Nao foi ainda desta que arranjei um cao. E tambem ainda nao arranjei um filho.
O Outono veio hoje em forca, só hoje, pois até agora era aquele ambiente romantico de folhas de várias cores, sol morno e pequenos-almocos ao fim-de-semana na esplanada. Hoje foi com chuva, vento e muito frio, só falta mudar a hora para os psiquiatras e psicólogos comecarem a ter os consultórios cheios.
Amanha vou tomar a vacina contra a hepatite A e tirar fotografias para preencher o formulário do visto para a Índia. Já nao posso ver os pai-natais no supermercado. Nem os calendários do advento. Alto lá com os cavalos, entao e o Halloween, essa festa pirosa das abóboras?
Mudei de escritório no trabalho e agora tenho que conviver com muitas mais pessoas do que até agora era habitual. Tantas vozes, é estranho e chato. Ninguem pode influenciar a voz que tem, mas é uma cruz quando temos de aturar timbres horríveis (nos outros), capazes de nos fazer subir a tensao em segundos.
O pensamento da semana é o mundo do desperdício em que vivemos. Há dias em que me custa a acreditar que no momento em que estou a escrever há pessoas a morrer de fome. A gente habitua-se a ouvir falar de morte por fome, sem nunca parar para pensar nisto. A sério, morrer de fome. De repente, restantes problemas da Humanidade deixam de me despertar este vazio, mas a fome sim. Nao sei o que se passa comigo. Claro que é legítimo pensar nestas coisas e deprimir-me, mas ao aproximar os trinta, sinto o peso dos anos. E outras coisas nas quais nunca parei para pensar antes e que nunca me incomodaram. Custa-me comer carne. Nao me atrai. Comeco a olhar para um bife e a imaginar que estou a comer carne humana. Há 15 dias pedi um peixe assado num restaurante e quando ele me apareceu no prato, inteiro, com o rabo virado para cima, senti algo que até agora nunca me tinha incomodado. E custou-me come-lo.
Ando assim, esquisita. Chata. Nao ando boa companhia para ninguem. Preciso desesperadamente de ocupar o meu tempo com outros, que precisam de mim, para além das oito horas que passo a contemplar o meu monitor. Sinto que a minha vida precisa de ganhar sentido, acho que é isso.
Será a preparacao espiritual para a Índia que nao tenho feito?
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
segunda-feira, outubro 12, 2009
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2 comentários:
Ora bem nem sei que te diga...
Por lisboa viveu-se o rescaldo da noite eleitoral, e o tempo... esse foi calor de Verão...32º graus dizem eles!
Beijinhos e animo!!! em último caso pensa os calendários do advento e os pais natais são chocolate moldado!!!
Ola minhoca
Eu tambem vivo nas salsichas, e por vezes sinto tambem o abatimento de que falas. Mas agora veem os mercados de natal, e apesar dos pais natais e os calendarios estarem ca cedo demais e ja enjoarem, nada como um bom gluhewein e umas castanhas assadas quentes e boas para aquecer e animar.
Forca!!
Sofia
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