Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

domingo, maio 31, 2009

ora digam lá

onde se pode ficar a dormir num sítio bonito na zona do Gerês, assim em comunhao com a Natureza, longe de enormes prédios de cimento e confusao, para o Bola nao ficar assustado? Algum local de charme assim perto de Braga, por exemplo? Já nao vou ao Minho desde os meus 13 anos.

sábado, maio 30, 2009

início de uma bela amizade

Esta semana roubei amaciador para a roupa tres vezes. O meu acabou e como temos a sorte de partilhar todas nós - eu e as vizinhas* - um espaco comum na cave do nosso prédio, com as máquinas de lavar e respectivas secadoras, eu achei que tambem ficava bem partilhar o amaciador, o calgon e o Ariel, porque nao? Estou numa fase da vida em que sharing passou a ser importante.
E dá-me cá uma adrenalina tao grande roubar amaciador das vizinhas que quando subo as escadas depois do delito, sinto uma emocao quase tao grande como aquela de ter destruído verbalmente alguem de quem nao gosto com uma piada maravilhosa.
Como finalmente me vou conseguir inflitrar na Makro alema, estou a pensar comprar um pacote de amaciador para os próximos tres anos e oferecer um a cada vizinha. Depois de confessar o meu pecado.

* nao querendo entrar uma guerra de sexos, mas só o mulherio é que lava roupa neste prédio. Já tive a oportunidade de verificar.

quarta-feira, maio 27, 2009

Benelux


Rápidas conclusoes da minha pequena Benelux tour. Eu nao gosto da língua francesa. Os belgas sao gente estranha, pouco simpáticos. Complicados. Há muitas vacas na Bélgica. Bruxelas tem um centro bonito, de resto é uma cidade feia, com um planeamento de meter dó, a ponto de nao haver sequer comparacao com o elevado número de cidades arranjadinhas no país das Salsichas.
Os holandeses, por seu lado, sao amigáveis, bem-dispostos, mais relaxados que os alemaes, belgas, todos nós juntos. Amsterdao é uma cidade muito gira, onde nao me importava de voltar a qualquer momento. Ia escrever um post sobre Amsterdao. Mas nao me lembro de Amsterdao.






segunda-feira, maio 18, 2009

zoom zoom

Hoje assinámos o contrato de compra do carro novo. E perguntam os leitores, já desconfiados que os ordenados da república federal das salsichas sao de deixar uma pessoa com os olhos esbugalhados, mas tu nao tinhas comprado um carro no ano passado, minhoca? Pois tinha, e como eu acho o endividamento até ao pescoco algo fabuloso, achei que era altura de comprarmos um carro novo. Afinal, é o que se faz neste país. Os carros é para andar a mostrar aos amigos, para depois, passados dois anos (ou nem tanto) vender e comprar o modelo novo.
Agora a versao mais aproximada da realidade. O nosso carro deu-nos vários problemas no espaco de dois meses. Pagámos as primeiras duas reparacoes, depois achámos que era altura para repensar as várias centenas de euros que estávamos a investir num carro que já tinha atingido a barreira dos cem mil quilómetros. Especialmente quando se fala em substituir o motor. E no meio de uma história que só terminou na semana passada, a melhor solucao foi comprar um carro novo, uma vez que o Estado está a estimular a compra de carros novos, oferecendo 2.500 € por carros com mais de dez anos. E como tínhamos um à porta, também com muita coisa por reparar, achámos que era de aproveitar, enquanto o Estado alemao nao decide fechar a torneira.
E como nao há nada como inovar, comprámos exactamente o mesmo carro, apenas o modelo mais recente. Mas dói. Ter de pagar por coisas que nos habituámos a ter. Hoje estou com azia.

quinta-feira, maio 14, 2009

comer tulipas

À quinta-feira, saio sempre do trabalho a puxar pela cabeca, a tentar inventar temas interessantes para os meus alunos do curso de conversacao, ao fim da tarde. Venho a matutar no carro e tiro apontamentos à velocidade da luz, quando páro no semáforo vermelho. Quando chego a casa faco uns papelinhos à pressa com palavras difíceis para queimar tempo enquanto eles se esforcam a jogar esta versao de pictionary que se tornou prática habitual. Rio-me perdidamente, eles riem-se, é sempre muito engracado, especialmente quando constato que nao sou só eu que desenho mal. Há muito pior.

Claro que normalmente quando chego à aula, a coisa corre quase espontaneamente, sem eu ter que sacar as cábulas do bolso e atirar uma pergunta sugestiva como é que voces acham que os outros povos vos veem a voces alemaes, meus cromos da pontualidade e da meia branca por baixo da sandália? Nao formulo assim, porque já dizia o outro, nunca se deve dizer tudo o que se pensa. Tenho dois alunos que nao me conseguem olhar nos olhos, por isso ficam-se por mais abaixo deles. Isto aconteceu depois da segunda aula, em que eu me dei conta que estava sentada em cima da mesa, baloicando os pés, pois é onde me sinto/sento melhor, bem no meio deles todos. A dada altura, vi um palhaco aos risinhos com o amigo do lado e os dois a olharem para a barra da minha meia de liga, que espreitava por debaixo da minha nao obstante decente saia. Coraram e comecaram a tossir. Desde entao, convenceram-se que eu sou uma professora marota, acho. Espero. Gostava tanto de ser. Apesar de eu falhar em todos os pontos que me poderiam classificar como uma. Nao atiro olhares marotos, nao provoco risos maliciosos a transpirar luxúria e nao masco chiclete na tentativa de fazer a minha maca do rosto chegar à orelha. Sou uma amadora.

Mas eles gostam de mim e é o mais importante. Riem-se das minhas piadas e voltam sempre no semestre seguinte. Mas ando tao cansada. Preciso mesmo de ir passear a Amsterdao. É já na próxima semana. Aquilo é que vai ser, comer tulipas como se nao houvesse amanha.

segunda-feira, maio 11, 2009

arca de Noé em mini

Quem ve as fotografias dos meus fins-de-semana, deve pensar que a minha vida é um pouco estranha e que eu nutro um especial amor por gado. Nao é bem assim. Mas gosto deste lado de natureza para estes lados de cá, que me permitem de vez em quando fisgar um animal que nunca vi de tao perto no jardim à beira-mar plantado.

Gosto dos bosques com caminhos próprios para andar a pé e com setinhas a indicar todas as direccoes possíveis. Portanto, aos fins-semana, gosto de agarrar na minha manta de pic-nic, num livro e numa sandes bem recheada e ir para o bosque mais próximo.
Claro que se me perguntarem entao e a praia, comeco a salivar pela boca e os meus olhos arregalam, mas amigos, à falta de melhor, aproveito que os Salsichas tem de melhor.
Quem dizer que os alemaes vivem mais em comunhao com a natureza do que nós, nao está a mentir, nao.

sábado, maio 09, 2009

castrador da felicidade alheia

Ainda nao eram nove da manha e já estava eu, com o cabelo desgrenhado e de pijama do sapo Cocas, a carregar a máquina da roupa. O meu corpo ainda estava quente dos cobertores, e o meu hálito tinha nuances de rosas, como é costume. Depois, peguei nos tapetes todos e fui sacudi-los à janela, deixando-os ficar lá a arejar. Fiz um café e sentei-me no sofá a escolher os papéis, jornais, revistas que sao para deitar fora, pensando ao mesmo tempo se algum dia, eu adivinhava que me casaria com um gajo que às oito da manha de sábado comeca a dialogar comigo. Ainda sem filhos a quem mandar ir ver televisao e encher o bucho de Chocapic. O Bola nao sabe acordar sozinho ao sábado. Sem me comecar a perguntar coisas chatas que teem sempre a ver com coisas que temos de fazer. Ao longo do dia, daqui a uma semana, daqui a um mes. Eu bem tapo a cabeca com a almofada, mas ele continua em género monólogo, e li numa revista que o nosso cérebro nao consegue fugir àquela entoacao do ponto de interrogacao.
Eu portei-me mal na minha vida anterior. Eu sei que portei. Eu devia ser um ourico-cacheiro, (pois tinha de ser um animal que nao faz nenhum, inútil, que hiberna) e um dia, numa estrada secundária, coloquei-me estrategicamente de forma a que alguem parasse para me evacuar do perigo. Pronto, alguem parou e como foi logo após uma curva perigosa, essa pessoa levou com um camiao TIR nos cornos e bateu a bota. E por isso, agora, eu tenho esta vida. Um marido que me acorda às oito da manha de sábado, ao fim duma convivencia de oito anos, na qual lhe foi sempre dado a conhecer a minha necessidade e simpatia por nao abandonar o leito antes do meio-dia. Ele nao entende. Comeca-me a repetir os factos que nao sao factos, ou que nao teem importancia. Que interessa se eu ontem adormeci às nove? Já dormi 10 horas. Ok, e entao? Nao é fisiologicamente aceitável que eu passe das dez horas? Ele diz-me que eu dormi dez horas com uma cara de espanto que podia igualmente traduzir que eu comi dez frangos inteiros, vivos, com penas, e sem fazer uma pausa pelo meio.
Bom, vou-me fazer à estrada porque o Avo dele hoje faz 86 anos e nao podemos deixar passar a data sem nos emborracharmos todos em Schnapps com ele. Nao há nada que o faca mais feliz. Aliás, há. Que é falar da roupa interior das jovens que conheceu em Franca nos anos 30, mas esse assunto costuma deixar o Bola nervoso. É um castrador da felicidade alheia.

sexta-feira, maio 08, 2009

Nice pubes

Ando com pouco tempo e com pouca paciencia. Já nao me lembro dum dia em que chegasse a casa ao fim da tarde e me pudesse sentar a ver televisao ou a ler. Todos os dias há qualquer coisa. Hoje foi dentista. Por pouco nao adormeci. Deram-me um ipod para o caso do som da broca me incomodar, e assim que a anestesia fez efeito, estava tao cansada que quase adormeci. Adormecer de boca aberta nunca foi um problema para mim. Depois, no final, saí de lá com a sensacao de ter os lábios inchados como uma bóia e o nariz, esse nem senti-lo, ficou anestesiado tambem. Muito esquisito. Mas o dentista é bom. Nao é o mais bonito do mercado, mas nao interessa, que isto quando toca a alguem a olhar para os nossos péssimos dentes, nunca convem que seja muito bonito.
Anteontem fui à minha visita anual à minha Gina, pois isto tem fases em que se é para ir a um médico, entao vamos corre-los todos duma vez, para ser mais animado. Desta vez fiquei convencida que a minha Gina é homossexual,o que nao tem problema nenhum, mas só isso justifica a posicao de esplanada dela (tornozelo dum pé pousado no joelho da outra perna, formando o joelho um angulo recto) proxima de mim, sendo que eu estou na pose mais desconfortável do mundo. Se faco uma pergunta (nunca mais faco), aproxima a cara ainda mais de mim, ficando com o seu rosto a uma posicao demasiado proxima do meu lugar mais íntimo, continuando a conversar comigo. O que me fez pensar que um dia, quando ficar nessa posicao tempo demais para parir um Bola em tamanho XS, com mais de duas caras a contemplarem-me, vai ser difícil nao desatar aos gritos e aos palavroes.
- Está a ver aqui no monitor esta zona aqui, pois isto mostra uma ovulacao de ontem, mais ou menos. Ou seja, este mes já era.
Este mes já era? Era o que? Só porque lhe disse que daqui a uns dias, quando chegar a maturidade, pode ser que eu pense num Bolinha XS, já me vem com frases do este mes já era. Atrevidona. Nunca mais me apanhas numa pose tao vulnerável. Eu e os meus nice pubes. Aproveito para explicar o título. Foi a forma como o fotógrafo Schreiber decreveu a Madonna aos 21 anos, quando teve a chance de a fotografar nua.
Precisava que alguem levasse o Bola para passar umas férias longe daqui. Ele é arrumadinho, gosta de tirar a loica da máquina, nao faz chichi sentado, mas engoma a roupa dele. Tem andado muito chato. Qualquer dia, fica sem aparecer no trabalho cinco dias e acaba por ser descoberto no sotao, nu e embalado em vácuo, que é o que me apetece fazer-lhe.

domingo, maio 03, 2009

anita no campo






O fim-de-semana foi bom, deu para dormir, para descansar e para ser apanhada no meio duma tempestade, em que chovia granizo por todos os lados, e com uma tal forca, que se houvesse ali bebés com a moleirinha por desenvolver, de certeza que ficavam com as cabecas todas amolgadas. Apanhámos uma molha tao grande que até as coisas que eu tinha nos bolsos apanharam água, as sapatilhas rangiam e a chuva entrou por todos os lados possíveis. Como nestas alturas, nao adianta mandar vir, eu passei o resto do caminho a rir-me, dizendo o Bola que nao percebia onde estava a piada. Típico.
- Bola, é Deus a castigar-nos. Que mais podia ser? Há cinco minutos, brilhava o sol, agora o granizo cai-nos na cabeca como que a tentar provocar-nos um traumatismo craniano. É o que dá, estarmos nos trinta e sem filhos. Estao-nos a castigar por nao nos reproduzirmos.

O resto da tarde foi passado na varanda, a ouvir a trovoada, a beber chá de menta e a ler. Vi alguns coelhos e cervos e descobri que as vacas nao sao animais amistosos. Nao se aproximem muito.

sexta-feira, maio 01, 2009

a caminho do campo

Posso contar os fins-semana que tenho tido ultimamente em casa, com tempo para organizar a minha roupa, os montes de roupa de Inverno que quero guardar no sotao, limpar a cozinha duma ponta à outra, lavar cortinas, tapetes, etc.
Hoje vou para mais um fim-de-semana fora, desta vez no campo, no meio da bosta de vaca.
O Bola cortou o cabelo tao curto que quando ele me fala mais de cinco minutos sobre o trabalho dele, eu desconcentro-me e fico peturbada pois ele vai falando e tudo o que eu consigo ver sao as orelhas dele a aumentar de tamanho. A cara dele parece-me só um grande par de orelhas. Digo-lhe que nao gosto do penteado? Logo agora que ele diz que descobriu o barbeiro dos seus sonhos? Nao dos meus.
Tenho a oportunidade de trocar de departamento no trabalho. Já fiz uma lista de pros e contras, que levo religiosamente no bolso das minhas calcas, sempre que vou ao WC, mas ainda nao me consegui decidir. O que é que eu prefiro, carreira ou vida mais calma com saídas ao meio-dia à sexta-feira, com o mesmo salário? Com menos preocupacoes?
Entretanto, a minha password do hotmail foi 'phished', se alguns de voces receberam emails a mandar-vos comprar viagra ou gel para massagens sabe-se lá onde, desculpem, nao fui eu. Enquanto nao me pescarem o online banking, acho que nao ha razoes para alarmes.
Bom fim-de-semana.