Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

segunda-feira, setembro 24, 2007

somos como os cogumelos

Desta vez, precavi-me e depois de chegada das férias, só fui trabalhar de tarde neste primeiro dia tao violento. O que, claro, torna o impacto muito menos doloroso, pois quando olhamos para o relógio, já é tempo de voltar para casa. Felizmente e para grande surpresa minha, está um óptimo tempo por cá. Que consta que acaba hoje. Ontem quando cheguei, estavam 21 graus à noite. Hoje o sol brilhou o dia todo. Conto com mais um belo Outono.
Cheguei ao trabalho e as minhas coisas estavam no lugar onde me sento a partir de agora. À janela, como eu queria. Com os colegas fixes do meu escritório. Bastou abrir o mail para me esquecer depressa do lugar maravilhoso onde agora está a minha secretária. Mas também nao me chateei muito, já há algum tempo que perdi aquela urgencia em querer resolver tudo no momento. Fiquei até às seis da tarde e depois vim buscar o Bola para irmos às compras, pois estávamos com o frigorífico vazio.
O momento alto do dia foi quando eu estava na seccao dos desodorizantes, no supermercado, e a certa altura, comeco a ouvir vozes. O que é de facto, uma surpresa enorme num supermercado. As vozes que eu ouvi falavam em portugues. Estou a viver aqui há mais de tres anos e NUNCA até à data me apercebi da existencia de portugueses aqui, que nao aqueles que me veem visitar. Hoje foi o abencoado dia. Especialmente num dia em que ainda estou de ressaca sentimental, com aquela tristeza da emigrante que deixou para trás a sua terra do galo de Barcelos, esse ícono piroso do nosso kitsch. Claro que os dois desgracados que andavam às compras nao escaparam. Agarrei no meu nivea roll on for men e devagarinho, como quem se movimenta sem ser vista, fui atrás dos dois, examinando o carrinho de compras, caras e pinta. Dez decibéis acima, pergunto, estridente:
- VOCES SAO PORTUGUESES?
Até deram um salto, pois nao sabiam que eu estava atrás deles. Depois de me contarem a sua breve história e de eu quase me ter oferecido para ir fazer o resto das compras com eles, apontei o meu número de telefone e o meu email numa folha do bloquinho da Barbie e disse-lhes para me telefonarem, se tiverem algum problema. Ajudar é a minha divisa. E fiquei tao contente por ter conhecido portugueses aqui no supermercado... parece que me apagou parte da tristeza. O Bola é que insiste que quando eu disse telefonem-me!! num tom quase assustador, ele conseguiu ver medo nas caras deles. Mas vou esperar pelo telefonema. Sentada, mas à espera.

1 comentário:

Cromossoma X disse...

oh minhoca, é tão bom ver compatriotas!!!!!!!!!! acho que falar portugues é uma das minhas alegrias!!