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Quando chegou a hora de sair, estive uns minutos a ganhar coragem para me atirar para debaixo da chuva, coisa que me chateia sempre um bocado porque, como voces sabem, eu sou praticamente feita de acucar. Pessoas doces como eu, devem portanto, evitar a chuva. Fui comprar o jornal intelectual do Bola e rumei para casa, melhor será quase dizer, remei. Descalcei-me, vesti o pijama, aterrei no sofa, donde só levantei o meu bolorento rabo para jantar enquanto vi o Goodbye Lenin, que tinha de passar num feriado como este, para combinar com a temática. Agarrei no Bola e em parte do nosso jantar e fui ao andar de baixo fazer uma visita ao vizinho, que tem estado imobilizado desde sexta-feira com uma crise de artrite. Ou entao, finge que está, para lhe continuarmos a levar o tabuleiro com o prato do dia. Eu e este meu coracao sem fim... nao admira que ele tenha ficado de lagrimas nos olhos e língua de fora. Ele e o cao, perante a visao de outro ser humano em lingerie e sato alto a trazer-lhe um prato com dois self-made hamburgueres, batata frita e salada, foi o suficiente - pensou ele! -para que esta doenca tivesse razao de ser.
Até que eu estraguei tudo e disse: Bola, tapa-te meu desavergonhado, deixa-lhe a comida e vamos pra casa.
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