Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

domingo, agosto 24, 2008

minhoca goes popular

Ora bem, vamos lá a ver se eu consigo explicar. Hoje acordei com um colar preto com um coracao amarelo florescente pendurado ao pescoco, o cabelo despenteado mas com vestígios de ainda estar amarrado em duas trancas, duas bolinhas vermelhas desenhadas nas macas do rosto e um frasquinho de fazer bolinhas de sabao em cima da minha mesinha de cabeceira. Ao meu lado, na almofada está um pequeno elvis presley de plástico com uma camisa cinzenta, toda aberta. Sento-me na cama e olho para o vulto do lado, a rezar para que seja o Bola, pois com duas trancinhas e esse coracao amarelo ao pescoco, bom, eu ja nao sabia bem o que podia ter acontecido. Venham a uma Volksfest na Alemanha e vejam voces mesmos. Era o Bola, mas nao lhe perguntei nada, porque tive medo do hálito que podia acompanhar a resposta. Sim, porque o Bola ontem até em cima das mesas dancou. E caiu dez vezes, mas isso é um mero detalhe. Teve a sua beleza ve-lo a espatifar-se ao comprido, com o queixo no chao, mas com uma ginástica de bracos fantástica para apanhar a sua caneca de cerveja com o precioso líquido todo lá dentro. Até bati palmas.
Ontem foi uma alegria. Eu adoro festas populares. Aquela anonimidade, centenas de pessoas juntas numa tenda de cerveja a conviverem, a conversar sobre assuntos que nao interessam a ninguem e de que no dia seguinte já ninguém se lembra, mas toda a gente se diverte, canta e danca. E no Verao por aqui, sao festas atrás de festas. A um sábado de manha, basta levantar um pouco o nariz e seguir o rasto do cheiro a salsichas assadas. E fazer-se ao caminho.
É um fascínio para mim ver os alemaes a rir e a falar pelos cotovelos, por isso é que eu nunca perco a oportunidade de ir, mesmo quando tenho de ser eu a conduzir para lá chegarmos. Uma coisa que nao há em Portugal nas festas populares é uma banda que toca e canta, enquanto bebe ceveja e faz pequenos rituais com o público, tipo todos levantam as canecas ao mesmo tempo, dizem umas rezas e depois dois ou tres goles seguidos, isto a cada dez minutos. É engracado. E ao fim de várias horas é normal ver os alemaes todos descontrolados em cima dos bancos e das mesas aos saltos como se lhes tivessem dado à corda. Para eles o espectáculo é a banda, para mim, o espectáculo sao eles, isto intercalado pelas vezes em que o Bola cai ao chao, para trás ou para cima de alguem.
Mas viver na Alemanha e nao ir a festas populares é como ir ao Subway e nao comer um cookie. Ou ir a Portugal e nao comer na Portugália. Ou seja, muito má onda. (a minha onda até ir de férias é muito na base da comida)
Portanto, amigos e amigas do País das salsichas, procurem o calendário das festas e toca a corre-las todas. Vale a pena. Eu para o ano, vou fazer um Volksfest Sprint. Ninguém me vai agarrar.
Depois de um grande brainstorming centrado no meu estado quando me fui deitar, concluí que o coracao amarelo e o colar me saíram numa das barraquinhas de rifas, as bolinhas de sabao foi o premio de consolacao na barraquinha de dar tiros nuns patos de plástico. A irma do Bola diz que eu ainda me tinham calhado duas rosas, mas que as atirei para o palco enquanto gritava, armada em fan histérica, para o vocalista you are so hot (?). Pronto, é possível, nao digo que nao, pois estávamos com americanos. E eu achei-o giro, lá com aquele traje típico.
Só ainda nao consegui descobrir quem em fez as trancas. Estavam tao bonitas. E o pequeno Elvis?
Lembro-me ainda de andar de carrinhos de choque e ter andado a mostrar aos miúdos todos de aparelho nos dentes que lá andavam, como é que se anda de carrinhos de choque. Mas a volksfest valeu a pena pelo menos pelo algodao doce que comi novamente passados dez (?) anos.

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