Relatos de uma Minhoca de sandália e meia branca

quarta-feira, março 07, 2007

ikea sim - mas com moderacao

Daqui a uma hora, saio com o Bola mais cedo, para irmos dar uma volta ao Ikea em Regensburg, Ratisbona, se preferirem. Ele sai mais cedo porque é chefe e sai quando quer, eu saio mais cedo porque a minha presenca é insignificante e ninguem sente a minha falta. Isto tem tanto de engracado como de verdadeiro.
Eu acho que sou das pessoas que menos tempo aguentam uma viagem de carro de olhos abertos. Para quem nao vai a conduzir, que interesse tem uma viagem na auto-estrada? É uma seca descomunal. Desde pequena que durmo nas viagens de carro. (e vomito de enjoada, mas esquecamos isso) Ver a paisagem? Que paisagem? Por favor... gosto de dormir no carro. Alias, eu gosto de dormir em todo o lado, desde que de pra encostar a cabeca. Se no Ikea for mesmo pratica comum experimentar-se as camas, acho que me atiro pra cima de todas. Já disse ao Bola que estou farta de ter uma 'base' de cama. O meu sonho de cama é alta, que me chegue ao nível do rabo, estando eu de pé. E o meu rabo ainda anda cá por cima, isso vos garanto. Além de cama alta, quero daquelas almofadadas atrás, onde nos podemos encostar pra ler. Como veem, portanto, nao é pedir muito. Mas nao é atrás da cama que eu vou desta vez, mas sim atras duma secretária. A mesa que temos pro computador é constituída por 4 placas de madeira, cada uma com um metro. Para quem dá aulas e tem de as preparar, é preciso algo mais robusto, concluí eu e o Bola também, por arrastamento. Onde guardar os livros, os dicionários e toda a tralha inerente à profissao tao bonita de professora.
De todas as vezes que vamos ao ikea, eu e o Bola acabamos chateados, o que nao dá jeito nenhum, sendo que eu gosto sempre de parar no restaurante. E só engulo as almondegas com gosto, se as minhas endorfinas andarem a passear contentes por este corpo fora. Eu sou daquelas que nao come quando está triste. As discussoes ikeanas com o Bola geram sempre mal-entendidos e depois damos connosco a trazer coisas pra casa que nenhum dos dois queria, in the first place. Eu admito que de facto, quando ando a passear pelo meio de tantas coisas giras (atencao que eu nao disse 'boas'), é normal eu ficar possuída por uma fúria de compras inexplicável (!), com os olhos raiados e as maos descontroladas a agarrarem em tudo o que estiver em meu redor. Há coisa de tres meses, (quatro, cinco?) lembro-me de estar na caixa agarrada a dois pacotes de velas tindra, que eu nao queria largar a custo nenhum. Como tive medo que o Bola chamasse aqueles senhores vestidos de branco que trazem um fato também branco pra me prender os bracos (normalmente calados, nunca falam comigo) e de seguida me levam para uma carrinha com grades nas janelas, achei melhor largar as velas. Incorformada, vim o caminho de regresso a dizer alto que melhores velas perfumadas que as do ikea nao as há, e que estava triste por ele nao mas ter deixado trazer. Estes homens de branco sao a nova versao para idade adulta do homem do saco. E aparecem mesmo quando comemos a sopa toda. Aviso já.
E nem vale a pena falar nas almofadas. E nos utensílios de cozinha que nunca sao usados. Da última vez, obriguei o Bola a furar a cozinha da parede pra la por uma barra magnética onde se prendiam pequenas caixas (presas por energia magnetica) onde se podiam por coisas. Nunca precisei daquilo, enchi com pistachios e pevides para ele pensar que eu estava muito satisfeita com o resultado. Mas isto pra vos mostrar que eu tenho consciencia de comprar porcarias.
Portanto, hoje vamos procurar a tal secretária, mas o Bola fez-me prometer que se eu agarrar em algo que pretendo comprar, que só trago depois de o convencer, com pelo menos 4 argumentos convincentes, que tal coisa: 1) vai ter utilidade prática imediata; 2)nao conseguimos passar sem ela; 3) ainda nao temos nada parecido.

Nao vou mentir: estou nervosa. Amanha conto.

2 comentários:

chiqui disse...

ola minhoca.
tal como tu sou emigrada e casada com um estrangeiro (so que o meu e americano. nada facil, digo-te ja!!).
mas acho que estar casada com um estrangeiro, seja ele ate de marte, tem muitas similaridades em qualquer lugar do mundo.

Eu, pelo menos, identifico-me sempre com as tuas historias.
Especialmente esta do IKEA... Eu vou la este domingo.ate me dao ansias.
Fico a espera do desfecho da tua aventura. GOOD LUCK

Anónimo disse...

Olá minhoca,

encontrio o teu blog por acaso, comeve a lê-lo por curiosidade e quando dei por mim já não conseguia parar!!

Adorei e encontro imensas semelhanças com a minha vivência...

Vou passando para ler as tuas aventuras

Um abraço

Vítima do Gajo da Forquilha