Nao sei em que botoes é que controlar os estores automáticos, pelo que tenho o sol a bater no meu monitor e com isso, nem sequer me apercebo onde foi parar o cursor. Enfim, nao interessa. Desde quando é que os génios precisam de reler o que escrevem? Eu precisava.
Depois de uma semana de oito dias consecutivos com sol, ceu azul e as temperaturas a rondar os trinta graus, chegou a altura da habitual punicao. Nao sei se nas diversas consideracoes que tenho feito sobre o tempo no País das Salsichas, já me referi a esta questao, que nao deixa de ser interessante. Nunca passa uma semana banhada de sol no País das Salsichas sem que imediatamente após oito dias, no máximo, chova torrencialmente. E o dia em que chove torrencialmente é hoje, parece. Fica abafado, comeco a sentir a pele a colar-se à roupa e a transpirar por todos os poros, que desde que descobri que a minha tiróide é lenta, uso como desculpa para todo o meu muito ou pouco suor.
Ontem passei a noite no meu quartinho do cemitério e agora que se sente a Primavera por todo o lado, é ainda mais agradável ficar por lá, pois o ar cheira a flores e acordo com as galinhas, um pouco contrariada, mas elas nao se calam mesmo. Quando fui buscar a chave à tia Ingrid, reparei pela primeira vez que ela deve ser mesmo surda. Eu estou ali em frente dela e ela fala comigo aos gritos, como se eu estivesse duas ruas abaixo. Ainda olhei em meu redor, nao fosse ela estar a falar com outra pessoa qualquer, mas nao, era mesmo comigo. Portanto, calculo que todos os vizinhos tenham ouvido aquela parte do 'esqueca lá o euro que falta, que eu ofereco'.
Aproximam-se uns dias animados, para os quais era bom que o tempo ajudasse. Eu e o Bola temos uns dias a sós planeados agora para a semana que vem. Dia 22 de Maio é feriado e decidimos fazer ponte e ir 4 dias para a montanha, melhor dizendo Starnberg, que é uma zona maravilhosa, a sul de Munique, com um lago fantástico. Ah, e as montanhas. Ele está muito entusiasmado, especialmente desde que comprou um livro com a descricao de todos os caminhos que podemos fazer a pé em torno das montanhas. O nosso entusiasmo é, pois claro, indirectamente proporcional. Se sao dias de férias, porque é que eu os iria querer passar de língua de fora, a transpirar que nem um porco, a incomodar músculos que há muito que deixei de ter?! Nos meus sonhos, idealizei estes dias acordando de manha por volta das dez, tomando o pequeno-almoco na varanda do nosso quarto, com uma vista suprema. Depois via-me esticada numa toalha de pic-nic no meio do prado, a ler e a apanhar sol. Ao meu lado, o Bola preparava o nosso pic-nic, barrando fatias de pao com manteiga. Num destes sonhos, ele espremia sumo dumas laranjas, com o espremedor manual que tinha levado para o efeito, mas pronto, nao precisamos chegar a tanto. Num dos dias faríamos um passeio de barco pelo lago e noutro iríamos ver o gado a pastar. Será que era pedir muito? Para que as caminhadas? Eu até gosto de andar a pé, mas a direito, nao , a ideia de subir uma montanha nao me apraz. Por isso, procura-se menina simpática e com interesse pelo desporto para me substituir em todas estas ideias que o Bola tem, nas quais o meu corpo se recusa a acompanhá-lo. Com interesse pelo desporto, mas assim pro gorda e feia, se possível.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
sexta-feira, maio 16, 2008
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1 comentário:
A vizinha? Aposto que ela gosta de caminhadas... :)
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