Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

terça-feira, janeiro 20, 2009

obamar, esse verbo

Estou sozinha em casa esta semana. Pois, agora já deve fazer sentido para muitos porque é que me fui ontem enfiar no ginásio. Hoje fui-me enfiar na aula de terca. Tenho lá um gajo no curso, que todas as semanas provoca em mim um sentimento constante e repetido: olho para a cabeca dele, assim grande e quadrada como a do Johnny Bravo e depois olho para o apagador do quadro. E apetece-me fazer pontaria. Gajo chato. Cada vez que fala, engole metade das sílabas e o resto eu que me arranje e descubra o que ele está a tentar dizer. Quando eu lhe dou a explicacao daquilo que acho que foi a pergunta, ele deve chegar à conclusao que nao era nada disso, fecha o livro, cruza os bracos e incha as bochechas. Palerma. Qualquer dia, espero que a aula acabe e quando ele já for lá fora, atiro-lhe mesmo com o apagador. Tenho a certeza que depois disso, eu até vou dormir melhor.
Até me ir deitar, tenho várias opcoes. Comer a minha sopa de ervilhas de estalar, assim devagar enquando folheio a publicidade dos supermercados que me empurram para dentro da caixa do correio quase dia sim, dia nao. Posso fazer compras online e usar os dados do cartao de crédito do Bola, que ele me deu ontem por telefone. Acho que ia ser giro ele receber o extracto e ver lá máquina de fazer pipocas e máquina automática de espremer citrinos. Acho quze até o gajo com menos humor à face da terra ia achar piada. Posso ver o Tubarao IV, de 1987, a passar agora no canal Hollywood, pois adivinha-se bom. Em 1987 tinha eu 7 anos, de certeza que nao me deixaram ver. Devia ser por causa daquela parte em que a namorada do filho da protagonista, deitada na cama, tira as cuecas e depois faz com elas uma fisga e atira para a cara do jovem. Ver coisas destas com 7 anos pode ser perigoso. Depois uma pessoa atinge a maioridade e a coisa descamba. Posso vir pra net os vídeos da tomada de posse do Obama, e por falar em posse, ali está um homem capaz de possuir muita coisa. Tao giro, pá. E nao há nada mais sexy num homem que sabe projectar a voz, eloquente, que nao deixa ninguem fazer os seus discursos fazendo-os ele próprio, a lápis de carvao. Posso fazer o meu saco de água quente e refastelar-me so sofá a ver televisao, a rir-me com os alertas vermelhos que sao dados a conhecer nos telejornais portugueses. Posso fazer uma composicao numa folha A4, com o tema 'A Crise'. Sim, porque a Crise ganhou há pouco tempo o C maiúsculo. Há uns meses, nao tinha, nao sei se repararam. Ou talvez vá para o quarto, agarrar na almofada do Bola e abraca-la, como se lhe dissesse que sinto saudades dele, mesmo que sendo só por uns dias e que é estranho estar em casa e nao sentir aquela sensacao que estou a quebrar alguma regra ou a fazer um disparate. Até a manta do sofá eu dobro, janto à mesa e nao ando de botas em casa. Só para o caso de ele aparecer assim de surpresa. E neste registo muito cheesy e deprimente, me faco ao caminho para o sofá.

3 comentários:

Anónimo disse...

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1356864&idCanal=11
Não lhe tira mérito, pois o carisma de Obama é algo de que se precisa, de que a história precisa, de que a humanidade precisa

Anónimo disse...

Quer uma pessoa sonhar e pronto, fazem-me isto, esfregam-me na cara que nao é assim.
Entao e as cuecas, é ele que compra ou a Mae?
:)

Anónimo disse...

o facto de mencionares "crise" aqui sujeitas-te a comentário do Pai com uma margem mínima de 10 linhas. :p

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