- Bola, dá-me um abraco e deixa-me encostar a minha cabeca pensante nesse teu peito cabeludo, deixas?
E com uma frase destas se quebra todo o amor que a outra parte nos podia dar. Em vez disso, atira-me um olhar desconfiado e amargo, irritado por sabermos os dois que o peito dele é tao liso como o rabo dum recém-nascido. Milky skin. Loiro, com uns cabelos sedosos e nao palha de aco, olhos verdes, pernas magrinhas, mas um rabo com presenca. Assim é o meu Bola. E eu gosto de lhe atirar farpazinhas, só para ver se eles, homens, se sentem desconfortáveis com certos detalhes, da mesma forma que nós mulheres, estamos sempre insatisfeitas com qualquer coisa no nosso corpo.
Mas nao consigo deixar de o picar com perguntas parvas, das quais me rio, como já é hábito, sozinha.
- Óh, oh, mas que é isto, um pelo sozinho na tua peitaca, abandonado, num raio de 20 cm? Entao, desde quando andamos a fazer implantes?
Novo olhar de quem tem uma dor, daquelas que nem se sabe bem onde.
- Nao sei se estás consciente que tens mesmo nariz de papagaio...?
Quem diz a verdade nao merece castigo, nao é mesmo?
Ontem amuou comigo porque me ri que nem uma perdida depois de lhe dizer que me sentia orgulhosa com a dedicacao dele a causas humanitárias. E como ele me perguntou porque, eu tive de responder red nose day. Porque ele tinha o nariz vermelho na ponta e nem sabia porque. E que eu saiba, o palhaco de servico sou eu. Pronto, nao teve assim tanta piada, mas eu tenho a vantagem de chorar a rir sozinha, só porque me convenco que foi uma piada fantástica, mesmo sem a aprovacao de quem quer que seja. Demencia, costuma-se designar.
O Bola, definitivamente, já passou tempo demais a ouvir as minhas gracolas, portanto a unica coisa que me salva sao as pessoas que de tempos a tempos me veem visitar e com quem me posso rir. Mas pessoas que tambem nao podem conviver comigo tempo demais, porque eu devo ser um bocado cansativa. É só uma desconfianca ainda. O meu livro de gracolas também nao é assim tao grande. Mas mesmo assim, agora que a vida me sorri, continuo a insistir com os meus colegas. O meu objectivo é arrancar sorrisos sinceros, sem ponta de amarelo. Eu acredito que em todos os escritórios e empresas, há uma pessoa responsável por determinadas características. Eu sou, portanto, o palhaco.
Para que conste, eu estou perfeitamente à vontade para me rir de mim própria.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
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1 comentário:
ele que me empreste a minhoca a mim :D eheheheh. daqui a uns dias tens-me aí :D
e qt ao rires-t das tuas piadas, é de família*
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