A dois dias de partir para Milao, estou com uma crise de flatulencia como nunca antes. Tudo o que eu sei é que em torno do meu umbigo estou a produzir muitos sons, quase tao altos que tenho medo que os meus colegas no trabalho se apercebam. Mesmo assim, nao foi isso que me afastou do frasco da manteiga de amendoim. Se calhar, nao devia. Mas pronto, é desta que vou por em pratica um dos meus maiores medos, que é ir a correr com as calcas na mao para a casa-de-banho minúscula do aviao, que até hoje consegui sempre evitar. Mas ficar a conhecer a casa-de-banho do aviao pode ter o seu que de divertido.
Divertido foi hoje outro momento no trabalho. Estava eu animada ao telefone a discutir com o Bola quem vai buscar o carro à oficina, mas eu tenho muito trabalho, mas eu tenho um simpósio, mas eu trabalho mais longe da oficina, mas quem anda com o carro és tu, mas tu és mulher e eles olham sempre para as tuas pernas, quando me dou conta que um vulto, aliás um colega, atrás de mim aguardava, com um sorriso, que eu terminasse o meu telefonema. At first I was afraid, I was petrified. Fecho a boca e tento disfarcar o meu horror. O meu colega parecia saído da capa de um disco de vinyl dos anos setenta. Cabelo à Bee Gees, bigodinho piroso à filme pornográfico barato e uns óculos que deviam estar num museu. Daqueles óculos que vemos nas fotografias dos nossos pais e vamos, lavadas em lágrimas de tanto rir, perguntar aos mesmos por que carga de água é que se lembraram se usar umas coisas tao pirosas como aquelas, na altura já saíriam brindes destes nas caixas dos corn flakes...? Eu confesso que nao ouvi nada do que ele me disse, pus o meu sorriso 14, que é aquele que uso para parecer simpática mas nao prestando a mínima atencao. Eu só me imaginava com este caramelo a cantar com os Abba, eu com uma fita na testa e uma poupa com gel à frente, ele de sapato branco com aquele cabelo pirosérrimo. Ou entao, nós os dois, no vídeo Penso em Ti, da Adelaide Ferreira.
Foi, de facto, surreal. God save the seventies.
Entretanto, depois da minha primeira ida ao dentista no país das salsichas, descobri que ou abro mesmo muito a carteira, ou um dia destes ando por aí desdentada, a nao me poder rir para ninguem se assustar com as minhas gengivas. E ainda bem que já tinha a viagem para Milao marcada, porque da forma como isto leva a crer, todas as minhas poupancas vao ser enterradas no dental care alemao. Ah, e vejo que temos aí um bocadito de paradontitis, mas nao faca essa cara, a culpa nao é sua. A escova de dentes nao chega a todo o lado, sabe?
Anormal. Estúpido. Eu odeio dentistas. E as minhocas, tanto quanto eu sei, nao teem dentes.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
quarta-feira, março 18, 2009
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2 comentários:
EM primeiro lugar, bem-vinda ao clube dos flatulentos anónimos!! De resto, tenho sempre essa imagem quando imagino os alemães (pelo menos os de Colónia, que conheço!). Quer dizer, são um bocado desligados da moda!!!
Detesto casa de banho dos aviões... E de estar na fila de espera, onde parece que as pessoas estão a olhar para nós e a pensar:"Olha, esta vai c*ag*ar...
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