Companheiros desta vida difícil, nao, nao morri. Sobrevivi às mudancas com bastantes nódoas negras e o corpo a pedir misericórida. O Bola antes da mudanca deve ter metido umas pilhas duracell, pois ninguem o parava. E nao pára.Ele é montar a cozinha, ele é pegar nos móveis sozinho e subir dois andares com eles e com outra mao ainda segura noutra coisa igualmente pesada, qual Pipi das meias altas, mas sem as meias. O resto é mais ou menos parecido. Desde o dia 2 de Julho, desde o momento em que aterrámos no aeroporto Franz Joseph Strauss em Munique, vindos da Costa Blanca, que o Bola parece que snifou qualquer coisa que me escapou. O que é pena, pois eu podia ter snifado tambem. Como nao foi esse o caso, o meu débil corpo que nao tem porte para estas cavalgadas, comecou logo a dar mostras de fraqueza quando o Bola me pediu para eu comecar pelas coisas mais leves e me pos na mao um candeeiro de halogeneo, que acabou por se partir ao meio nas minhas delicadas maos. Sim, nem tudo chegou à casa de chegada, como saiu da casa de partida, mas o que importa nao é como se chega, mas que se chegue, ou nao? Nao é esse o espírito das maratonas? Ontem, depois de uma sessao de gata borralheira de casa antiga, estiquei-me no chao da sala na alcatifa, com a cabeca no regaco do Bola:
- Bola, fomos tao felizes aqui, nao vais ter saudades desta casa?
Como ele respondeu que nao, concluo que tenho de deixar de ser tao emocional em relacao a coisas inanimadas. Aquela casa sem as nossas coisas nem a nossa presenca, nem tem alma. Foi alias algo que tive de aprender quando me deparei com coisas que fui guardando ao longo dos últimos quatro anos, perante a hipótese - que se adivinhava remota - de um dia vir a precisar. Tornei-me desprendida demais nestes últimos quatro dias, tao desprendida que um dia destes meto o Bola num daqueles sacos amarelos que dao para estes lados, para os plásticos. Assim para dar a quem precisa. Como dou roupa. Há coisas que acontecem e nos deixam a pensar na sua ironia. Como o meu pé, por exemplo, que parti faz uns sete anos e hoje voltou a relembrar-me que ainda está pra ali qualquer coisa desaparafusada. Ando manca. A sorte é que o Bola depois de ter passado a tarde armado em homem das obras a montar a cozinha, ainda tem folego para agarrar em mim e me levar da garagem até à porta de casa. Ele vale ouro e só eu sei quanto.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
quarta-feira, julho 09, 2008
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3 comentários:
Para deixares o lado emocional faz uma lista de lados negativos de Weiden :p
Gabar o teu homem fica-te muito bem!
Boa sorte na nova cidade!!!
Beijocas***
Já reparaste que a minhoca cor de rosa que tens no teu perfil parece um coco?
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