Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, julho 15, 2009

colisao frontal

Ao fim de quatro dias com a boca amarga, tive direito a um fim-de-semana doce. O Bola deu-me umas licoes de bilhar e nao me saí nada mal, se nao contarmos com aquela vez em que ao me colocar em posicao de taco em punho, derrubei as bebidas que o empregado trazia para a mesa do lado.
- Desculpe, foi o meu rabo gigante que vai daqui a Berlim.

Das poucas vezes que isto me aconteceu até hoje, nunca calhou o gajo ser giro. Eu sei que me portei mal na minha vida anterior, como legume. Fui uma cenoura muito mal-comportada. Derrubo sempre comida ou bebida nos gajos mais pirosos em meu redor. Há uns anos, ia de bicicleta fora de mao e choquei de frente com um gajo. A energia que se produziu nessa colisao seria o suficiente para manter o Empire State building iluminado durante uma semana. E a mim também. Fomos projectados e a coisa foi um bocado feia, até porque eu tinha tirado o meu pé do gesso uns dias antes. Nessa noite, a única da minha vida em que me chapei fisicamente forte e feio com um gajo GIRO (pelo menos assim me pareceu quando lhe vi a cabecinha enfiada dentro do guiador e os dois bracos dentro da roda traseira), nao adiantou muito, porque nesse dia, o gajo que estava comigo era ainda mais giro. Apesar de nao ter levantado o traseiro da sua bicicleta e ter ficado no passeio, a apreciar a cena com o respeito a que a situacao obrigava. Nao se rindo.
Eu nao lhe pedi ajuda, levantei-me, pedi desculpa ao Eduardo pelas concussoes (nao sei como se chamava, mas chamo-lhe Eduardo, porque os Eduardos sao sempre giros), ajeitei a minha bicicleta, sacudi a roupa e o cabelo e segui, ainda meia alcoolizada pela rua fora, levando a bina pela mao, pois como diz tao bem o ditado alemao wer seine Rad liebt, der schiebt.
O Bola que na altura, estava ainda a centenas de pratos de Cerelac de ser Bola, nao disse nada, continuou estrada fora sem esperar por mim. Isto porque nem ele nem eu sabíamos que sete anos mais tarde seria a minha agulha a coser-lhe as meias.
Depois deste devaneio, cabe-me dizer que a partir de certa idade e com uma alianca gigante que afasta todo o predador de vista, ja nao tem piada andar aos encontroes. Nao há taco que me valha.
Quanto ao bilhar e ao snooker, o O'Sullivan que me espere.

1 comentário:

Caçarola Bonifácia disse...

agora que li isto pus-me a pensar... das muitas vezes que tenho colisões com rapazes são quase sempre, senão sempre, feios. xD