Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, dezembro 12, 2007

car...que?

Ontem, enquanto procurava bom vinho portugues nas prateleiras do supermercado, ouvi de novo gente a falar portugues na seccao dos licores. Andava eu a procurar um bom tinto quando os meus ouvidos identificam uma palavra familiar nas bocas alheias e, meus amigos, como pode uma frase terminada em caralho deixar dúvidas de que se trata da Língua de Camoes? Embora até seja uma blasfémia colocar o nome de tao grande poeta na mesma frase com um termo tao vulgar, deixem-me que vos diga que nao me custa nada imaginar o Camoes a meio de mais um soneto, enquanto escrevinhava os Lusíadas, a pensar no D. Sebastiao, e perante a tinta que pingava da pena, sai-lhe: caralho, nunca mais compro penas em promocao. Mas realmente levar 4 e pagar uma é algo a que nao pude resistir. Há duas coisas que todos sabemos a respeito de Camoes. Uma, era que ele só via dum olho, a outra era o quanto ele gostava de promocoes.
Bom, mas estava eu a ver dos vinhos (acabei por comprar um californiano, a pensar na chiqui, leitora assídua do meu blog) quando o meu campo de audicao acende a luzinha portugues, e eis que levanto as antenas e lá estao, aos magotes. Pergunto ao Bola se é hoje o dia da Construcao Civil e perante a sua resposta, intrigo-me com tanto macho latino junto num espaco de 10 metros quadrados. Estarao a dar baloes? Há alguma coisa de borla? Comeco a examinar o carrinho das compras dos meus compatriotas e vejo que realmente o carrinho nao podia ser mais portugues. Água sem gás, tintol, pao, fiambre e queijo. Nem foi preciso ouvir mais um caralho pra ver que se tratavam de portugueses. Gostei das camisas abertas até ao umbigo e dos pelos selvagens que se enrolavam uns nos outros e nos fios de ouro. Havia outros mais discretos, apenas com um botao aberto, mas a quantidade de pelos desejosos de se escaparem pelo pescoco era tanta, que posso jurar a senhora da caixa até corou ligeiramente perante a presenca de tanta testosterona. Eu estava imóvel, pois o Bola agarrou-me pela cintura e amordacou-me* a boca e dizia-me num tom repressivo nao vais a correr dar-lhes o teu telemóvel, vá, contém-te, eu sei que tu consegues. Nao sao portugueses, devem ser russos. Entretanto, eles pagaram os seus 3 carrinhos de compras e foram embora enquanto nós colocávamos as nossas nos sacos. No final, ainda me atirei pra dentro do carrinho e apressei-me a deslizar pelos corredores fora para me amandar contra o carrinho deles, mas sinal deles já nao havia. Acho indecente o Bola nao ter compreensao para as minhas fantasias. Ando há anos a tentar convence-lo a realizar a mais simples de todas, de cozinhar para mim, nu de avental. Até hoje nada. Ontem estávamos com uma boa chance para a minha fantasia numero 2, onde curiosamente nao entra o Ricardo A. Pereira, mas 10 homens das obras com barrete de Pai-Natal e o Bola bloqueou-me os movimentos. Só vos digo, este Natal realmente nao me está a sair nada de jeito. Alguém que me ponha a cloroformio para o resto destas festas, pode ser? É que se nao for assim, acho que vou passar a ir todos os dias ao mercado de Natal para repetir a proeza de sábado.

* verbo novo

1 comentário:

chiqui disse...

Adorei este post :))))))

Primeiro que tudo, obrigada pela preferencia!! que tal o vinho?

tugas + caralhadas = mistura de classe, pois entao :))