Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, outubro 04, 2006

solidariedade porta com porta

Pois é, ontem nao cheguei ao atrevimento de arranjar as sobreancelhas aqui no trabalho, apesar de estar sola. Uma coisa é na praia, ou mesmo numa esplanada, mas aqui achei que nao era boa ideia. (riam-se, please) Virei-me para actividades mais sérias, tais como livrar as minhas gavetas do bolor, esse inimido que nunca me deixa em paz. Ele era fatias de pao, ele era bolachas fora de prazo, sacos de chá enrolados uns nos outros e outras substancias qu nao fui capaz nem quis identificar sob pena de perder o apetite para o lanche. Como isto estava sossegado, agarrei no meu livro e fui lendo, deixando-me envolver pela atmosfera romantica composta pela minha solidao e pela chuva la fora, sendo que a unica luz decente aqui no escritório era a que emanava do ecran do meu computador.
Quando chegou a hora de sair, estive uns minutos a ganhar coragem para me atirar para debaixo da chuva, coisa que me chateia sempre um bocado porque, como voces sabem, eu sou praticamente feita de acucar. Pessoas doces como eu, devem portanto, evitar a chuva. Fui comprar o jornal intelectual do Bola e rumei para casa, melhor será quase dizer, remei. Descalcei-me, vesti o pijama, aterrei no sofa, donde só levantei o meu bolorento rabo para jantar enquanto vi o Goodbye Lenin, que tinha de passar num feriado como este, para combinar com a temática. Agarrei no Bola e em parte do nosso jantar e fui ao andar de baixo fazer uma visita ao vizinho, que tem estado imobilizado desde sexta-feira com uma crise de artrite. Ou entao, finge que está, para lhe continuarmos a levar o tabuleiro com o prato do dia. Eu e este meu coracao sem fim... nao admira que ele tenha ficado de lagrimas nos olhos e língua de fora. Ele e o cao, perante a visao de outro ser humano em lingerie e sato alto a trazer-lhe um prato com dois self-made hamburgueres, batata frita e salada, foi o suficiente - pensou ele! -para que esta doenca tivesse razao de ser.
Até que eu estraguei tudo e disse: Bola, tapa-te meu desavergonhado, deixa-lhe a comida e vamos pra casa.

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