo, acontece como no ano passado que sao comidas pelos pássaros e depois nao há cerejas para ninguém e é uma chatice que sao tao boas e estao tao caras e tal e tal. Portanto, lá vamos nós passar o próximo fim-de-semana todo a apanhar cerejas. Minhoca montada em cima dum ramo, fazendo malabarices como quando tinha 6 anos e duma das vezes, a brincar numa dessas invencoes de ferro dos jardins portugueses, caiu de perninhas abertas num ferro cilindrico, chorando depois rios de lágrimas, vindo para casa de goela aberta. Abusada sexualmente por um caracol de ferro.
Mas o Bola é tao cuidadoso comigo que nunca me deixa subir à arvore, lembrando-me do facto de o peso que eu tenho agora ser ligeiramente diferente de quando eu tinha seis anos. (será?)

Nao falemos de coisas tristes. Pelo menos deste lado. Falemos de coisas tristes aí pra esses lados de Portugal? Entao diz que está frio. Oh. Pena. Aqui ta uma brasa. Hoje passei a tarde esparramada na varanda a apanhar sol, enquanto lia um artigo perturbador que revelava os esquemas das sweat shops na Índia. Amigas, se precisarem de um motivo que vos impeca de gastar mais uns euros na Zara numa porcaria que se calhar nao vao usar assim tantas vezes, mas que necessitam de comprar por carencia, pensem na criancada de dez anos, vendidos a estranhos por meia dúzia de euros, para irem trabalhar 14 horas para uns barracoes com condicoes de higiene dramáticas. Levando porrada sempre que adormecem a meio da colagem das lantejoulas nas t-shirts. Quem diz da Zara diz doutra marca qualquer, é tudo a mesma coisa.

Malta que bate em criancas e as faz trabalhar sub-nutridas merecia mesmo que se lhes arrancassem os testículos e os fritassem à sua frente em banha de porco. Tenho dito.

sábado, junho 16, 2007

O escuteiro-mirim que há em nós

Ontem parecia o dilúvio. Chovia com uma forca que nos deixava encharcados em menos de dez segundos. Eu e o Bola estacionámos no parque do supermercado e a caminho da entrada do supermercado, pelo meio da correria, dou por uma velhinha de canadianas, toda molhada tambem, debaixo duma árvore, qual pássaro ferido. Rodeada de sacos. Como só as velhinhas sabem fazer. Vários sacos pequeninos, sacos dentro de outros sacos, um ou dois com as alcas já quase rotas. Fui ter com ela e, na minha figura de quase miss t-shirt molhada Weiden 2007, perguntei-lhe se precisava de ajuda para se ir abrigar. Ou se queria competir comigo no concurso da t-shirt molhada.
Uma pergunta à qual ela nem respondeu nem sim nem nao, mas sim a história toda, que perdeu o autocarro, que mora numa terriola a alguns km de Weiden e que nao tinha ninguem para a ir buscar, bla bla bla bla. Se há coisa que derrete este meu coracao de pedra, sao velhinhos. O Bola agarrou nos sacos e eu peguei na velhinha ao colo, com os meus bracos de Hércules, tao musculados como eles sao. Pronto, nao peguei nela, mas agarrei numa salsicha que eu fui abanando para ela me seguir até ao abrigo mais próximo. Aí, ela repetiu a história uma vez mais e eu olhei para o Bola com os meus olhos a dizerem vamos-levar-a-velhinha-a-casa-já. O Bola nao leu o que os meus olhos diziam e comecou a dizer à velhota para ali ficar até ao próximo autocarro. Ela respondeu que nao havia mais nenhum, com uma voz que quase desaparecia. Aí, eu faco aquele olhar FEMME FATALE que nós, mulheres, aprendemos logo na escola primária, que mete medo a qualquer macho, que é um olhar que em palavras se pode descrever da seguinte maneira: vais-fazer-o-que-eu-quero-já e nao há qualquer outra alternativa neste assunto. O Bola foi fulminado por este meu olhar, como acontece na maioria das vezes, e depois só precisei de rematar que sou católica, que ele casou comigo pela igreja católica e que se ele nao leva a velhinha a casa, lhe vou ler o novo testamento todo durante a próxima semana, ao deitar.
Ele, aí, acordou pra vida e a sua costela de bom samaritano veio ao de cima com toda a sua forca. E fiquei encantada ao ver o meu Bolinha a falar com a senhora com aquele jeitinho muito dele, a sorrir, a convencer mais uma pessoa de que é amoroso, muito fofo, um anjo, enfim.

No final, depois de deixarmos a velhinha em casa e termos passado quase 40 minutos na auto-estrada debaixo da chuva má e castigadora, perguntei-lhe se ele estava a ser inundado por aquela paz de alma que nos preenche sempre que ajudamos alguém. Ao que ele respondeu que sim, se sentia um outro homem. O que me deixou também feliz, por saber que no Bola tenho um 2 in 1.

O dia de hoje nao me está a correr muito bem. Comecou mal pela manha. Ainda nao tinha acordado com os pássaros, deviam ser cinco da manha, quando me dá uma valente caimbra na barriga da perna. Espero cinco segundos, mas a dor foi aumentando, aumentando, sem passar, até que desatei aos gritos de desespero e o Bola olhou para mim com uma cara que mostrava pouco respeito pela dor que eu estava a sentir. Depois, calmamente surge uma pergunta muito conveniente: Porque estás a gritar? Ao que eu respondo, 40 decibeis acima: TENHO UMA CAIMBRA!!! AJUDA-ME!!! Só faltou desatar a chorar. Mas foi mesmo mau. E eu até sou uma boa sofredora, suporto a dor e tal. Mas a manha ficou logo estragada aí e fiquei com a perna dorida, até ando a mancar. E depois, para ajudar, temos marcado um churrasco para logo com uns amigos de Frankfurt, e chove torrencialmente à semelhanca de ontem. Falhou a luz no supermercado e o Bola ficou de trombas comigo por eu ter gritado fixe, vamos levar tudo sem pagar!, parece que nao foi só ele que ouviu e quando a luz voltou, alguns olhares suspeitos foram de notar na direccao do nosso abastado carrinho de compras.
Portanto, algo me diz que este fds nao vai ser compensador pela boa accao de ontem. Humpf.

sexta-feira, junho 15, 2007

Frau quem? Essa é a mae dele, desculpe.

No espaço de uma semana, fui chamada de Frau Bola três vezes. As pessoas nao perguntam, assumem. Casei, mudei de nome, tao simples. Isto é que me fez pensar que realmente, talvez eu possa por a minha emancipação de lado e aceitar a oferta generosa do Bola de me conceder gentilmente o seu apelido, (esta secura na garganta quando penso nisto...) ACEITANDO em troca as regalias que se seguem:

- a utilização do seu cartão visa duas vezes por mes até quantia a determinar;
- o respeito permanente e eterno pelo meu sono ao sábado de manhã, que nao será interrompido nem devido ao mercado, nem devido aos dez filhos que planeamos ter;
- flores que ele me oferecerá sempre que lhe parecer oportuno (dia da Mãe quando eu for Mãe) e palavras meigas que me dirá, sempre que eu estiver pouco faladora. Neste último ponto, houve alguma controvérsia porque ele disse que jurava pela Avó dele, que simplesmente nao há fases em que eu esteja pouco faladora, invocando nunca ter sentido que precisava urgentemente de saber em que é que eu pensava. Eo Bola nunca jura pela avó dele. Mas diz que sabe sempre qual o meu estado de espírito. Aí eu fiz aquilo que, na minha qualidade de representante do sexo feminino sei fazer, que foi amuar.
Amuando, contrariei portanto, a ocorrencia da parte em que selávamos o nosso acordo de vassalagem, com cuspe, como manda a tradição.

pitosga a valer

Desde há umas semanas para cá que comecei a ficar preocupada com os meus olhos. Vejo tão, mas tão mal, que nao posso acreditar que as minhas dioptrias continuem nos 2,00/2,25 como da ultima vez que fui ao oftalmologista. Já devo andar nas tres dioptrias, o que noutros tempos daria direito a óculos fundo-de-garrafa. O que quanto a mim pode provocar alguma tensão sexual. Gerando situacoes chatas. Já me aconteceu ficar hipnotizada com alguns moçoilos com quem me cruzei no comboio ou numa dessas salas de espera por onde todos, mais uns que outros, temos de passar por esta vida. E foram momentos indescritíveis. Eu tentava ver os olhinhos deles e eles tentavam perceber se me conheciam de algum lado. Ambas tentativas sem efeito. O meu último par de lentes tá mesmo nas últimas e não mandei vir mais porque sei que já devo estar mais mais graduação e nao queria encomendar lentes que nao me deixam ver a 100%. Os meus óculos, que na altura me foram prescritos no meu ano de caloira para ler e ver televisão, já estão tão velhos que ontem, enquanto esbracejava no carro yeah-yeah-yeah como a Estrelinha no seu descapotável no genérico da novela da tvi, uma das lentes escapou-se para o meu colo enquanto eu conduzia. Grave. É que eu nem com óculos posso assegurar uma condução digna de confiança, quanto mais sem eles... Então, posto isto, hoje é dia de ir à óptica. E dentro deste tema, se houver alguma alminha que me diga a grande diferença entre o oftalmologista e o optometrista, pode ser que eu marque mesmo consulta no oftalmologista. A verdade é que só pretendo que me meçam as dioptrias e me digam se fico bonita com os óculos x, y ou z. Ou de a a z, já que nestas coisas de estética nunca é condenável querer experimentar a loja toda. Para isso, acho que serve o optometrista, só preciso de consultar a lista que no ano passado fiz, com os nomes das ópticas onde fui experimentar lentes de contacto de graça para não voltar a aturar os mesmos funcionários, que pecam por ser empenhados demais. A determinada altura tive dar gritar a um deles DEIXE-ME HOMEM, EU JÁ
NÃO LHE DISSE QUE SÓ QUERO AS LENTES DE BORLA. ASSIM NÃO! Também teem lentes de cores graduadas?

passarada parva

Amantes de passarinhos, é que nem vale a pena continuarem a ler. Vou distorcer a vossa visão romantica dos dias de sonho acompanhados pelos passarinhos a cantarolar à vossa volta. Ando a passar por uma fase em que me sinto constantemente incomodada por pássaros. Por trás da nossa casa, mesmo em frente ao nosso quarto, temos duas árvores gigantes, onde a passarada comeca a chilrear logo às cinco da manhã. Todos os dias, entre as cinco e as seis, ainda de olhos fechados, sorrio perante a imagem de poder agarrar numa fisga tamanho XXL e arrumar com o chato que canta repetidamente a mesma música irritante, de dois em dois segundos. Faz lembrar mesmo o início da música dos mosqueteiros. No trabalho, há um grande lago e muitas árvores que envolvem a planta da empresa. De manhã, entre o parque onde estaciono e o meu edifício, passo por uma pequena zona bucólica, um mini-bosque, com riacho e tudo. Já dei comigo à procura de pauzinhos no chão para montar uma fisga. E isto faz com que eu oiça a passarada em todo o lado e comece a notar que nem todos os cantares de pássaro são agradáveis. Há pássaros muito estúpidos. E cães também. Nao é que o cão do nosso vizinho todas as sextas-feiras entre as 6,40 e as sete desata aos uivos que nem um anormal...? Que coincide exactamente com a hora em que alguem nos vem limpar as escadas do prédio. Desde há semanas que tem sido assim e quando ele começa a ladrar, eu nao consigo fazer mais nada senao desatar a rir que nem uma perdida, por ver o Bola à asneirada, depois de abrir a janela e começar a gritar impropérios ao bicho. Temos cinco segundos de pausa e depois o desgraçado volta ao mesmo. No entanto, o momento mais perturbador das últimas semanas foi mesmo em Barcelona, um cretino, a martelar na parede do lado antes das oito da manhã. Preciosidades que não acontecem a qualquer um. Fiz as pazes com os acentos, não sei se repararam.

cenouras para todos

Nao tomo pequeno-almoco, mas a meio da manha de hoje preparo-me para abrir o meu mimo, umas barras Kinder que costumo manter no frigorífico, de chocolate e outras porcarias tais como conservantes. Comeco a retirar o plástico envolvente, sem apertar muito, nao vá aquela porcaria desfazer-se nas minhas maos com o calor que está, quando reparo que a minha colega da frente (que fala com os colegas como se tivessemos todos 3 anos) dá trincas na cenoura que agarra com a a mao direita. Abano a cabeca freneticamente como que a querer livrar-me desta visao horrenda, que me coloca a mim numa posicao delicada, mas quando abro os olhos outra vez, a cenoura continua na mao dela (mas mais pequena, pois como todos sabemos nao há cenoura nesta vida que se mantenha no seu tamanho mais apoteótico, nao é verdade...) e reparo que o que ela está a agarrar nem é a cenoura, mas as raízes verdes que normalmente o Bugs bunny arrancava da terra. Claro que isto me tirou logo o apetite e fiquei desconcentrada. Aguardo com euforia o próximo gourmet que ela vai retirar da sua caixa de plástico, pois nos olhos dela consegui ler there's more where this came from. Aguardo fatias de nabo descascado, ripas de repolho, folhas de couve penca...aqui nas salsichas nao ha couve-penca, mas uma pessoa que come no local de trabalho uma cenoura desta maneira, PODE TUDO! E penca tambem a tem e bem grande.

quinta-feira, junho 14, 2007

nao gosto de gelado, dá-me antes uma maçã

Os dias com os meus amigos foram muito animados. Gostei muito de os ter cá, apesar de um atraso na estacao de comboio ter estragado quase o fds todo. Perdemos o comboio das 7,44 da manha de sábado por eles, LA ESTÁ, serem pouco amigos da pontualidade e o Bola nao achou muita piada, até porque se tinha levantado antes das sete. Ele queria tanto apanhar o comboio das 7,44, que eu ate desconfiei que um comboio tao matutino talvez pudesse ser de borla Eu ainda o tentei animar nao fiques assim, olha que eles nao fizeram por mal, mas o Bola já só queria que o próximo comboio lhes passasse por cima e lhes partisse as costelas e tudo o mais. Tadinhos, nao estavam preparados para a pontualidade alema. Nao tem mal, amigos, eu tambem nao gosto da pontualidade e gracas a mim, o Bola ainda vos ama.
Outra decepcao foi o meu ex-namorado nao me ter tentado reconquistar. Pus Prozac na bebida do Jo durante esses dias para ele nao se exaltar perante qualquer troca de olhares menos inocentes. Disse-lhe antecipadamente, antes da Brigada da Salada chegar. Vá, vais ter de te controlar estes dias, sabes o quao maravilhosa eu sou, por isso é que se tu nunca me esquecerias, e ve bem, às vezes já nem podes comigo, imagina os outros todos, aquela fila interminável de vultos do meu passado que emoldurou uma fotografia minha e ofereceu à própria mae como prenda do natal. (para por na sala)
Mas nao. Ele esqueceu-me mesmo. Já nao me curte, já tirou o papel de parede do quarto dele com a minha cara. Agora na parede dele ficou a loira pirosa, a pluma do gás. Ó vida, que é tudo tao passageiro. Num dia estao-nos a dizer que nao ha mais nenhuma e depois, só porque uma pessoa casa, morre a chama. Apaga-se. Pufff. Que triste. Senti-me a Julia Roberts n' O Casamento do meu melhor amigo, com a diferenca de que quem casou fui eu.
Para casa de quem vou correr quando um dia o Bola me fizer a minha mala de cartao e me despachar em correio azul ao país de partida? Se alguem tiver aí o telefone do David dos Silence 4, é favor por aí que isto de ter connections dá sempre jeito. Em todo o caso, I guess I'l try again tomooooooroooowwwwww...
Estou muito arisca hoje. Foi do quilo de massa à bolonhesa que comi ao almoco. Ainda estou a arrotar ao molho de tomate. A sofreguidao era tanta que vi as pessoas ao meu lado a afastarem os pratos com medo que eu fosse aos pratos delas, mesmo com a mao roubar um punhado de esparguete. Nao tomar pequeno-almoco é uma pratica que nao se recomenda. Nem comer um maxibon todos os dias, com a desculpa aos anos que nao como isto, que saudades.

quarta-feira, junho 13, 2007

ser portugues é...


Este desenho tem direitos de autor de cunhado. Mas nao podia deixar de por aqui. Está brilhante. Foi o testemunho deixado por ele no irish pub em Munique (Ryan's muddy boot), que tive o prazer de reencontrar no livro das visitas do pub um ano depois. Cliquem para aumentar.


cinema durante a semana nao é pra mim

- Mas eu tou cheia de sono... ves tu.
- Mas ja vai comecar em 15 minutos, deste vais gostar mais do que os Oceans13.
- Eu nao sei se nao gostei dos Oceans 13, eu NAO VI o filme.

Pois foi. Segunda-feira o Bola quis-me arrastar para o cinema. Ganhei eu. Nao fomos. Ontem, ainda nao tinha eu posto os pés fora da sala nem dito aos meus alunos com o meu melhor sotaque C U next week, já me estava ele a ligar. NAO SAIAS DAÍ. VOU JA TER CONTIGO. Reparei que era karma, eu nao me ia safar de ir ao cinema. Pus os livros e as minhas 34 gramáticas no carro e lá fomos para o cinema, sem eu sequer ter passado por casa - coisa que nao me agrada muito, pois tem dias em que descubro tarde demais que cheira a lixo ou que há mais uma coleccao de 100 garrafas de cerveja para levar para o vidrao. Claro que, com o meu nível de cansaco, só aguentei a parte dos anuncios e fiz um esforco tremendo para nao ceder ao sono sem antes ver o Brad Pitt, na terceira série dos filmes em que ele aparece mais bem vestido. Isto foi o tempo de devorar o meu magnum, vi o Brad e pronto, passados uns minutos, já estava tao querida aninhada no ombro da senhora do lado, a babar-lhe o braco e a dizer-lhe pelo meio do meu sono, Brade, deixa ver as etiquetas do teu fato, váááá, deixaaaaaa. Eu sei que é Hugo Boss, nao me mintas, Brade...
Portanto, amigos, estou aqui para vos dizer que nao sei se gostei do OCEANS 13. Vao voces ver e contem-me. Com a pedrada com que estava ontem nem um filme de bondage me mantinha de olhos abertos. Reparo que ultimamente só comendo, me passa o sono. O que nao é nada bom. A balanca continua a fugir de mim sempre que me quero por em cima dela. Diz que eu nao sou deste anuncio.
Bom, mas ha coisa de dez minutos o Bola queria-me convencer a ver outro filme, mas desta vez no cinema da nossa sala. Maria cheia de Graca - diz que é o nome. Graca, graca é que nao tem nenhuma. A Maria mete droga pelo pipi acima para ninguem saber que ela é agarrada. É que pelo ar da Maria, ninguem nota mesmo, aquelas olheiras e aquele ar de esgroviada... E isto é um filme para se ver numa quarta-feira à noite? Depois de ja se ter feito jantar, preparado aula, engomado e coberto um bolo com chocolate? Na.
Meus amigos e Bola (se estás a ler isto), vai ser se chove, tá bem? Eu preciso das minhas 8 horas. Que agora passaram a ser sete.
A ver se esta semana peco pra sair mais cedo ao chefe para actualizar o blog. E para postar em brasileiro, pois agora, tou escrevendo brasileiro todo o djia. Mas nao esquentem a cabeca, tá?

segunda-feira, junho 11, 2007

manic freaky mondays

foto: brigada da salada com Bola

A brigada da salada já veio e já foi. Esta é a minha triste sina. A ver as pessoas de quem gosto irem embora depressa, assim género trovao, quando abro os olhos já nao vejo ninguem. Depois olho para o lado e contento-me com a visao daquele de quem mais gosto, e que apesar de nao me preencher a ponto de eu nao precisar de mais ninguem nunca, é a minha companhia, o meu porto seguro. E quem pos agora um vinil daqueles antigos e se preparou para um post romantico-nostalgico, esqueca já, porque isto nao é de todo um post romantico.

Estou aqui a escrever furiosamente, a fingir que estou a fazer umas fichas para a aula de amanha. O Bola quer-me arrastar para irmos ver o Oceans 13 num dia em que a própria cidade para lá caminha, para um grande ocean, de tanto que chove. Eu nao gosto de ir ao cinema as segundas-feiras. Segunda é o dia para eu recuperar ainda do fds, e saber que vou pagar pelo bilhete para dormir nuns bancos que nao sao propriamente confortáveis e nem colocados num espaco com surround system, quase que dói. Portanto, vai daí e disse que tinha de preparar as aulas de amanha, mas que bato palmas se ele for sozinho. Assim, posso-me esparramar no sofá a ler a revista que comprei hoje e os artigos que me faltam da sábado que a brigada da salada me trouxe.

As segundas-feiras sao dias deprimentes. Hoje ainda mais, porque:

- a brigada da salada foi embora ontem;

- descobri que afinal ainda nao tinha pago as contas todas;

- morreu o golfinho do zoo de Nuremberga;

- o meu frigorífico cheira mal e nao sei porque;

- deixei a roupa la fora a secar e ficou toda encharcada;

- os meus colegas nao se riem das minhas piadas e catalogaram-me de freak (oooh, que pena)

- o Bola pediu-me com olhar de Bambi para lhe fazer o currículo vitae.

- tenho prisao de ventre.

- hoje vi uma balanca e pus-me em cima dela.


Digam agora em uníssono comigo que se todos os males do mundo fossem estes, nao havia tanta desgraca. Sou uma parvalhona egoísta. Eu e o meu umbigo com diametro de meio metro.

terça-feira, junho 05, 2007

VEM AÍ A BRIGADA DA SALADA

Os verdadeiros amigos sao aqueles que nos perguntam se queremos que nos tragam alheiras, tintol, salsichas nobre ou, esta é que é imbatível...bacalhau! Era mesmo eu que viajava com a minha roupa a cheirar a bacalhau. E sobre isto é melhor ficarmos por aqui. Tanto pra dizer que vou ter amanha visitas, ohyeah, tenho andado entretida a preparar esses dias e a matar-me a trabalhar, pois nesta altura tá tudo de férias e tou a fazer o trabalho de tres.
Apesar disso, ainda consegui tirar parte da tarde de sexta-feira livre, depois de escrever um mail ao meu chefe a explicar que dois amigos atados, atadinhos, me veem visitar e que nunca saíram para mais de 20km da aldeia deles, la numa zona em Portugal, onde nem a electricidade chega. E que como nao sabem falar mais nada do que aquele dialecto lá da terra deles, preciso de andar estes dias com eles, porque sem mim eles ainda vao parar aos sítios mais absurdos e ainda lhes fazem maldades. E era chato ficarem com má impressao da Alemanha, só por eu nao ter tido tempo pra eles. Perante isto, o meu chefe, disse vai la entao, e toma lá conta dos teus amigos. E toma lá dez euros para lhes comprars umas pulseiras electronicas.

domingo, junho 03, 2007

me ajuda depressa, vai?

Camaradas, nao tenho uma desculpa nobre como desejos de uma gravidez ou ultimo pedido antes de me sentarem na cadeira eléctrica para umas brincadeiras, mas EU NAO CONSIGO DEIXAR DE PENSAR EM CHEESECAKE DE MORANGO. Nao consigo tirar esta cheesecake da minha cabeca. Sei que ja comi, que gostei, que foi há muito tempo, mas preciso de uma receita DECENTE, daquelas que nao me facam fazer buscas com nomes de ingredientes. Eu quero A VOSSA RECEITA DE CHEESECAKE DE MORANGO. De pres sa!
Se nao teem receita, digam-me como a fariam, directamente da vossa imaginacao. É urgente.

sexta-feira, junho 01, 2007

deixem os vossos nomes circular na net

Hoje tive uma surpresa fantástica, digna de Ponto de Encontro, fosse o Henrique Mendes ainda vivo. Esse senhor. Que nao sei porque, me fazia lembrar o meu avo, apesar de nao serem parecidos. Mas tinha ar de avo, devia ser isso.
Encontrei uma amiga de quem ja nao sabia há mais de quatro anos. Fomos colegas de curso e por causa do namorado dela - hoje marido - ter perdido o telemovel dela durante uma viagem qualquer, perdemos o rasto uma da outra. Licao, amigos machos: guardem os telemoveis. E nao é preciso ser dentro dos boxers, mas nao é vergonha nenhuma pedirem às namoradas pra porem na saca (o Bola dá-me kilos de coisas para eu arrumar na minha mini-carteira, porque quando era pequeno lhe leram dez vezes o mesmo conto de fadas, no qual as carteiras das meninas eram mágicas e tinham sempre espaco, até um frigorífico cabe na minha saca). Comprem uma pochette pra voces.! Ou uma daquelas cintas com um bolsinho e fecho (arrrgggh) tao in nos anos 90. É preferivel. Do que afastarem amizades! Ela agora até já é mae!
E somos as duas emigrantes, que alegria. Ela no país com mais emigrantes por metro quadrado, eu no país das salsichas.
Obrigada, Maria!
Sónia, tenho mesmo de me despachar pra a minha filha casar com o teu.

a long way down

Nao é facil trabalhar numa empresa dominada por homens. Há poucas mulheres. Quando vou almocar, tem dias em que entro e só vejo machame. E sinto que me observam e pensam mas que é aquilo, afinal também há coisas destas por aqui? Mas elas nao foram educadas pra ter filhos e ficar em casa?, ou é disso ou é da brasa que eu sou, porque toda a gente sabe que é só eu passar, que o transito pára. Normalmente, porque fiz qualquer coisa estupida, como deixar o carro ir abaixo. Outra vez. É do carro. É do carro. Também ja aconteceu eu estar sentada na cantina de nariz empinado a comer enquanto me fitavam com um olhar lascivo, que eu orgulhosamente fingia ignorar. Quando olhei para dois botoes da minha camisa desapertados, percebi que nao é a brasa que eu sou, é a parte do oferecida. Coitados dos metaleiros de mecacao azul.

Mas como eu estava a dizer, ter de fazer orcamentos para pecas de máquinas monstruosas da industria do papel, nao é pera doce nesta fase inicial, especialmente quando leio rolo, porca, roda de dentes ou tubagem e nao consigo bem ver a diferenca. E aí, faco um orcamento para despachar por aviao quando muitas vezes, sao pecas gigantes que teem de ser enviadas por barco. Eu tenho tanta experiencia de eléctrica e mecanica como de cabeleireira.

A parte mais engracada do meu trabalho é receber mails dos meus colegas do Brasil Oi Minhoca, tou precisando da sua ajuda. Voce sabe bla bla bla... pode passar pra mim? É que eu nao tou achando e o meu programa aqui é um saco. Brigada! Como foi seu final de semana?
Coisas assim. E vai daí, refastelo-me na minha cadeira, imagino que estou em Copacabana a beber um suco de mamao (tenho de fazer mesmo muita forca, mas imaginacao fértil é um dom que nao me foi negado) , com musica de fundo de Tom Jobim e comeco a escrever os meus fantásticos mails brasileiros do dia. Oi Arnaldo, já foi jogar volei na praia hoje? E mais tarde que tal a gente ir na lanchonete comer um pao de queijo?

Isto sem nunca deixar de ter em mente aquela imagem que idealizei dum ganda pao do outro lado do oceano, bronzeado, o tal brasileiro que eu vou referindo quando digo tanto brasileiro a passear-se de tanga bla bla bla e eu fui casar com o alemao... conhecem a deixa? É que eu sou repetitiva e tal, né? Todas temos o direito a sonhar com o nosso Alejandro Sanz imaginario! (mas nao na versao original: anao) Alejandro, se tiveres a ler isto, eres tan guapo que por ti pasaria la noche comendo gofres de chocolate untándote con chocolate por tu cuerpito de gnomo... e mais nao digo, porque qualquer dia o Bola apanha-me aqui em flagrante, é que ele acha que sabe falar portugues, mas o que sai daquela boquinha linda, é nada mais nada menos do que esse belo idioma que é o castelhano. Deve ter andado a ver os episodios da Dama de Rosa às escondidas. Ou da Floricienta.

Emigrante de caca que eu sou. Mudo de país e quase que mudo de língua. Mas voces nunca ouviram o meu brasileiro. É genial. Por isso é que ver a novela para mim é obrigatório. É quase estudo.

formulário para pizza

Malta, hoje o chefe oferece pizza a toda a gente. Bora lá a escolher a que querem e a preencher o formulário excel que está gravado na drive do costume.

Na sexta-feira passada, aterrou este mail na minha inbox, vindo dum colega. Sim senhora, o chefe paga pizzas pra malta toda, mas a parte de preencher o formulário gravado na drive do costume, pareceu-me exagerado. Achei mesmo quer era o colega possuído pela emocao perante o facto de ter pizza DE BORLA, e com isso, a TENTAR ser engracado.
Mas nao, amigos. Na Alemanha, no local de trabalho nao se ia apontar num guardanapo ranhoso e com manchas de batom a lista de pizzas para 14 pessoas. Na. Já se criou um ficheiro Excel, acessível a todos, que dá pelo nome (adivinhem)....
... Encomenda de Pizzas 2007!!!!! Com o registo das pizzas comidas em 2007. Juro. Fiquei de olhos esbugalhados quando me deparei com tal coisa, mas ok. Lá preenchi com aqueles que eu penso serem os ingredientes perfeitos, mas que infelizmente nunca reunidos numa pizza já criada em lugar nenhum!
Pizza Minhoca: base + cogumelos + fiambre + pimento vermelho + cebola + azeitonas + brocolos + muuuuuito queijo.
E às 11,59 la estavam as nossas pizzas a chegar. Esta eficiencia vai fazer de mim uma pessoa melhor, eu sei. Em tres anos, ainda nao deu pra ver, mas sinto que estou no bom caminho.
Hoje nao houve pizza à borla para ninguem, o que ate nao foi mau, pois a cantina à sexta-feira brinda-nos com uns pratos para o almoco fantásticos que incluem sempre canela ou molho de baunilha como refeicao. Nao como sobremesa. Mas confesso que até gosto... é o que se chama dar passos no processo de germanizacao.