Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

segunda-feira, outubro 01, 2007

couveflor para brincar ao debaixo-dos-cobertores

Hoje a noite comeca mais cedo, o que é de admirar pois passei hora e meia na cozinha, a fazer um bolo e um gratinado de batata, bróculos e couve-flor.
- Bola, guardei ali numa caixa de plastico no frigo o resto da couveflor, para amanha temperares. Depois, como na quarta é feriado, se andarmos à rasca dos intestinos, podemos ir pra debaixo dos cobertores fazer uma festa!
O Bola faz um tempero na couveflor inigualável... qualquer coisa avinagrada. Eu até lhe perguntava daqui aos berros, para ele ir ditando e eu escrevendo, mas está a dar a Lara Croft no Hollywood e ele já ficou com os olhos colados na televisao. E eu respeito, claro, pois se eu nao estivesse aqui, também estava a ver a Lara com o seu lábio sexy inferior a fazer fole.

Hoje esteve um bonito dia de Outono. Acho que já aqui expressei vezes sem conta a minha adoracao pela melhor estacao no país das Salsichas. Ainda hoje vinha do trabalho e a reparar nas tonalidades das árvores por que ia passando a caminho de casa. É que em Portugal acho que nao sao tantas as árvores a ganhar os tons de vermelho vivo como aqui. Será por termos menos árvores?
Ontem fui buscar o Bola à estacao e como vi que o comboio estava atrasado, entreti-me a ler os folhetos do supermercado. A luz era parca mas chegava para ver que o lombo de porco vai estar em promocao esta semana. Entretanto,a páginas tantas (do folheto, claro) vejo o Bola a iluminar-me o espelho retrovisor, aproximando-se do carro. Saio e dou-lhe um daqueles abracos apertados, como se já nao o visse há tres meses e nao tres dias. Até que ele me devolve ao chao docemente e depois grita tao alto que toda a estacao deve ter ouvido SCHEISSE!!, desatando a correr de seguida. As pessoas em redor olharam-me de lado e eu senti-me na obrigacao de dizer que era inocente. Pois. Esqueceu-se do seu casaco de 300 euros no comboio, que continuou caminho. Afinal, os comboios nao esperam por gente apaixonada que sai do comboio disparada atrás do seu amor moribundo, que já nao saía de casa há tres dias.
Felizmente, como este é um país ainda civilizado, bastou um telefonema para receber o saco de volta no comboio da meia-noite. É maldade dizer que se fosse em Portugal, ele já se podia ter despedido do casaco? É mal-dizer de emigrante? Pouco realista? Se for, desculpem, sim? A distancia torna-me desfasada da realidade do meu país.

1 comentário:

Anónimo disse...

lol. sim, uma história de um casaco esquecido com um final feliz desses só se passaria em portugal se a carruagem fosse vazia e o revisor fosse testemunha de jeová (eles não roubam) ou algo do género... eh eh