Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

diz que veem de Paris

Tenho andado a hesitar há algum tempo, mas vou mesmo deixar aqui a minha opiniao. O blog é meu, a opiniao é minha. E desculpem os comentários bloqueados, mas nao quero fazer do blog prós e contras. Já li e ouvi o necessário e este é o resultado, directamente da minha consciencia.
Eu nao posso votar por ser emigrante. Fixe.

Mas se votasse, votaria nao. Nao concordo com a despenalizacao. Se acho que uma mulher deva ir presa por cometer um aborto? Nao. Nao acho. Mas se por causa disso, acho que se deva alterar uma lei? Nao. Tambem nao. O que eu sei é que a Vida é um milagre e nao se decide em funcao de situacoes como fui passar ali uma noite com o Sven porque ele é musculado e todo bronzeado, ou porque fui sair à noite e depois duns copos, aquele tipo me parecia mesmo o Smith do sexo e a cidade... e ooops.... Nao. Hoje em dia a informacao, já chega a toda a gente. Sem a procurarmos. Quase que nos persegue. Quando damos por nós, temos uma chuva de preservativos e pílulas a cair-nos na cabeca. Quantas vezes na faculdade em campanhas me enfiavam preservativos na mao (contra a minha vontade! Devia ser a minha cara). A pílula em Portugal é de borla, para quem se registar no Planeamento Familiar, no centro de saúde. Mesmo para quem tenha ido para a oficina do Sven jogar bridge (como eu nunca fui mas sonhei), tem ainda a opcao de até 72horas depois, dar conta que fez umas asneira e para isso há a pílula do dia seguinte. Nao disponivel sem receita aqui na Alemanha, mas em Portugal sim. Que mais querem? Convencer-me que muitas das gravidezes indesejadas nao sao produto de quero-la-saber, brinquemos ao poe-e-tira? Nao vale a pena. Violacoes, miúdas de 12 anos grávidas e até mesmo no caso duma malformacao (grave, que ponha em causa a capacidade de viver de forma digna ou ponha em risco a saúde da mae), pronto.. nao vamos ser fascistas (M.!). De facto, há casos e casos. Legítimos e desculpa-esfarrapada. Em muitos casos, o aborto pode ser mesmo a unica solucao. Mas isso nao me faz querer generalizar. Porque ao faze-lo, aborta livremente uma mulher após uma one night stand e aborta uma mulher com um feto com problemas graves, que pode nem completar a gestacao. Se faz diferenca? Eu acho que sim.
Generalizar que até aos dois meses e meio, toda a mulher decide se aquela vida que tem dentro de si deve ser abolida, acho mal. Acho inconsequente. Generalizar uma lei dessas, como se fossemos todos um Deus que decide em relacao à Vida. Tu nasces, tu nao. Tenho um nível sócio-economico baixo. Nao é razao. Mal conheco o Pai. Também nao. Com dois meses e meio, ja se veem as maozinhas, ja se ve o femur, ja se ve um bebé. E uma mulher sofre, claro que sofre, mas só porque emocionalmente já esta tao fragil, devo dar-lhe o direito de decidir anular uma vida? Nao.
Às vezes, parece que estamos a falar de algo que acontece sem sabermos. Ja ninguem acredita que os bebés veem de Paris trazidos por uma cegonha. Se ter relacoes sexuais sem precaucoes gera uma gravidez, entao ou nao se tem ou tem mas tomando medidas. Se há uma medida? Há várias alternativas, deixa qualquer um sem desculpa. Neste tema, a palavra de ordem é pevenir e nao remediar.
Eu nunca condenaria uma mulher que o tivesse feito. Conheco e nao condeno. Mas nao contribuiria com o meu voto para alterar uma lei que vai de certeza gerar desresponsabilizacao. Quem normalmente se choca ao ouvir isto, sao as pessoas de consciencia, que nao conseguem imaginar isto. Da mesma forma que nao coneguem imaginar porque ha mulheres que largam um recem-nascido no lixo. Mas há. E com leis 'generosas' vamos estar a aceitar que o milagre da vida, passe a ser decisao de toda a gente. Nem toda a gente é razoável, nem toda a gente vai praticar o aborto em necessidade extrema. Afinal, nao é crime.
A pílula do dia seguinte é para acidentes, nao é? Pode nem ter havido fecundacao. Dizem as estatísticas que na maioria dos casos, nao há.

Se uma mulher que faz um aborto ja vai sofrer para o resto da vida? Sim. Acredito e convence-me. Mas nao deve ter o direito de anular uma vida que EM MUITOS CASOS (nao em todos) GEROU SEM SE RESPONSABILIZAR. E entao como é? Eu avanco para um acto sexual IMPENSADO e depois aborto porque tenho pouco dinheiro ou porque estou a meio do curso? E vamos feitas ovelhas todos votar que sim porque queremos ser modernos como os outros países da Europa? Entao comecemos por ser modernos naquilo que é realmente importante!
Infelizmente ao votar nao, vou estar a votar para que as mulheres que praticarem abortos continuem a ser penalizadas. Mas entre que sejam penalizadas e entre a tornar isso numa prática comum, a minha consciencia manda-me para as penalizar. Porque quando se gera a vida, gera-se um milagre. Nao é pratica, nao da jeito, a relacao nao era estável. TOMASSEM MEDIDAS. OU TOMEM DOIS DIAS DEPOIS. Normalmente ainda vao a tempo.
E para terminar, uma história de conhecidos, pois toda a gente conta a história de alguem, nao é? O meu chefe tem uma namorada ha quase um ano. Estao numa boa fase e ela andou a fazer um tratamento hormonal até ha pouco tempo atrás, no qual a informaram que se agora quisesse engravidar, era impossivel. Eles devem ter acreditado demais no que o medico disse, e ha coisa de dois meses, ela descobriu que estava gravida. Eles tinham planos de vida que nada teem a ver com uma gravidez. Ela nao abortou, mas se quisesse podia. A lei permite. A relacao deles é estável, mas relativamente recente. Se ela decidisse abortar por nao ser o melhor para ela neste momento, era só a mim que ia parecer egoísta??