Milao é uma cidade engracada para ir passear um fim-de-semana. Tem um centro fantástico, com ruas imponentes, que exibem uma arquitectura maravilhosa que nos remonta aos livros de história do sétimo ano, tantas sao as colunas jónicas, dóricas e coríntias plantadas ao longo da cidade.
As italianas morrem de fome. (pronto, lá comeca ela a generalizar, nao admira que as visitas do blog decrescam com a mesma rapidez da bolsa de valores) Mas elas devem passar fome para se poderem passear pela cidade com o seu corpo de modelo tamanho 34. Por causa delas comecei a chamar o Bola de gordo, porque realmente se ele achava que era magro, deu-se conta em Milao que é um balofo. E até as italianas devem ter olhado para ele de lado a pensar que ele passa os dias a encher o bucho de mozzarella. Elas passeiam-se com o seu ar arrogante, que tentam esconder por detrás dos óculos de sol gigantes que se lhes fecham a cara, balancando na mao os seus carrier bags Gucci, Dior e Prada, claro. Eu também teria passeado o meu saquinho minúsculo Prada pelas ruas da catedral, se o Bola me tivesse oferecido a sua prenda após a compra da mesma e nao colocado debaixo da almofada, vindo eu a descobrir o saquinho já depois de alguma tequila. A fada dos dentes nao é imaginacao minha.
Bom, um contraste que dá que pensar é ver os pedintes, muitos deles sem pernas e sem bracos, a pedir esmola e ao lado a passarem as modelos italianas ainda mais magras que os coitados, estas esqueléticas por opcao (algumas, pronto).
Os homens italianos nao sao o meu género. Há os dois tipos, ambos bem longe do meu singelo gosto. Temos os metrossexuais, a exibir uma vaidade escandalosa, que só dá vontade de desatar à chapada pela rua fora. Eles é malas, lencinhos de seda ao pescoco e um ar tao afectado que eu ia jurar que eles acabaram de inalar um mau cheiro com travo de cebola. Vi vários Zé Castelo-Brancos, aos molhos, devia haver uma festa de primos e ninguém disse nada. E homens a usar blush? Porque é que ninguem me informa destas coisas...! Fui para Milao tao mal preparada. Ontem fiquei de tal forma estupefacta a olhar para um... acho que era um homem, mas deformado, assim com um ar muito frágil, com uma mala super D&G, com o cabelo todo lambido para o lado esquerdo, que só acordei deste momento de delírio quando a bola do meu gelado se comecou a derreter para cima da minha mao. Ocorreu-me que era o Bruno Nogueira em versao afectada, metrossexual ao quadrado. Como ver para crer nao chegava e porque eu quis desafiar aquele falso ar fragilzinho dele, criei uma situacao na qual eu pudesse ir contra ele, para poder sentir que aquele esqueleto fashion era mesmo real. Sentir-lhe os ossos, chegar-me perto q.b. para sentir o cheiro do after-shave dele, apesar daquela cara aparentar nao saber o que é barba. Desculpei-me com um perfeito scusi e acho que lhe toquei ao de leve na perna. Acho. Este é um dos tipos de italianos que se veem em Milao. Dos que morreriam na tropa naquelas horas de treino mais difíceis, tipo engraxar as botas
O outro tipo é o tipo que eu sempre abominei, que sao aqueles italianos baixos, (eu disse paleolítico?) com muito cabelo (olha ela de novo a generalizar), todo penteado duma forma rebelde, golas levantadas para cima, suícas que percorrem atrevidamente o seu caminho das orelhas à boca, mangas arregacadas até ao cotovelo e botoes da camisa abertos até a quantidade de pelos a bordo nos faca pensar no King Kong com carinho. Este é o italiano que se acha macho, que leu nas revistas que as mulheres adoram machos latinos e este é o seu perfil de macho latino, porque todos os outros amigalhcos com quem ele vai passear de vespa, teem este mesmo ar e diz que teem as miúdas todas lá da rua deles.
É preciso chegar quase aos trinta para constatar que a teoria que os homens italianos sao bonitos, é tao verdade quanto o Pai-Natal.
Acho que eu sou uma mocinha assim que gosta mais dos olhos transparentes, do ar pálido e das sandálias com meias por baixo. O meu lugar nao é em Itália.
Mas Milao é muito bom para se ir comer. E com duas palavras em italiano, consegui sempre construir frases bonitas e fazer-me entender. Especialmente depois da tequila.
p.s. Algo me diz que apesar de toda esta liberdade de expressao deste século, vou ter o clube de fans do Marco Di Camillis a cair-me em cima.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
terça-feira, março 24, 2009
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4 comentários:
minhoca, se depender de mim, as tuas visitas cá hão-de continuar!
já sei que um post teu = a rir, rir, rir!
Bem tou a ver que tenho de ir para milão para ser unico HOMEM lá! é que segundo percebi pelo o teu post só há Gays/enfeminados e bimbos. e quem fica algures no meio, tipo lava os dentes e faz a barba?
Viva a liberdade de expressão!!
E se tivesses esbarrado sem querer contra uma modelo esquelética? Será que se desengonçava como os legos?
Vou experimentar em Maio!
Hum... nao sou uma fã tresloucada do Di Camillis, mas lá que acho os italianos bonitos é um facto. E quando estive em Milão, foi isso que encontrei por lá. Contudo foi há quase 10 anos e as coisas podem ter mudado. Hum... não creio, embora abomine os tais metrosexuais. Nhac.
Mas qualquer das formas, mesmo que isso seja verdade, bastaria fechar os olhos e eouvi-los... é que só pela linguagem valem a pena.
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