Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quinta-feira, abril 16, 2009

always the bright side

A chuva em dias quentes inspira-me, apura-me os meus sentidos, quando dou por mim tenho a cabeca a mil. O cansaco do dia longo apaga-se e sinto-me tao fresca como a erva do lado de fora do meu quarto, como se tivesse dormido horas. Penduro-me na varanda a inalar o odor maravilhoso que emana do chao lá fora, que acaba por se confundir com o cheiro do bolo de cenoura e noz que coze no forno, e que pretendo comer todo sozinha. Depois vejo os trovoes e lembro-me com ternura daquelas alturas em que trovejava tanto que a luz se apagava na cidade toda, e a minha Mae tinha de ir atrás das velas com o seu jeito braille, para nós podermos acabar de fazer os deveres. Claro que nao tínhamos medo, os meus Pais diziam-nos que nao havia problema e eles eram grandes e nós pequenos, portanto nao havia razao para ter medo da trovoada.
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As últimas duas semanas teem sido um tanto quanto stressantes, porque o carro tem-nos dado algumas dores de cabeca, a mim, mas especialmente ao Bola, pois o homem alemao sem carro sente-se nu. Eu nao me importo que ele se sinta, pois nu é quando eu tenho mais tendencia a gostar dele. No espaco de dois meses, o carro teve de ir à oficina quatro vezes. Em tres das quatro, foi-lhe substituído o turbo. À quarta, parámos para pensar.Afinal, costuma-se dizer que um dos sinais de demencia é a repeticao constante de um comportamento, esperando resultados diferentes. E como nem eu nem o Bola nos achamos dementes nem temos a carteira cheia de notas de cem euros, achámos que estava na altura de fazer uma pausa para reflexao. Daquelas com um café, uma fatia de bolo e suposicoes de todos os cenários possíveis. O chamado momento 'e se...'
- Podias levar o carro à oficina do Sven, perto do teu trabalho antigo...
- O Sven? O Sven que conserta bicicletas?! (fulo)
- Pois.... hmmm.... mas nao é tudo meios de transporte?
- Hã? (muito fulo)
- Pronto, esquece, é que eu sou adepta das segundas opinioes e ter o mesmo incompetente a trocar a mesma peca tres vezes, parece-me um pouco demais.

Depois de vários hesitacoes, decidimos trocar o carro 'velho' por um novo, entregando tambem o outro carro mais velho ainda que está parado à porta de casa há dois meses, pois há que aproveitar agora que o estado alemao oferece dois mil e quinhentos euros para mandar carros com mais de nove anos para a sucata. Agora ando com um rental Chrysler de 1965 que parece uma banheira e que me obriga a dar a volta ao quarteirao para estacionar.
Bom, a verdade é que ponho-me a ver o Into the Wild, oico alguns problemas de colegas no trabalho e sinto-me ridícula por me queixar por ter de comprar um carro novo. Como se isso algum dia fosse um problema. Problema é estar em Portugal agora e passar frio. Eh eh...

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