Uma das vantagens de não morar em Portugal é que quando cá venho, nunca tenho frio. De todo. Nunca. Desde que cheguei, ainda não tive frio. De manhã, todos os dias depois de acordar, vou-me sentar num banco no alpendre da parte de trás da casa e ali fico sentada, de pijama e pantufas. Sem frio nem termotebe. A apreciar a calma, a contemplar a vinha do vizinho do lado, o tal que no fim-de-ano, à meia-noite desata aos tiros, deixando a minha mãe com o coração nas mãos e as mãos, essas, a barrarem-nos as portas para não nos deixar ir para o jardim, para não levarmos com um balázio no rabo. Gosto de cheirar o ar que aqui, na terra do galo mais sexy do mundo, tem sempre um cheiro próprio. Às vezes, a queimado, outras vezes a nevoeiro, ou consoante a estação do ano, a qualquer outra coisa. O ar aqui em Portugal tem cheiro, seja em que estação for. Agora me dou conta. Na Alemanha nunca cheira a Inverno. Eu cheiro aquilo que é suposto não cheirar a nada, assim tipo nevoeiro e neve. Quando está para nevar, cheira-me sempre.
Assim como me cheira que o meu fim-de-ano vai ser assim pró secante. Eu nao queria passar o fim-de-ano na Alemanha. Eu andava ainda a decidir em que dia regressar das férias do Natal quando o Bola me diz que já tinha comprado o seu bilhete com regresso a 31 para passarmos a o fim do ano juntos. Romântico, porém desnecessário. Com os amigos dele, em casa deles, assim pro hippie. Apesar de eu ser toda make love not war, não tenho muito em comum com eles. E não me refiro à parte de eu não conseguir estar a menos de um metro do cabelo - ninho de ratos - de alguém com rastas. Eles são pessoas normalíssimas, mas na verdade temos pouco em comum. Por exemplo, eles gostam de preto, eu é mais de vermelho e azul. Eles dizem para quem quiser ouvir que o Pai-Natal não existe e eu SEI que ele existe. Além destes motivos já fortes q.b., não gostei que me tivessem ficado com um toalhão de banho que lá deixei há precisamente um ano. Fico com um pó a pessoas que não devolvem as coisas, mas isso é tema para outro - possivelmente repetido - post. Bom, como vou ter de gramar com os amigos hippies dele na passagem de ano e ter de tentar ser cool, o que nem semopre é fácil, parece-me que tenho duas hipóteses: a)a mais aplaudida e imitada por tantos outros dada a ocasiao: embebedar-me; b)... pois, não há b. Desta vez, não há opções, sendo que não vou poder aquilo que eu mais gostava de fazer. Dormir. Aterrar na cama e acordar no novo ano.
Sou daquelas pessoas anti-festejos-de-fim-de-ano. Há quem prefira termos como insossa ou choca.
Agora vou ali fazer a minha lista das 5 resolucões para 2008. É um must. Combinei com o Bola que vamos trocar impressões acerca das resoluções de cada um, na viagem de comboio para casa, na terça-feira. Cinco resoluções cada um.
Agora deixo-vos um tema de alegria para ouvir alto e mexer a cabeça assim prá frente como aqueles cãezinhos que nós, portugueses emigrantes que falam a língua estrangeira bem alto quando vamos pagar na massimo dutti para todos ouvirmos bem, trazemos na parte de trás do carro, a abanar a cabecinha. Haja alegria!
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
sexta-feira, dezembro 28, 2007
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1 comentário:
Na Alemanha cheira a Inverno, sim senhora. Mas se calhar lá em baixo tu nao sentes o cheiro do aquecimento a carvao. É dos melhores cheiros do mundo, se bem que um pouco enjoativo.
Boas resolucoes, bom ano!
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