Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

terça-feira, julho 24, 2007

de rebentar pelas costuras

Nos últimos dias andei ocupada a mimar dois gatos bebés que encontrei numa quinta. Como eu tenho uma fixacao por criaturas extremamente magras, quando vejo uma toca de agarrar nela, traze-la pra casa e mimá-la até ficar gorda de nao poder. Parece que me chamam com aqueles olhos tristes aí comeco a visualizar no cinema que é a minha cabeca slogans do tipo come and visit Somalia. O último foi o Bola e como o processo da engorda ainda nao aconteceu, fui ficando com ele, apeguei-me. E dizem por aí que casei com ele.
Estava eu a contar... Fui à festa de Verao da minha ex-empresa e a dada altura, quando me preparava para ir para a fila das salsichas (era um churrasco), ia tropecando num gato minusculo e magrérrimo, assim tipo a keira knightley. Olhei para a Keira e agarrei nela, nao fosse alguma crianca parva e distraída esborrachar a coitada, como alias eu quase ia fazendo. Deixando uma mancha desagradável no chao. No meio de muita conversa, acabei por obrigar o Bola a aceitar a Keira e seu irmao como os dois novos elementos da familia Bola. Ele disse que nao 500 vezes, mas depois acabou por aceitar, ou nao fossem as relacoes de hoje em dia comandadas exclusivamente por mulheres. A minha claro que nao é excepcao.


A Keira, descobrimos ontem, era um Keiro. Aliás, os dois gatos sao gatos e nao gatas, pelo que automaticamente herdaram os nomes de Rambo e Conan. Combinava com a personalidade. Eu queria chamar a um Chuck - as in Norris - mas o Bola nao deixou, disse que se tivesse dinheiro, pagava alguem para dar uma tareia no Chuck, o nosso ranger. Pelo que foi com estes nomes que preenchi a ficha do veterinário ontem. Os bichos estavam subnutridos, como eu já sabia, pesavam cerca de 600 gramas cada um. Hoje já estavam com melhor aspecto, mas o Bola nao aguentou tanto cheiro a cócó e a chichi e nao quis sequer esperar que eles aprendessem a usar o bacio. Vai daí que depois de uma brain wash intensa, conseguiu-me convencer entre lágrimas a deixá-lo devolver o Rambo e o Conan à origem, caso contrário ia servi-los na próxima churrascada. 'Conseguiu-me convencer' é a forma a que me sinto obrigada a escrever. Na verdade, ele nao me convenceu, eu senti que se nao cedesse tinha um advogado a mandar-me os papeis do divorcio pelo correio daqui a uns dias.
Estes homens sao uns egoístas. Decido eu - cheia de amor para dar, a rebentar pelas costuras - conceder a minha atencao a um ser magrinho de 4 patas, ele, também ser magrinho, sente-se ultrapassado.
Depois de ter comprado comida de gato para o mes todo, leite especial para gatos e todas os mimos que consegui por no meu carrinho de compras, ele decide que é tempo de os gatos fazerem as malas. Sendo que na mala iam tambem os medicamentos que o veterinário prescreveu.
O pior já passou.
Agora preciso de dicas para como me livrar do cheiro de chichi de gato da cozinha, sendo que já passei a esfregona tres vezes em todos os locais possíveis. Estarei condenada a ter uma cozinha ainda mais mal-cheirosa? É este o preco a pagar por ter um marido sem coracao? Mas kékeufiz?
O Rambo e o Conan iam ser os meus primeiros amigos felinos. Ainda nem acredito que o sonho acabou.
Oh. Nao quero viver mais. Saia uma ronda de whiskas para todos e um brinde à intolerancia.

9 comentários:

chiqui disse...

Homens... insensiveis...so tem coraca quando lhes convem...
Que tal whiskas para o jantar do bola durante o rsto do mes???? BOA?
Quanto a cozinha, sei la, pa. LEXIVIA? (METE-O A LAVAR O CHAO ;))
Bjs

Anónimo disse...

Minhoca,
Devias ter tentado ver se alguem os adoptava!! coitadinhos!!

Meow disse...

Podias ter tentado convencer o Bola a mantâ-los lá só até ganharem mais peso. Mas percebo que tenha sido difícil. Eu consegui manter o meu gatinho porque já o tinha antes de juntar os trapinhos com o meu "mais que tudo"!

Anónimo disse...

Pobres gatinhos! Subnutridos e devolvidos assim, sem mais nem menos, à origem? E agora quem os vai alimentar, dar a medicação, etc, etc???
Coitadinhos! Ainda por cima, aprendem tão rápido a ir ao caixote...

Ai o Karma...

Anónimo disse...

Essa ideia de se criarem zoos dentro de portas é gira, desde que se não abuse na escolha das espécies. Na verdade não parece muito adequada a escolha de anfíbios, por exemplo, ou até mesmo de felinos mais perigosos como, por exemplo, crias de leões. Imagina só o que pode acontecer mais tarde! Mas mesmo outro tipo de animais como cães, gatos ou simplesmente aves, causa a prazo uma maior ou menor dependência de terceiros de que só mais tarde nos apercebemos e arrependemos quando já se torna dificil uma solução simpática! No fundo parece que, nas presentes circunstâncias, a opção de desistência foi a mais realista:)

Anónimo disse...

oh pá...

Anónimo disse...

Como admiradora e feliz humana que partilha a casa com dois destes seres especiais que são os gatos, queria só escrever umas palavrinhas sobre o assunto:

Pude perceber a tua revolta e tristeza interiores, por teres que devolver os gatos.

Quem anda nisto de "salvar" gatos já há algum tempo, vai encontrando algumas soluções:

- Acolher um gato enquanto se procura dono (neste caso as correntes de email funcionam muito bem, pelo menos aqui em Portugal; há o perigo de o bichinho ir ficando, ir ficando, até que conquista a todos em casa, mesmos os mais resistentes que se dizem "pessoa que não gosta de gatos"!).

- contactar uma associação de defesa dos animais que os acolha ou que ajude na divulgação para a procura de um dono (em Portugal há a União Zoófila, a Animal, só para dar exemplos; na internet há vários sites).

Atenção: nunca os entregar a um canil/gatil municipal! Pelo mesmo aqui em Portugal, são abatidos em poucos dias, e é uma vergonha como são tratados!

- Pôr um anúncio na Internet, nos muitos sites que existem para esse fim (na Alemanha também deve haver, ou os alemães não gostam de gatos? Eu própria arranjei os meus gatos assim, vieram da rua, alguém os recolheu e colocou um anúncio; há quem seja perito em fazer estes anúncios, capaz de comover até o mais insensível dos humanos!)

- Quando não existe mesmo a possibilidade de os acolher em casa, tratar deles na rua, instalando-os num sítio que ofereça abrigo e protecção, alimentando-os e cuidando deles, o que inclui as idas ao veterinário, não só pelo estado geral de saúde, mas para os esterilizar, para travar a sua multiplicação. Há que ser-se responsável. Em Lisboa e arredores, por exemplo, há várias “colónias” de gatos, protegidas por pessoas que fazem esse tipo de trabalho e que salvam muitos gatos desta forma.

- E claro, a solução que tentaste, que é ficar com eles. Muitas vezes é preciso remar contra a maré e não é fácil! É necessário desmistificar o “ódio” que as pessoas têm aos gatos ou fazer ver que ter um gato não é nenhuma prisão, pelo contrário, liberta-nos!

Os gatos são geralmente mal compreendidos. As pessoas insistem em compará-los aos cães, quando não tem nada a ver. Um cão vê o dono como a figura “alfa”. Um gato vê o dono não como se estivesse no topo da hierarquia, mas no mesmo nível de si próprio. É necessário conquistá-lo e ganhar o respeito dele. Da forma como tratares o gato, assim ele te vai tratar também. Um gato é por natureza desconfiado dos humanos ( e com razão!), mas quando depositam confiança, são capazes das atitudes mais incríveis, que as pessoas pensam que só os cães é que são capazes de fazer!)

Desculpa o testamento, mas se há coisa a que não consigo ficar indiferente, é a Gatos.

Patsy Dear disse...

tão lindinho...

Jasman disse...

Minhoca sofro do mesmo desgosto...

A minha menina também não quer animais em casa...

Eu antes de vir para os Açores tinha uma cadela em casa que continuou por lá... Mas agora os meus pais falam em despachar a Cadela... Eu quero a cá mas a minha menina não...

Eu começo a achar que o bola e a menina fazem parte do grupo dos insensiveis