A noite passada foi um episódio repetido de muitas noites de Verao. Uma estupida duma melga a zumbir à minha volta e que me acordou praticamente de hora a hora. Até que chegou a hora de ela partir. Abri a luz de madrugada e, com um dos olhos abertos, pois de madrugada nunca consigo ter os dois abertos ao mesmo tempo, observei a desgracada. E ali estava ela, com as patinhas postas na minha parede cor-de-laranja, a preparar-se para mais um cocktail. Num acto mais do que pensado, esmago a desgracada contra a parede para depois, com um lenco de papel embebido em água, limpar os restos daquela massa preta nojenta e do MEU sangue que a paravalhona foi sugando noite fora. E claro que comecando assim o dia, acordei com um melao desgracado, com vontade de gritar a toda a gente bem perto da cara, sem ter lavado os dentes ainda.
Fui para o trabalho com chuva a cair no meu pára-brisas, quase que fazia lembrar um vídeo do Roberto Carlos ou Leandro e Leonardo (ainda respiram estes dois?). Na estrada bucólica por onde costumo ir, mais um animal felpudo abatido (atropelado) na berma da estrada. Na semana passada, ia jurar ter visto um castor, com os dentoes espetados à frente, que me fez lembrar uma amiga da minha infancia. Mas o bicho de hoje nao era um castor, nem um coelho. Mas era grande e felpudo. Pois nao sei. Talvez fosse um dos meus ex-colegas.
Chegada ao trabalho, dirijo-me para o centro de formacao, pois lembrei-me por mero acaso que vou ter formacao toda a semana. Eu e 19 homens, daqueles corpulentos, com cara de quem come tres pratos de jardineira ao almoco e ainda arrota a pedir mais. Claro que ser a unica menina no meio destes abutres nao é propriamente divertido, pois apanhei uns quantos a olhar-me com o mesmo ar com que eu olho para uma boa cheese-cake. Assim com os olhos pequeninos e as narinas bem abertas. Só que a cheese-cake, normalmente sei que a vou comer.
A formacao revelou-se interessante para eu descobrir mecanismos de defesa para nao adormecer, mecanismos esses que eu desconhecia em mim mesma. Penso hoje ter chegado ao nível de sobrevivencia. Como e bebo. Para nao adormecer. Que nem uma desalmada. Comida nao tinha, mas masquei a chicla com a sofreguidao de quem come um pacote inteiro de sugus depois de meses sem lhes tocar. (pronto, sou só eu) Deve ser por mascar assim a chicla que a comunidade masculina dos prezados colegas me foi olhando assim a modos que suspeitos. Ou entao já me viram com a t-shirt que postei ontem.
A formacao foi uma seca. Só de saber que vou ter isto a semana inteira, fico com vontade de chorar. Com vontade de chorar, ia ficando tambem quando, a título de piadinha (nao consigo ficar calada), perguntei lá ao mestre se quarta-feira, quando fossemos ver uma fabrica de cartao a funcionar LIVE, se eu podia trazer para casa uma caixa de cartao para me enfiar la dentro:
- (cara séria) Pois bem, eu penso que sim. Há um contentor com cartao que nao é utilizado, onde cada um pode depois ir buscar uma amostra para levar para casa.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
segunda-feira, julho 02, 2007
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