
UM FELIZ 2009, carregado risos, salsichas e resoluções que não serão cumpridas!
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
A Massimo Dutti prima por ter roupa mais bonita e com qualidade superior à Zara, mas como o preço também é superior, normalmente, só lá entro em época de saldos. Ou entrava, porque cheira-me que tão cedo não volto lá. As empregadas são extremamente antipáticas e criou-se um secretismo em torno das promoções, que confesso me deixar num estado de fúria muito perto de ser mal-educada. Então, mandam sms aos clientes - sms que eu não recebi, mas de cuja existência vim a saber - a avisar que os artigos estão com descontos entre 30% a 40%. Na loja, não se vê nada que dê para desconfiar de saldos, é como se fosse este segredo ridículo entre a loja e os clientes mais fiéis. Devem comunicar com os olhos. Algumas etiquetas têm bolinha feita a marcador, que mais tarde, depois de eu ter perguntado bem alto e claramente ao anormal do empregado, confirmei ser O SINAL de que estas peças não têm desconto. Todas as outras peças SIM. Isto está tudo codificado, é um mundo especial, que não está aberto a todos, com regras e uma simbologia própria de quem pertence a esta seleccionada mailing/sms list. Sim, que isto de grandes saldos com tudo a 70%, ainda para mais antes do Natal, não é para todo o povão como eu. A Massimo Dutti não é Pai-Natal. É sim uma loja com empregadas parvas e antipáticas, que trabalham devagar e ficam chateadas por ter de dobrar mais camisolas nesta quadra, quando durante o resto do ano não dobram mais de 5 camisas o dia inteiro. É que a loja está sempre demasiado arranjadinha com elas tão snobs e com um ar tão aborrecido, que pouca gente se atreve a desdobrar roupa para não lhes causar essa maçada. Ou uma apoplexia. Ficam com cara de quem acabou de apanhar um mau cheiro.
O boneco animal com quem eu cresci foi o Espinete do Barrio Sesamo, o ouriço gigante e fofinho.
Tinham-me contado que para fazer os cachecóis com o pêlo das chinchilas, estas não eram mortas, mas sim depiladas. Pois não são. Andava eu aliviada, com a minha chinchila ao pescoço, a querer convencer-me de que os animais não sofriam, para agora a mesma fonte me revelar que afinal de enganou e sim, as chinchilas são mesmo mortas à paulada.
Hoje acordei as dez da manha com a intencao de limpar a casa (nao se riam de mim, por favor) de uma ponta à outra, pois vou ficar tres semanas fora, a partir de quarta-feira. Além disso, parece que o Bola quer fazer cá uma festarola em casa na passagem de ano, na minha ausencia, e achei que como vao cá dormir algumas pessoas em casa, convinha tudo estar mais ou menos com bom aspecto. Depois, quando já estava a meio das limpezas, a esfregar o chao naqueles sítios onde nem sempre o aspirador chega, lembrei-me que talvez pela razao referida, o ideal fosse mesmo usar essa razao para nao limpar nada. Bom, mas continuei. Só parei quando já no final, reparei que estava a limpar as janelas ainda em pijama, ou seja, em modos pouco apropriados, uma vez que as janelas dao para uma praceta interior, onde passa gente e onde as criancas andam de escorrega. Já estava a imaginar uma vizinha minha que está sempre à janela, e que me irritou um dia por eu estar a tentar apanhar o sinal para a antena parabólica, a afirmar numa reuniao de condomínio, que eu limpo as janelas sem qualquer sentido de decoro, com uma t-shirt semi-transparente que nao deixa adivinhar presenca de soutien. Que por minha causa, as criancas que andam de escorrega, ficaram com medo de andar de baloico.
Nao sei o que sentir. Chinchilla, perdoa-me. Mas o Inverno aqui é taoooo frio....
Tenho em casa uma caixa de paçoca que está a chegar ao fim. Eu no início, nao gostava, confesso. Os meus colegas traziam do Brasil, punham lá no escritório em sítios estratégicos e eu nem olhava para lá, porque nao achava nada de especial, afinal, amendoim e acúcar...enfim! Mas houve um dia em que o meu corpo pedia desesperadamente por aúcar, deviam ser umas tres da tarde que é a hora a que me dá a fraqueza, e comi tres ou quatro paçoquinhas seguidas para acalmar o desespero. E foi nesse dia que o meu corpo, assim que como que em sinal de gratidao, passou a pedir pacoca. Há fases em que há bastante, pois há muita gente a vir do Brasil, mas agora é uma dessas fases em que ninguem mais trouxe e eu comeco a ficar preocupada.
Fui ver o novo James Bond, pois nao ha temperaturas lá fora que me impecam de sair de casa para ver e ouvir o Daniel Craig num ecran tao grande como a atraccao que tenho por ele. Confesso que estava à espera de mais. Gostei bem mais do Casino Royale, apesar de o Quantum of Solace ser um bom filme de accao, assim mesmo à gajo, praticamente sem romance. A bondgirl Eva Green teve muito mais pedigree do que a Olga, sinceramente... esta Olga além de um bronze falso, acha que tem de ter o ar de durona que na realidade pertence ao gajo, e nao a ela. Nao gostei.
Finalmente, depois de tanto tempo a pedir ao Bola que viesse brunchar comigo, eis que ele aceitou, por isso entenda-se, eu reservei uma mesa num café daqueles fofinhos, onde só vao estudantes, avisei uns amigos para aparecerem e ele disse que sim, tá bem, vinha comigo.
Será que eu algum dia vou conhecer o Maurício de Sousa? Gostava tanto!
Nao sei o que Saramago achou do filme, mas eu gostei. Achei que explora a natureza humana de uma forma violenta e que me deixou o estomago muito apertado em algumas partes, mas um filme que vale definitivamente a pena ser visto. Mostra como em situacoes de igual desvantagem, há sempre os mesmos chicos-espertos que reclamam autoridade, assim porque sim. Mostra as mulheres no papel do sexo forte. Será que o Lauro António dá as cinco estrelas?
Eu fui lá feliz este fim-de-semana. Andei a pé com o Bola pela universidade, a relembrar quando éramos nós, a caminhar pelo chao cheio de folhas num Outono muito parecido, há sete anos atrás. Na cantina havia posters por todo o lado a anunciar a festa de boas-vindas aos Erasmus e eu confesso que nunca quis tanto que o tempo voltasse para trás.
Isto de agora eu estalar a cada movimento que faço não dá muito jeito. E se eu quiser aparecer por trás do Bola, para lhe tapar os olhos e lhe dizer adivinha quem éééééé...., ao mesmo tempo que lhe esburaco os olhos como os meus dedos todos, como é? Ele vai-me ouvir chegar ainda antes de eu lhe ter tapado os olhos, de tal forma estalam os meus ossos. As minhas articulações. Ando com vontade de me atirar para o chão de propósito para ver o que acontece. Sinto-me como o Samuel L. Jackson no papel de Elijah Price no Unbreakable.
Pronto. E diz que as minhas férias chegaram ao fim. Pelo menos, férias como eu as vejo. Amanhã vou para a costa Alentejana ter com o Bola, seus pais e irmãos. Como estar com alemães em Portugal, a morar com eles numa casa, é quase como estar na Alemanha, eu dou por terminadas as minhas férias inoficialmente. Pois, vou deixar de almoçar, de ir ao café, de estar em casas onde se fala muito, e de poder passar horas na praia. Em vez disso, vou acordar às nove da manhã, fazer passeios culturais (?) e jantar às seis da tarde. Como ainda estou um pouco traumatizada só perante a ideia, vou tentar esquecer-me deste tema e vou enterrar a cabeça na areia, como fazem as avestruzes. Aliás, vou pensar no momento em que decidi vir com os meus sogros de férias e fazer como o gajo que quando chega a casa carregado de sacos do Modelo, e vê o folheto do continente na caixa do correio. Marrar com a cabeça na parede, portanto.
Hoje de manha, desci a rua de Cedofeita a arrastar a minha mala, mas com os olhos concetrados no acordar da invicta. Os estudantes a caminho da escola, os cafés a abrir, as senhoras da limpeza a lavarem lojas do lado de fora, o homem da lotaria, as montras das pastelarias já abastecidas com os maravilhosos croissants do Porto, para o dia inteiro. E sim, os melhores croissants do país, comem-se no Porto.