Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

sexta-feira, abril 13, 2007

manguito

Conheco mulheres que ficam décadas sem por os pés no(a) ginecologista. Eu primo pelo masoquismo, nao deixo escapar a consulta anual e ainda la vou mais umas vezes pelo meio. A médica deve la ter um lindo relatório no computador da minha história clínica. Anamnese, nao é mesmo? Hipocondríaca. Cancro-compulsiva. Delírios. Inventa doencas. Le na internet e fantasia sobre a próxima maleita. Conclusao: hipocondríaca. (causa agravada pelo facto de ter emigrado, sentimento de culpa que leva à auto-flagelacao). Portanto, quando ela faz uma busca pelo meu nome, nao tenho a menos dúvida de que aparece em letras enormes e vermelhas a piscar Hipocondríaca, cuidado!
Só isso justifica o olhar atento da médica, que me examina com os seus enormes olhos azuis cada vez que eu lhe digo o que acho que pode ser desta vez.
Mas para já, tenho um útero sao, pronto para ser fecundado daqui a dois anos. Vou mandar um mail ao Bola a dizer-lhe para congelamos uns embrioes para o que der e vier. Por exemplo, prá semana vou pra Barcelona, posso nunca mais voltar...
E para todos os chatos que me estao constantemente a sugerir que como mulher casada (uma nova nocao de mulher) que sou, nao me devo soltar assim das amarras do matrimónio e ir curtir uns dias sem o meu esposo, deixem-me que vos diga: quero lá saber. Ele nao se importa. Eu acho saudável. Isso de sermos um só, é só nos poemas, nos dias mais romanticos e em Hollywood. De resto, somos dois indivíduos com direito ao seu espaco. E diferentes. Num ano com 365 dias, porque nao passarmos uns dias (poucos) separados? Onde está o crime? E eu nao sou assim tao moderna, mas dá-me vontade de cavar um buraco no chao e enfiar la a minha cabeca (para gritar) cada vez que me sugerem que nao é bonito, ir de debandada para Espanha sem o meu marido.

O amor duma emigrante mede-se de várias maneiras, mas nao desta.

5 comentários:

José Silva disse...

Houvessem mais a pensar assim ;)

alma-em-4-corpos disse...

Já dizia o texto "O Casamento" do Khalil Gibran:
"(...)
Permanecei juntos, mas nunca demasiado próximos;
pois os pilares que sustentam templo erguem-se separadamente,
e o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro."

chiqui disse...

como eu te entendo. este verao tambem quero ir de "abalada" uns dias sozinha.Meios silencios e algumas criticas e o q eu tenho ouvido com fartura.
Da-lhe minhoca, nao te detenhas :)

chiqui disse...

Ah mascriticas, nao do esposo. Engracado...

Minhoca disse...

nao me dói aceitar que ele nao se atira aos meus pés a implorar-me que fique :) ehehe