O meu fim-de-semana foi muito agradável. Sexta-feira fomos para a terra do avo do Bola. Levei eu o carro, mas na primeira estacao de servico, parei pra trocar com o Bola , pois quando eu conduzo, ele fica com cara de quem vai vomitar já já a seguir. E como é um misto de cara de vomidrin e cara de tristeza, eu nao suporto ve-lo assim e vai daí, deixo-o conduzir e faco dele um homem feliz. Chegámos a casa do avo e ainda fomos jantar. Deitámo-nos cedo, porque aos sábados, lá, nao costumo poder dormir até muito tarde. Sacrilegio! Este sábado, tínhamos a agravante da apanha das toneladas de cerejas da árvore da horta dele, que já estava carregadinha desde há duas semanas. Assim como os arbustos das groselhas. Mas de manha, ainda fomos dar um passeio pela cidade, comprar frascos e acucar-geleia para fazer imediatamente compota com as cerejas. Ainda comprámos no mercado framboesas e mirtilos para misturar e fazer doce que nao fosse só de cereja. A caminho do carro, vi um relógio fenomenal numa montra e ainda fiz o choradinho para o Bola mo comprar, mas era mais teatro que outra coisa. Temos um compromisso que implica nao esbanjar dinheiro em coisas supérfluas, até fazermos a nossa viagem à Índia, em Janeiro. (lua-de-mel atrasada)
Quando depois fui beber um sumo natural e voltei, o irmao dele disse-me para nao o ir procurar que ele voltava já, para esperarmos no carro. E aí comecei a fermentar em grande a ideia de o Bola me ter ido comprar o relógio. Só podia. Passei a tarde toda a testá-lo, depois a chateá-lo para me dar o relogio, que eu sabia que ele o tinha, se nao tinha, tínhamos de voltar à cidade para o comprar porque tinha um design fabuloso e porque eu nao parava de pensar no relógio e que sem aquele relogio eu nunca mais seria feliz e bla bla bla bla. Passaram-se várias horas e entre a cerejeira e o fogao, calei-me com o assunto do relogio, porque na verdade, eu queria-o, mas nao queria que ele mo comprasse nesta altura. Foi uma crise de materialismo e vaidade. Normalmente passam depressa. Dai a dois meses faziamos o nosso primeiro aniversário de casamento e uns dias antes, eu só tinha de repetir a mesma melguice e podia ate ter sorte.
Fomos jantar e depois de uns grelhados maravilhosos que fizemos no jardim, a título de brincadeira sugerida por mim, comecamos numas rondas de Schnapps, que para quem nao sabe, é bagaco mas com um leve toque de fruta que os alemaes bebem para rematar uma boa refeicao. Um shot. Ajuda o processo da digestao, tem cerca de 50% de álcool. O avo do Bola faz Schnapps todos os anos e tem sempre a cave bem apetrechada. Portanto, quando lá vamos, é sempre um ritual bebermos alguns copos de Schnapps depois das refeicoes. Bom, ontem comecámos por experimentar de cereja, ameixa, e quando dei por mim, já estava agarrada a fazer festinhas a uma garrafa de conhaque Martell e com as bochechas coradinhas. Pronto. Com as histórias dele da segunda guerra mundial e de como conheceu a avó do Bola, (a melhor beijoqueira da vila, que beijava como as francesas em Paris - palavras dele) fui bebendo com ele, Bola e irmao do Bola e quando me fui deitar, já ia aos encontroes. Até que dei um encontrao com a cabeca numa caixa de plastico por cima da minha almofada. O relogio. Embrulhado em papel cor-de-rosa. Desatei aos gritos ao Bola e às estaladas, por ele me ter convencido mesmo que nao mo tinha comprado e agora, depois de meia garrafa de conhaque é que mo dá. Claro que depois o enchi de beijos e aterrei na cama, só com as calcas do pijama. A meio da noite, acordei meia despistada, tao despistada que até tive medo de ao meu lado nao estar o Bola, mas outro dos meus companheiros de Schnapps. Levantei-me para ir beber agua, convencida que o episodio do relogio tinha sido um sonho. Felizmente, nao foi. É vermelho, lindo e é meu. Que materialista que eu sou. Nem falei mais nas cerejas. Agora é que vai ser a pontualidade. Yuhu!
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
domingo, junho 24, 2007
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