Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

segunda-feira, junho 25, 2007

sapatos de seguranca ou minhoca sempre na moda

De manhã, eu não sou uma pessoa muito expansiva. A minha cara apenas demonstra a dor da separação dos lencóis. Cara esta que dura várias horas e nao se apaga com a passagem debaixo do chuveiro. Até quando me vejo ao espelho sinto pena de mim mesma. Sao lagrimaaaaas. Até chegar ao trabalho, funciono como em modo robot. Acordo às sete. E atencão à diferença entre acordar e levantar, que no meu caso, é grande. Brutal. Ainda mais, se falarmos em despertar. Porque despertar, só mesmo lá para as quatro da tarde. Mas voltando à minha dor. Levanto-me às sete, e agarro em dois calhaus e faço pontaria aos anormais dos pássaros que gritam do lado de fora da minha janela, na árvore. Há quem diga 'chilrear'. Se acerto, dou um gritinho de menina e digo ao Bola nao tás orgulhoso de mim, vamos ligar aos gajos da PETA só pra chatear. Quando não acerto, esqueço e vou até a cozinha, onde com os olhos ainda colados, mecanicamente retiro o filtro do café usado e ponho um novo, tres colheres de café, água e tomo o meu medicamento para a tiróide preguiçosa. Tudo isto de olhos fechados. Fiz um curso de braille para curiosos, em tempos. Vou tomar banho, arranjar-me e quando regresso à cozinha, bebo o café em tres goladas, retiro qualquer coisa do frigo para levar comigo para comer a meio da manha, tipo uma cenoura um ou repolho. Cebola é deliciosa, mas como tenho de falar muito com os colegas, nao dá muito jeito. Depois, à saída, os meus olhos passam a mesa em scan em busca de tres coisas e apenas tres coisas indespensaveis: chaves do carro, carteira e o meu chip do trabalho. Depois, há duas variantes que estao também programadas em mim:
- perante porta-moedas vazio, os meus olhos buscam pela carteira do Bola;
- perante a falta de lentes de contacto, os meus olhos buscam pelos meus óculos.
As minhas manhas sao muito iguais, para além dos calhaus que atiro aos pássaros (tem dias em que podem ser dez, outros em que desisto logo à primeira), sao assim muito iguais, tristes e programadas. Tanto para chegar aqui. E agora a pergunta que eu coloco é: como é que neste estado entorpecido, onde só repito tarefas premeditadas, eu me ia lembrar de hoje trazer os meus sapatos de seguranca???? É que nem é por serem horríveis e me dificultarem a indumentária. Simplesmente, nao penso tanto no trabalho em casa, a ponto de me lembrar que vou passar a semana no armazém. E como os alemaes sao também obcecados pela seguranca, tenho uns sapatos de seguranca desde o meu primeiro dia de trabalho. Para usar no armazém. E lindos que sao. A minha sorte é que os dias de brasa fazem agora uma pausa e amanha comeca o frio senao, acho que os meus pés de Cinderela bem derretiam dentro destes monstros.

3 comentários:

Anónimo disse...

oh minhoca...sou tua fan !!

OS meus dias começam melhor quando te leio aqui :-) obrigadaaaaaaaa

aqui em lisboa

chiqui disse...

Compreendo-te. Muito bem...
A unica pessoa para quem eu me rio de manha e a menina do Starbucks, que me da um cafe enorme ainda a ferver. HUUUMMMM!!! E mesmo assim e so meio sorriso.

Quanto ao footwear, devias vir ca a adega. Todos temos que usar calcado resistente. Mas tenho que admitir que essa "botinha de ir aos figos", bate as minhas aos pontos!!
lolllllllllll

Patsy Dear disse...

eu tenho de usar essas botinhas chanel TODOS OS DIAS. argh.