O meu chefe tem mesmo pinta de ordinarao. Ele nao é o meu chefe, ele é mesmo o big boss, a quem nem sequer dou justificacoes, e ainda bem, pois nao tenho de lidar com ele muitas vezes. Mas há que admitir que os sensores de localizacao imediata de mamas e pernas do homem sao de louvar. É um verdadeiro GPS de miúdas. Desde que topei que ele se inclui na categoria de velhos nojentos com medo de envelhecer quando já sao velhos, que agora gosto de reparar na rapidez com que as suas pupilas se dilatam quando passa uma rapariga gira a menos de cem metros dele. O que vale é que onde eu trabalho nao há muitas raparigas giras, deixa lá contar... ora, uma, du... uma. Pois. Só mesmo só eu. Gira e inteligente. Ah. E simpática.
Infelizmente, o meu chefe acha-me piada, ri-se sempre quando eu lhe falo. Diz que de certeza que nos vamos entender bem, nós, os dois estrangeiros do prédio. É verdade, somos só os dois. Mas eu nem me quero entender com ele. Viscoso. A sorte é que ele anda sempre a viajar. Se o Bola nao arranjar um emprego lá nos próximos seis meses, aí reconsidero dar-lhe um beijinho na testa.
Hoje tive o primeiro dia de trabalho a sério, a ponto de já nao saber para onde me virar. O trabalho era tanto e foi-se acumulando desde ontem que quando me senti desmoralizada, simplesmente desliguei o pc e disse para mim mesma que nao adiantava ficar ali, a querer adiantar todas as coisas que tenho pendentes. E para as quais ainda nao tenho solucao. E a cereja no cimo do bolo, sendo que é um bolo mau, foi quando me informaram que nas semanas 32 e 33 do calendário precisam de mim no departamento académico, para fazer de intérprete de alemao para portugues. 10 dias, das oito às cinco. Logo na semana em que os meus pais e irma me veem visitar. Eu nao meti férias, por ainda estar nos primeiros seis meses, mas como tenho um horario de trabalho relativamente flexivel, estava a contar sair sempre mais cedo nessa semana, tipo duas da tarde. Lixaram-me. Na formacao nao posso fazer isso. O máximo que consegui foi tirar um dia, porque inventei que tinha de os ir levar ao aeroporto. Sabe, os meus pais já sao velhinhos. A minha mae teve-me quando ela já estava na menopausa. Foi um milgare. E eu sou o tesouro deles, a filha unica, sabe como é... esta viagem até cá é algo que eles já estao a planear há dez anos, pois desde os meus 17 anos que nao os vejo. Se eu nao os for levar ao aeroporto, o mais possível, é ter de os ir buscar de comboio à República Checa. Pronto. Tem vezes em que sou tao convincente que bato palmas a mim mesma.
Agora tenho um dossier com mais de 200 acetatos com termos de mecanica e electrica para traduzir para portugues. Algo me diz que vai ser hilariante. Especialmente por eu ser a unica pessoa que percebe tanto a língua de partida como a língua de chegada. Bom, pelo menos já sei o que é um fusível.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
quarta-feira, julho 18, 2007
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2 comentários:
De facto nao ha pachorra para velhoes taradoes!!
Quanto as traducoes, pensa que podem ser "livres",visto seres a unica pessoa que fala as duas linguas ;))
Se és a única a percebê-las, pq tens de as traduzir?
E o chefe é estrangeiro de onde? É só para ficarmos um pouco mais informadas :)
E é velho aí para que idade?
Beijinhos :)
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