Volta e meia dou comigo a ler posts espalhados por esta maravilhosa blogosfera, que podiam ser meus mas nao sao, porque, entre outras coisas, eu nao conseguiria explicar tao bem, com tanta transparencia, situacoes como esta, por exemplo. Vao ler e depois voltem aqui para eu continuar. Nao, a sério, vao la ler e voltem no final.
Agora sim, cinco minutos depois. Eu tenho vergonha de ser portuguesa quando regresso a Portugal no Natal ou em meses de Verao. Quando fui em Agosto de 2006 com o Bola para casarmos, nem queria acreditar que pessoas que aparentemente passam o ano a trabalhar num país como a Alemanha, civilizado, possam ser tao primitivas. E manter dentes em estado de podridao avancada. Por cá só é preciso ir ao dentista duas vezes por ano, para se assegurar um bom dental care, pagando a assistencia médica mais básica (e obrigatória por lei).
Nao é preciso ser low-cost, na Tap sao aos magotes. Apanho sempre com a melhor estirpe emigra, daquela com quem eu nunca iria comer rissóis ou beber casal garcia, nem ouvir o último single da Micaela. E eu tenho geralmente uma costela muito pimba, com tendencia a agravar-se quando fico muito tempo sem ir a casa. Sao aqueles emigrantes que falam alto, muito alto e que gostam de repetir nos espacos públicos todo o repertório de ordinarices/conversa de caca que teem quando estao a trabalhar. Nao se calam. É verborreia descontrolada, reproduzem alto tudo o que é pensamento. Enao,nao estou a falar de mim, mas ando lá perto. Sempre que me preparo para embarcar, escondo o meu bilhete de identidade no bolso do casaco. Se tivesse um carapuco à mao, acho que o enfiava na cabeca, pois os meus cabelos e olhos escuros denunciam parcialmente a minha nacionalidade e se há coisa que nao me interessa de todo, é que um desses palhacos meta conversa comigo. E como eles falam com as hospedeiras como se fossem as amigas do café, daí até me perguntarem as horas e donde venho, nao é preciso muito. Costumam ser homens, mas desta vez tambem tive a sorte de viajar no regresso com um casal à minha frente muito sui generis. Ele alemao, ela portuguesa. Ele muito calmo, lia o jornal, ela falava com os filhos dez decibéis acima do necessário em portugues e os miúdos respondiam à vez, em alemao. Com o marido a mesma coisa, ela falava-lhe alto e concentrada nele, como se se fosse uma terapeuta da fala, e ele respondia-lhe desinteressado, em alemao. Confesso que isto me deixou baralhada, parecia uma batalha de idiomas, nao qual, ganhavam claramente os elementos do sexo oposto, ou seja todos, menos ela. É bom saber que a educacao bilingue nao se resuma apenas a uma tentativa. Parece funcionar, até das maneiras mais estranhas.
Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca
terça-feira, janeiro 29, 2008
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7 comentários:
Tens razão. Eu por algum motivo, costumo reparar mais nos alemães. Essa de baterem palmas quando o avião aterra, isso é de alemão. Ou de português a aterrar na Madeira, mas ali justifica-se. E odeio, odeio mesmo, quando nas férias os alemães mais rascas que se podem imaginar, vêm meter conversa connosco. Lá porque tenho matrícula alemã não quer dizer que dê confiança a qualquer um. Muito menos a tipos que metem os nossos emigras num chinelo.
Não concordo tanto com o bater palmas, mas o de se levantarem quase o avião ainda não aterrou, isso é verdade! E os telemóveis. Bom, mas mesmo assim, eu acho que se deve aquele sentimento bom de voltar à terra. Só que um pouco empolado!
Não se pode pôr os "emigras" todos no mesmo saco.De facto nem acho que os nossos tugas "típicos" sejam os piores, já estiveste num centro comercial rodeada de turistas espanhóis? Esses sim, fazem peixeirada por tudo e por nada. Ouves o que parece ser uma grande discussão, mas eles não estão a discutir,só a conversar.
Isto é só para rectificar a história do marroquino, do português e do espanhol, do outro blog.
Infelizmente concordo que os emigrantes quando regressam a Portugal pensam que vêm para um lugar que, enquanto eles se super-valorizaram ao emigrar para um país de primeira linha, continua a ser um país de terceiro mundo... Com este pensamento na cabeça, pensam que tudo lhes é permitido, especialmente porque acham que os veneramos por terem um dia partido.
Conheço de perto poucos emigrantes. Na minha família poucos emigraram, por isso temos vivido por cá, mas o que mais me chateia é ver quem chega de fora e pensa que somos uns coitados.
Vale-me apenas ter conhecido a minhoca, que espero (ainda não perdi a esperança) de um dia ver nos pastéis de Belém num qualquer momento de êxtase. E aí (podes ter a certeza!) vou ter contigo, qual portuga estupidamente abusado!
Oh... tao verdade!!E a peixeirada que fazem uns com os outros so porque empurraram a bagagem uns dos outros?!
Claro que comparar portugueses com os espanhois - generalizando - nos permite sempre encostarmo-nos no facto de eles serem mais barulhentos. Mas a velha comparacao com os espanhois nao pode ser permanentement e desculpa para pensarmos que temos boas maneiras, só pelo contraste com os nuestros hermanos.
Eu tambem sou emigrante, quando viajo vejo portugueses com os quais nao me interessaria conversar, mas tambem ha pessoas com maneiras, daquelas que nao tratam as hospedeiras por 'tu'.
Experimenta voar na SATA com os retornados da america! é com cada bandido!!
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