Pois bem. Fui fazer uma ressonancia magnética ao meu pé. Como tenho tido trabalho até ao tutano, nem tive bem tempo de pensar ao que ía. Quando la cheguei, ainda a expirar como se me estivesse a preparar para parir devido à já tao típica corrida contra-relógio, deram-me uma folhinha A4, na qual vinha uma explicacao do que era uma ressonancia e algumas perguntas sobre mim, se estou gravida, se tenho doencas contagiosas, se tenho próteses, se tenho algum pedaco de metal escondido no corpo para alem da tesoura que deixaram na última operacao ao cérebro. Hmmm. Até que chega a pergunta que faz soar o alarme na minha cabeca, se sou claustrofóbica. Sou! Muito! Fiz um X do tamanho da folha em torno de siiiiiiiiiiim e comecei a rezar as oracoes mais longas que conheco para que no meu exame, nao me mandassem para dentro daquele túnel, como os MRI que o Dr. House faz aos seus pacientes para lhes ver os miolos ao milímetro.
Chamaram-me, e quando me sento com a folha na mao a olhar para a rapariga que me atendia, para me certificar que ela se apercebia do meu horror claustrofóbico, reparo que ela segura na mao uma injeccao com um tamanho que eu classificaria de 'para cavalo'. Um cilindro tao gordo como o gelado calipo e nao me perguntem porque pensei agora no calipo - é que nem eu sei. Tiro os meus olhos do meu X na parte de ser claustrofóbica e com o meu ar mais horrorizado e a abracar a minha mala, pergunto em tom de gracinha que se aquilo é para me alimentarem por eu me recusar a comer, nao é preciso. Dois lances de escadas abaixo fica um subway e eu estava a planear ir lá lanchar, depois do pesadelo. Ela explica-me que aquele líquido na seringa era para meinjectar bo braco, para aquilo acusar mais depressa no meu corpo a artrose, no caso de ela existir. Deixei-a picar-me, no entanto enviei logo de seguida e a escrever à velocidade da luz, uma sms ao Bola:
Se nao estiver em casa até seis horas, procura no centro radiologia. É porque me fizeram mal. Podes ficar com as jóias, o carro e a casa, mas não fiques com ele. E até as contas do banco, e a casa de campo, mas não fiques com ele.
(adivinhem o que ele respondeu, isso mesmo: Nada.)
Depois da injeccao letal ter actuado, fui para uma cabine da qual me mandaram sair em cuecas e camisa. Confesso que nao ia gostar de ver fotos minhas desse momento, mas a sorte é que as únicas fotos que se fazem no centro de radiologia sao do interior do nosso corpo e nao do exterior. Depois de a menina me ter garantido que eu só ia entrar no túnel da máquina até meio, larguei a gola dela e deixei-a sair, depois de me ter dito que eu ia ficar 15 minutos sozinha, que nao convinha mexer-me (15 min sem me mexer...ela nao me conhece mesmo) e que como se ia ouvir um som pouco agradável como se estivessemos nas obras nos momentos mais ruidosos, eu devia por uns auscultadores. Ela pos-me os auscultadores e deu-me para a mao uma coisa que eu nao sei bem que forma tinha, mas que me fez lembrar uma bomba que a minha mae tinha para tirar o leite do peito depois de ter tido a minha irma, ou uma pera ou, (cuidado com este) um testiculo fora do normal, assim pró comprido e murcho, e disse-me:
- Isto é uma campaínha, eu vou estar do outro lado, fora da sala a controlar o exame, se precisar de mim, é só apertar aqui que eu venho até aqui e trago-lhe uma taca com häagen dazs e 2 brownies. (nao foi bem isto, mas foi parecido)
Nao há nada como se por uma cruzinha a dizer que se é claustrofóbica, tratam-nos como se tivessemos mesmo um problema. E tenho...
Quando ela me disse isto, eu nao me controlei sem disfarcar bem o riso, perguntei-lhe so dos auscultadores eu ia ouvir as vozes. A cara dela foi o suficiente para eu ter passado o resto do exame animada e a fazer um esforco enorme para evitar as convulsoes do riso, de que eu gosto tanto e que sao uma das melhores coisas nesta vida.
Ao fim de 15 minutos, voltei para a minha cabine em cuecas, para me vestir e colocar no meu corpo todas aquelas coisas de que tive de me livrar antes de ali entrar, brincos, aneis, relogio, cinto... meu Deus, porque é que eu nao vivo na Amazónia, era tao menos simples e sem este metal todo. Depois achei que devia perguntar à mesma menina a quem perguntei pelas vozes, se ela tinha ficado com o meu aparelho dos dentes que nao uso. Mas tambem nao sou assim tao freaky, ok... nao se deve gozar com as pessoas. Especialmente com aquelas que andam com a nossa saúde nas maos.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
terça-feira, agosto 26, 2008
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1 comentário:
a primeira vez que fiz uma ressonância não sabia MESMO ao que ia. estranhei o questionário e o silêncio da tia Zeza à minha pergunta "para que é isto tudo?", mas lá fui. desconfiada! foram 45 longos minutos de agonia (e também não tinha o corpo todo lá dentro) mais 20 depois da injecção!
a 2ª vez que fiz uma ressonância chorei horrores ao pé do médico e o máximo que consegui foi que me dessem um calmante, porque na folhinha portuguesa não há cá essa mariquice de X para claustrofobia!! meninos vocês (sim, desde que te rendeste às festas populares já estás incluída no pacote dos alemães).
afinal o que é que tens, doença de velhos? :)
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